quarta-feira, 30 de março de 2016

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 13º capítulo


But I will not renounce all hope
A partir do momento que eu te vi pela primeira vez
Toda a escuridão virou luz
Uma pintura impressionista
Pequenas partículas de luz

(Madonna - Masterpiece)

Luiza

Assim que o Bill saiu com a Seren, na primeira vez em que a vi, corri até o escritório do Stephen. Perguntei:

- Ela vai ser Coyote?

- Vai. Alguma oposição quanto à isso?

- Não. Eu mesma quero treiná-la.

Ficou desconfiado, claro.

- Por quê?

- Lembra daquilo que eu tenho, de bater o olho na pessoa e dizer se vou gostar ou não dela?

Concordou.

- O santo bateu?

- High five daqueles. E outra: eu estou com o Alex. Sem falar que só seria capaz de proteger o Bill se o meu santo realmente tivesse espancado o dela.

- Fechado. Vai ser sua pupila. E você se comporte, hein?

- Apesar de a tentação de ser uma garota má ser enorme... Vou deixar esse meu lado negro para o Alex.

- Ai meu Deus... Eu realmente prefiro te imaginar como a garota doce de sete anos atrás que cruzou aquelas portas e nem conseguia dançar sobre o balcão sem sentir vergonha.

Ri e falei:

- Carta branca para transformar a menina numa Coyote como nós?

- Liberada. Olha lá, hein, Luiza...

- Confia em mim. Eu sei exatamente o que estou fazendo.

Na semana seguinte, quando ela chegou com o Bill, esperei a primeira oportunidade para falar a sós com ela. Estava intimidada por mim e, assim que chegamos no camarim, avisei:

- Você provavelmente já sabe que sou a gerente daqui e você é uma Coyote em treinamento. Portanto, está em período de avaliação, do mesmo jeito que os lobinhos. Senta. - Apontei o sofá de couro vermelho que havia ali e ela prontamente obedeceu. Eu fui na direção de uma das cadeiras de maquiagem e falei: - Seguinte: Tenho uma reputação de ser durona aqui, mas quero que você saiba que se você precisar de qualquer coisa mesmo, nem é para pensar duas vezes antes de vir falar comigo. Não é para ficar com medo de mim porque as únicas pessoas que eu mordo são meu namorado e a filha daquela ruiva, a Nicola. Mas a Sophia é fofa e mordo de leve. Enfim. Dúvidas?

- Eu vou ter de dançar em cima do balcão?

- Por enquanto... Não. Mas quero fazer um teste com você depois.

- As roupas que eu tenho... Não acho que são muito...

- Sei... Vamos fazer o seguinte: Amanhã, na hora do almoço, você me encontra em Brompton que vamos fazer umas compras. - Abriu a boca para retrucar e falei: - Não senhora. Não aceito recusas porque vão ser um presente de boas-vindas. Aliás... Depois que a gente terminar, quero começar a te treinar para ser Coyote. Pelo que estou vendo, você é toda... - Estiquei os braços e as pernas, endurecendo praticamente todo o corpo. - e também um pouco tímida.

- O Bill falou que você também é.

- É. Mas o foco aqui é você. Não eu. Reparei em você outro dia e você é muito... - Falei, tentando achar uma definição boa. - Parece que você tem medo que os outros te vejam de verdade. Tem vergonha, eu diria. Estou errada?

Negou com a cabeça, que estava baixa e ela olhava para o chão.

- Tem quanto tempo desde a última vez que você namorou?

- Três anos. E desde então tive uns... Três encontros.

- É... Não vai ser mole, mas vou te ajudar. Uma das grandes vantagens de trabalhar como Coyote é justamente a autoestima que vai subir que é uma maravilha. - Riu e perguntei: - Posso então te ajudar com isso?

- Pode.

- Bem-vinda ao Coyote.

Ela sorriu largamente.

Naquela noite, depois que o cara deu em cima dela e o Bill falou com os seguranças para o tirarem dali, aproveitei e chamei a Seren num canto e perguntei:

- Está tudo bem?

Ela concordou com a cabeça e falei:

- Olha, infelizmente, esses caras são bem comuns por aqui. Acabam exagerando na bebida e acham que podem sair falando qualquer besteira. Quando isso acontecer, me avisa, ok?

Repetiu o gesto e voltamos ao trabalho.

No dia seguinte, assim que nos encontramos, ficamos um tempo andando e só olhando as vitrines e conversando.

- Sério, perdi a conta de quantas vezes as pessoas me chamam de Serena. - Ela contou.

- E você não tem um apelido?

Negou.

- Eu vou te arrumar um, pode ser?

