Não sei por onde começar
Estou um pouco perdido
(...)
Não sei o que fazer
Estou bem na sua frente
Pedindo para você ficar, você devia ficar
Ficar comigo esta noite, sim
(Maroon 5 - Love somebody)
Bill
Mais outra semana se passou. Quando a Luiza saiu para almoçar com as amigas, um carteiro apareceu lá no estúdio e entregou um envelope preto. Olhei o remetente e descobri que era da gravadora, que ia fazer um baile de máscaras. A festa aconteceria no final de agosto em um hotel luxuoso de Los Angeles. Suspirei e, cerca de uma hora depois, quando ela voltou, se sentou ao meu lado e notou o envelope que eu propositalmente havia deixado ali.
- O que é isso?- Perguntou e dei de ombros, falando:
- Baile de máscaras da gravadora. Se não quiser ir, tudo bem.
- Não... Eu quero. - Disse, me surpreendendo. - A propósito... Tem alguma ideia de onde podemos conseguir as máscaras e as roupas?
Estranhei, mas, por um motivo desconhecido, acabei gostando da ideia.
O resto do dia passou voando e, quando dei por mim, já estávamos chegando em casa. Assim que passamos em frente à adega, perguntou:
- A porta fica trancada?
- Quer um vinho? - Devolvi a pergunta e assentiu. Peguei o molho no gancho ao lado e destranquei. Entrou e a segui. Estava olhando as garrafas e descobriu a “passagem secreta”. Me olhou e disse:
- Tem mais garrafa lá embaixo.
Assenti.
Desceu as escadas, sendo que a segui de perto, e a ouvi dizer, antes mesmo que eu a alcançasse:
- Neste exato instante, estou me perguntando como é que você ainda tem fígado...
Ri e, só para provoca-la, respondi:
- Sabia que estou me perguntando exatamente a mesma coisa?
Vi que estava segurando uma garrafa de Pinot noir e, depois de me olhar rapidamente, disse:
- Para te ser bem sincera... Ia se surpreender comigo. Aliás... Para e pensa. Desde que me mudei para cá, quantas vezes me viu beber?
Parei para pensar.
- Duas. No jantar da fusão com a gravadora e na festa.
Assentiu.
- Já não é muito da minha natureza ficar bebendo muito. E eu acredito piamente que já fico de saco cheio por causa do bar...
Ri fraco e notou uma mesa que havia perto da escada. Vendo que ia pegar o saca-rolhas, estiquei a mão e me deu a garrafa.
Em pouco tempo, havíamos tomado quase a metade da garrafa e, como nenhum de nós dois tinha tanta resistência para vinho...
Estávamos sentados na escada, um quase de frente para o outro e rindo de várias coisas que falávamos, graças ao álcool. De repente, não pude me controlar:
- Ia aceitar o pedido de namoro do Alex?
Ficou séria por um instante e disse:
- Ia. Mas por obrigação. Quer dizer, eu estou cozinhando o coitado em banho-maria há quase três anos e ele é um buda de tanta paciência que tem comigo.
- Engraçado, porque eu vi umas fotos dele no Google e não me lembro de ele ser gordo e careca...
Riu e disse:
- Eu tenho uma revista lá no Brasil que fala que Buda era magro. Agora se tinha cabelo... Aí são outros quinhentos.
Fiz uma careta e perguntou:
- O que foi?
- “São outros quinhentos”?
- É uma expressão brasileira. Quer dizer, basicamente, que é outra história.
Assenti e perguntei:
- Mas você falou que ia aceitar o pedido dele por obrigação... Ou você quer ou não quer namorar o cara. É muito simples! Podia ter dito não quando te pedi em casamento.
- Então... Foi justamente seu pedido de casamento que me “salvou”. - Fez aspas com os dedos. - E é obrigação porque ele é um ótimo amigo.
- Tá, mas não é porque ele é um ótimo amigo que você tem que obrigatoriamente namorar com ele!
- Você não entende, Bill. É... Complicado.
Espera aí. Eu ouvi direito? Ela me chamou pelo nome?
- Eu gosto do Alex, só que...
- Não é o suficiente.
- Não. Talvez esse seja só um dos fatores que contribui para esse sentimento de obrigação, apesar de tudo. Gosto da companhia dele, é um cara divertido... O tipo de homem que toda mãe sonha em ter como genro.
- Inclusive a sua?
Me olhou e disse:
- Ela já está satisfeita com o que tem.
- Contou para ela?
- Claro que sim! - Respondeu. - Não sou que nem uns e outros cuja mãe nem sonham que já tem uma nora. Exemplar, diga-se de passagem.
