quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 3º capítulo - Interativa










I knew that you would come, I thought I'd be afraid

Medos esquecidos
Eu jogaria fora toda a preocupação no vento
Minha alma está sedenta
E eu continuo sonhando com você, saia da minha mente

(Lacuna Coil - Not enough)



Eu sabia, verdade fosse dita. Sabia que o estava hospedado na casa da Nicola e a Nadine ainda deixou escapar que tinham ido ver um apartamento para ele ficar. O pior era que eu sabia que toda aquela palhaçada que ele tinha inventado era por minha causa, mesmo sem que tivesse me dito uma única palavra; Estava óbvio. Eu tentava me manter longe, mas quem disse que eu conseguia? Eu estava com muita raiva dele principalmente por causa da história de ficar galinhando sem o menor pudor. Nada, absolutamente nada, me tirava da cabeça que aquela era uma provocação gratuita, só para me chamar a atenção. E isso era uma das coisas que contribuía e muito para a raiva que eu sentia dele.

No dia do aniversário do , liguei para ele e conversamos um pouco:

- Eu soube que o está trabalhando no bar... Como ele está se saindo?

- Para um principiante... Está se saindo bem. - Respondi, vagamente.

- O me falou que você também não sabia que ele estava em Londres...

- Então. Quando a Nicola foi para Los Angeles, eu falei com ele. Esse... Gengibre de salto alto fez o favor de não ligar para dizer que estava bem. A gente conversou um pouco e ele me disse que queria falar comigo e fazer as pazes. Beleza. Eu não imaginava que seria tão... Imediato. E ele está me dando nos nervos.

Riu do outro lado da linha e quis saber o que estava acontecendo. Contei o que o havia aprontado desde que chegara à Londres.

- E o ?

- Demorou a cair a ficha, para falar a verdade. Mas até agora, não sei o que ele está achando disso tudo. Já as meninas estão adorando. Estão numa puxação de saco do que só vendo.

Riu de novo e perguntei:

- E você? Quando vem? E veja se convence aquela... Coisa do a vir junto! Só faltam vocês dois aqui para completar a bagunça.

- Não se preocupe, porque assim que der... A gente vai.

Sorri e continuamos conversando por um bom tempo.

Quinze dias depois, eu sabia que o já tinha ido para a própria casa. Como estava passando mais tempo com o , nem sabia para onde o havia se mudado. O que eu sabia era que as meninas tinham ido ajuda-lo a arrumar a casa, inclusive, indo com ele às lojas de móveis.

Na manhã do primeiro sábado depois da mudança, eu estava em casa quando o me ligou. Assim que atendi, me avisou:

- Semana que vem, na sexta-feira, tem um jantar e eu quero que você vá comigo. Não se preocupe quanto à roupa porque já cuidei de tudo.

Suspirei e perguntei:

- À que horas?

- Sete e meia. Mandei entregarem as coisas aí na sua casa. E já estou mandando os horários vagos daquele salão de Mayfair.

- Mandou por onde?

- Celular.

- Ok. Vou ligar e dar uma olhada. Não se preocupe porque vou ter tempo de sobra.

- Tá.

E bem na hora, ouvi o sinal de chamada em espera.

- , tem outra chamada. Daqui a pouco eu te ligo de novo.

- Só uma última coisa. Quer almoçar comigo hoje?

Concordei e nos despedimos rapidamente.

Assim que consegui “pescar” a outra chamada, ouvi do outro lado da linha:

- Seguinte: Sexta-feira que vem, temos um lugar para ir e você está intimada a ir. Se você não aceitar, a Nadine e eu vamos te arrastar pelos cabelos.

- Lola... Eu vou à um jantar com o . Justa-mente na sexta-feira.

Ouvi a Nicola bufando do outro lado da linha e falei:

- No domingo a gente faz um almoço aqui em casa, ok?

- Vai chamar o ?

Tentei respirar fundo sem fazer muito barulho e respondi:

- É, pode ser.

Sabia que estava sorrindo.

- Então, no domingo vai ter almoço aí, combinado?

- Combinado. Quem quiser vir, que venha, quem não puder, paciência.

Captou a mensagem sobre o Charlie e avisou que ia falar com ele. Além de, claro, me garantir que o convite para a saída ainda estava de pé. Nos despedimos um tempinho depois e decidi ir ao mercado, começar a olhar as coisas para o almoço. Fiz uma lista, inclusive, dando uma olhada numa receita em potencial e anotei tudo o que ia precisar. Corri para o banheiro, depois, e tomei banho. Assim que saí, peguei a primeira roupa que consegui encontrar e, sem me arrumar tanto, saí.

Tinha acabado de pegar tudo e estava indo para o caixa quando me distraí um instante e, de repente, bateram no meu carrinho. Assim que ergui o olhar e ia pedir desculpa, vi quem era e falei:

- Sabia que estou começando a achar que você está virando um stalker? Sério, se eu for até Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch você vai estar lá!

- Onde? - Perguntou, franzindo as sobrancelhas.

- No País de Gales! - Falei, exasperada. Fez que tinha entendido e disse:

- Acredite se quiser, mas eu não estou te seguindo. Moro aqui perto e aposto que você não fica dando chilique quando encontra as meninas nas lojas aqui perto, não é?

- Principalmente porque elas não batem no meu carrinho. - Provoquei. Deu um estalo com a língua e me segurei para não esboçar qualquer reação.

- Quer ajuda? - Ofereceu, indicando o carrinho e tentando mudar de assunto.

- Eu dou conta.

- Continua teimosa, não é? - Perguntou, começando a me seguir pelos corredores. Ergui a sobrancelha e perdi a paciência:

- Tá. Agora me diz o que você quer comigo. De verdade.

- Eu já te falei. Quero, pelo menos, a sua amizade, já que além disso, não vai rolar...

- É. Não vai rolar mesmo. Ainda mais que eu tenho um namorado.

- Namorado esse que te arrasta para jantares insuportáveis de negócios, com caras que têm idade para ser seus avós e que não sabem falar sobre outra coisa além de finanças. Ah, espera. Eles sabem. Falam sobre política. E, por mais que levem as mulheres, elas não falam de outra coisa a não ser coisas como semanas de modas europeias, a de Nova Iorque, além de fofocarem sobre as outras mulheres da alta sociedade inglesa. Parece... Interessante. E se eu me lembro, você se divertiu e muito dando aquela lição no Paul quando fomos àquele jantar lá em Los Angeles.

- O que você está insinuando? - Me virei de frente para ele.

- Não estou insinuando nada. Estou dizendo explicitamente que esse estilo de vida está longe de combinar com você. Eu passei um ano inteiro morando com você. Se você quase me espancou no meio do shopping por comprar um vestido e uma sandália de marcas, imagino o que você deve estar passando com toda a... Ostentação opressiva.

- Ah, claro... Desenvolvi uma claustrofobia que nem te conto só por estar dentro da Ferrari que ganhei numa aposta com o . Sem falar no sentimento de culpa por ter um closet inteiro só de sapatos do Louboutin, Manolo Blahnik, Jimmy Choo e Sophia Webster, só para citar alguns. As joias da Bulgari e da Tiffany pesam uma tonelada por causa da culpa. - Respondi, com o sarcasmo ligado no máximo. - Ah! Ia me esquecendo. Minha acrofobia anda pior desde que me mudei para a cobertura com vista para o Hyde Park. Sem falar que estou sofrendo com uma insônia daquelas quando tento dormir no lençol egípcio de mil fios. Um horror...

Deu um sorriso e disse:

- Quase tinha esquecido do seu sarcasmo.

Sorri tam-bém, mas sem mostrar os dentes.

- Bom, se você não tem mais nada para fazer além de me stalkear, eu tenho. Eu queria até dizer que a conversa está boa, mas estaria mentindo. Bom dia.

E fui até o caixa, sabendo que ele estava atrás de mim. Para minha sorte, cada um foi para um lado depois que pagamos as compras. Depois dali, não o vi mais. Ainda bem...

Na sexta-feira seguinte, eu estava no salão, tendo meu cabelo melecado com um creme que eu sabia de duas coisas a respeito: 1) O cheiro era muito bom mesmo. 2) Com certeza era caro, por causa dos ingredientes exóticos. Ao mesmo tempo em que fazia praticamente tudo com meu cabelo, tinha uma manicure E uma pedicure cuidando das minhas unhas.

Depois que terminou toda a sessão de beleza, pude ir para a casa e, nem bem tinha começado a tomar um copo de água quando tocaram o interfone. Como sempre, a Vivi saiu correndo do seu esconderijo e apertei o botão do intercomunicador:

- Pois não?

- Entrega do Sr. .

- Ok. Já estou descendo. - Respondi. Dando um jeito de a Vivi não fugir, consegui sair do apartamento e fui até a portaria. Havia uma caixa enorme, fina e comprida, além de duas sacolas, sendo uma enorme e outra da Tiffany’s. Agradeci ao entregador e, depois de assinar o recibo, voltei para a casa. A Vivi, na hora que viu as sacolas e a caixa quase enlouqueceu. Tirei o que tinha dentro da sacola maior e ela foi logo se enfiar ali dentro. Abri a caixa preta de sapatos e encontrei um par de sandálias prateadas da Jimmy Choo do meu modelo preferido, Lang. Dentro da sacola da Tiffany, havia um conjunto de brincos, anel e pulseira de prata e o anel tinha detalhes com brilhantes. O design era de um ramo de folhas. Simples, mas exatamente como eu gostava. A Vivi se mexeu e percebi que havia mais alguma coisa dentro da sacola onde estavam as sandálias. Segurei a gata e encontrei uma clutch que combinava com as sandálias. Decidi olhar o que tinha dentro da caixa maior. Desfazendo o laço de fita caprichado (E com um pouco de remorso por isso) e encontrando um vestido vermelho de seda. Era de alças e não tinha decote. Isso era o que eu pensava até vesti-lo e perceber o decote amplo que ia até a metade das costas. Consegui encontrar um xale que pudesse me esquentar um pouco, apesar da aparência frágil. Uma vez que estava pronta, recebi uma mensagem do , avisando que já estava a caminho. Esperei só uns cinco minutos e, depois de verificar se tudo estava trancado, saí.

Assim que entrei no carro, nos cumprimentamos com um selinho mais demorado e não demorou a começar a dirigir. Eu aproveitava toda oportunidade que tinha para ficar olhando para ele, que estava um pecado de smoking. Perguntei, quando entramos em Mayfair:

- Me fala a verdade. Onde, exatamente, estamos indo?

Sorriu, misterioso e perguntou:

- Confia em mim?

- Não. - Respondi, rindo. - Justamente porque eu sei que você é capaz de qualquer coisa...

- O que eu posso te dizer é que estamos realmente indo à um jantar.

Depois de vinte minutos, chegamos à uma mansão suntuosa e vários manobristas estavam à porta, guardando os carros dos convidados. Assim que levaram o carro do , ele me deu o braço e fomos andando até a entrada e tive que passar por um red carpet. Quase fiquei cega com os flashes dos fotógrafos e, quando eles finalmente sossegaram, uma repórter perguntou, se aproveitando que havíamos nos aproximado:

- ! Uma pergunta!

- Até dez! - Ele respondeu, sorrindo, todo charmoso.

- Vocês se conhecem há tanto tempo e estão namorando há dois anos. Será que tem chances de um casamento num futuro não tão distante? - Ela quis saber e ele abriu a boca para responder, mas fui mais rápida:

- Quem sabe? Quer dizer, a gente não é só um casal de namorados. O é o meu melhor amigo e, justamente por ter quase dez anos de amizade... Acho que se aparecesse a oportunidade de darmos um passo desse tamanho... Eu acho que iria aproveitá-la.

- E já tem planos para filhos?- Ela quis saber e nós dois rimos.

- A gente nem casou ainda e já começou a cobrança para os filhos? - Ele reclamou, se fingindo de chateado. - Mas eu não acharia ruim. - Falou, mais baixo e bati de leve no seu ombro. A repórter riu e, quando um segurança veio pedir para que continuássemos andando.

Assim que estávamos dentro do enorme salão com várias mesas redondas com toalhas brancas e decoradas com coisas douradas, mas de ótimo gosto. Quase todos os homens ali estavam de smoking, alguns com a gravata preta, como a do , outros com gravata branca. E as mulheres estavam todas de vestido longo e exibiam as joias. Vendo minha reação, o perguntou:

- O que foi?