Mesmo com medo, não se opôs. Quando estávamos numa das lojas que decidimos entrar, ela perguntou:

- O seu namorado é aquele cara, o... Ireland, não é?

Concordei.

- Ele estava no bar no seu primeiro dia de trabalho. - Respondi.

- Ah é?

- Foi. Vez ou outra ele vai.

Ela pareceu pensar um pouco e falei:

- Está um pouco óbvio demais que você está querendo me perguntar alguma coisa mas está sem jeito. Pode falar.

Engoliu em seco e perguntou:

- Ia ficar brava se eu... Tentasse alguma coisa com o Bill?

- Claro que não! - Respondi. - Eu te ajudo, se quiser.

Sorriu e retribuí.

Nem bem tínhamos entrado na Topshop e falei:

- Ah! Lembrei que tenho uma coisa para fazer e já venho. Pode ir começando a olhar as roupas.

Aproveitando que ela logo se distraiu, fui até a Harrod’s e, logo que cheguei à sessão feminina, encontrei o que procurava. Em seguida, fui até o subsolo. Assim que entrei na parte de vinhos, um rapaz, não tão mais velho que eu, de nariz empinado e me olhando de cima a baixo, se aproximou e disse, com ar de superioridade:

- Posso... Ajudá-la?

- O Roger está?

- Ele está em atendimento. Seria só com ele?

- Sim. Meu namorado fez a reserva de um vinho e eu vim buscar.

- A reserva foi feita no nome de quem? - Ele falou, se sentando à uma mesa e pronto para digitar.

- Alexander Ireland.

O idiota não segurou uma risada discreta e comecei a perder a paciência. Peguei o celular na bolsa e disquei o número do Alex. No terceiro toque, ele atendeu:

- Oi, linda. Estava pensando em você agora.

- Oi. Eu vim buscar o vinho aqui na Harrod’s... O Roger está ocupado e o vendedor que está me atendendo não quer acreditar no que eu estou falando...

- Deixa eu falar com ele por favor.

Entreguei o celular e, pelo que pude ouvir, o Alex passou uma descompostura daquelas no vendedor, que, assim que terminou de ouvir um monte, me devolveu o celular.

- Quando acabar as compras, eu vou lá para a casa, ok? - Perguntei, enquanto o vendedor registrava a retirada do vinho.

- Ok. Já estou quase acabando aqui também.

Nos despedimos e, quando estava prestes a pegar a carteira, fui avisada que o vinho já tinha sido pago. O vendedor, ainda tremendo e morrendo de vergonha, me entregou a embalagem e falei:

- Só uma dica, tá? Da próxima, não julgue um livro pela capa.

Bati no seu ombro de leve e saí.

Logo que encontrei a Seren na Topshop, vi que o Bill estava falando com ela. Antes de me aproximar, eu respirei fundo.

Depois de algum tempo, quando a Seren terminou de experimentar mais umas roupas que eu havia sugerido para ela, perguntou:

- O que eu estou fazendo de errado?

- Sendo teimosa. - Respondi. - As roupas que a gente usa no bar não são tão difíceis assim. É camiseta regata ou com manga curta, jeans e botas de salto. Ou aquelas de montaria. A blusa pode ter um detalhe de uma transparência, um decote não tão chamativo... É o que o povo fala que é ser sexy sem ser vulgar.

- Roupas justas?

- Preferencialmente as calças. - Falei.

- Pode ser uma camiseta mais... Solta?

- Depende. Teve alguma que você gostou?

Concordou.

- É larga, mas daquelas que deixa um ombro aparecendo.

Parei para pensar um pouco e falei:

- Talvez com um cinto mais grosso ou espartilho... É. Talvez role.

Quando ela entrou de novo no provador, a ouvi perguntar:

- O Bill não implicava com você por causa das roupas?

Dei uma risada fraca e respondi:

- Uma vez, ele cismou de comprar um vestido para mim. E um sapato. Quase bati nele na hora.

- E como era o vestido? - Ela quis saber e só então, notei que ele estava ali. Tinha trazido umas camisetas e duas calças e estava prestando atenção à nossa conversa.

- Hérve Leger.

- Mas... Não são aqueles vestidos justos... Bandagem, não é?

- É. - Respondi.

- Mas você não respondeu à minha pergunta. - Ela cobrou, saindo da cabine. Viu que ele estava ali e corou.

- Pode perguntar diretamente para ele. - Respondi e ela quase quis morrer.