- Quem te garante que não contei para minha mãe?
- Se tivesse contado, ela estaria nesse silêncio todo?
- A sua mãe está.
- Converso com ela quase todos os dias. E, ao contrário da sua mãe, a minha não fala inglês.
- Aprendo português.
- Eu te ensino. - Prometeu e avisei:
- Vou cobrar, hein?
Riu.
- Falei com os caras sobre a sua imposição de voltarmos com a banda.
- E aí?
- Você tem três fãs.
Riu e, depois de alguns instantes brincando de contornar a borda da taça com o indicador, falou:
- Por que quis se casar comigo?
- Gostei de você desde o primeiro instante.
- Principalmente porque eu estava pelada numa banheira. - Disse, rindo do próprio comentário e falei, a provocando:
- Não fosse o Tom ter aparecido bem na hora...
Arqueou a sobrancelha e falou:
- Quer dizer então que você teria agarrado uma completa desconhecida, sem saber se ela podia ter alguma doença, só por que estava pelada?
- Não. Mesmo se meu irmão não tivesse aparecido.
- Eu deveria encarar isso como um elogio?
- Talvez.
Estreitou os olhos e falei:
- Apesar de tudo, se eu me casei com você não foi cem por cento por causa da bebida. Quer dizer, ajudou, mas foi a desinibir e só.
- Então... Você casou comigo por que quis, é isso?
Mordeu o lábio inferior, baixando o olhar e assentindo em silêncio.
- Eu também. - Disse, depois de um tempinho, voltando a me olhar. Sorri fraco e ela retribuiu. - E... Acho que vou subir. Já tomei vinho demais e a última coisa de que preciso é uma ressaca daquelas amanhã.
Estava de pé e eu precisava fazer alguma coisa para impedi-la.
- Eu cuido de você se tiver ressaca.
Arqueou a sobrancelha, dando um meio sorriso e perguntou:
- Tentando me embebedar, Sr. Kaulitz?
A olhei, entrando no seu joguinho, e falei:
- E se estiver?
- Então está realmente com as piores intenções imagináveis, estou certa?
- Desde que te vi na banheira.
Veio andando na minha direção e rebolando de leve. Perguntou:
- De... Curiosidade, o que já se imaginou fazendo comigo?
- Que mesmo que te diga?
Assentiu, sorrindo e mordendo o lábio inferior.
- Para começar... Aquela conversa com o seu... Amigo me deixou com vontade, apesar de eu não ser muito chegado. - Falei. Bom, não era verdade, mas... Ela não precisava saber, precisava?
- Vontade de...? Bill, não sou adivinha como a Bertha. Bom... Não na maior parte do tempo. - Respondeu e respirei fundo.
- A minha vontade agora é a de te levar lá para cima e depois de tirar toda a sua roupa, fazer amor com você.
Me olhou, inexpressiva. Depois de alguns minutos em silêncio, disse:
- Temos uma aposta.
- E daí? Você é casada comigo. Sendo assim, o que te impede de querer?
- Nem te conheço.
- Está dando para trás? Não acredito nisso... - A desafiei. - Eu esperava mais de você...
- Está falando isso por causa do Alex?
- Não necessariamente. Mas agora já sei um dos motivos que te mantém tão... Resistente. Sejamos realistas, Luiza. - Falei, me levantando e fui até onde estava. Parei a poucos centímetros de distância dela. - O Alex não foi impedimento para você se casar comigo. Aliás... Nem um juiz teria sido, se realmente não quisesse. Você vive falando que queria estar em Londres e não sei mais o quê. Mas a verdade é que não acho que vai querer embora depois que esse prazo acabar. Mesmo por que... Eu não vou deixar.
Seu olhar acompanhava o meu e ela não parecia se abalar com a aproximação.
- Sem falar que está óbvio que você me quer tanto quanto eu te quero... - Falei, pondo uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha. - Estou tentando me aproximar, mas você sempre me repele.
- E o que você quer? - Perguntou; Parecia que o efeito da bebedeira havia passado. Não só nela, mas em mim também.
- Você. - Respondi.
Antes que pudéssemos sequer pensar em fazer qualquer coisa... Ela caiu no sono assim que se deitou na minha cama.
Na terça-feira, quando cheguei do estúdio (E a Luiza, como sempre, tinha saído com as amigas) fui até a sala, ver se tinha alguma coisa que prestasse na TV quando, de repente, tomei um susto porque a Vivi pulou bem ao meu lado e resmunguei, em alemão mesmo:
- Sua danada!