- Muito luxo. - Respondi. Vi uma mulher com a maior pose de esnobe do universo inteiro conversando com um cara e olhava as outras convidadas de cima a baixo com desprezo. Respirei fundo e falei, a indicando: - Imagino o que ela faria se me visse com as roupas do dia-a-dia...

Riu e disse:

- Ela provavelmente acha Doctor Who hediondo.

- Não sabe o que está perdendo. - Resmunguei, estalando a língua. Um garçom passou por nós, oferecendo espumante e recusei, ao contrário do . Assim que o rapaz se afastou, vi que o meu namorado fez uma careta e perguntei: - O que foi?

- Definitivamente uma das bebidas que eu mais odeio. Será que não tem whisky?

- Pode falar o que quiser, mas eu não acho que você deveria beber. Afinal de contas, eu sei que você não vai me deixar dirigir de volta...

- Eu acho que vou abrir uma exceção. - Respondeu, me surpreendendo.

- Ah é? - Perguntei, me aproximando dele. - Bom, neste caso, eu acho que hoje à noite alguém vai receber uma... Recompensa por ser tão bonzinho.

Respirou fundo e disse:

- Estamos em público, .

- E...? Não estou fazendo nada demais! - Respondi, sem querer parecer falsamente inocente. Me olhou e dei um estalo com a língua. - Eu vou ver se acho algum garçom que está servindo refrigerante. Já volto.

Fui andando pelo salão e procurando uma bandeja com, pelo menos, um copo de Coca-Cola, mas parecia que só havia bebidas alcoólicas ali. Bufei irritada e, quando estava quase desistindo, ouvi:

- Já está de saco cheio da festa?

Fechei os olhos, me controlando para não perder a pose e me virei para o :

- Mas será o Benedito que você não me deixa em paz?

- Eu te deixei... A semana inteira, ou não percebeu?

Travei o maxilar e perguntei:

- O que você está fazendo aqui, afinal?

- Eu vim por causa do leilão... E eu tenho convite, antes que você me acuse de ser penetra.

Estreitei os olhos e ele comentou:

- A propósito... Gostei do vestido. Principalmente do decote.

Franzi as sobrancelhas, me esquecendo de um detalhe importante.

- O quem comprou. - Respondi.

- Sério? Eu jurava que ele ia te obrigar a usar uma burca daquelas que têm só uma rede nos olhos...

A minha impaciência deve ter se refletido na minha expressão.

- Aliás... Eu estou curioso. Como ele sobreviveu depois de comprar o vestido para você? - Me provocou e falei:

- Talvez porque ele me conheça tempo o suficiente para saber como não arranjar confusão comigo...

- Imagino como ele conseguiu te dobrar... - Disse, me olhando fixamente. Só então, notei que as pessoas que passavam por nós estavam nos olhando de maneira estranha. Isso obviamente não o impediu de se aproximar mais de mim e se inclinar na minha direção. Aproximando a boca da minha orelha e apoiando a mão nas minhas costas, bem acima do final do decote, disse: - Acho que ele deve ter se esforçado e muito para conseguir o que eu não demorava nem cinco segundos para fazer.

Fechei as mãos em punho e respirei fundo.

- E, o que, exatamente, você acha que fazia em menos de cinco segundos?

Percebi que sorriu e enrijeci.

- Já que você perguntou... Eu não acho. Eu sei que, assim como está acontecendo agora, você está com o coração disparado. Estou sentindo que sua temperatura está aumentando. E que você está controlando a respiração justamente para não me deixar perceber que estou mexendo com você. Está tentando manter a pose de durona, não porque estamos num salão lotado de gente. Mas porque é teimosa. Não quer admitir que, só de eu estar tocando em você, é capaz de simplesmente jogar tudo para o alto e me agarrar.

Ergui a sobrancelha, fazendo a burrada de virar minha cabeça na sua direção. Meu olhar se fixou no seu e falei:

- Tem razão. Eu realmente estou louca de vontade...

Sorriu, triunfante e continuei:

-... De te atirar naquele chafariz lá fora. Baixa a sua bola que você não está com tudo isso, .

E, terminando de dizer isso, afastei sua mão e comecei a andar na direção do bar. Não continuei simplesmente porque ele me impediu. Segurou o meu pulso e me deu um senhor puxão que eu não sei como não caímos quando fui de encontro ao seu corpo.

- Só uma última coisa. - Disse. - Sou paciente até certo ponto. A hora em que eu encher o saco, pode apostar que não vai ser o e nem ninguém quem vai me impedir de conseguir o que eu quero.

E me soltou. Em seguida, foi andando na direção de uma loira que mais parecia uma das coelhinhas da Playboy americana. Respirando fundo e tentando me manter calma, fui até o bar e pedi:

- Um whisky e uma dose caprichada de vodca.

O barman prontamente me atendeu e, logo que encontrei o , entreguei o whisky para ele e tomei a vodca num único gole. Me olhando, perguntou:

- O que foi?

- Me deu vontade. - Respondi, sorrindo forçada.

A noite teria sido ótima não fosse o fato de que estávamos sentados à mesma mesa que o e a sua... Acompanhante. Até mesmo um leigo podia dizer, com certeza, que ela era um silicone ambulante. Os peitos eram exagerados demais, com certeza tinha feito preenchimento labial e era óbvio que tingia (Ou melhor, descoloria) os cabelos. Sem falar no reboco que ela chamava de maquiagem. Um pouco antes de o leilão começar, a mulher com pose de esnobe que havia visto logo que entramos se aproximou do e de mim. Perguntou:

- , posso pegar a sua namorada emprestada por um instante?

- Ah... Claro. Desde que ela esteja de volta antes de começarem...

- Fique tranquilo que ela vai. - Respondeu, me olhando e sorrindo com simpatia. Nem parecia que era a mesma pessoa de antes. Me levantei, sobre dois olhares atentos e segui a mulher, que descobri se chamar Beatrice. Me apresentou a um grupo de mulheres, de diferentes idades, e à medida que ia falando o nome de cada uma, me dizia de quem eram parentes. Ou mulheres. Uma das convidadas me olhou de cima a baixo com expressão de nojo e fingi que ela nem existia.

Já de volta à mesa, o quis saber o que a Beatrice queria e falei:

- Quando a gente chegar em casa, eu te conto tudo.

Me sentei ao seu lado e imediatamente pegou na minha mão. Eu me recusava terminantemente a olhar para a esquerda.

Logo, o leilão começou e os primeiros lotes eram mais de obras de arte, como esculturas e pinturas. Quando eu já estava começando a perder a paciência, o leiloeiro avisou:

- Vamos abrir agora o lote quinze.

Eu já tinha me informado e sabia que dali para a frente, seriam joias de uma condessa logo nos primeiros lotes e sabia que eram um bocado. As primeiras a serem leiloadas eram bonitas, mas não faziam muito meu estilo. Porém...

- A próxima peça em leilão é uma pulseira de diamantes e platina. Tem um motivo estilizado como guirlanda, centrando quatro diamantes antigos com corte europeu de aproximadamente 1,75 quilates...

Continuou falando dos quilates, dos detalhes minúsculos e me interessou de verdade quando falou que a pulseira tinha sido feita por volta de 1.905. Começaram os lances e, quando o notou que eu estava entusiasmada, fez um lance. Falei baixo para que só ele ouvisse:

- Se ultrapassar £ 15.000, você deixa para lá.

Sorriu e sabia que não ia sossegar até arrematar a bendita. Outras pessoas fizeram lance e, quando o leiloeiro estava prestes a bater o martelo, pela visão periférica, vi a mão do se erguer. Filho da mãe! Ah, se ele ia arrematar aquela pulseira para aquela coelhinha de playboy inflada...

O pareceu ter lido meus pensamentos e ergueu o braço de novo. O simplesmente deu um sorriso convencido e ofereceu um valor realmente... Inesperado:

- £ 100.000.

O leiloeiro quase teve um treco. Houve aquele silêncio em que ninguém mais ousou fazer qualquer lance e, depois de fazer o clássico anúncio... Bateu o martelo. Não consegui esconder que estava amuada. Por fim, o conseguiu arrematar um broche de sapinho, de brilhantes, e um anel.

- Eu sei que você queria a pulseira, mas... - Ele disse, depois que o se levantou e a coelhinha foi ao banheiro. - Se quiser, peço uma cópia da foto e mando fazer para você.

Dei um sorriso fraco e seu celular começou a tocar. Teve de ir atender e, quando fiquei sozinha por um instante, passei o dedo pela borda do meu copo de Coca-Cola (O havia conseguido um garçom que, de tempos em tempos, vinha colocar o refrigerante para mim) e notei que alguém ocupou a cadeira vazia do meu namorado. Me virei para avisar que já tinha uma pessoa sentada ali quando vi quem era.

- O que você quer? - Perguntei, começando a ficar realmente irritada.

- Ele te deixou sozinha, então é a oportunidade perfeita.

Franzi as sobrancelhas e ele só esticou a mão para mim. Vendo que eu não ia aceitar, disse:

- Uma única dança, vai... Aproveita que eu estou disposto.

Suspirei e me levantei da mesa, mas sem pegar na sua mão. Fui andando sozinha até a pista de dança, sabendo que ele estava me seguindo. Justamente quando me virei de frente para ele, começou a tocar uma música lenta e tentei não esboçar qualquer reação; Falhei miseravelmente.

- Eu vou me comportar, prometo. - Disse, com a boca próxima ao meu ouvido. Travei o maxilar e, logo, senti que, de novo, pôs a mão nas minhas costas enquanto segurava a outra. Começamos a dançar e eu tentava me manter impassível ao máximo. Para minha sorte, ele não tentava fazer nada além do necessário e sequer tentava puxar conversa.

Amoleci um pouco quando me rodopiou e não consegui segurar a risada, ainda mais que ele fez graça, estufando o peito e assumindo uma pose de convencido.

- Bobo. - Resmunguei e ele riu. Dali a alguns instantes, falou:

- Lembrei daquele baile de máscaras que a gente foi.

Engoli em seco e ele continuou:

- Você praticamente me arrastou para dançar com você.

Ergui o olhar para ele.

- Você dançou comigo por quase duas horas. - Falei.

- Pois é. E eu lembro que você disse que não estava com o pé doendo.

- Não estava. Depois que comecei a usar mais saltos por causa do bar... Acabei acostumando. Quer dizer, não sou que nem a Nicola, que vai até o mercadinho da esquina de salto. Deixo para só usar no trabalho e, mesmo assim, não é sempre, e... Em festas como essa.

Assentiu lentamente.

- Arrematou a pulseira para a coelhinha, foi? - Perguntei, antes que pudesse me controlar. Ergueu a sobrancelha, dando um meio sorriso e devolveu a pergunta:

- E se foi?

- Pegou cem mil libras esterlinas e jogou no lixo, se quiser saber!

- Sabe o que eu estou achando? Você está se roendo de ciúmes dela. Ou realmente achou que não ia notar que estava evitando me olhar de propósito?

Dei um estalo com a língua, tentando me afastar dele, que me segurou firme.

- E agindo desse jeito, só comprova o que eu estou falando.

- Ai, ! - Resmunguei e ele riu.

- Bem clichê, mas... Sabia que você fica ainda mais... Irresistível brava desse jeito?

- Continua assim que eu já me decido entre te empurrar, pisar no seu pé ou uma joelhada caprichada em... Um determinado lugar.

Gargalhou e atraiu a atenção de algumas pessoas.

- Sabe que, conforme a força da joelhada, você pode não... Aproveitar completamente, não é?

Grunhi e falei:

- Eu te odeio!

Se inclinou na minha direção mais uma vez e, com a boca realmente perto da minha orelha, falou:

- E eu ainda te amo.

Controlei a respiração e, quando aquela porcaria de música finalmente acabou, ele me soltou e pude ir atrás do . Assim que o encontrei, começou a perguntar o que havia de errado, mas o interrompi no meio do caminho, roubando aquele beijo.

- Vamos para a casa? Essa festa já deu o que tinha que dar e eu quero logo ficar sozinha com você. - Falei, quando nos separamos.

Antes de irmos, ele foi pagar e buscar as joias que havia comprado para mim e a coelhinha aproveitou a oportunidade para vir falar comigo:

- Só um conselho: Se eu fosse você, terminava com o enquanto ainda é tempo. Vocês formam um casal legal, mas... Eu vi você dançando com o . É diferente.

- Diferente como?

- Ah... Para ser mais explícita, além de a atração entre vocês ser quase palpável, dava para ver que o jeito que ele te olha é diferente. O parece que está olhando para a irmã dele. Já o ... A hora que ele te viu, com esse vestido e o decote... Faltou muito pouco para ele ligar o foda-se e ir correndo até você.

Ela realmente conseguiu me dar algo em que pensar.

Durante todo o caminho de volta para a casa, a minha no caso, eu fiquei quieta e pensativa. O , claro, percebeu e quis saber o que tinha acontecido. Neguei com a cabeça e, dizendo a primeira coisa que me veio à mente, menti:

- Estava pensando é no que eu vou fazer com você assim que chegarmos em casa...

Sorriu malicioso.

No meio da noite, eu não conseguia simplesmente dormir. Então, fiz uma xícara de chá de camomila e fui para a área aberta da cobertura. Fiquei ali um tempo, só pensando e observando o céu mudar de um azul-escuro para clarear até ficar cor-de-rosa. Logo, vi as luzes se acenderem na casa das meninas e, me levantando da espreguiçadeira, fui até uma lanterna em formato de TARDIS que o havia me dado. Acendi a lâmpada que havia ali e voltei para dentro do apartamento.

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 3º capítulo


I knew that you would come, I thought I'd be afraid

Medos esquecidos
Eu jogaria fora toda a preocupação no vento
Minha alma está sedenta
E eu continuo sonhando com você, saia da minha mente

(Lacuna Coil - Not enough)

Luiza

Eu sabia, verdade fosse dita. Sabia que o Bill estava hospedado na casa da Nicola e a Nadine ainda deixou escapar que tinham ido ver um apartamento para ele ficar. O pior era que eu sabia que toda aquela palhaçada que ele tinha inventado era por minha causa, mesmo sem que tivesse me dito uma única palavra; Estava óbvio. Eu tentava me manter longe, mas quem disse que eu conseguia? Eu estava com muita raiva dele principalmente por causa da história de ficar galinhando sem o menor pudor. Nada, absolutamente nada, me tirava da cabeça que aquela era uma provocação gratuita, só para me chamar a atenção. E isso era uma das coisas que contribuía e muito para a raiva que eu sentia dele.

No dia do aniversário do Gustav, liguei para ele e conversamos um pouco:

- Eu soube que o Bill está trabalhando no bar... Como ele está se saindo?

- Para um principiante... Está se saindo bem. - Respondi, vagamente.

- O Tom me falou que você também não sabia que ele estava em Londres...

- Então. Quando a Nicola foi para Los Angeles, eu falei com ele. Esse... Gengibre de salto alto fez o favor de não ligar para dizer que estava bem. A gente conversou um pouco e ele me disse que queria falar comigo e fazer as pazes. Beleza. Eu não imaginava que seria tão... Imediato. E ele está me dando nos nervos.

Riu do outro lado da linha e quis saber o que estava acontecendo. Contei o que o Bill havia aprontado desde que chegara à Londres.

- E o Alex?

- Demorou a cair a ficha, para falar a verdade. Mas até agora, não sei o que ele está achando disso tudo. Já as meninas estão adorando. Estão numa puxação de saco do Bill que só vendo.

Riu de novo e perguntei:

- E você? Quando vem? E veja se convence aquela... Coisa do Hagen a vir junto! Só faltam vocês dois aqui para completar a bagunça.

- Não se preocupe, porque assim que der... A gente vai.

Sorri e continuamos conversando por um bom tempo.

Quinze dias depois, eu sabia que o Bill já tinha ido para a própria casa. Como estava passando mais tempo com o Alex, nem sabia para onde o Bill havia se mudado. O que eu sabia era que as meninas tinham ido ajuda-lo a arrumar a casa, inclusive, indo com ele às lojas de móveis.

Na manhã do primeiro sábado depois da mudança, eu estava em casa quando o Alex me ligou. Assim que atendi, me avisou:

- Semana que vem, na sexta-feira, tem um jantar e eu quero que você vá comigo. Não se preocupe quanto à roupa porque já cuidei de tudo.

Suspirei e perguntei:

- À que horas?

- Sete e meia. Mandei entregarem as coisas aí na sua casa. E já estou mandando os horários vagos daquele salão de Mayfair.

- Mandou por onde?

- Celular.

- Ok. Vou ligar e dar uma olhada. Não se preocupe porque vou ter tempo de sobra.

- Tá.

E bem na hora, ouvi o sinal de chamada em espera.

- Alex, tem outra chamada. Daqui a pouco eu te ligo de novo.

- Só uma última coisa. Quer almoçar comigo hoje?

Concordei e nos despedimos rapidamente.

Assim que consegui “pescar” a outra chamada, ouvi do outro lado da linha:

- Seguinte: Sexta-feira que vem, temos um lugar para ir e você está intimada a ir. Se você não aceitar, a Nadine e eu vamos te arrastar pelos cabelos.

- Lola... Eu vou à um jantar com o Alex. Justamente na sexta-feira.

Ouvi a Nicola bufando do outro lado da linha e falei:

- No domingo a gente faz um almoço aqui em casa, ok?

- Vai chamar o Bill?

Tentei respirar fundo sem fazer muito barulho e respondi:

- É, pode ser.

Sabia que estava sorrindo.

- Então, no domingo vai ter almoço aí, combinado?

- Combinado. Quem quiser vir, que venha, quem não puder, paciência.

Captou a mensagem sobre o Charlie e avisou que ia falar com ele. Além de, claro, me garantir que o convite para a saída ainda estava de pé. Nos despedimos um tempinho depois e decidi ir ao mercado, começar a olhar as coisas para o almoço. Fiz uma lista, inclusive, dando uma olhada numa receita em potencial e anotei tudo o que ia precisar. Corri para o banheiro, depois, e tomei banho. Assim que saí, peguei a primeira roupa que consegui encontrar e, sem me arrumar tanto, saí.

Tinha acabado de pegar tudo e estava indo para o caixa quando me distraí um instante e, de repente, bateram no meu carrinho. Assim que ergui o olhar e ia pedir desculpa, vi quem era e falei:

- Sabia que estou começando a achar que você está virando um stalker? Sério, se eu for até Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch você vai estar lá!

- Onde? - Perguntou, franzindo as sobrancelhas.

- No País de Gales! - Falei, exasperada. Fez que tinha entendido e disse:

- Acredite se quiser, mas eu não estou te seguindo. Moro aqui perto e aposto que você não fica dando chilique quando encontra as meninas nas lojas aqui perto, não é?

- Principalmente porque elas não batem no meu carrinho. - Provoquei. Deu um estalo com a língua e me segurei para não esboçar qualquer reação.

- Quer ajuda? - Ofereceu, indicando o carrinho e tentando mudar de assunto.

- Eu dou conta.

- Continua teimosa, não é? - Perguntou, começando a me seguir pelos corredores. Ergui a sobrancelha e perdi a paciência:

- Tá. Agora me diz o que você quer comigo. De verdade.

- Eu já te falei. Quero, pelo menos, a sua amizade, já que além disso, não vai rolar...

- É. Não vai rolar mesmo. Ainda mais que eu tenho um namorado.

- Namorado esse que te arrasta para jantares insuportáveis de negócios, com caras que têm idade para ser seus avós e que não sabem falar sobre outra coisa além de finanças. Ah, espera. Eles sabem. Falam sobre política. E, por mais que levem as mulheres, elas não falam de outra coisa a não ser coisas como semanas de modas europeias, a de Nova Iorque, além de fofocarem sobre as outras mulheres da alta sociedade inglesa. Parece... Interessante. E se eu me lembro, você se divertiu e muito dando aquela lição no Paul quando fomos àquele jantar lá em Los Angeles.

- O que você está insinuando? - Me virei de frente para ele.

- Não estou insinuando nada. Estou dizendo explicitamente que esse estilo de vida está longe de combinar com você. Eu passei um ano inteiro morando com você. Se você quase me espancou no meio do shopping por comprar um vestido e uma sandália de marcas, imagino o que você deve estar passando com toda a... Ostentação opressiva.

- Ah, claro... Desenvolvi uma claustrofobia que nem te conto só por estar dentro da Ferrari que ganhei numa aposta com o Alex. Sem falar no sentimento de culpa por ter um closet inteiro só de sapatos do Louboutin, Manolo Blahnik, Jimmy Choo e Sophia Webster, só para citar alguns. As joias da Bulgari e da Tiffany pesam uma tonelada por causa da culpa. - Respondi, com o sarcasmo ligado no máximo. - Ah! Ia me esquecendo. Minha acrofobia anda pior desde que me mudei para a cobertura com vista para o Hyde Park. Sem falar que estou sofrendo com uma insônia daquelas quando tento dormir no lençol egípcio de mil fios. Um horror...

Deu um sorriso e disse:

- Quase tinha esquecido do seu sarcasmo.

Sorri tam-bém, mas sem mostrar os dentes.

- Bom, se você não tem mais nada para fazer além de me stalkear, eu tenho. Eu queria até dizer que a conversa está boa, mas estaria mentindo. Bom dia.

E fui até o caixa, sabendo que ele estava atrás de mim. Para minha sorte, cada um foi para um lado depois que pagamos as compras. Depois dali, não o vi mais. Ainda bem...

Na sexta-feira seguinte, eu estava no salão, tendo meu cabelo melecado com um creme que eu sabia de duas coisas a respeito: 1) O cheiro era muito bom mesmo. 2) Com certeza era caro, por causa dos ingredientes exóticos. Ao mesmo tempo em que fazia praticamente tudo com meu cabelo, tinha uma manicure E uma pedicure cuidando das minhas unhas.

Depois que terminou toda a sessão de beleza, pude ir para a casa e, nem bem tinha começado a tomar um copo de água quando tocaram o interfone. Como sempre, a Vivi saiu correndo do seu esconderijo e apertei o botão do intercomunicador:

- Pois não?

- Entrega do Sr. Alex Ireland.

- Ok. Já estou descendo. - Respondi. Dando um jeito de a Vivi não fugir, consegui sair do apartamento e fui até a portaria. Havia uma caixa enorme, fina e comprida, além de duas sacolas, sendo uma enorme e outra da Tiffany’s. Agradeci ao entregador e, depois de assinar o recibo, voltei para a casa. A Vivi, na hora que viu as sacolas e a caixa quase enlouqueceu. Tirei o que tinha dentro da sacola maior e ela foi logo se enfiar ali dentro. Abri a caixa preta de sapatos e encontrei um par de sandálias prateadas da Jimmy Choo do meu modelo preferido, Lang. Dentro da sacola da Tiffany, havia um conjunto de brincos, anel e pulseira de prata e o anel tinha detalhes com brilhantes. O design era de um ramo de folhas. Simples, mas exatamente como eu gostava. A Vivi se mexeu e percebi que havia mais alguma coisa dentro da sacola onde estavam as sandálias. Segurei a gata e encontrei uma clutch que combinava com as sandálias. Decidi olhar o que tinha dentro da caixa maior. Desfazendo o laço de fita caprichado (E com um pouco de remorso por isso) e encontrando um vestido vermelho de seda. Era de alças e não tinha decote. Isso era o que eu pensava até vesti-lo e perceber o decote amplo que ia até a metade das costas. Consegui encontrar um xale que pudesse me esquentar um pouco, apesar da aparência frágil. Uma vez que estava pronta, recebi uma mensagem do Alex, avisando que já estava a caminho. Esperei só uns cinco minutos e, depois de verificar se tudo estava trancado, saí.

Assim que entrei no carro, nos cumprimentamos com um selinho mais demorado e não demorou a começar a dirigir. Eu aproveitava toda oportunidade que tinha para ficar olhando para ele, que estava um pecado de smoking. Perguntei, quando entramos em Mayfair:

- Me fala a verdade. Onde, exatamente, estamos indo?

Sorriu, misterioso e perguntou:

- Confia em mim?

- Não. - Respondi, rindo. - Justamente porque eu sei que você é capaz de qualquer coisa...

- O que eu posso te dizer é que estamos realmente indo à um jantar.

Depois de vinte minutos, chegamos à uma mansão suntuosa e vários manobristas estavam à porta, guardando os carros dos convidados. Assim que levaram o carro do Alex, ele me deu o braço e fomos andando até a entrada e tive que passar por um red carpet. Quase fiquei cega com os flashes dos fotógrafos e, quando eles finalmente sossegaram, uma repórter perguntou, se aproveitando que havíamos nos aproximado:

- Alex! Uma pergunta!

- Até dez! - Ele respondeu, sorrindo, todo charmoso.

- Vocês se conhecem há tanto tempo e estão namorando há dois anos. Será que tem chances de um casamento num futuro não tão distante? - Ela quis saber e ele abriu a boca para responder, mas fui mais rápida:

- Quem sabe? Quer dizer, a gente não é só um casal de namorados. O Alex é o meu melhor amigo e, justamente por ter quase dez anos de amizade... Acho que se aparecesse a oportunidade de darmos um passo desse tamanho... Eu acho que iria aproveitá-la.

- E já tem planos para filhos?- Ela quis saber e nós dois rimos.

- A gente nem casou ainda e já começou a cobrança para os filhos? - Ele reclamou, se fingindo de chateado. - Mas eu não acharia ruim. - Falou, mais baixo e bati de leve no seu ombro. A repórter riu e, quando um segurança veio pedir para que continuássemos andando.

Assim que estávamos dentro do enorme salão com várias mesas redondas com toalhas brancas e decoradas com coisas douradas, mas de ótimo gosto. Quase todos os homens ali estavam de smoking, alguns com a gravata preta, como a do Alex, outros com gravata branca. E as mulheres estavam todas de vestido longo e exibiam as joias. Vendo minha reação, o Alex perguntou:

- O que foi?

- Muito luxo. - Respondi. Vi uma mulher com a maior pose de esnobe do universo inteiro conversando com um cara e olhava as outras convidadas de cima a baixo com desprezo. Respirei fundo e falei, a indicando: - Imagino o que ela faria se me visse com as roupas do dia-a-dia...

Riu e disse:

- Ela provavelmente acha Doctor Who hediondo.

- Não sabe o que está perdendo. - Resmunguei, estalando a língua. Um garçom passou por nós, oferecendo espumante e recusei, ao contrário do Alex. Assim que o rapaz se afastou, vi que o meu namorado fez uma careta e perguntei: - O que foi?

- Definitivamente uma das bebidas que eu mais odeio. Será que não tem whisky?

- Pode falar o que quiser, mas eu não acho que você deveria beber. Afinal de contas, eu sei que você não vai me deixar dirigir de volta...

- Eu acho que vou abrir uma exceção. - Respondeu, me surpreendendo.

- Ah é? - Perguntei, me aproximando dele. - Bom, neste caso, eu acho que hoje à noite alguém vai receber uma... Recompensa por ser tão bonzinho.

Respirou fundo e disse:

- Estamos em público, Luiza.

- E...? Não estou fazendo nada demais! - Respondi, sem querer parecer falsamente inocente. Me olhou e dei um estalo com a língua. - Eu vou ver se acho algum garçom que está servindo refrigerante. Já volto.

Fui andando pelo salão e procurando uma bandeja com, pelo menos, um copo de Coca-Cola, mas parecia que só havia bebidas alcoólicas ali. Bufei irritada e, quando estava quase desistindo, ouvi:

- Já está de saco cheio da festa?

Fechei os olhos, me controlando para não perder a pose e me virei para o Bill:

- Mas será o Benedito que você não me deixa em paz?

- Eu te deixei... A semana inteira, ou não percebeu?

Travei o maxilar e perguntei:

- O que você está fazendo aqui, afinal?

- Eu vim por causa do leilão... E eu tenho convite, antes que você me acuse de ser penetra.

Estreitei os olhos e ele comentou:

- A propósito... Gostei do vestido. Principalmente do decote.

Franzi as sobrancelhas, me esquecendo de um detalhe importante.

- O Alex quem comprou. - Respondi.

- Sério? Eu jurava que ele ia te obrigar a usar uma burca daquelas que têm só uma rede nos olhos...

A minha impaciência deve ter se refletido na minha expressão.

- Aliás... Eu estou curioso. Como ele sobreviveu depois de comprar o vestido para você? - Me provocou e falei:

- Talvez porque ele me conheça tempo o suficiente para saber como não arranjar confusão comigo...

- Imagino como ele conseguiu te dobrar... - Disse, me olhando fixamente. Só então, notei que as pessoas que passavam por nós estavam nos olhando de maneira estranha. Isso obviamente não o impediu de se aproximar mais de mim e se inclinar na minha direção. Aproximando a boca da minha orelha e apoiando a mão nas minhas costas, bem acima do final do decote, disse: - Acho que ele deve ter se esforçado e muito para conseguir o que eu não demorava nem cinco segundos para fazer.

Fechei as mãos em punho e respirei fundo.

- E, o que, exatamente, você acha que fazia em menos de cinco segundos?

Percebi que sorriu e enrijeci.

- Já que você perguntou... Eu não acho. Eu sei que, assim como está acontecendo agora, você está com o coração disparado. Estou sentindo que sua temperatura está aumentando. E que você está controlando a respiração justamente para não me deixar perceber que estou mexendo com você. Está tentando manter a pose de durona, não porque estamos num salão lotado de gente. Mas porque é teimosa. Não quer admitir que, só de eu estar tocando em você, é capaz de simplesmente jogar tudo para o alto e me agarrar.

Ergui a sobrancelha, fazendo a burrada de virar minha cabeça na sua direção. Meu olhar se fixou no seu e falei:

- Tem razão. Eu realmente estou louca de vontade...

Sorriu, triunfante e continuei:

-... De te atirar naquele chafariz lá fora. Baixa a sua bola que você não está com tudo isso, Kaulitz.

E, terminando de dizer isso, afastei sua mão e comecei a andar na direção do bar. Não continuei simplesmente porque ele me impediu. Segurou o meu pulso e me deu um senhor puxão que eu não sei como não caímos quando fui de encontro ao seu corpo.

- Só uma última coisa. - Disse. - Sou paciente até certo ponto. A hora em que eu encher o saco, pode apostar que não vai ser o Alex e nem ninguém quem vai me impedir de conseguir o que eu quero.

E me soltou. Em seguida, foi andando na direção de uma loira que mais parecia uma das coelhinhas da Playboy americana. Respirando fundo e tentando me manter calma, fui até o bar e pedi:

- Um whisky e uma dose caprichada de vodca.

O barman prontamente me atendeu e, logo que encontrei o Alex, entreguei o whisky para ele e tomei a vodca num único gole. Me olhando, perguntou:

- O que foi?

- Me deu vontade. - Respondi, sorrindo forçada.

A noite teria sido ótima não fosse o fato de que estávamos sentados à mesma mesa que o Bill e a sua... Acompanhante. Até mesmo um leigo podia dizer, com certeza, que ela era um silicone ambulante. Os peitos eram exagerados demais, com certeza tinha feito preenchimento labial e era óbvio que tingia (Ou melhor, descoloria) os cabelos. Sem falar no reboco que ela chamava de maquiagem. Um pouco antes de o leilão começar, a mulher com pose de esnobe que havia visto logo que entramos se aproximou do Alex e de mim. Perguntou:

- Alexander, posso pegar a sua namorada emprestada por um instante?

- Ah... Claro. Desde que ela esteja de volta antes de começarem...

- Fique tranquilo que ela vai. - Respondeu, me olhando e sorrindo com simpatia. Nem parecia que era a mesma pessoa de antes. Me levantei, sobre dois olhares atentos e segui a mulher, que descobri se chamar Beatrice. Me apresentou a um grupo de mulheres, de diferentes idades, e à medida que ia falando o nome de cada uma, me dizia de quem eram parentes. Ou mulheres. Uma das convidadas me olhou de cima a baixo com expressão de nojo e fingi que ela nem existia.

Já de volta à mesa, o Alex quis saber o que a Beatrice queria e falei:

- Quando a gente chegar em casa, eu te conto tudo.

Me sentei ao seu lado e imediatamente pegou na minha mão. Eu me recusava terminantemente a olhar para a esquerda.

Logo, o leilão começou e os primeiros lotes eram mais de obras de arte, como esculturas e pinturas. Quando eu já estava começando a perder a paciência, o leiloeiro avisou:

- Vamos abrir agora o lote quinze.

Eu já tinha me informado e sabia que dali para a frente, seriam joias de uma condessa logo nos primeiros lotes e sabia que eram um bocado. As primeiras a serem leiloadas eram bonitas, mas não faziam muito meu estilo. Porém...

- A próxima peça em leilão é uma pulseira de diamantes e platina. Tem um motivo estilizado como guirlanda, centrando quatro diamantes antigos com corte europeu de aproximadamente 1,75 quilates...

Continuou falando dos quilates, dos detalhes minúsculos e me interessou de verdade quando falou que a pulseira tinha sido feita por volta de 1.905. Começaram os lances e, quando o Alex notou que eu estava entusiasmada, fez um lance. Falei baixo para que só ele ouvisse:

- Se ultrapassar £ 15.000, você deixa para lá.

Sorriu e sabia que não ia sossegar até arrematar a bendita. Outras pessoas fizeram lance e, quando o leiloeiro estava prestes a bater o martelo, pela visão periférica, vi a mão do Bill se erguer. Filho da mãe! Ah, se ele ia arrematar aquela pulseira para aquela coelhinha de playboy inflada...

O Alex pareceu ter lido meus pensamentos e ergueu o braço de novo. O Bill simplesmente deu um sorriso convencido e ofereceu um valor realmente... Inesperado:

- £ 100.000.

O leiloeiro quase teve um treco. Houve aquele silêncio em que ninguém mais ousou fazer qualquer lance e, depois de fazer o clássico anúncio... Bateu o martelo. Não consegui esconder que estava amuada. Por fim, o Alex conseguiu arrematar um broche de sapinho, de brilhantes, e um anel.

- Eu sei que você queria a pulseira, mas... - Ele disse, depois que o Bill se levantou e a coelhinha foi ao banheiro. - Se quiser, peço uma cópia da foto e mando fazer para você.

Dei um sorriso fraco e seu celular começou a tocar. Teve de ir atender e, quando fiquei sozinha por um instante, passei o dedo pela borda do meu copo de Coca-Cola (O Alex havia conseguido um garçom que, de tempos em tempos, vinha colocar o refrigerante para mim) e notei que alguém ocupou a cadeira vazia do meu namorado. Me virei para avisar que já tinha uma pessoa sentada ali quando vi quem era.

- O que você quer? - Perguntei, começando a ficar realmente irritada.

- Ele te deixou sozinha, então é a oportunidade perfeita.

Franzi as sobrancelhas e ele só esticou a mão para mim. Vendo que eu não ia aceitar, disse:

- Uma única dança, vai... Aproveita que eu estou disposto.

Suspirei e me levantei da mesa, mas sem pegar na sua mão. Fui andando sozinha até a pista de dança, sabendo que ele estava me seguindo. Justamente quando me virei de frente para ele, começou a tocar uma música lenta e tentei não esboçar qualquer reação; Falhei miseravelmente.

- Eu vou me comportar, prometo. - Disse, com a boca próxima ao meu ouvido. Travei o maxilar e, logo, senti que, de novo, pôs a mão nas minhas costas enquanto segurava a outra. Começamos a dançar e eu tentava me manter impassível ao máximo. Para minha sorte, ele não tentava fazer nada além do necessário e sequer tentava puxar conversa.

Amoleci um pouco quando me rodopiou e não consegui segurar a risada, ainda mais que ele fez graça, estufando o peito e assumindo uma pose de convencido.

- Bobo. - Resmunguei e ele riu. Dali a alguns instantes, falou:

- Lembrei daquele baile de máscaras que a gente foi.

Engoli em seco e ele continuou:

- Você praticamente me arrastou para dançar com você.

Ergui o olhar para ele.

- Você dançou comigo por quase duas horas. - Falei.

- Pois é. E eu lembro que você disse que não estava com o pé doendo.

- Não estava. Depois que comecei a usar mais saltos por causa do bar... Acabei acostumando. Quer dizer, não sou que nem a Nicola, que vai até o mercadinho da esquina de salto. Deixo para só usar no trabalho e, mesmo assim, não é sempre, e... Em festas como essa.

Assentiu lentamente.

- Arrematou a pulseira para a coelhinha, foi? - Perguntei, antes que pudesse me controlar. Ergueu a sobrancelha, dando um meio sorriso e devolveu a pergunta:

- E se foi?

- Pegou cem mil libras esterlinas e jogou no lixo, se quiser saber!

- Sabe o que eu estou achando? Você está se roendo de ciúmes dela. Ou realmente achou que não ia notar que estava evitando me olhar de propósito?

Dei um estalo com a língua, tentando me afastar dele, que me segurou firme.

- E agindo desse jeito, só comprova o que eu estou falando.

- Ai, Kaulitz! - Resmunguei e ele riu.

- Bem clichê, mas... Sabia que você fica ainda mais... Irresistível brava desse jeito?

- Continua assim que eu já me decido entre te empurrar, pisar no seu pé ou uma joelhada caprichada em... Um determinado lugar.

Gargalhou e atraiu a atenção de algumas pessoas.

- Sabe que, conforme a força da joelhada, você pode não... Aproveitar completamente, não é?

Grunhi e falei:

- Eu te odeio!

Se inclinou na minha direção mais uma vez e, com a boca realmente perto da minha orelha, falou:

- E eu ainda te amo.

Controlei a respiração e, quando aquela porcaria de música finalmente acabou, ele me soltou e pude ir atrás do Alex. Assim que o encontrei, começou a perguntar o que havia de errado, mas o interrompi no meio do caminho, roubando aquele beijo.

- Vamos para a casa? Essa festa já deu o que tinha que dar e eu quero logo ficar sozinha com você. - Falei, quando nos separamos.

Antes de irmos, ele foi pagar e buscar as joias que havia comprado para mim e a coelhinha aproveitou a oportunidade para vir falar comigo:

- Só um conselho: Se eu fosse você, terminava com o Alex enquanto ainda é tempo. Vocês formam um casal legal, mas... Eu vi você dançando com o Bill. É diferente.

- Diferente como?

- Ah... Para ser mais explícita, além de a atração entre vocês ser quase palpável, dava para ver que o jeito que ele te olha é diferente. O Alex parece que está olhando para a irmã dele. Já o Bill... A hora que ele te viu, com esse vestido e o decote... Faltou muito pouco para ele ligar o foda-se e ir correndo até você.

Ela realmente conseguiu me dar algo em que pensar.

Durante todo o caminho de volta para a casa, a minha no caso, eu fiquei quieta e pensativa. O Alex, claro, percebeu e quis saber o que tinha acontecido. Neguei com a cabeça e, dizendo a primeira coisa que me veio à mente, menti:

- Estava pensando é no que eu vou fazer com você assim que chegarmos em casa...

Sorriu malicioso.

No meio da noite, eu não conseguia simplesmente dormir. Então, fiz uma xícara de chá de camomila e fui para a área aberta da cobertura. Fiquei ali um tempo, só pensando e observando o céu mudar de um azul-escuro para clarear até ficar cor-de-rosa. Logo, vi as luzes se acenderem na casa das meninas e, me levantando da espreguiçadeira, fui até uma lanterna em formato de TARDIS que o Alex havia me dado. Acendi a lâmpada que havia ali e voltei para dentro do apartamento.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 2º capítulo - Interativa








02. I like the way that it saves me

O relógio tem girado rápido, rápido esta noite
Esqueça o futuro e o passado
Vou fazer você se sentir bem
E sua aparência é perfeita e eu
Eu estou girando
Estou muito longe do chão esta noite

(A friend in London & Carly Rae Jepsen - Rest from the streets)



À meia-noite, quando o DJ finalmente assumiu, pudemos parar de dançar e descansar um pouco. Fomos até a área VIP do bar. Isto é... As meninas foram; Eu fui interceptada pelo Stephen. Tive de ir até seu escritório. Assim que fechei a porta, me indicou a cadeira de frente para sua escrivaninha. Apoiou as mãos sobre o tampo da mesa e me fixou, pensativo.

- Hã... Tem algum motivo especial para você ter me chamado aqui?

- Você vai ter um novo pupilo.

Franzi as sobrancelhas e, justo naquela hora, bateram na porta. O Stephen mandou entra-rem e não resisti, me virando para olhar. Ao ver quem era, não me controlei:

- Você só pode estar de sacanagem comigo!

- Não, não estou. Sabe muito bem que não costumo sacanear as pessoas, . - O Stephen falou e me controlar para não reagir. - Acho que as apresentações são desnecessárias, uma vez que vocês já se conhecem e muito bem.

Olhei para o meu chefe, que me ignorou. Indicou a cadeira ao meu lado. Assim que esta foi ocupada, o Stephen falou:

- Bom... , já te expliquei como funciona esse período de avaliação dos lobinhos... -
Me recusava terminantemente a olhar para o lado, embora sentisse que ele não fazia o mesmo. -... E de início, pensei em deixar vocês na área VIP - Ergui o olhar para o meu chefe. - justamente para não dar confusão por sua causa, . Enfim. A vai avaliar tudo: Desde a preparação dos drinks, o atendimento aos clientes, a postura...

- As meninas falaram que eu teria de dançar... - Ouvi o dizer.

- Se quiser... - O Stephen falou e tive que me intrometer:

- “Se quiser”? Stephen, nem a Claire, que é sua namorada, tem tratamento diferenciado. Se o vai ser treinado e avaliado como qualquer outro lobinho, não acho que seja justo que ele seja tratado de maneira especial.

Senti o olhar do em cima de mim.

- Me responde uma coisa? Você é a dona do bar? - Meu chefe perguntou em tom irritado. Neguei. - Então, se eu quiser tratar o de maneira diferente... Eu vou tratar. Alguma objeção quanto à isso?

Sim. Mas como eu amava demais trabalhar no Coyote... Fiquei quieta e só neguei com a cabeça.

- Na realidade, se você não se importa, eu gostaria de ficar lá embaixo. E não me importo se tiver de dançar. Quer dizer... Não tendo que tirar a roupa... - O falou e me segurei para não dar um riso de escárnio.

Meu chefe riu e negou com a cabeça.

- Tudo bem. Bom, tem como você esperar lá fora um instante? Daqui a pouco te chamo para explicar algumas coisas...

Assim que fiquei sozinha com o Stephen, me disse:

- Aposto que está querendo voar no meu pescoço agora.

- Se eu pensar em castração, a Claire me mata. - Respondi, azeda. - O que tinha para me falar além da bronca?

- Você sabe que tem carta branca para avaliar os candidatos, mas se por um acaso, eu perceber que o pessoal está ultrapassando a barreira do profissional, revogo esse privilégio no mesmo instante, entendeu?

Assenti e ele me liberou. Mas, antes mesmo que eu pudesse até mesmo abrir a porta, o Stephen me pediu para chamar o . Mesmo contrariada, tive que fazê-lo. Encontrei a peste ali perto, mexendo no celular e encostado na parede. Duas meninas, quase bêbadas e rindo até do ar que respiravam, estavam indo até o banheiro, mas viram o . E ele viu as duas. Uma delas, que tinha os cabelos cor-de-rosa, tomou a iniciativa:

- Oi... Você é novo aqui?

- Ai meu Deus... - Resmunguei baixo, mas o escutou. Tive a confirmação ao ver seu sorriso de malícia e um olhar rápido na minha direção.

- É. Hoje é o meu primeiro dia no bar. - Respondeu, olhando fixamente para mim.

- Lobinho? - A amiga, de cabelos escuros, quis saber. Ele concordou, todo orgulhoso. Lutei para não esboçar qualquer reação.

- Escuta... - A de cabelo rosa começou. - Saindo daqui, a gente vai à festa de uns amigos. Se quiser ir... - Vi que ela entregou um cartão.

- Se quiser levar mais alguém, não tem problema. - A morena falou.

- Se quiser ir com alguma das coyotes, melhor ainda. - A outra disse. Trocou um olhar cúmplice com a amiga e as duas riram.

- O quê? - Ele perguntou.

- A Jo - A morena falou da amiga. - tem vontade de pegar uma das três mosquetei-ras.

Ai... O continuava olhando para mim.

- Qual? - Ele quis saber.

- Tem a ruiva, não é? - Ele assentiu. - Daí tem outra, magrela, que o namorado... - A morena começou, mas a Jo a interrompeu:

- Você se parece um pouco com ele. Só que ele é moreno, tem menos piercings e tem jeito de ser antipático.

Ah, se ela soubesse como o era... E que estava falando com o melhor amigo dele... Não consegui evitar um sorriso.

- Enfim. - A morena cortou. - A Jo é a fim da que sobrou. Será que você não pode dar uma mãozinha?

Olhei para o , como se o desafiasse.

- Então... Eu até conheço a e acho que rolaria. Se ela não estivesse namorando um coxinha aí...

A Jo desanimou um pouco, mas não desfez o convite para a festa. Depois que elas foram, avisei ao :

- O Stephen quer falar com você.

E não esperei por uma resposta. Mas ela veio de qualquer maneira:

- Eu aposto que o é cheio dessas frescuras, não é? Ele tem bem cara de ser o tipo que só transa numa única posição sempre, só ele ganha oral e, depois que goza, vira para o lado e dorme. Se você está rabugenta assim... Só pode ser isso.

Abri a boca para retrucar, mas o filho-da-mãe entrou no escritório do Stephen. Fui até a área VIP, procurei pelo e, assim que o encontrei, percebeu minha inquietação e perguntou:

- O que foi?

- Adivinha quem o Stephen pôs para ser lobinho?

Deu de ombros.

- . - Respondi.

- ?

- ! - Exclamei, mas ele não entendeu a gravidade da situação. - !

- Quê?

- Quem é a única Coyote sem um lobinho para treinar?

- Você. - Respondeu, indiferente; Estava mexendo no celular e, além de tudo, me ignorava. Bufei, tomando o aparelho das suas mãos e falei:

- Eu estou quase surtando porque meu ex-marido está em Londres, ganhou a vaga de lobinho e vou ter de treiná-lo e fazer a avaliação. E você simplesmente fica nessa porcaria de celular!

- ... Me escuta. - Olhei para ele. - Não é tão ruim quanto parece. Eu sei que você vai falar que não vai conseguir separar, mas eu sei que vai.

Suspirei.

- É impressão minha ou você está usando aquele conjunto que eu te dei?

Sorri maliciosa e respondi:

- Em casa você descobre. Pisquei e, de repente, me puxou pela cintura. - ...

- Eu não estou fazendo nada! - Tentou se fazer de inocente.

- Ah não? E isso aqui, hein?- Movi o quadril contra o seu. Quase no mesmo instante, senti que ficou mais duro e aumentou um pouco mais de volume.

- Isso é culpa sua. É o jeito que você falou meu nome, além daquele... Bom, não pode ser chamado de short por ser tão curto... Enfim. Pelo jeito, parece que você está se comportando mal de propósito hoje. É impressão minha ou você quer repetir a dose de semana passada?

Arqueei a sobrancelha e não sei bem por que, mas desviei o olhar um instante. O nos encarava a certa distância, com o maxilar travado e expressão nada amistosa. Dando um sorriso malicioso, me virei para o e respondi:

- O que você acha?

Retribuiu o sorriso à altura e roubei um beijo daqueles. Logo, fiquei sem fôlego ao mesmo tempo em que as mãos bobas começavam. Justo quando estava começando a perder o controle, ouvi o maldito sino do Stephen, que indicava que tínhamos que ir para o balcão. Interrompendo o beijo, mas sem nos separar, falei com a boca colada na sua:

- Um dia desses, a gente ainda rouba e derrete esse sino maldito!

O riu e depois de roubar um selinho demorado, disse;

- Vai lá. O dever chama.

Suspirei e tive que ir. E nem bem tinha saído da área VIP quando dei de cara com o . Claro que a oportunidade de me provocar era boa demais para ser desperdiçada...

- Engraçado... Achei que o Stephen não gostasse muito que as coyotes fiquem agarrando os namorados aqui no bar... Aliás, eu acho que chefe nenhum gosta desse tipo de coisa durante o expediente.

Me aproximei dele.

- Em primeiro lugar, eu estava fazendo uma pausa. Em segundo: Você está sendo testado para ser lobinho, não fiscal de coyotes. Em terceiro: Você, mesmo em período de avaliação, é meu subordinado. O que significa que, a menos que queira desperdiçar meu tempo e paciência, sem falar na chance que o Stephen está te dando, não vai mais se intrometer no que eu faço ou deixo de fazer durante as minhas pausas, fui clara?

Concordou.

- E apesar de não ser da sua conta, as meninas e eu temos permissão para ficar com os namorados durante as pausas.

- Sei... E sexo está incluso nessa permissão?

Estreitei os olhos e avisei:

- Cuidado, . Se você continuar testando minha paciência, não vai nem começar a trabalhar aqui.

Mesmo com um ar presunçoso, finalmente abaixou a cabeça e me seguiu até o balcão do bar. Aos poucos, o foi pegando o jeito.

Depois de cerca de vinte minutos servindo vários drinks, começou a tocar uma música animada que eu até gostava e não consegui me controlar. De repente, ouvi o sino que o Stephen tinha arrumado para avisar quando era hora de subir no balcão e o cliente que eu estava atendendo, percebeu a cara de poucos amigos que eu devia ter ficado e perguntou:

- O que houve?

- O dono do bar é uma criança com um sino daqueles de navio. É isso o que houve.

Riu fraco e perguntou:

- Escuta... Que horas você costuma sair?

- Então... - Comecei a dizer, mas um ser muito do intrometido que atendia pelo nome de , me interrompeu:

- Ela já tem namorado.

- É você? - O cliente quis saber e o , só para piorar a própria situação, falou:

- Ah, não... Não tive esse azar. Vai por mim: Vai me agradecer por isso.

O cliente, claro, aceitou a bebida e, depois de pagá-la, sumiu na multidão. Falei:

- Di, preciso de cobertura por uns instantes.

- Ok. - Ela respondeu.

- , comigo. Agora. - Avisei e ele fingiu que não ouviu. Impaciente, tomei o copo das suas mãos e avisei ao cliente que ele atendia que outro lobinho ia atendê-lo. Claro que aquilo atraiu a atenção do , que acabou tendo que me seguir até um canto onde os clientes não podiam nos ver.

- Eu realmente estou a um passo de ligar o foda-se e te escorraçar daqui! - Quase gritei. Por sorte, a música estava alta e ninguém que estivesse do outro lado do balcão ia nos ouvir. - A minha vida particular não interessa a nenhum dos clientes e muito menos à você. Da próxima vez que abrir essa boca enorme para fazer algo parecido, eu mesma vou cuidar para que você nunca mais entre nesse bar, entendido?

Não respondeu. Já ia andando para longe dele quando me perguntou:

- Você ama o ?

Parei e olhei para trás.

- Como eu acabei de falar... Não te interessa.

Deu um sorriso torto e, logo, cada um se ocupou com alguma coisa.

Alguns minutos depois, consegui evitar uma tragédia graças à Lola, que me chamou bem na hora; Quando fui olhar para minha amiga, vi o tentando girar uma garrafa em pleno ar. Suspirei, me preparando para mais um esculacho...



- Mas que mania! Todo lobinho que passa por aqui quer logo sair fazendo malabarismos com as garrafas! - A reclamou, vindo até onde eu estava e tomou a garrafa das minhas mãos. Me olhando com impaciência, disse: - Um passo de cada vez. Se eu te pegar tentando girar as garrafas de novo, vai ser ponto negativo na sua avaliação. Se teimar e quebrar, além do ponto, vou falar com o Stephen que você é desobediente, entendido?

Tive que concordar.

Só que, antes mesmo de eu começar a servir os drinks, as meninas tinham armado tudo e até conseguiram um bolo. Assim que o me viu ali, veio andando na minha direção e até me bateu.

- Por que você não me disse que vinha? - Reclamou e a Nadine veio em minha defesa:

- Porque a gente quis fazer uma surpresa para você. A gente sabia que essa surpresa você ia gostar.

Algum tempo depois, no final do expediente e depois de toda a comemoração, começaram a falar em dar uma esticada, mas a foi a única que não animou. As meninas até tentaram convencê-la, mas, sem sucesso. Aproveitando um instante que consegui ficar a sós com ela, perguntei:

- Eu sei o que você vai falar, mas... recusou a ideia da boate por minha causa?

Se virou de frente para mim e, cruzando os braços na altura do estômago, disse:

- Se já sabia o que eu ia falar, então por que me perguntou?

Dei de ombros.

- Não é você quem tem mania de querer sempre surpreender todo mundo?

Bateu a porta do armário e, cruzando os braços na altura do estômago, perguntou:

- Beleza. Falando francamente. Por que toda essa palhaçada de ser lobinho?

- Não é palhaçada. Apesar das danças que uns caras fizeram...

- ! - Chamou a minha atenção.

- Ei... Estamos fazendo um progresso aqui... Me chamou pelo nome ao invés do sobrenome... Gostei.

Respirou fundo e insistiu:

- Agora fala a verdade. Por que veio para Londres e está com essa ideia fixa dos lobinhos, hein?

- O é um dos motivos. Estava com saudade dele e vice-versa. Sem falar que eu não conhecia a Sophia.

Estreitou os olhos. Respirei fundo e falei:

- Quer saber? Foi por sua causa também. Não conseguia mais aguentar ficar longe e, ainda por cima, continuar com essa briga.

Estava desconfiada, isso era claro.

- E você saiu de Los Angeles, enfrentou mais de dez horas de voo e veio para cá só para acabar com a briga? - Perguntou, erguendo uma das sobrancelhas.

- Por que é tão estranho assim?

- Simplesmente porque você decidiu de uma hora para outra, depois de passar dois anos em silêncio. E, de repente, ainda vem com a história de ser lobinho. - Respondeu, ainda com os braços cruzados.

- O que mais você quer que eu diga, hein?

- A verdade! Eu sei que tem mais além dessa coisa de só querer fazer as pazes comigo. Não ia cruzar um oceano inteiro e passar por tudo isso só porque queria acabar com a nossa briga. E, apesar de tudo, a parte do não me convenceu totalmente.

Suspirei.

- Quer saber o real motivo então? - Assentiu. - Eu não consegui te esquecer, mesmo depois de todo esse tempo e de tudo o que aconteceu. Não teve um único segundo durante esses dois anos que eu não me arrependa de ter brigado com você.

- Então você veio atrás de mim porque queria uma chance, é isso?

Me aproximei dela e imediatamente, sua respiração começou a acelerar.

- A chance é só uma pequena parte. Eu cansei de só ter notícias suas através da imprensa e de ligações dos outros. Mesmo que tenha demorado, ainda sim, percebi que não consigo mais viver longe de você. Mesmo que não aconteça nada entre a gente, só de ter você por perto já é o suficiente, ainda que não seja o que eu quero de verdade.

Se desencostou do armário e disse:

- Você falou certo. Demorou. E eu segui em frente.

- E ele te faz tão feliz quanto você foi em Los Angeles? Sim, porque, mesmo com toda aquela resistência e teimosia sua, você estava feliz enquanto foi casada comigo. Qualquer um podia ver e, se não for o bastante, pode perguntar para as meninas.

Travou o maxilar e avisou:

- Pode ser que um dia, num futuro próximo, eu consiga te perdoar pelo que me falou durante a briga. Mas é melhor não criar expectativas sobre uma segunda chance. Estou com o agora e não importa o que você fale, mas eu estou feliz com ele.

- Agora. Mas quem sabe o dia de amanhã?

Estreitou os olhos de novo.

- Pelo menos, ele nunca me abandonou na manhã seguinte. - Disse.

- Mesmo porque, quem fazia isso era você, não é mesmo? Lembra de Nova Iorque? No dia seguinte, você brigou comigo. Você.

Percebi que estava tentando se controlar ao máximo do que podia.

- Nova Iorque foi um erro. E ninguém é capaz de me convencer do contrário.

- Foi um erro, é? - Perguntei, assim que ela me deu as costas, depois de pegar as suas coisas no armário.- Não me pareceu quando você gemeu o meu nome quando eu te fiz ter um orgasmo daqueles. E nem vem falar que fingiu porque era impossível.

Parou à porta e, de repente, se virou e veio andando tão rápido na minha direção que realmente fui pego de surpresa. Me pôs contra os armários e, segurando o meu colarinho, disse:

- Se você tocar nesse assunto de novo, eu juro que, desta vez, você vai se arrepender amargamente. E não estou brincando.

Dava para ver isso no seu olhar.

- Eu não tenho medo de você. - Respondi. - Pode fazer o que quiser, mas eu nunca vou esquecer de tudo o que aconteceu entre a gente. Seja em Nova Iorque, Roma ou até mesmo de quando você tirou a roupa para mim.

Por um instante, eu achei que ela ia me socar. Considerando sua raiva, tinha certeza que não ia demorar muito para aquilo acontecer. Só que, ao invés do meu rosto, ela acertou a porta ao meu lado.

- Eu te odeio. - Falou. Esperei até estar perto o suficiente da porta para dizer:

- Eu te amo.

Parou por um instante, mas logo, continuou andando e sem nem olhar para trás. Quase cinco minutos depois, a Nadine e a Nicola apareceram ali e a ruiva logo quis saber:

- Por que estou com a intuição que a puta da vida é culpa sua?

- Ela não aguenta algumas verdades. Vocês sabem disso... - Respondi. As duas se entreolharam e a Nadine perguntou:

- Aconteceu alguma coisa?

- Ah, nada além do esperado: Ameaças, ela teimando que está feliz com o e que não tem planos de se separar dele... - Contei.

- Sabe o que eu acho que você tinha que fazer? - A Nicola perguntou e fiz sinal para que ela continuasse: - Esperar a poeira baixar. Mas na sua. Acho até que devia dar um gelo na . Ela não suporta e é certeza que vai funcionar.

- Por que você acha isso? - Perguntei.

- A é mimada. Se a gente ignora, mesmo sem querer, ela quase morre. - A Lola explicou. - Eu acho que você realmente tinha que mudar a postura com ela. Ao invés de ficar correndo atrás, fazendo com que ela se lembre de determinadas coisas... Trata com indiferença. Finge que ela não é tão importante assim. Vai ver como vai dar resultado...

Era estranho, mas... O que eu tinha a perder?

Naquela noite, a Nicola insistiu para que eu fosse dormir na casa dela. Não tendo alternativa, aceitei a imposição.

Quando acordei, um pouco depois do almoço, encontrei a Nadine na cozinha e perguntei:

- Sabia que eu quase tinha esquecido que vocês parecem siamesas às vezes?

Ela sorriu e quis saber:

- Ainda vai querer ficar aqui em Londres?

Assenti, agradecendo à Nicola quando ela me passou uma xícara de café.

- Eu sei de um lugar que você pode ficar sem precisar de frescura de incomodar os outros. - Avisou.

Foi o tempo de eu comer alguma coisa e trocar de roupa para sairmos. Ela e a Nicola me levaram até um prédio ali perto (Fomos a pé) e logo encontramos o corretor. Nos cumprimentou e, depois de entrarmos no prédio, ele foi logo enumerando as qualidades do apartamento que ia nos mostrar:

- A vizinhança é bastante tranquila. Você vai ver que o apartamento é perfeito: Am-plo, bem iluminado, os antigos donos fizeram isolamento acústico...

Assim que chegamos ao último andar, achei que era cobertura, mas me enganei. O apartamento era realmente tudo aquilo que o corretor dissera e mais um pouco. Tinha quatro quartos, sendo um uma suíte com um banheiro gigante, a sala e a cozinha proporcionais e o aluguel nem era tão caro assim, apesar da área e o tamanho do apartamento. Pedi para pensar um pouco e, em no máximo, uma semana daria a resposta. Na volta para a casa da Nicola, ela e a Nadine tentaram de todas as maneiras me convencerem a alugar o apartamento e por muito pouco mesmo não gritei com as duas.

No final da tarde, saí com o e fomos até um pub. Enquanto estávamos comendo, conversávamos e ele contava um pouco sobre a vida com a Nadine:

-... A gente briga, claro. Mas não dá para ficar com raiva dela.

Sorri fraco e perguntei:

- Você acha que ela é a certa?

Concordou.

- Eu realmente não sei se devo ou não dar um passo mais...

Entendi na mesma hora o que ele queria falar.

- Vocês dois estão juntos há quase quatro anos. Se você tem certeza de que é com ela que você quer ficar... Vai em frente.

Depois daquilo, ficou pensativo.

- E como você consegue comer isso?- Perguntei, indicando uma espécie de ensopado que não me era nem um pouco atraente. Riu e enfiou uma colherada cheia na boca.

Mais tarde, quando estava deitado, tentando dormir, não conseguia parar de pensar em várias coisas, mas principalmente, na . Fiquei imaginando se ela realmente estava tão feliz com o quanto teimava em dizer.

Quando acordei, na manhã seguinte, encontrei a Lola tentando fazer com que a Sophia comesse um prato com frutas amassadas. Me sentei à mesa e ela pediu:

- Me faz um favor? Vê se consegue fazer essa... Teimosa comer?

Rindo, me sentei de frente para a Sophia e, enquanto a Nicola fazia o café para mim, eu falava com a menininha:

- Sabia que, se você não comer, vai ficar doente?

Negou com a cabeça. E tampou a boca com as mãozinhas. Suspirei e perguntei para a Nicola:

- Ela é sempre assim?

- É. A única pessoa que consegue fazer ela comer nessas horas é a... Claro! - Res-mungou, indo buscar o telefone. Assim que voltou, já estava fazendo a ligação e dizia: - Não, não quer comer de jeito nenhum. O que eu faço?

Pausa.

- Ok.

Se despediu e, em seguida, desligou. Perguntei:

- O que foi?

- Estou pedindo reforços. - Respondeu, rindo.

Cerca de dez minutos depois, ouvimos o interfone e, enquanto a Nicola ia atender, falei com a Sophia:

- É... Ferrou agora.

A menininha riu e, logo, ouvi que a Lola abria a porta. Em menos de cinco minutos, ouvi a voz da :

- Cadê aquela mini-sem-vergonha?

E entrou na cozinha, parando rapidamente ao me ver.

- Oi. - Falei e ela simplesmente baixou a cabeça quase imperceptivelmente.

- Agora, senhorita! - Disse à Sophia. Me levantei para dar lugar à e, aproveitando que as duas estavam distraídas, fiz um sinal para a Nicola e, quando a segui até a sala, avisei:

- Eu estava pensando... Acho que vou alugar aquele apartamento.

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 2º capítulo


I like the way that it saves me

O relógio tem girado rápido, rápido esta noite
Esqueça o futuro e o passado
Vou fazer você se sentir bem
E sua aparência é perfeita e eu
Eu estou girando
Estou muito longe do chão esta noite

(A friend in London & Carly Rae Jepsen - Rest from the streets)

Luiza

À meia-noite, quando o DJ finalmente assumiu, pudemos parar de dançar e descansar um pouco. Fomos até a área VIP do bar. Isto é... As meninas foram; Eu fui interceptada pelo Stephen. Tive de ir até seu escritório. Assim que fechei a porta, me indicou a cadeira de frente para sua escrivaninha. Apoiou as mãos sobre o tampo da mesa e me fixou, pensativo.

- Hã... Tem algum motivo especial para você ter me chamado aqui?

- Você vai ter um novo pupilo.

Franzi as sobrancelhas e, justo naquela hora, bateram na porta. O Stephen mandou entra-rem e não resisti, me virando para olhar. Ao ver quem era, não me controlei:

- Você só pode estar de sacanagem comigo!

- Não, não estou. Sabe muito bem que não costumo sacanear as pessoas, Luiza. - O Stephen falou e me controlar para não reagir. - Acho que as apresentações são desnecessárias, uma vez que vocês já se conhecem e muito bem.

Olhei para o meu chefe, que me ignorou. Indicou a cadeira ao meu lado. Assim que esta foi ocupada, o Stephen falou:

- Bom... Bill, já te expliquei como funciona esse período de avaliação dos lobinhos... -
Me recusava terminantemente a olhar para o lado, embora sentisse que ele não fazia o mesmo. -... E de início, pensei em deixar vocês na área VIP - Ergui o olhar para o meu chefe. - justamente para não dar confusão por sua causa, Bill. Enfim. A Luiza vai avaliar tudo: Desde a preparação dos drinks, o atendimento aos clientes, a postura...

- As meninas falaram que eu teria de dançar... - Ouvi o Bill dizer.

- Se quiser... - O Stephen falou e tive que me intrometer:

- “Se quiser”? Stephen, nem a Claire, que é sua namorada, tem tratamento diferenciado. Se o Bill vai ser treinado e avaliado como qualquer outro lobinho, não acho que seja justo que ele seja tratado de maneira especial.

Senti o olhar do Bill em cima de mim.

- Me responde uma coisa? Você é a dona do bar? - Meu chefe perguntou em tom irritado. Neguei. - Então, se eu quiser tratar o Bill de maneira diferente... Eu vou tratar. Alguma objeção quanto à isso?

Sim. Mas como eu amava demais trabalhar no Coyote... Fiquei quieta e só neguei com a cabeça.

- Na realidade, se você não se importa, eu gostaria de ficar lá embaixo. E não me importo se tiver de dançar. Quer dizer... Não tendo que tirar a roupa... - O Bill falou e me segurei para não dar um riso de escárnio.

Meu chefe riu e negou com a cabeça.

- Tudo bem. Bom, tem como você esperar lá fora um instante? Daqui a pouco te chamo para explicar algumas coisas...

Assim que fiquei sozinha com o Stephen, me disse:

- Aposto que está querendo voar no meu pescoço agora.

- Se eu pensar em castração, a Claire me mata. - Respondi, azeda. - O que tinha para me falar além da bronca?

- Você sabe que tem carta branca para avaliar os candidatos, mas se por um acaso, eu perceber que o pessoal está ultrapassando a barreira do profissional, revogo esse privilégio no mesmo instante, entendeu?

Assenti e ele me liberou. Mas, antes mesmo que eu pudesse até mesmo abrir a porta, o Stephen me pediu para chamar o Bill. Mesmo contrariada, tive que fazê-lo. Encontrei a peste ali perto, mexendo no celular e encostado na parede. Duas meninas, quase bêbadas e rindo até do ar que respiravam, estavam indo até o banheiro, mas viram o Bill. E ele viu as duas. Uma delas, que tinha os cabelos cor-de-rosa, tomou a iniciativa:

- Oi... Você é novo aqui?

- Ai meu Deus... - Resmunguei baixo, mas o Bill escutou. Tive a confirmação ao ver seu sorriso de malícia e um olhar rápido na minha direção.

- É. Hoje é o meu primeiro dia no bar. - Respondeu, olhando fixamente para mim.

- Lobinho? - A amiga, de cabelos escuros, quis saber. Ele concordou, todo orgulhoso. Lutei para não esboçar qualquer reação.

- Escuta... - A de cabelo rosa começou. - Saindo daqui, a gente vai à festa de uns amigos. Se quiser ir... - Vi que ela entregou um cartão.

- Se quiser levar mais alguém, não tem problema. - A morena falou.

- Se quiser ir com alguma das coyotes, melhor ainda. - A outra disse. Trocou um olhar cúmplice com a amiga e as duas riram.

- O quê? - Ele perguntou.

- A Jo - A morena falou da amiga. - tem vontade de pegar uma das três mosquetei-ras.

Ai... O Bill continuava olhando para mim.

- Qual? - Ele quis saber.

- Tem a ruiva, não é? - Ele assentiu. - Daí tem outra, magrela, que o namorado... - A morena começou, mas a Jo a interrompeu:

- Você se parece um pouco com ele. Só que ele é moreno, tem menos piercings e tem jeito de ser antipático.

Ah, se ela soubesse como o Tom era... E que estava falando com o gêmeo dele... Não consegui evitar um sorriso.

- Enfim. - A morena cortou. - A Jo é a fim da que sobrou. Será que você não pode dar uma mãozinha?

Olhei para o Bill, como se o desafiasse.

- Então... Eu até conheço a Luiza e acho que rolaria. Se ela não estivesse namorando um coxinha aí...

A Jo desanimou um pouco, mas não desfez o convite para a festa. Depois que elas foram, avisei ao Bill:

- O Stephen quer falar com você.

E não esperei por uma resposta. Mas ela veio de qualquer maneira:

- Eu aposto que o Alex é cheio dessas frescuras, não é? Ele tem bem cara de ser o tipo que só transa numa única posição sempre, só ele ganha oral e, depois que goza, vira para o lado e dorme. Se você está rabugenta assim... Só pode ser isso.

Abri a boca para retrucar, mas o filho-da-mãe entrou no escritório do Stephen. Fui até a área VIP, procurei pelo Alex e, assim que o encontrei, percebeu minha inquietação e perguntou:

- O que foi?

- Adivinha quem o Stephen pôs para ser lobinho?

Deu de ombros.

- Bill. - Respondi.

- Bill?

- Kaulitz! - Exclamei, mas ele não entendeu a gravidade da situação. - Alexander!

- Quê?

- Quem é a única Coyote sem um lobinho para treinar?

- Você. - Respondeu, indiferente; Estava mexendo no celular e, além de tudo, me ignorava. Bufei, tomando o aparelho das suas mãos e falei:

- Eu estou quase surtando porque meu ex-marido está em Londres, ganhou a vaga de lobinho e vou ter de treiná-lo e fazer a avaliação. E você simplesmente fica nessa porcaria de celular!

- Izzy... Me escuta. - Olhei para ele. - Não é tão ruim quanto parece. Eu sei que você vai falar que não vai conseguir separar, mas eu sei que vai.

Suspirei.

- É impressão minha ou você está usando aquele conjunto que eu te dei?

Sorri maliciosa e respondi:

- Em casa você descobre. Pisquei e, de repente, me puxou pela cintura. - Alexan-der...

- Eu não estou fazendo nada! - Tentou se fazer de inocente.

- Ah não? E isso aqui, hein?- Movi o quadril contra o seu. Quase no mesmo instante, senti que ficou mais duro e aumentou um pouco mais de volume.

- Isso é culpa sua. É o jeito que você falou meu nome, além daquele... Bom, não pode ser chamado de short por ser tão curto... Enfim. Pelo jeito, parece que você está se comportando mal de propósito hoje. É impressão minha ou você quer repetir a dose de semana passada?

Arqueei a sobrancelha e não sei bem por que, mas desviei o olhar um instante. O Bill nos encarava a certa distância, com o maxilar travado e expressão nada amistosa. Dando um sorriso malicioso, me virei para o Alex e respondi:

- O que você acha?

Retribuiu o sorriso à altura e roubei um beijo daqueles. Logo, fiquei sem fôlego ao mesmo tempo em que as mãos bobas começavam. Justo quando estava começando a perder o controle, ouvi o maldito sino do Stephen, que indicava que tínhamos que ir para o balcão. Interrompendo o beijo, mas sem nos separar, falei com a boca colada na sua:

- Um dia desses, a gente ainda rouba e derrete esse sino maldito!

O Alex riu e depois de roubar um selinho demorado, disse;

- Vai lá. O dever chama.

Suspirei e tive que ir. E nem bem tinha saído da área VIP quando dei de cara com o Bill. Claro que a oportunidade de me provocar era boa demais para ser desperdiçada...

- Engraçado... Achei que o Stephen não gostasse muito que as coyotes fiquem agarrando os namorados aqui no bar... Aliás, eu acho que chefe nenhum gosta desse tipo de coisa durante o expediente.

Me aproximei dele.

- Em primeiro lugar, eu estava fazendo uma pausa. Em segundo: Você está sendo testado para ser lobinho, não fiscal de coyotes. Em terceiro: Você, mesmo em período de avaliação, é meu subordinado. O que significa que, a menos que queira desperdiçar meu tempo e paciência, sem falar na chance que o Stephen está te dando, não vai mais se intrometer no que eu faço ou deixo de fazer durante as minhas pausas, fui clara?

Concordou.

- E apesar de não ser da sua conta, as meninas e eu temos permissão para ficar com os namorados durante as pausas.

- Sei... E sexo está incluso nessa permissão?

Estreitei os olhos e avisei:

- Cuidado, Kaulitz. Se você continuar testando minha paciência, não vai nem começar a trabalhar aqui.

Mesmo com um ar presunçoso, finalmente abaixou a cabeça e me seguiu até o balcão do bar. Aos poucos, o Bill foi pegando o jeito.

Depois de cerca de vinte minutos servindo vários drinks, começou a tocar uma música animada que eu até gostava e não consegui me controlar. De repente, ouvi o sino que o Stephen tinha arrumado para avisar quando era hora de subir no balcão e o cliente que eu estava atendendo, percebeu a cara de poucos amigos que eu devia ter ficado e perguntou:

- O que houve?

- O dono do bar é uma criança com um sino daqueles de navio. É isso o que houve.

Riu fraco e perguntou:

- Escuta... Que horas você costuma sair?

- Então... - Comecei a dizer, mas um ser muito do intrometido que atendia pelo nome de Bill Kaulitz, me interrompeu:

- Ela já tem namorado.

- É você? - O cliente quis saber e o Kaulitz, só para piorar a própria situação, falou:

- Ah, não... Não tive esse azar. Vai por mim: Vai me agradecer por isso.

O cliente, claro, aceitou a bebida e, depois de pagá-la, sumiu na multidão. Falei:

- Di, preciso de cobertura por uns instantes.

- Ok. - Ela respondeu.

- Kaulitz, comigo. Agora. - Avisei e ele fingiu que não ouviu. Impaciente, tomei o copo das suas mãos e avisei ao cliente que ele atendia que outro lobinho ia atendê-lo. Claro que aquilo atraiu a atenção do Bill, que acabou tendo que me seguir até um canto onde os clientes não podiam nos ver.

- Eu realmente estou a um passo de ligar o foda-se e te escorraçar daqui! - Quase gritei. Por sorte, a música estava alta e ninguém que estivesse do outro lado do balcão ia nos ouvir. - A minha vida particular não interessa a nenhum dos clientes e muito menos à você. Da próxima vez que abrir essa boca enorme para fazer algo parecido, eu mesma vou cuidar para que você nunca mais entre nesse bar, entendido?

Não respondeu. Já ia andando para longe dele quando me perguntou:

- Você ama o Alex?

Parei e olhei para trás.

- Como eu acabei de falar... Não te interessa.

Deu um sorriso torto e, logo, cada um se ocupou com alguma coisa.

Alguns minutos depois, consegui evitar uma tragédia graças à Lola, que me chamou bem na hora; Quando fui olhar para minha amiga, vi o Bill tentando girar uma garrafa em pleno ar. Suspirei, me preparando para mais um esculacho...

Bill

- Mas que mania! Todo lobinho que passa por aqui quer logo sair fazendo malabarismos com as garrafas! - A Luiza reclamou, vindo até onde eu estava e tomou a garrafa das minhas mãos. Me olhando com impaciência, disse: - Um passo de cada vez. Se eu te pegar tentando girar as garrafas de novo, vai ser ponto negativo na sua avaliação. Se teimar e quebrar, além do ponto, vou falar com o Stephen que você é desobediente, entendido?

Tive que concordar.

Só que, antes mesmo de eu começar a servir os drinks, as meninas tinham armado tudo e até conseguiram um bolo. Assim que o Tom me viu ali, veio andando na minha direção e até me bateu.

- Por que você não me disse que vinha? - Reclamou e a Nadine veio em minha defesa:

- Porque a gente quis fazer uma surpresa para você. A gente sabia que essa surpresa você ia gostar.

Algum tempo depois, no final do expediente e depois de toda a comemoração, começaram a falar em dar uma esticada, mas a Luiza foi a única que não animou. As meninas até tentaram convencê-la, mas, sem sucesso. Aproveitando um instante que consegui ficar a sós com ela, perguntei:

- Eu sei o que você vai falar, mas... recusou a ideia da boate por minha causa?

Se virou de frente para mim e, cruzando os braços na altura do estômago, disse:

- Se já sabia o que eu ia falar, então por que me perguntou?

Dei de ombros.

- Não é você quem tem mania de querer sempre surpreender todo mundo?

Bateu a porta do armário e, cruzando os braços na altura do estômago, perguntou:

- Beleza. Falando francamente. Por que toda essa palhaçada de ser lobinho?

- Não é palhaçada. Apesar das danças que uns caras fizeram...

- Bill! - Chamou a minha atenção.

- Ei... Estamos fazendo um progresso aqui... Me chamou pelo nome ao invés do sobrenome... Gostei.

Respirou fundo e insistiu:

- Agora fala a verdade. Por que veio para Londres e está com essa ideia fixa dos lobinhos, hein?

- O Tom é um dos motivos. Estava com saudade dele e vice-versa. Sem falar que eu não conhecia a Sophia.

Estreitou os olhos. Respirei fundo e falei:

- Quer saber? Foi por sua causa também. Não conseguia mais aguentar ficar longe e, ainda por cima, continuar com essa briga.

Estava desconfiada, isso era claro.

- E você saiu de Los Angeles, enfrentou mais de dez horas de voo e veio para cá só para acabar com a briga? - Perguntou, erguendo uma das sobrancelhas.

- Por que é tão estranho assim?

- Simplesmente porque você decidiu de uma hora para outra, depois de passar dois anos em silêncio. E, de repente, ainda vem com a história de ser lobinho. - Respondeu, ainda com os braços cruzados.

- O que mais você quer que eu diga, hein?

- A verdade! Eu sei que tem mais além dessa coisa de só querer fazer as pazes comigo. Não ia cruzar um oceano inteiro e passar por tudo isso só porque queria acabar com a nossa briga. E, apesar de tudo, a parte do Tom não me convenceu totalmente.

Suspirei.

- Quer saber o real motivo então? - Assentiu. - Eu não consegui te esquecer, mesmo depois de todo esse tempo e de tudo o que aconteceu. Não teve um único segundo durante esses dois anos que eu não me arrependa de ter brigado com você.

- Então você veio atrás de mim porque queria uma chance, é isso?

Me aproximei dela e imediatamente, sua respiração começou a acelerar.

- A chance é só uma pequena parte. Eu cansei de só ter notícias suas através da imprensa e de ligações dos outros. Mesmo que tenha demorado, ainda sim, percebi que não consigo mais viver longe de você. Mesmo que não aconteça nada entre a gente, só de ter você por perto já é o suficiente, ainda que não seja o que eu quero de verdade.

Se desencostou do armário e disse:

- Você falou certo. Demorou. E eu segui em frente.

- E ele te faz tão feliz quanto você foi em Los Angeles? Sim, porque, mesmo com toda aquela resistência e teimosia sua, você estava feliz enquanto foi casada comigo. Qualquer um podia ver e, se não for o bastante, pode perguntar para as meninas.

Travou o maxilar e avisou:

- Pode ser que um dia, num futuro próximo, eu consiga te perdoar pelo que me falou durante a briga. Mas é melhor não criar expectativas sobre uma segunda chance. Estou com o Alex agora e não importa o que você fale, mas eu estou feliz com ele.

- Agora. Mas quem sabe o dia de amanhã?

Estreitou os olhos de novo.

- Pelo menos, ele nunca me abandonou na manhã seguinte. - Disse.

- Mesmo porque, quem fazia isso era você, não é mesmo? Lembra de Nova Iorque? No dia seguinte, você brigou comigo. Você.

Percebi que estava tentando se controlar ao máximo do que podia.

- Nova Iorque foi um erro. E ninguém é capaz de me convencer do contrário.

- Foi um erro, é? - Perguntei, assim que ela me deu as costas, depois de pegar as suas coisas no armário.- Não me pareceu quando você gemeu o meu nome quando eu te fiz ter um orgasmo daqueles. E nem vem falar que fingiu porque era impossível.

Parou à porta e, de repente, se virou e veio andando tão rápido na minha direção que realmente fui pego de surpresa. Me pôs contra os armários e, segurando o meu colarinho, disse:

- Se você tocar nesse assunto de novo, eu juro que, desta vez, você vai se arrepender amargamente. E não estou brincando.

Dava para ver isso no seu olhar.

- Eu não tenho medo de você. - Respondi. - Pode fazer o que quiser, mas eu nunca vou esquecer de tudo o que aconteceu entre a gente. Seja em Nova Iorque, Roma ou até mesmo de quando você tirou a roupa para mim.

Por um instante, eu achei que ela ia me socar. Considerando sua raiva, tinha certeza que não ia demorar muito para aquilo acontecer. Só que, ao invés do meu rosto, ela acertou a porta ao meu lado.

- Eu te odeio. - Falou. Esperei até estar perto o suficiente da porta para dizer:

- Ich liebe dich.

Parou por um instante, mas logo, continuou andando e sem nem olhar para trás. Quase cinco minutos depois, a Nadine e a Nicola apareceram ali e a ruiva logo quis saber:

- Por que estou com a intuição que a Luiza puta da vida é culpa sua?

- Ela não aguenta algumas verdades. Vocês sabem disso... - Respondi. As duas se entreolharam e a Nadine perguntou:

- Aconteceu alguma coisa?

- Ah, nada além do esperado: Ameaças, ela teimando que está feliz com o Alex e que não tem planos de se separar dele... - Contei.

- Sabe o que eu acho que você tinha que fazer? - A Nicola perguntou e fiz sinal para que ela continuasse: - Esperar a poeira baixar. Mas na sua. Acho até que devia dar um gelo na Luiza. Ela não suporta e é certeza que vai funcionar.

- Por que você acha isso? - Perguntei.

- A Luiza é mimada. Se a gente ignora, mesmo sem querer, ela quase morre. - A Lola explicou. - Eu acho que você realmente tinha que mudar a postura com ela. Ao invés de ficar correndo atrás, fazendo com que ela se lembre de determinadas coisas... Trata com indiferença. Finge que ela não é tão importante assim. Vai ver como vai dar resultado...

Era estranho, mas... O que eu tinha a perder?

Naquela noite, a Nicola insistiu para que eu fosse dormir na casa dela. Não tendo alternativa, aceitei a imposição.

Quando acordei, um pouco depois do almoço, encontrei a Nadine na cozinha e perguntei:

- Sabia que eu quase tinha esquecido que vocês parecem siamesas às vezes?

Ela sorriu e quis saber:

- Ainda vai querer ficar aqui em Londres?

Assenti, agradecendo à Nicola quando ela me passou uma xícara de café.

- Eu sei de um lugar que você pode ficar sem precisar de frescura de incomodar os outros. - Avisou.

Foi o tempo de eu comer alguma coisa e trocar de roupa para sairmos. Ela e a Nicola me levaram até um prédio ali perto (Fomos a pé) e logo encontramos o corretor. Nos cumprimentou e, depois de entrarmos no prédio, ele foi logo enumerando as qualidades do apartamento que ia nos mostrar:

- A vizinhança é bastante tranquila. Você vai ver que o apartamento é perfeito: Am-plo, bem iluminado, os antigos donos fizeram isolamento acústico...

Assim que chegamos ao último andar, achei que era cobertura, mas me enganei. O apartamento era realmente tudo aquilo que o corretor dissera e mais um pouco. Tinha quatro quartos, sendo um uma suíte com um banheiro gigante, a sala e a cozinha proporcionais e o aluguel nem era tão caro assim, apesar da área e o tamanho do apartamento. Pedi para pensar um pouco e, em no máximo, uma semana daria a resposta. Na volta para a casa da Nicola, ela e a Nadine tentaram de todas as maneiras me convencerem a alugar o apartamento e por muito pouco mesmo não gritei com as duas.

No final da tarde, saí com o Tom e fomos até um pub. Enquanto estávamos comendo, conversávamos e ele contava um pouco sobre a vida com a Nadine:

-... A gente briga, claro. Mas não dá para ficar com raiva dela.

Sorri fraco e perguntei:

- Você acha que ela é a certa?

Concordou.

- Eu realmente não sei se devo ou não dar um passo mais...

Entendi na mesma hora o que ele queria falar.

- Vocês dois estão juntos há quase quatro anos. Se você tem certeza de que é com ela que você quer ficar... Vai em frente.

Depois daquilo, ficou pensativo.

- E como você consegue comer isso?- Perguntei, indicando uma espécie de ensopado que não me era nem um pouco atraente. Riu e enfiou uma colherada cheia na boca.

Mais tarde, quando estava deitado, tentando dormir, não conseguia parar de pensar em várias coisas, mas principalmente, na Luiza. Fiquei imaginando se ela realmente estava tão feliz com o Alex quanto teimava em dizer.

Quando acordei, na manhã seguinte, encontrei a Lola tentando fazer com que a Sophia comesse um prato com frutas amassadas. Me sentei à mesa e ela pediu:

- Me faz um favor? Vê se consegue fazer essa... Teimosa comer?

Rindo, me sentei de frente para a Sophia e, enquanto a Nicola fazia o café para mim, eu falava com a menininha:

- Sabia que, se você não comer, vai ficar doente?

Negou com a cabeça. E tampou a boca com as mãozinhas. Suspirei e perguntei para a Nicola:

- Ela é sempre assim?

- É. A única pessoa que consegue fazer ela comer nessas horas é a... Claro! - Res-mungou, indo buscar o telefone. Assim que voltou, já estava fazendo a ligação e dizia: - Não, não quer comer de jeito nenhum. O que eu faço?

Pausa.

- Ok.

Se despediu e, em seguida, desligou. Perguntei:

- O que foi?

- Estou pedindo reforços. - Respondeu, rindo.

Cerca de dez minutos depois, ouvimos o interfone e, enquanto a Nicola ia atender, falei com a Sophia:

- É... Ferrou agora.

A menininha riu e, logo, ouvi que a Lola abria a porta. Em menos de cinco minutos, ouvi a voz da Luiza:

- Cadê aquela mini-sem-vergonha?

E entrou na cozinha, parando rapidamente ao me ver.

- Oi. - Falei e ela simplesmente baixou a cabeça quase imperceptivelmente.

- Agora, senhorita! - Disse à Sophia. Me levantei para dar lugar à Luiza e, aproveitan-do que as duas estavam distraídas, fiz um sinal para a Nicola e, quando a segui até a sala, avisei:

- Eu estava pensando... Acho que vou alugar aquele apartamento.