Não muito tempo depois, quando tínhamos saído dali com algumas das roupas que o Bill e eu praticamente obrigamos a Seren a comprar, ouvi o meu celular e, logo que o pesquei de dentro da minha bolsa, atendi meio sem ver quem era. Tanto que me surpreendi ao ouvir a voz da Lee do outro lado da linha:

- Luiza? É a Lee. Tudo bem?

- Ah... Oi. Tudo bem. E você?

- Também. Escuta, estou tentando falar com o Alex, mas não estou conseguindo. Sabe dele?

- Falei com ele agora há pouco e me avisou que estava no trabalho.

- Pois é. Liguei para lá, mas ele já tinha saído. O celular não atende...

Olhei para o Bill e a Seren que estavam vendo a vitrine de uma loja e falei:

- Eu vou lá para Mayfair. Mas vou passar o recado logo que encontra-lo.

- Ok.

Agradeceu e nos despedimos. Me aproximei da Seren e avisei:

- Eu vou ter de ir agora.

- Sério? Aconteceu alguma coisa?

Olhei para o Bill, que estava interessado até demais na minha resposta.

- Pois é...

Para minha sorte, o próprio Alex me mandou uma mensagem e só mostrei o celular.

- Ah... Entendi. - Ela falou. - Bom, vai lá.

- Kaulitz, será que você pode ajudar a Seren pelo resto do dia?

- Claro. Aposto que vamos aproveitar muito mais do que você...

Ignorei a provocação justamente por ser o melhor que eu podia fazer.

Logo que cheguei em casa, o Alex estava no banho. Não resistindo, tirei toda a roupa e entrei no box, o surpreendendo.

Depois de um banho especialmente longo, finalmente saímos dali e, enquanto eu me vestia, ele ficou me observando.

- O que foi?- Perguntei.

- Você está chateada?

- Não... Teria algum motivo?

- Aquela garota que começou a trabalhar como Coyote...

- O que tem? Anda, Alex, fala logo de uma vez.

- Você não está com ciúmes dela com o Bill.

- Não, não estou.

Franziu as sobrancelhas e falei:

- Tá. Eu estou tentando entender o seu estranhamento com o fato de eu não sentir ciúmes da Seren.

- Porque eu vi como você ficou desde que o Bill veio de Los Angeles e toda e qualquer garota dava em cima dele no bar.

- Quer mesmo saber a verdade? - Perguntei e ele concordou. - Eu tenho namorado. E como ele não é o Kaulitz... Tudo o que posso fazer é torcer para que o Bill seja feliz com quem for. A Seren me parece uma boa pessoa e eu acho que talvez ela seja a garota certa para ele.

Me olhou, analisando e disse, surpreso:

- Você está falando sério!

- E por que eu mentiria? Estou com você, não com ele. Por mais que estejamos brigados, não tem por que desejar que o Bill coma o pão que o diabo amassou. Não tem sentido!

Ele estava chocado, fato. E eu sabia que ele não seria o único.

No dia seguinte, aproveitando que o Stephen tinha dito que estava pensando em fazer uma festa temática em março, as meninas e eu fomos até a casa da Nadine e, como ela tinha mandado fazer no porão uma sala para ensaiarmos ali (A Lola e eu também tínhamos feito uma nas nossas casas), chamamos a Claire, que tinha convencido o Stephen a deixa-la voltar às suas antigas funções de coyote, e a Seren, que estava tímida, num canto.

- Cansei! - Resmunguei, ao ver a novata morrendo de vergonha. - Seren! Vem cá.

Me obedeceu, tremendo mais que vara verde, e falei:

- Você tem que ser uma Coyote. Não uma Chihuahua. Os caras dão em cima de você, mesmo que continue com essa besteira de timidez.

- Eu tenho vergonha. Vejo vocês em cima do palco, dançando e com os caras babando por vocês...

- Do que você tem vergonha, exatamente? - A Nicola perguntou.

- De tudo. Eu sou desajeitada, acho que meu peito é grande demais, os quadris são estreitos demais, as pernas são muito finas...

Olhamos para a Nadine, que disse:

- Quer pernas mais finas que as minhas? E olha que os caras sempre babaram por elas...

- E tenho um problema sério que falta peito e sobra sutiã. - Falei e a Seren riu. - Mas você acha que isso importa? Cada cara é diferente. Cada um gosta mais de uma coisa, mas estão mais interessados é na mulher como um todo.

- Alex andou te mimando? - A Claire perguntou e concordei.

- Aprontou alguma. - Respondi, brincando. - Até tenho cá minhas suspeitas, mas... Não vou falar nada.

- O que ele fez? - A Lola logo quis saber, interessada até demais para o meu gosto.

- Acho que ele andou gastando um pouco demais em um vinho... - Comentei. - Mas a questão não é o Alex, mas sim, a Seren.