Me olhou e aproveitei para pegá-la no colo. Começou a lamber minha mão e cocei atrás das suas orelhas enquanto ia até a cozinha, ver se tinha alguma coisa para comer. Encontrei as sobras de uma pizza e fui até a sala de estar. Pus a gata sobre o sofá e a caixa sobre a mesa. A Vivi logo desceu e apoiou as patinhas dianteiras sobre a madeira, farejando a comida. Peguei um pedaço da massa e ofereci para ela, que sentiu o cheiro e logo se afastou, se lambendo.
Depois que liguei a TV em um programa qualquer, comecei a comer a pizza e, quando me virei para o lado, percebi a Vivi numa posição realmente engraçada: Estava sentada com as pernas abertas e lambendo a barriga. As patinhas dianteiras estavam apoiadas no sofá. E o mais bonitinho eram os dedos dos pés, que estavam abertos.
Continuei comendo a pizza e vendo TV, lançando olhares esporádicos para a gata, que acabou pegando no sono. Aproveitando a chance que tive, fui me aproximando e, assim que comecei a passar a mão na sua cabecinha, ela se assustou, mas passados alguns segundos, não se incomodou. Muito pelo contrário...
Nem sei que horas eram quando cochilei. Só sei que acordei com a Luiza chegando em casa, irritada e quase bufando.
- O que aconteceu?
- Não mexe comigo que eu não estou boa, Kaulitz. Se eu reagir, vai ser pior, vai por mim.
A segui escada acima e, quando ia fechar a porta do quarto, a impedi.
- Estou disposto a comprar a briga que for.
Suspirou e disse:
- Me deixa quieta. Eu só quero tomar um banho e dormir. É pedir demais, por um acaso?
- Não, não é. Mas se eu posso te ajudar... O que te custa me contar o que houve?
Respirou fundo e disse:
Bill
Mais outra semana se passou. Quando a Luiza saiu para almoçar com as amigas, um carteiro apareceu lá no estúdio e entregou um envelope preto. Olhei o remetente e descobri que era da gravadora, que ia fazer um baile de máscaras. A festa aconteceria no final de agosto em um hotel luxuoso de Los Angeles. Suspirei e, cerca de uma hora depois, quando ela voltou, se sentou ao meu lado e notou o envelope que eu propositalmente havia deixado ali.
- O que é isso?- Perguntou e dei de ombros, falando:
- Baile de máscaras da gravadora. Se não quiser ir, tudo bem.
- Não... Eu quero. - Disse, me surpreendendo. - A propósito... Tem alguma ideia de onde podemos conseguir as máscaras e as roupas?
Estranhei, mas, por um motivo desconhecido, acabei gostando da ideia.
O resto do dia passou voando e, quando dei por mim, já estávamos chegando em casa. Assim que passamos em frente à adega, perguntou:
- A porta fica trancada?
- Quer um vinho? - Devolvi a pergunta e assentiu. Peguei o molho no gancho ao lado e destranquei. Entrou e a segui. Estava olhando as garrafas e descobriu a “passagem secreta”. Me olhou e disse:
- Tem mais garrafa lá embaixo.
Assenti.
Desceu as escadas, sendo que a segui de perto, e a ouvi dizer, antes mesmo que eu a alcançasse:
- Neste exato instante, estou me perguntando como é que você ainda tem fígado...
Ri e, só para provoca-la, respondi:
- Sabia que estou me perguntando exatamente a mesma coisa?
Vi que estava segurando uma garrafa de Pinot noir e, depois de me olhar rapidamente, disse:
- Para te ser bem sincera... Ia se surpreender comigo. Aliás... Para e pensa. Desde que me mudei para cá, quantas vezes me viu beber?
Parei para pensar.
- Duas. No jantar da fusão com a gravadora e na festa.
Assentiu.
- Já não é muito da minha natureza ficar bebendo muito. E eu acredito piamente que já fico de saco cheio por causa do bar...
Ri fraco e notou uma mesa que havia perto da escada. Vendo que ia pegar o saca-rolhas, estiquei a mão e me deu a garrafa.
Em pouco tempo, havíamos tomado quase a metade da garrafa e, como nenhum de nós dois tinha tanta resistência para vinho...
Estávamos sentados na escada, um quase de frente para o outro e rindo de várias coisas que falávamos, graças ao álcool. De repente, não pude me controlar:
- Ia aceitar o pedido de namoro do Alex?
Ficou séria por um instante e disse:
- Ia. Mas por obrigação. Quer dizer, eu estou cozinhando o coitado em banho-maria há quase três anos e ele é um buda de tanta paciência que tem comigo.
- Engraçado, porque eu vi umas fotos dele no Google e não me lembro de ele ser gordo e careca...
Riu e disse:
- Eu tenho uma revista lá no Brasil que fala que Buda era magro. Agora se tinha cabelo... Aí são outros quinhentos.
Fiz uma careta e perguntou:
- O que foi?
- “São outros quinhentos”?
- É uma expressão brasileira. Quer dizer, basicamente, que é outra história.
Assenti e perguntei:
- Mas você falou que ia aceitar o pedido dele por obrigação... Ou você quer ou não quer namorar o cara. É muito simples! Podia ter dito não quando te pedi em casamento.
- Então... Foi justamente seu pedido de casamento que me “salvou”. - Fez aspas com os dedos. - E é obrigação porque ele é um ótimo amigo.
- Tá, mas não é porque ele é um ótimo amigo que você tem que obrigatoriamente namorar com ele!
- Você não entende, Bill. É... Complicado.
Espera aí. Eu ouvi direito? Ela me chamou pelo nome?
- Eu gosto do Alex, só que...
- Não é o suficiente.
- Não. Talvez esse seja só um dos fatores que contribui para esse sentimento de obrigação, apesar de tudo. Gosto da companhia dele, é um cara divertido... O tipo de homem que toda mãe sonha em ter como genro.
- Inclusive a sua?
Me olhou e disse:
- Ela já está satisfeita com o que tem.
- Contou para ela?
- Claro que sim! - Respondeu. - Não sou que nem uns e outros cuja mãe nem sonham que já tem uma nora. Exemplar, diga-se de passagem.
- Quem te garante que não contei para minha mãe?
- Se tivesse contado, ela estaria nesse silêncio todo?
- A sua mãe está.
- Converso com ela quase todos os dias. E, ao contrário da sua mãe, a minha não fala inglês.
- Aprendo português.
- Eu te ensino. - Prometeu e avisei:
- Vou cobrar, hein?
Riu.
- Falei com os caras sobre a sua imposição de voltarmos com a banda.
- E aí?
- Você tem três fãs.
Riu e, depois de alguns instantes brincando de contornar a borda da taça com o indicador, falou:
- Por que quis se casar comigo?
- Gostei de você desde o primeiro instante.
- Principalmente porque eu estava pelada numa banheira. - Disse, rindo do próprio comentário e falei, a provocando:
- Não fosse o Tom ter aparecido bem na hora...
Arqueou a sobrancelha e falou:
- Quer dizer então que você teria agarrado uma completa desconhecida, sem saber se ela podia ter alguma doença, só por que estava pelada?
- Não. Mesmo se meu irmão não tivesse aparecido.
- Eu deveria encarar isso como um elogio?
- Talvez.
Estreitou os olhos e falei:
- Apesar de tudo, se eu me casei com você não foi cem por cento por causa da bebida. Quer dizer, ajudou, mas foi a desinibir e só.
- Então... Você casou comigo por que quis, é isso?
Mordeu o lábio inferior, baixando o olhar e assentindo em silêncio.
- Eu também. - Disse, depois de um tempinho, voltando a me olhar. Sorri fraco e ela retribuiu. - E... Acho que vou subir. Já tomei vinho demais e a última coisa de que preciso é uma ressaca daquelas amanhã.
Estava de pé e eu precisava fazer alguma coisa para impedi-la.
- Eu cuido de você se tiver ressaca.
Arqueou a sobrancelha, dando um meio sorriso e perguntou:
- Tentando me embebedar, Sr. Kaulitz?
A olhei, entrando no seu joguinho, e falei:
- E se estiver?
- Então está realmente com as piores intenções imagináveis, estou certa?
- Desde que te vi na banheira.
Veio andando na minha direção e rebolando de leve. Perguntou:
- De... Curiosidade, o que já se imaginou fazendo comigo?
- Que mesmo que te diga?
Assentiu, sorrindo e mordendo o lábio inferior.
- Para começar... Aquela conversa com o seu... Amigo me deixou com vontade, apesar de eu não ser muito chegado. - Falei. Bom, não era verdade, mas... Ela não precisava saber, precisava?
- Vontade de...? Bill, não sou adivinha como a Bertha. Bom... Não na maior parte do tempo. - Respondeu e respirei fundo.
- A minha vontade agora é a de te levar lá para cima e depois de tirar toda a sua roupa, fazer amor com você.
Me olhou, inexpressiva. Depois de alguns minutos em silêncio, disse:
- Temos uma aposta.
- E daí? Você é casada comigo. Sendo assim, o que te impede de querer?
- Nem te conheço.
- Está dando para trás? Não acredito nisso... - A desafiei. - Eu esperava mais de você...
- Está falando isso por causa do Alex?
- Não necessariamente. Mas agora já sei um dos motivos que te mantém tão... Resistente. Sejamos realistas, Luiza. - Falei, me levantando e fui até onde estava. Parei a poucos centímetros de distância dela. - O Alex não foi impedimento para você se casar comigo. Aliás... Nem um juiz teria sido, se realmente não quisesse. Você vive falando que queria estar em Londres e não sei mais o quê. Mas a verdade é que não acho que vai querer embora depois que esse prazo acabar. Mesmo por que... Eu não vou deixar.
Seu olhar acompanhava o meu e ela não parecia se abalar com a aproximação.
- Sem falar que está óbvio que você me quer tanto quanto eu te quero... - Falei, pondo uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha. - Estou tentando me aproximar, mas você sempre me repele.
- E o que você quer? - Perguntou; Parecia que o efeito da bebedeira havia passado. Não só nela, mas em mim também.
- Você. - Respondi.
Antes que pudéssemos sequer pensar em fazer qualquer coisa... Ela caiu no sono assim que se deitou na minha cama.
Na terça-feira, quando cheguei do estúdio (E a Luiza, como sempre, tinha saído com as amigas) fui até a sala, ver se tinha alguma coisa que prestasse na TV quando, de repente, tomei um susto porque a Vivi pulou bem ao meu lado e resmunguei, em alemão mesmo:
- Sua danada!
Me olhou e aproveitei para pegá-la no colo. Começou a lamber minha mão e cocei atrás das suas orelhas enquanto ia até a cozinha, ver se tinha alguma coisa para comer. Encontrei as sobras de uma pizza e fui até a sala de estar. Pus a gata sobre o sofá e a caixa sobre a mesa. A Vivi logo desceu e apoiou as patinhas dianteiras sobre a madeira, farejando a comida. Peguei um pedaço da massa e ofereci para ela, que sentiu o cheiro e logo se afastou, se lambendo.
Depois que liguei a TV em um programa qualquer, comecei a comer a pizza e, quando me virei para o lado, percebi a Vivi numa posição realmente engraçada: Estava sentada com as pernas abertas e lambendo a barriga. As patinhas dianteiras estavam apoiadas no sofá. E o mais bonitinho eram os dedos dos pés, que estavam abertos.
Continuei comendo a pizza e vendo TV, lançando olhares esporádicos para a gata, que acabou pegando no sono. Aproveitando a chance que tive, fui me aproximando e, assim que comecei a passar a mão na sua cabecinha, ela se assustou, mas passados alguns segundos, não se incomodou. Muito pelo contrário...
Nem sei que horas eram quando cochilei. Só sei que acordei com a Luiza chegando em casa, irritada e quase bufando.
- O que aconteceu?
- Não mexe comigo que eu não estou boa, Kaulitz. Se eu reagir, vai ser pior, vai por mim.
A segui escada acima e, quando ia fechar a porta do quarto, a impedi.
- Estou disposto a comprar a briga que for.
Suspirou e disse:
- Me deixa quieta. Eu só quero tomar um banho e dormir. É pedir demais, por um acaso?
- Não, não é. Mas se eu posso te ajudar... O que te custa me contar o que houve?
Respirou fundo e disse:
- Discuti com a Nadine, satisfeito? Ela falou algumas coisas que eu não gostei, me descontrolei e, não fosse a intervenção da Nicola, teríamos brigado feio.
- O que ela te disse?
- Ai, Kaulitz! Não quero falar, é difícil de entender isso?
Suspirei e disse:
- Desculpa se eu estou tentando te ajudar...
Ergueu o olhar.
- Eu que te peço desculpas. Estou brava e você ficar insistindo não ajuda em nada. Muito pelo contrário. Pode ficar tranquilo que, se eu precisar, vou falar com você.
Concordei. De repente, me surgiu uma ideia e propus:
- Está com fome?
Negou.
- Ah, então acho que vou ter de deixar para abrir o pote de Nutella outro dia.
- Pote de Nutella?
- É. Tive a intuição que você gosta e por isso, antes de vir para a casa, passei no mercado e comprei três.
Sua expressão mudou totalmente.
- Isso é golpe baixo, seu safado.
Ri e consegui leva-la até a cozinha. Enquanto comíamos o creme, perguntei para ela:
- Quer fazer alguma coisa no sábado à noite?
- Tipo...?
- O que quiser. Se quiser ir ao cinema, à uma boate...
- O que aconteceu com você?
- Me casei com você, só isso.
Me olhou, sem entender e disse:
- Seja mais explícito, por favor.
- Corrija-me se eu estiver errado, mas... Você não parece ser do tipo que gosta de ficar em casa num sábado à noite.
Ergueu as sobrancelhas.
- O que te faz pensar isso? Por que eu trabalhava num bar?
- É... Mas seja sincera. O que fazia quando estava de folga?
- Dormia cedo.
- Está de brincadeira! - Afirmei e ela sorriu.
- Eu trabalhava a semana inteira em dois empregos distintos. Muitas vezes, não conseguia nem dormir. Saía do bar e ia direto para uma daquelas lojas de conveniências vinte e quatro horas e comprava umas... Três latas de Red Bull sem açúcar para aguentar o tranco. Sem falar que o dia inteiro era movida à cafeína. Eu estava um trapo nessa época, fato. Mas se não tivesse feito esse sacrifício, provavelmente moraria no mesmo pulgueiro da época que conheci as meninas. Era terrível. Quantas vezes acordei com o barulho dos tapas que a vizinha dava no marido?
- Eles eram...?
- Antes fossem chegados a uns tapas durante a transa. O problema era que os tapas eram acompanhados de xingamentos. E aqueles mais cabeludos. Era engraçado, não nego. E o pior é que um era louco com o outro... Pouco antes de eu me mudar de lá, ele foi transferido para o interior do país e desde então não tive mais notícias. Pena...
- Vai dizer que gostava de ouvir os dois brigando?
- Não. Gosto é dos casos engraçados dos vizinhos. Por exemplo. No segundo apartamento que morei na vida, tinha um prédio em frente, com uma espécie de varanda que dava para a rua. Me lembro que tinha essa família morando lá. Numa das vezes, minha avó viu um dos caras andando pelado, com tudo ao vento. E noutra... Bom, essa foi mais engraçada. Esse mesmo cara brigou com a mulher, disse os piores palavrões, xingou a coitada até dizer chega... E no final, se encostou no portão, chorando, e falando: “Ah... Aquela puta!”.* Sério, eu sempre tenho os vizinhos mais bizarros do mundo.
- Notei...
Riu e continuou contando mais alguns casos. Inclusive o da primeira noite no apartamento seguinte, que já teve confusão.
Depois de acabar com toda a Nutella do pote (Que era um daqueles grandes), decidimos ir dormir.
Na manhã seguinte, quando ela saiu para almoçar com as amigas, o Tom apareceu no estúdio, trazendo alguma coisa para eu comer e também me fazer companhia. Quis saber:
- Já liguei para o Jost, contando do que a Luiza andou fazendo.
- E ele?
- Claro que ficou entusiasmado. Estava pensando em como a gente pode fazer para contar sobre a volta da banda.
- A gente pode simplesmente obrigar a Luiza, que é a culpada, a gravar um vídeo dando as boas novas. - Falei, brincando, e ele levou a sério.
Quase uma hora depois, ele ainda estava ali e tentava me convencer a levar adiante a ideia de a Luiza contar tudo quando a própria apareceu.
- Bill, eu te trouxe... Wow... Oi, Tom. - Disse, notando meu irmão imediatamente.
- Oi, Luiza. - Disse, se levantando para cumprimenta-la. - Então... Estávamos discutindo aqui uma coisa e queremos que você fizesse.
- Em primeiro lugar: Que coisa? Segundo: Por que eu? Terceiro: Me dá um bom motivo para aceitar.
- Dar a notícia que vamos voltar porque é culpa sua. E você tem desenvoltura o bastante para isso. - Respondeu e olhei para ele, fazendo uma careta. - Sem falar que, justamente por ser sua culpa... As aliens não vão te odiar tanto assim por ter ser a minha cunhada.
- Tá. - Respondeu.
- Tá? Você está aceitando isso? - Perguntei, realmente surpreso. Ela me olhou e concordou.
- Tenho uma condição, porém.
- Depois dessa... - O Tom falou e soube que ele também não esperava que ela fosse aceitar. - Qualquer coisa que pedir.
Ela sorriu de lado. Sabia que não ia vir coisa boa daí...
Quando chegamos em casa, eu estava discutindo com ela a respeito de uma besteira qualquer. E como sempre... Ela simplesmente deu aquela resposta.
- É. Aposto que, para o seu querido Alex, o mínimo que você fazia era um strip-tease daqueles, com direito a usar a porta de pole.
Me olhou, querendo rir.
- Nunca fiz strip-tease nem para ele, nem para ninguém. E não usaria a porta. Seria... Grotesco demais.
- O que usaria então?
- Eu sei lá! A única coisa que eu sei é que teria uma crise de riso daquelas.
Não conseguia imaginar a Luiza tendo uma crise de riso durante um strip. Quer dizer, eu imaginava que ela fizesse como nos vídeos. E o resultado de imaginar uma coisa dessas, claro, foi que teria de ir me satisfazer sozinho.
- O que foi?
- Estava só... Tentando te imaginar rindo enquanto tira a roupa.
De repente, parou e, fazendo graça, começou a tirar a jaqueta. Me olhou de um jeito extremamente sexy e em seguida, caiu na risada.
- Está vendo? Não consigo não rir. - Respondeu, subindo as escadas. - Odeio meu riso frouxo.
- Eu gosto.
- Só está falando isso porque não é você quem sofre quando tem que ser levado à sério e não consegue.
- E só para você saber... - Falei, antes de entrar no meu quarto. - Você podia ter continuado. Mesmo rindo. A graça do strip, além da óbvia, é justamente a da espontaneidade. Só as profissionais se mantém sérias, relativamente.
Arqueou a sobrancelha e disse:
- Obrigada por me fazer te imaginar colocando dinheiro na calcinha de uma stripper bunduda!
Ri e, só para provoca-la, falei:
- Foi no sutiã.
Abriu a boca e, quando se recuperou, retrucou:
- Depois dessa eu vou dormir que ganho muito mais!
Gargalhei.
- Mas falando sério. - Disse, assim que a vi pegando na maçaneta e abrindo a porta. - Se você me surpreendesse um dia... não ia me importar. Muito pelo contrário... Só tenho uma exigência.
- E ainda é exigente, o sem-vergonha...
- Não é nada tão impossível assim. Se quiser, eu compro.
- E o que é?
- Cinta-liga. E meia 7/8.
Suspirou e entrou no quarto.
Depois que deitei na minha cama, fiquei pensando nela e no seu sorriso malicioso. Ia conseguir convencê-la a fazer o strip, mesmo que fosse só de brincadeira. Ela que me aguardasse...
No domingo, aproveitando que o Georg e o Gustav ainda estavam em Los Angeles, a Luiza pediu para que eu chamasse eles e o meu irmão para o almoço. Quando terminei o banho, saí andando só com uma toalha no quadril e, assim que vi a Luiza, fui na sua direção. Estava usando biquíni, apesar de, na parte de baixo, vestir um short. Me olhou de um jeito estranho e perguntei:
- E então? Já decidiu o que vai querer que eu te traga do supermercado?
- Bill...
- Quê?
Apontou numa direção com o queixo e, quando olhei, as meninas já estavam ali, sendo que a Nicola segurava o riso enquanto a Nadine fazia cara de paisagem.
- Oi. - Falei, como se não estivesse usando nada além de uma toalha na frente de três mulheres.
- E aí? - A Nicola perguntou e a Nadine só acenou.
- Eu vou... - Falei, apontando por cima do meu ombro e, antes mesmo de começar a subir as escadas, ouvi as risadas delas.
Estava de volta ao meu quarto, terminando de escolher as roupas e assim que tirei a toalha para colocar a boxer, ouvi umas batidas na porta, falei:
- Entra.
A Luiza apareceu e, na metade do caminho, parou. E não resisti à tentação. Me virei de frente para ela, que imediatamente, desviou o olhar.
- O que foi? - Perguntei.
- Eu... - Sacudiu a cabeça. - Esqueci o que ia te dizer.
Me aproximei dela lentamente.
- Quer que eu te ajude? - Perguntei. Fechou os olhos e não resisti. Me inclinei na sua direção e comecei a beijar seu rosto enquanto acariciava a outra bochecha. Quando beijei o canto da sua boca, perguntei: - Posso?
Abriu os olhos e me fixou. Suspirou e, no instante seguinte, passou os braços em torno do meu pescoço e me puxou para mais perto, me beijando. Aproveitando que estávamos no closet, a ergui do chão e fiz com que ficasse sentada sobre a ilha que eu também tinha, para guardar coisas como relógios, anéis, correntes...
Pus as mãos por baixo das suas pernas e a puxei para mais perto, fazendo com que nossos corpos ficassem colados. Depois de um tempo, deixei sua boca e passei a beijar seu pescoço, não conseguindo me controlar. De repente, ouvimos um barulho e tivemos que parar. Mas mesmo assim, não foi o suficiente para me fazer parar totalmente; Roubei alguns selinhos, uns mais demorados que outros. Perguntei:
- Só eu que não estou com a mínima vontade de sair daqui?
Riu baixo e disse:
- Mas temos. Tenho um almoço para fazer e não posso deixar as meninas na mão...
- Ah, então as meninas não podem ficar na mão, mas eu posso?
Me olhou, fazendo uma expressão confusa. Baixei meu olhar e ela acompanhou. Assim que percebeu minha situação, disse:
- Ficar agarrado comigo não vai te ajudar em nada.
Suspirei, não me movendo um milímetro que fosse para longe dela.
- Me ajuda. Fala uma coisa que possa me ajudar...
Parou para pensar.
- Pensa... Em comida.
Olhei para ela, que riu.
- Oi! Nasci mulher! Nunca me pediram ajuda para esse tipo de coisa.
- Que tipo de comida?
- Japonesa. Pensa em sushis, sashimis... E lembra que usam facas afiadíssimas para cortarem os peixes.
- Luiza!
Riu e disse:
- Ai, Kaulitz! Sei lá o que pode ajudar! Na pior das hipóteses... Vai no banheiro.
Algum tempo depois, quando tudo estava pronto, estávamos almoçando (E rindo, já que surgia cada comentário) e as meninas contavam um caso:
-... E aí a gente olha para a Nicola e tá ela lá... - A Luiza imitou, tombando a cabeça para trás no encosto da cadeira, abrindo a boca e fingindo que estava dormindo. Roncou e a ruiva, claro, se manifestou:
- Ih, pior foi você naquele dia que a gente foi no Reading Festival, lembra, Nadine?
- O que ela aprontou? - Perguntei. A Luiza olhava fixamente para a Nicola.
- Para conseguir aguentar o pique de um festival, tomou energético e café. Imaginem o estado.
A própria Luiza ria.
- Aí, a gente chega em casa, mortas de cansaço e ela lá... Ligada no 220, fazendo mil coisas de madrugada, faltando só reformar o apartamento inteiro! Sério, um conselho, Bill: Nunca deixa a Luiza misturar café e energético.
Ri e concordei.
- Sabe o que eu lembrei? - A Nadine disse. - Daquele dia, depois do trabalho, que nós estávamos bêbadas e o rádio estava ligado num daqueles programas que só passam músicas “velhas”. Tocou aquela música... - Começou a cantar e imediatamente reconhecemos a melodia.
- Alcazar. - A Luiza falou.
- Exatamente! - A outra disse. - O Stephen quase nos expulsou do bar às vassouradas.
- E ele filmou tudo. - A ruiva avisou. - E pôs na internet.
- Ah mentira! - A Luiza reclamou.
- Sério. Depois mostro para vocês.
Precisava dizer que eu estava muito curioso a respeito desse tal vídeo?
Juro que achei que rolaria algo na adega, mas a Lu dormiu... como pode isso?? rsrsrssrs
ResponderExcluirFiquei curiosa tbm para saber sobre o que a Nadine disse para ter tirado a Lu do sério '-'
Nutella... Nunca experimentei nutella '-'
Quero ver como será esse stripper, se tiver. Bill nada exigente tbm...
Energético com café é bom? Acho que isso deixa a pessoa sem dormir o fim de semana todo, não?
Oie!
ExcluirPode que eu não tenho resistência à álcool. Eu não tenho o costume de beber, daí, quando encaro UMA taça de vinho, já começo a ficar tonta. Descobri que com duas, devo ficar como o Bill, mas sem a taradice xD
Ah, foi dita uma verdade. E como diz minha mãe... Verdade dói.
Você é definitivamente a primeira e única pessoa que eu conheço que nunca experimentou Nutella. Sério, você tem que dar um jeito de comprar um pote, mesmo do menor. E come enfiando o dedo mesmo. Aquilo lá é o verdadeiro manjar dos Deuses. Até pouco tempo atrás teve um assalto à um caminhão de Nutella lá na Alemanha... xD
E vai ter o strip, claro! Fica de olho :)
E eu já tomei cada um separado. O Red Bull com açúcar me fez um mal... Tomo sempre o sem açúcar (Que tem a embalagem com detalhe azul turquesa) e acho até mais gostoso. E olha que eu sou formiga, hein? Agora tenha certeza que, se eu for fazer a loucura de viajar aí para SP de novo por causa dos meninos... Eu tomo mais Red Bull antes do show. Da outra vez, nem aproveitei tanto assim por causa do cansaço =T
Obrigada pelo comentário :*