Fizemos com que ela dissesse tudo que a deixava insegura. E ainda conseguimos descobrir que ela se achava feia. Sendo que não era verdade. Ela chamava a atenção, verdade fosse dita.

- Eu sugiro uma noite só do clube da Luluzinha. - A Nadine falou. - A gente dá um perdido nos meninos e vamos à uma boate. Vamos ver quantos caras chegam em cada uma. Se a Seren receber mais de dez elogios... - A Seren se encolheu frente à possibilidade. - Vai deixar a gente te transformar. E sem reclamações, fechado?

- Vocês vão perder. - Ela retrucou e estávamos confiantes demais, verdade fosse dita. E estávamos ansiosas para começar.

Na quarta-feira, quando eu estava terminando de almoçar com o Alex, o meu celular tocou e vi que era o número do arquiteto que estava controlando a reforma da minha casa. Atendi:

- Oi?

- Luiza? Estou te ligando para avisar que está tudo pronto.

- Ah é? E quando posso fazer a mudança?

- Amanhã mesmo, se quiser. O Alex já chamou um pessoal para cuidar da limpeza e eles já estão chegando.

- Ai, que bom. Obrigada pelo aviso.

Agradeci e me despedi do arquiteto e, quando desliguei, olhei para o Alex e falei:

- Quer dizer então que você sabia que a minha casa já estava pronta, é?

Sorriu e disse:

- E já contratei o serviço de mudanças. Tem problema de eu ter marcado para domingo?

Neguei; Logo que tinha ido morar com o Alex em Mayfair, tinha empacotado tudo e por isso mesmo seria mais fácil.

- Eu... Fiz um pequeno favor ao Kaulitz. - Ele avisou.

- Que favor?

- Dei um jeito de a casa dele ficar pronta rápido também.

Ok. Por essa eu realmente não esperava.

- Eu quero te propor uma coisa. - Falou, pegando na minha mão. Enrijeci, já imagi-nando certas coisas e ele continuou: - A gente podia fazer um almoço no domingo, para comemorar seu aniversário, o que você me diz? Podemos chamar todo mundo e não se preocupe com o que vai ser servido; Pedi para minha mãe cuidar de toda essa parte e só falta mesmo você concordar.

- A casa vai estar uma bagunça.

- Posso muito bem contratar aquele pessoal que organiza tudo.

Ri fraco e disse:

- Sorte sua que todo mundo sabe como eu sou bagunceira. - Me inclinei um pouco sobre a mesa e roubei um selinho demorado.

- E então? Posso fazer o convite formal para todo mundo? - Ele perguntou, depois que saímos do restaurante.

- Eu faço isso. - Respondi.

No dia seguinte, quando as meninas e eu arrastamos a Seren para um shopping, a Di aproveitou que as outras estavam mais afastadas de nós e quis saber:

- Até quando você vai ficar brigada com o Bill?

- Depois do que falei com ele, era para o Bill nem olhar mais na minha cara.

- "O amor é como a guerra; fácil de começar, e muito difícil de terminar.".

- A prova disso é a guerra dos cem anos.

- Vai mesmo esperar um século inteiro para voltar às boas com ele? Está realmente um saco sair com vocês dois separados. Pior é o concurso para ver quem tem a maior tromba.

Ri fraco e perguntei:

- O que você sugere que eu faça?

- Liga para ele. Pede desculpas pelo que você disse. E conversa francamente. Não estou falando para você simplesmente dar um pé na bunda do Alex e ir correndo para a cama do Bill. - Franzi as sobrancelhas e ela fez uma careta também. - O que eu estou dizendo é para você não deixar passar essa chance de ter pelo menos a amizade dele.

Logo, fomos interrompidas pela Claire, que nos arrastou até o provador para darmos palpites nas roupas que ela e a Lola tinham escolhido para a Seren.

Naquela noite, aproveitando que o Alex ainda não tinha chegado, hesitei antes de pegar o celular. Quando finalmente reuni coragem... Pensei por um bom tempo no que ia escrever. Acabei optando pelo caminho curto e direto:

Eu queria conversar com você. O que vai fazer amanhã?

Respirei fundo e apertei o botão para enviar a mensagem. Em seguida, virei o telefone com a tela virada para baixo e aproveitei que a Vivi pulou em cima da cama para coçar atrás das suas orelhas. Ela se assustou com o tremor do aparelho e, sabendo que era uma resposta, li:

Sobre o que quer conversar comigo?

Ai, Kaulitz. Perdi a paciência e liguei para ele. Atendeu quase de imediato e falei:

- Antes de qualquer coisa, não me interrompe, por favor. Eu quero conversar com você porque não está dando mais para continuar assim. Reconheço que errei em ter fala-do aquilo com você e isso de ficar um virando a cara para o outro é... Irritante.

Ele ficou em silêncio.

- Me dá um bom motivo para não continuar te ignorando.

Filho da mãe.

- Eu... - Comecei a dizer, um pouco hesitante, mas, respirei fundo antes de respon-der: - Eu sinto a sua falta. Mais do que deveria.

Outra pausa, tão grande quanto a primeira.

- Onde? - Perguntou, suspirando.

- Tanto faz. O importante é a gente conversar e acabar essa briga porque eu não estou mais aguentando ficar nisso.

- Bom, foi você quem quis...

Suspirei e ele perguntou:

- A gente pode almoçar amanhã?

- Pode, claro. Tem um restaurante novo aqui perto e...

- Tem? Eu nem sabia...

Hesitei e respondi:

- Então. Eu... Acho que você percebeu que saí aí do prédio. Estou temporariamen-te em Mayfair.

- Ah... Entendi. Bom, não tem problema. Quer que eu te busque ou você passa aqui?

- Eu te busco. Uma hora está bom?

Concordou e nos despedimos, ainda mais que eu ouvi o barulho das chaves do Alex.

Então, no dia seguinte, pontualmente à uma da tarde, estava esperando pelo Bill dentro do carro e mexendo no celular, distraída. Estava trocando mensagens com a Nadine sobre a primeira mudança drástica que faríamos com a Seren quando ouvi umas batidas leves no vidro da janela do passageiro. Olhei para o lado e destravei a porta para o Bill entrar. Para a minha surpresa, ele me cumprimentou com os beijinhos no rosto e terminei de digitar a mensagem para a Di, mandando em seguida.

Logo que chegamos ao restaurante, que era italiano, o Bill deu uma boa olhada ao redor e parecia impressionado. Falei com o garçom:

- Pode me trazer, de entrada, essa porção de saltimbocca, o prato principal pode ser o cannelloni de ricota com tomate seco.

O Bill pediu as mesmas coisas, exceto a entrada. Quando o prato principal foi trazido, começamos a conversar e ele escutou tudo em silêncio o que eu tinha para dizer. Fiz o mesmo quando ele falou, inclusive, o que estava sentindo. Por fim, conseguimos nos entender.

Quando o garçom trouxe as sobremesas, o assunto já tinha mudado de rumo e o Bill comentou:

- A Seren está começando a mudar.

- Ah é? Vocês já saíram finalmente?

- Não. Sair no meio da semana é até... É ruim. Não dá para aproveitar como se deve.

Tive que concordar.

- Você podia me ajudar com ela.

Franziu as sobrancelhas e, logo, mudou a expressão, claramente pensando besteira.

- O Alex finalmente aceitou que você fizesse... - Começou a dizer e falei:

- Já fiz. Mas eu não quero sua ajuda com a Seren para isso. Quero que você me ajude fazendo com que ela ceda um pouco às ideias que eu e as meninas temos para que ela ganhe mais confiança e a gente consiga fazer com que ela dance sobre o balcão.

- Você realmente fez um ménage e o Alex concordou?

- Justamente porque era uma mulher, não outro cara.

- E aí?

- Aí que você está sendo muito intrometido. Sossega. - Bati de leve no seu ombro e ele riu.

- Ainda acho estranho que ele tenha aceitado de boa te dividir com outra mulher...

Franzi as sobrancelhas e comentei:

- Do jeito que você falou, até parece que tenho um caso com uma garota.

E para quê eu fui falar aquilo...

- Você se comporte. - Avisei. - Estamos em um lugar público e em plena luz do dia!

- Mas é você quem tá estimulando... Isso.

Suspirei e lembrei de uma coisa.

- A reforma de lá de casa acabou.

- Ah é? E quer fazer uma comemoração? - Perguntou e na mesma hora entendi o que ele quis dizer.

- Mas você quer parar? Eu quero sim comemorar, mas é o meu aniversário. No domingo e vou chamar o pessoal. Inclusive a Seren.

- Vai ser na sexta-feira, não é?

Assenti.

- E não vai fazer nada no bar? Quer dizer, acho que o Stephen não vai se importar se você tirar folga...

- Já pedi folga outro dia e não quero ficar abusando demais. Então, na sexta-feira... Nada de comemoração, ainda mais surpresa, entendido?

Concordou, se fingindo de bom moço.

Depois que cada um foi para um lado, foi estranho. Só então me dei conta do quanto senti falta dele durante aquele tempo todo em que ficamos sem nos falar direito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário