quarta-feira, 25 de novembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 36º capítulo


I was lost and broken, they all lead straight to you

Eu sou toda menina apanhada num mundo mortal
Você pode me reconstruir, me dar um lar
Você pode me consertar
Conserte-me, beije-me, quebre-me, acabe comigo
Abrace-me, ame-me, remende-me, dê-me seu coração

(Nicola Roberts - Fix me)

Nicola

Eu estava em pânico. Tanto que, antes da primeira consulta, na segunda-feira de manhã, liguei para a Iza, implorando que fosse comigo e a Di. Resultado: A cara da médica foi de choque ao ver três mulheres ali.

          - Certo... Quem é a futura mamãe?

Ergui a mão e ela me mandou trocar de roupa para poder me examinar. Enquanto isso, só uma única coisa ecoava na minha cabeça: Como eu ia contar para o Charlie? Eu sei que ele sempre quis ter filhos, mas fazia questão de que fosse depois de nos casarmos e estivéssemos estabilizados, financeira e emocionalmente. Não podia nem imaginar o que seria se ele não aceitasse a notícia...

Depois de me examinar e fazer aquelas perguntas clássicas e tal... A médica disse:

          - Então Nicola... Pelo que você me falou, está com seis semanas, não é isso?

Concordei. Quer dizer, tinha feito os cálculos, então...

          - Eu vou pedir alguns exames, passar algumas vitaminas e ácido fólico.

Passou mais algumas orientações e a Nadine, claro, garantiu que eu ia tomar tudo direitinho. Ao sair do hospital, provoquei as duas:

          - Achei que a minha mãe estivesse na Inglaterra, não aqui. E fosse uma só!

As duas riram e a Iza, como sempre, passou um “sermão”:

          - Seguinte: Queremos esse feijãozinho aí saudável para, quando nascer, ficar todo pimpão, correndo por aí e se divertindo horrores. Portanto, nada de álcool e pode deixar comigo que dou um esculacho em três alemães fumantes.

          - Falando nisso... O Bill parou com o cigarro? - A Di perguntou e a Iza assentiu.

          - Você é outra que tinha que largar essa porcaria. - Reclamei com a Nadine e ela resmungou que era fácil falar.

          - Fácil falar uma ova! Querendo, a gente para de fumar, emagrece e até faz sexo quando tá puta com o marido! - A Luiza protestou e é óbvio que a gente olhou para ela. - Quê? Ah, vocês duas! - Rimos e ela continuou: - Em primeiro lugar: Eu tenho um marido gostoso para cacete. Tenho mais é que aproveitar enquanto ainda posso. Em segundo: Não é como se eu nunca tivesse transado com o Bill. E em terceiro... Por que, com essa... Coisa de raiva é tão excitante?

Nós rimos e falei:

          - A questão não é se você transa ou deixa de transar com o Bill. Mas é o jeito que você falou.

          - É. Parece até que você faz aquilo, de “tacar na parede e chamar de lagartixa”. - A Di comentou e fomos até o carro. Detalhe 1: A Luiza era a motorista. Detalhe 2: O carro era do Bill. Quando estávamos na metade do caminho para o restaurante onde iríamos almoçar, a Di me perguntou:

          - E aí? Ainda negativa a respeito de contar para o Charlie?

          - É. - Resmunguei. - Não sei como vou fazer se ele simplesmente sair andando ou até me xingar, acusando de ter engravidado de propósito...

          - E por que ele faria isso? - A Iza questionou. - Quer dizer, ele gosta de crianças e eu sinceramente acho que você não deveria ser tão pessimista. Deveria pensar é que vai dar tudo certo e que vocês vão ser felizes juntos.

          - Isso me lembra uma coisa. É praga sua, Luiza!

Ela me olhou pelo espelho retrovisor e riu.

          - Quem manda você e o Charlie serem perfeitos? Casais como vocês têm mais é que se casarem, terem uma penca de filhos e serem felizes pelo resto da eternidade. Não como nos contos de fada, porque perfeição é uma merda que só fode a vida da gente.

Olhamos para ela.

          - Luzinha da minha vida. - A Di falou. - Se você falou dois palavrões na mesma frase é porque tem alguma coisa te irritando. O que é?

Ela respirou fundo antes de responder:

          - O Bill se declarou há dois dias. E está... Fazendo tudo para me conquistar. Quando digo tudo, falo literalmente. Desde coisas como... Me dar nem que seja uma rosa por dia, passando por abrir a porta para mim e até em não falar... Safadezas.

Olhamos para ela.

          - Ok. - A Di falou. - Quem é você e o que fez com a Luiza? Aquela Luiza que corava só de ouvir certas coisas e não achava ruim de ter esses gestos mais... Românticos?

          - Sou a mesma Luiza. A diferença é que... Bom, eu simplesmente casei com um alemão que é safado até o último fio de cabelo. E, paralelamente, ele é uma das pessoas mais românticas que eu conheço. Ganha em disparada até do Alex. - Disse, pensativa. O sinal abriu e o motorista do carro de trás buzinou. E a Iza logo reclamou: - Vai, anta magra bronzeada! Passa por cima!

Assim: Uma coisa que sempre reparamos é que a Iza, apesar de não ter o sangue exatamente frio, xingava os outros motoristas mais para si mesma do que descer do carro e ir bater boca. E ela SEMPRE usava os xingamentos mais engraçados.

Logo, ela colocou o carro para andar e me perguntou:

          - Lola... Eu estava pensando uma coisa, de curiosidade.

          - Que coisa?

          - Lembra daquele dia que a gente ficou falando na decoração do casamento de cada uma de nós?

Concordei, mexendo na minha bolsa e tentando achar o meu celular, que havia apitado.

          - Ainda mantém a sua ideia? - Ela perguntou e vi que era uma mensagem do Charlie, avisando que ia chegar no próximo sábado.

          - Sim. Por quê? - Devolvi a pergunta.

          - Curiosidade. Quer dizer, eu estava pensando em mudar algumas coisas com o meu e queria saber, para evitar casamentos iguais. - Respondeu.

          - Tive uma ideia. - A Di falou. - E se a gente propositalmente incluísse um elemento dos casamentos das outras? Tipo, a Lola queria a decoração com lírios. Já eu, prefiro que tenham elementos em tons pastéis de verde e amarelo. E a Iza...

          - Rosas brancas e vermelhas. - Repeti, em tom entediado.

          - Pois é. Se, por exemplo, a Iza decidir casar com o Bill de novo, ela podia colocar um lírio e alguma coisa amarela ou verde. Do mesmo jeito que eu colocaria o lírio e as rosas... - A Di explicou e pareceu uma boa ideia.

          - Seria tipo um pacto nosso? - Perguntei e a Iza disse:

          - Pacto a gente já tem com as pulseiras, lembra?

Sorrimos ao mesmo tempo, claramente nos lembrando...

[Flashback]

No dia em que fizemos dois anos de amizade, fomos à joalheria e montamos as pulseiras. Só quando chegamos em casa, fizemos esse pacto:

          - Nunca vamos abandonar uma à outra, não importa o que aconteça. - A Iza disse.

          - Vamos sempre apoiar a outra quando for preciso. E também, se necessário, vamos dar uns xingos. - A Di falou e rimos.

          - Nunca vamos deixar de resolver as discussões e brigas que possam vir. Sempre vamos falar quando algo de errado ou que desagrade esteja incomodando. E nunca vamos dormir sem antes pedir desculpas e nos acertarmos. - Falei. Em seguida, cada uma pôs as pulseiras e parecia que, ao fechar o mosquetão, estávamos interligadas pelo resto da vida.

[/Flashback]

          - Vamos fazer uma promessa então. As outras sempre serão as madrinhas da noiva. - Sugeri e a Iza falou:

          - Vocês já cumpriram com a sua parte...

          - Da próxima, as madrinhas estarão sóbrias. - A Di comentou e rimos. Assim que chegamos, a Iza saiu do carro e deu uma olhada em casa. Franziu as sobrancelhas, estranhando alguma coisa e perguntei:

          - O que houve?

          - Ele está aprontando alguma. - Disse. - Estou até com medo de descobrir...

          - Se precisar... Estamos aqui. - A Nadine se prontificou e falei:

          - O que me diz de se distrair um pouco, me ajudando a bolar o cardápio do jantar?

A Iza sorriu.

Acabamos de resolver toda a questão do jantar quase à meia-noite e, tão logo terminamos, ouvimos a campainha e na mesma hora soubemos que era o Bill. A Iza foi embora e, depois que tranquei a porta, perguntei para a Di:

          - Aceita uma aposta?

          - Valendo o quê?

          - Um par de Louboutin.

Assentiu.

          - Eu aposto que a Iza vai deixar para a última hora para finalmente aceitar que gosta do Bill.

          - Eu aposto que, em no máximo dois meses, ela desiste do divórcio. - Disse e aceitei a aposta. A selamos apertando as mãos.

No sábado de manhã, tive a ajuda de praticamente todo mundo (As meninas, Claire e os gêmeos) para organizar o jantar. Enquanto elas foram ao mercado, eu ajudava os dois com a decoração. Quer dizer, eles haviam levado uma mesa até a área externa, perto da piscina e eu não conseguia deixar de sentir medo da reação do Charlie. Depois que terminaram, o Bill entrou enquanto o Tom continuou ali comigo. Perguntou:

        - Você sabe que ficar ansiosa desse jeito só atrapalha, não é?

Assenti.

          - Estou com medo.

          - De...?

          - Ele não aceitar a ideia de que estou grávida.

          - Se isso acontecer, pode me ligar que venho na mesma hora para fazer ele mudar de ideia.

Ri fraco e perguntei:

          - E se fosse a Di? O que faria?

Olhou fixamente para um ponto à sua frente e respondeu, depois de um tempo:

          - Assumiria. E ia pedir para ela se casar comigo. Quer dizer, é o mínimo, não é?

Assenti.

          - Sabe o que eu estava pensando? - Me olhou. - A gente bem que podia dar um empurrãozinho com a Iza e o Bill, hein? Fazer com que eles desistam da ideia absurda do divórcio...

          - Ajuda não vai faltar. Quer dizer, não conta para ela e nem para ele, mas o Georg já deu um jeito de fazer com que os dois se acertem. O Gustav vai ajudar se a gente pedir. Comigo... Bom, já está óbvio que vou ajudar. E a Nadine?

          - Que vergonha, Kaulitz... Você está... Como posso definir, exatamente, o relacionamento de vocês?

          - Então... - Disse, hesitante. - Ainda não pedi ela em namoro, apesar de querer e muito.

Ergui a sobrancelha em sinal de entendimento.

Logo, ouvimos as vozes das meninas e elas apareceram, querendo mostrar as coisas que haviam comprado. Acabou que elas ajudaram a fazer quase tudo e, para não deixar os meninos sem fazer nada, pedi que ajudassem com coisas tipo... Descascar batatas e mexer molho, por exemplo.

Assim, quando estava quase na hora, eles foram para a casa do Bill enquanto eu me arrumei sem pressa e com capricho. Todos me desejaram boa sorte e, antes de ir, a Iza pediu:

          - Se tudo sair nos conformes... Amarra aquele lenço rosa na janela. Senão, amarra uma camiseta vermelha.

          - E se ele aceitar a gravidez?

          - Então. Para isso que é o lenço rosa.

Assenti e ela me abraçou, me desejando boa sorte mais uma vez antes de correr para alcançar os outros.

Quando estava sob o chuveiro, fiquei pensando em como contaria para o Charlie que estava esperando um filho. Ao sair do banho, me arrumei sem pressa, fazendo um coque alto nos cabelos e uma maquiagem neutra, só dando destaque aos olhos. Em seguida, fui até a sala, já que estava tudo pronto e era só esquentar as coisas, e fiquei esperando. Cerca de cinco minutos depois, ouvi o barulho do táxi. Respirei fundo e quase imediatamente, a campainha foi tocada. Abri o portão e destranquei a porta. Assim que me viu, o Charlie sorriu largamente e não tive como não retribuir. Veio andando na minha direção e, parando na minha frente, me beijou, me levantando do chão.

Um tempo depois, quando estávamos comendo, ele disse:

          - Parecia até que você estava adivinhando que um clima assim... Seria necessário.

Estranhei.

          - Charlie, eu tenho que te contar uma coisa. Não me interrompe até que eu termine, por favor. - Pedi e ele fez uma cara de medo. Respirei fundo e, fechei os olhos por um instante. - Lembra da noite de Natal, que a gente fugiu de toda a confusão e fomos para o meu antigo quarto?

Concordou lentamente.

          - Então... - Comecei a dizer.

          - Você está grávida. - Ele afirmou e, antes que eu pudesse conter as lágrimas, concordei.

          - Um mês e meio, mais ou menos. - Respondi e, no instante seguinte, ele havia se ajoelhado no chão e me abraçava pela cintura. De repente, percebi que estava chorando. Passado o choque inicial, ele se endireitou e disse:

          - Eu vim à Los Angeles com um propósito e quero deixar bem claro que isso não interfere em nada depois de descobrir que vamos ter um bebê.

Olhei para ele, que segurava uma caixinha preta de veludo. Voltou a se ajoelhar aos meus pés e perguntou:

          - Nicola Maria Roberts... Aceita se casar comigo?

Claro que a resposta não poderia ser outra.

Nadine

A Claire, a Luiza e eu estávamos sentadas no chão da sala de jantar enquanto o Bill e o Tom estavam na cozinha. Nós três estávamos prestando o máximo de atenção à casa em frente, esperando o menor sinal de um lenço rosa ou uma camiseta vermelha. Claro que torcíamos pelo lenço, mas enfim...

          - Folga de quinze minutos até que eu vá lá e descubra o que houve. - A Iza resmungou.

          - Tem coragem? - A Claire quis saber. - E se você estragar alguma coisa?

          - É... Tipo a Lola assassinando o Charlie. - Respondi, rindo da minha própria piada.

          - Coyle, que coisa mais... Macabra! Quem mata o namorado porque ele não quis assumir um filho?- A Luiza perguntou, franzindo as sobrancelhas.

          - Então. Tinha a prima da tia da sobrinha da cunhada da vizinha da minha tia-avó que fez isso. Bom, ela castrou o cara. Mas ainda sim... - Provoquei e ela caiu.

          - Me lembre de nunca ir com você para a Irlanda do Norte.

Ri e, de repente, os gêmeos apareceram. Como estávamos sentadas e meio escondidas (Para completar, num breu daqueles para não sermos flagradas), eles não nos viram de imediato.

          - Tem alguém aqui? - Ouvi o Bill perguntar e, do nada, a Iza jogou o próprio relógio para o ar, o pegando num reflexo impressionante. Eles vieram até onde estávamos e acabaram ficando curiosos também.

          - Ai meu Deus! - A Luiza disse, batendo no meu braço, ansiosa. Olhamos todos para a mesma direção que ela e vimos a Nicola amarrando o lenço. Em seguida, todos os celulares deram o aviso de mensagem.

Ela aceitou meu pedido - Dizia a do Charlie.

Tudo saiu nos conformes. - Dizia a da Lola.

          - Vai, surta. - Falei com a Iza, que estava que não se aguentava.

          - Nah... Vou surtar na frente da Lola... - Respondeu, depois de franzir o nariz.

          - Falando nisso... - A Claire falou. - Já tem algum pressentimento?

A Luiza estreitou os olhos, fazendo uma careta e, em seguida disse:

          - Um mês e meio ainda é cedo demais. Mas, arriscando meu palpite... Menina.

          - Anota aí. - Falei com a Claire, que já foi gravando no bloco de notas do celular. - Apesar de eu achar totalmente desnecessário, mas enfim...

Não muito tempo depois, viemos embora e, depois de deixar a Claire em casa, o Tom quis saber:

          - Vai querer ficar lá em casa hoje?

Dei de ombros.

          - Acho que lá em casa está transbordando tanto mel que é perigoso contrair diabetes por osmose.

Ele riu e, aproveitando que estava parado no sinal, quis saber:

          - Por que você fez aquilo com a Luiza?

          - O que?

          - A história do pressentimento?

          - Ah tá. É que ela tem isso. Sempre acerta. Principalmente quando é menino. Lembro de uma vez que ela foi até a casa da minha tia e uma prima minha estava grávida. Ninguém sabia de nada e a Iza sentiu tudo: Desde a gravidez até o sexo. Falou que era menina e dito e feito.

          - Ela já te disse alguma coisa?

          - Como assim?

          - Já te fez alguma previsão?

          - Disse que ia ser menino. - Respondi. Logo, teve que voltar a se concentrar no trânsito e, assim que chegamos à sua casa, me abraçou por trás e, já começando a beijar meu pescoço, disse:

          - Vamos lá para cima? Quero te mostrar uma coisa...

          - Que coisa?

          - É uma surpresa.

Franzi as sobrancelhas. Mas entrei no joguinho dele.

Um tempinho depois, estávamos no quarto dele e eu estava de pé e virada para a janela. Percebendo que eu estava estranhamente quieta demais, me perguntou:

          - O que foi?

          - Sabe uma coisa que eu gostei na sua casa, na do Bill e na minha?

Pelo canto do olho, notei sua expressão de estranhamento.

          - Não faço a mínima ideia.

          - A vista. Passo mais tempo do que deveria na varanda, só observando a cidade. A Lola não liga tanto assim para isso. A Iza eu sei que não se atreve nem a chegar numa janela de segundo andar.

          - Por quê?

          - Ela sofre de acrofobia. Medo de altura. Tem vertigem até de subir em bancos.

          - Sério?

Concordei.

          - Não parece.

Sorri e começou a beijar meu ombro. Foi partindo cada vez mais na direção do meu pescoço e eu ia tombando a cabeça para o lado. Quando senti sua barba me arranhando de leve, não consegui disfarçar um tremor e ele encarou aquela minha reação como um incentivo para continuar.  De repente, me fez virar de frente para ele, que começou a beijar a minha boca. Logo, foi me guiando até a cama. No meio do caminho, foi começando a tirar, não só as minhas roupas, mas as dele também. Depois que interrompemos o beijo para que ele tirasse as nossas camisetas, as jogando num canto qualquer do quarto. Em seguida, fez com que eu deitasse na cama e se livrou do meu sutiã, não esperando para cobrir um dos meus seios com a boca enquanto tocava o outro. Usava a ponta da língua para rodear o bico, sugando-o vez ou outra e, de repente, deixou uma das mãos escorregar até minha bunda, a apertando com vontade contra seu corpo. Cravei as unhas no seu ombro enquanto ele começou a beijar meu busto, principalmente o espaço entre os seios. Senti sua língua morna no que antes era apalpado e, naquelas alturas, o mínimo que eu podia fazer era arquear as costas um pouco, como se me oferecesse para ele, que não parou um único instante sequer. Arranhei as suas costas até onde conseguia alcançar. Passados alguns minutos, ele começou a beijar minha barriga, indo cada vez mais para baixo. Se livrou da minha jeans e, quando achei que não poderia ficar pior do que já estava... Ele começou a me provocar, beijando e deixando a barba arranhar a parte interna das minhas coxas. Quando me mordeu muito de leve, dei um gritinho, fazendo-o rir. De repente, tive uma ideia e, antes que pudesse controlar, já tinha saído:

          - Sabe o que seria realmente bom? Se você tirasse a minha calcinha usando os dentes...

Sorriu lascivo e, quando menos esperei, começou a se aproximar cada vez mais da minha virilha. Quando estava quase chegando onde eu queria, se afastava e, logo, voltava a se aproximar. Quando eu estava perdendo a paciência, ao invés de parar com aquela enrolação e ir logo para o que interessava... O telefone tocou. Sério.

Resmungando, ele fez que ia continuar de onde tinha parado, mas não deixei:

          - Atende. Pode ser alguma coisa importante.

Respirou fundo e pegou o aparelho de cima do criado mudo. Atendeu e deixou a pessoa falando. No final, respondeu:

          - Olha, na boa. Você não podia ter ligado em hora mais inconveniente. Estou quase transando com a minha namorada e você vem me fazer oferta de ligação?

Bati no seu braço e ele sorriu.

          - Não, não desculpo. O mínimo que você podia fazer é não me ligar. Seja em horário comercial ou não. Boa noite.

E desligou a chamada. Eu não conseguia acreditar naquilo. Porém...

          - Eu sou sua namorada? - Perguntei. Assim que se endireitou, depois de recolocar o telefone na base, me olhou.

          - Se quiser...

Sorri e, deixando meu indicador esquerdo deslizar pela sua barriga, perguntei:
      
          - Não acha que estou em desvantagem?

Manteve seu sorriso lascivo e, logo, se viu livre da calça. Voltou a me beijar e enrosquei os meus dedos nos seus cabelos, puxando seu rosto para mais perto, se é que aquilo era fisicamente possível. Quando dei por mim, estava com as pernas enroscadas em torno do seu quadril e ele deixava a mão passear livremente pelo meu corpo, passando pela coxa e refazendo o caminho todo de volta até a cintura. Depois de alguns minutos, abandonou a minha boca para recomeçar a beijar meu pescoço, colo e os seios. Desta vez, continuou até chegar na barriga, não deixando nenhum milímetro passar ileso e, quando estava perto do meu baixo-ventre, me olhou, se apoiando nos cotovelos.

          - O que foi?- Perguntei.

          - Acho que vou fazer o que me disse.

Franzi as sobrancelhas e, no instante seguinte, ele se inclinou e tirou a minha calcinha com os dentes, mantendo aquele olhar fixo e intenso na minha direção o tempo inteiro. Imediatamente senti como se meu sangue tivesse se transformado em lava, dando a sensação febril. Gentilmente, ele afastou as minhas pernas e, logo, senti sua língua tocando delicadamente o meu sexo. Deixei um longo suspiro escapar por meus lábios enquanto ele começava a usar o polegar para fazer círculos no meu clitóris. Logo, substituiu o dedo pela língua enquanto me masturbava. Rebolei, tentando fazer com que ele tocasse os pontos certos. Logo, comecei a ter aquela sensação prazerosa se espalhando por cada mínimo pedacinho do meu corpo e, quando cheguei ao meu limite, meus músculos se retesaram e relaxaram quase instantaneamente. Não havia me dado conta de que gemi até que ele sorriu, todo convencido.

          - É assim, é? - Perguntei, me fingindo de brava. - Vai ver só...

Manteve o sorriso irritante e, quando se aproximou de mim, inverti as posições, o deixando por baixo e, me inclinando sobre ele, comecei a beijar seu pescoço. Passei pelo peito, barriga e, quando cheguei onde interessava, brinquei com o elástico da sua cueca, distraída e tentando me fazer de inocente. Falei:

          - Esses dias estava me lembrando de quando te conheci lá no bar.

 Sua expressão se tornou neutra.

          - E...?- Quis saber.

          - E, depois que você me cantou daquele jeito mais... Cafajeste imaginável - Sorriu. - Pensei: “Ah... Não vale a pena.”

          - Viu como estava errada ao meu respeito?

          - Não, porque eu te vi agarrado com outra garota.

          - Então você sentiu ciúmes?

Sorri e respondi:

          - Não era exatamente ciúmes, porque eu nem te conhecia. Foi mais... - Me olhava com uma cara de sabe-tudo. - Tá, admito! Foi ciúmes mesmo!

Sorriu largamente e ele confessou:

          - Só fiquei com a garota porque você não me deu bola. Gostei de você desde antes mesmo de nos conhecermos.

Franzi as sobrancelhas e ele explicou:

          - Vi sua foto no site do bar. Por isso que eu quis te conhecer.

Não falei mais nada. Me inclinei na sua direção e o beijei. Quando me afastei dele, não refiz a trilha de beijos pelo seu peito e barriga e fui diretamente onde me interessava. Me livrei da sua boxer, a atirando num canto qualquer e, assim que o segurei, fixei meu olhar no seu e comecei a mover a minha mão lentamente. Depois de alguns minutos fazendo aquilo, cobri só a glande com a minha boca e comecei a suga-lo, percebendo que sua respiração saía cada vez mais rápida e com dificuldade. Dei um meio sorriso e comecei a deslizar a língua por toda a sua extensão, sentindo-o ficar cada vez mais duro. O Tom fechou os olhos por um instante, tombando a cabeça um pouco para trás e, por um tempinho, o admirei. Não tinha como negar: Ele realmente era um cara lindo e irresistível. E eu o tinha nas minhas mãos, literal e figurativamente. Decidi ousar um pouco mais e tentei enfiar seu pênis totalmente na minha boca e usei a língua para ajudar. Sua testa estava levemente enrugada e ele ofegava um pouco. Nesse instante, lembrei de uma coisa que a Luiza me sugeriu e, lentamente, deixei as minhas unhas passearem sem rumo pela sua barriga, descendo cada vez mais e, quando passei pela sua virilha, ele gemeu fraco e continuei até chegar onde eu queria. Logo que comecei a “brincar” com seus testículos, o ouvi gemer de novo, mas mais alto e não parei com nada do que estava fazendo, mesmo quando senti o gosto do pré-gozo. De repente, ele conseguiu me afastar e, quando dei por mim, já tinha posto a camisinha e me sentava no próprio colo enquanto me penetrava. Me segurei nas suas coxas enquanto rebolava, sendo que ele guiava meus movimentos e segurando firme nos meus quadris. Depois de alguns minutos, ele soltou uma das mãos e passou a tocar um dos meus seios e comecei a aumentar a velocidade. Quando estava cada vez mais perto do clímax, não consegui segurar os gemidos que escapavam pela minha boca, tombando a cabeça para trás enquanto aproveitava a sensação prazerosa se espalhando por cada milímetro do meu corpo. Novamente, senti meus músculos se enrijecendo e relaxando enquanto eu tinha, talvez, o orgasmo mais intenso da minha vida. Depois de alguns instantes, foi a vez dele, que me puxou para perto e fez com que eu me deitasse sobre o seu peito. Ainda com as respirações ofegantes, ficamos ali, só sentindo o calor do corpo do outro e, não resistindo, ele acariciou a minha cintura. Tombei o rosto um pouco para trás e consegui roubar um beijo. Assim que nos separamos, ele pareceu se lembrar de alguma coisa e disse:

          - Você não respondeu à pergunta que te fiz.

          - Que pergunta?

          - Sério mesmo que já esqueceu?

Lancei um olhar impaciente para ele, que riu e finalmente falou:

          - Se você quer ser a minha namorada.

          - Ah sim. - Respondi, assentindo lentamente. - É... Fazer o que se eu não consigo mais ficar longe de você, seu moleque? - Apertei sua cintura e ele se encolheu, rindo.

          - Também não consigo ficar longe de você, Nadine.

De repente, seu olhar pareceu transparecer outra coisa. Não sabia explicar o que era. Só sabia que era diferente e não tão ruim assim...

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 36º capítulo - Interativa










I was lost and broken, they all lead straight to you

Eu sou toda menina apanhada num mundo mortal
Você pode me reconstruir, me dar um lar
Você pode me consertar
Conserte-me, beije-me, quebre-me, acabe comigo
Abrace-me, ame-me, remende-me, dê-me seu coração

(Nicola Roberts - Fix me)

Nicola

Eu estava em pânico. Tanto que, antes da primeira consulta, na segunda-feira de manhã, liguei para a , implorando que fosse comigo e a Di. Resultado: A cara da médica foi de choque ao ver três mulheres ali.

- Certo... Quem é a futura mamãe?

Ergui a mão e ela me mandou trocar de roupa para poder me examinar. Enquanto isso, só uma única coisa ecoava na minha cabeça: Como eu ia contar para o Charlie? Eu sei que ele sempre quis ter filhos, mas fazia questão de que fosse depois de nos casarmos e estivéssemos estabilizados, financeira e emocionalmente. Não podia nem imaginar o que seria se ele não aceitasse a notícia...

Depois de me examinar e fazer aquelas perguntas clássicas e tal... A médica disse:

- Então Nicola... Pelo que você me falou, está com seis semanas, não é isso?

Concordei. Quer dizer, tinha feito os cálculos, então...

- Eu vou pedir alguns exames, passar algumas vitaminas e ácido fólico.

Passou mais algumas orientações e a Nadine, claro, garantiu que eu ia tomar tudo direitinho. Ao sair do hospital, provoquei as duas:

- Achei que a minha mãe estivesse na Inglaterra, não aqui. E fosse uma só!

As duas riram e a , como sempre, passou um “sermão”:

- Seguinte: Queremos esse feijãozinho aí saudável para, quando nascer, ficar todo pimpão, correndo por aí e se divertindo horrores. Portanto, nada de álcool e pode deixar comigo que dou um esculacho em três alemães fumantes.

- Falando nisso... O parou com o cigarro? - A Di perguntou e a assentiu.

- Você é outra que tinha que largar essa porcaria. - Reclamei com a Nadine e ela resmungou que era fácil falar.

- Fácil falar uma ova! Querendo, a gente para de fumar, emagrece e até faz sexo quando tá puta com o marido! - A protestou e é óbvio que a gente olhou para ela. - Quê? Ah, vocês duas! - Rimos e ela continuou: - Em primeiro lugar: Eu tenho um marido gostoso para cacete. Tenho mais é que aproveitar enquanto ainda posso. Em segundo: Não é como se eu nunca tivesse transado com o . E em terceiro... Por que, com essa... Coisa de raiva é tão excitante?

Nós rimos e falei:

- A questão não é se você transa ou deixa de transar com o . Mas é o jeito que você falou.

- É. Parece até que você faz aquilo, de “tacar na parede e chamar de lagartixa”. - A Di comentou e fomos até o carro. Detalhe 1: A era a motorista. Detalhe 2: O carro era do . Quando estávamos na metade do caminho para o restaurante onde iríamos almoçar, a Di me perguntou:

- E aí? Ainda negativa a respeito de contar para o Charlie?

- É. - Resmunguei. - Não sei como vou fazer se ele simplesmente sair andando ou até me xingar, acusando de ter engravidado de propósito...

- E por que ele faria isso? - A questionou. - Quer dizer, ele gosta de crianças e eu sinceramente acho que você não deveria ser tão pessimista. Deveria pensar é que vai dar tudo certo e que vocês vão ser felizes juntos.

- Isso me lembra uma coisa. É praga sua, !

Ela me olhou pelo espelho retrovisor e riu.

- Quem manda você e o Charlie serem perfeitos? Casais como vocês têm mais é que se casarem, terem uma penca de filhos e serem felizes pelo resto da eternidade. Não como nos contos de fada, porque perfeição é uma merda que só fode a vida da gente.

Olhamos para ela.

- Luzinha da minha vida. - A Di falou. - Se você falou dois palavrões na mesma frase é porque tem alguma coisa te irritando. O que é?

Ela respirou fundo antes de responder:

- O se declarou há dois dias. E está... Fazendo tudo para me conquistar. Quando digo tudo, falo literalmente. Desde coisas como... Me dar nem que seja uma rosa por dia, passando por abrir a porta para mim e até em não falar... Safadezas.

Olhamos para ela.

- Ok. - A Di falou. - Quem é você e o que fez com a ? Aquela que corava só de ouvir certas coisas e não achava ruim de ter esses gestos mais... Românticos?

- Sou a mesma . A diferença é que... Bom, eu simplesmente casei com um alemão que é safado até o último fio de cabelo. E, paralelamente, ele é uma das pessoas mais românticas que eu conheço. Ganha em disparada até do . - Disse, pensativa. O sinal abriu e o motorista do carro de trás buzinou. E a logo reclamou: - Vai, anta magra bronzeada! Passa por cima!

Assim: Uma coisa que sempre reparamos é que a , apesar de não ter o sangue exatamente frio, xingava os outros motoristas mais para si mesma do que descer do carro e ir bater boca. E ela SEMPRE usava os xingamentos mais engraçados.

Logo, ela colocou o carro para andar e me perguntou:

- Lola... Eu estava pensando uma coisa, de curiosidade.

- Que coisa?

- Lembra daquele dia que a gente ficou falando na decoração do casamento de cada uma de nós?

Concordei, mexendo na minha bolsa e tentando achar o meu celular, que havia apitado.

- Ainda mantém a sua ideia? - Ela perguntou e vi que era uma mensagem do Charlie, avisando que ia chegar no próximo sábado.

- Sim. Por quê? - Devolvi a pergunta.

- Curiosidade. Quer dizer, eu estava pensando em mudar algumas coisas com o meu e queria saber, para evitar casamentos iguais. - Respondeu.

- Tive uma ideia. - A Di falou. - E se a gente propositalmente incluísse um elemento dos casamentos das outras? Tipo, a Lola queria a decoração com lírios. Já eu, prefiro que tenham elementos em tons pastéis de verde e amarelo. E a ...

- Rosas brancas e vermelhas. - Repeti, em tom entediado.

- Pois é. Se, por exemplo, a decidir casar com o de novo, ela podia colocar um lírio e alguma coisa amarela ou verde. Do mesmo jeito que eu colocaria o lírio e as rosas... - A Di explicou e pareceu uma boa ideia.

- Seria tipo um pacto nosso? - Perguntei e a disse:

- Pacto a gente já tem com as pulseiras, lembra?

Sorrimos ao mesmo tempo, claramente nos lembrando...

[Flashback]

No dia em que fizemos dois anos de amizade, fomos à joalheria e montamos as pulseiras. Só quando chegamos em casa, fizemos esse pacto:

- Nunca vamos abandonar uma à outra, não importa o que aconteça. - A disse.

- Vamos sempre apoiar a outra quando for preciso. E também, se necessário, vamos dar uns xingos. - A Di falou e rimos.

- Nunca vamos deixar de resolver as discussões e brigas que possam vir. Sempre vamos falar quando algo de errado ou que desagrade esteja incomodando. E nunca vamos dormir sem antes pedir desculpas e nos acertarmos. - Falei. Em seguida, cada uma pôs as pulseiras e parecia que, ao fechar o mosquetão, estávamos interligadas pelo resto da vida.

[/Flashback]

- Vamos fazer uma promessa então. As outras sempre serão as madrinhas da noiva. - Sugeri e a falou:

- Vocês já cumpriram com a sua parte...

- Da próxima, as madrinhas estarão sóbrias. - A Di comentou e rimos. Assim que chegamos, a saiu do carro e deu uma olhada em casa. Franziu as sobrancelhas, estranhando alguma coisa e perguntei:

- O que houve?

- Ele está aprontando alguma. - Disse. - Estou até com medo de descobrir...

- Se precisar... Estamos aqui. - A Nadine se prontificou e falei:

- O que me diz de se distrair um pouco, me ajudando a bolar o cardápio do jantar?

A sorriu.

Acabamos de resolver toda a questão do jantar quase à meia-noite e, tão logo terminamos, ouvimos a campainha e na mesma hora soubemos que era o . A foi embora e, depois que tranquei a porta, perguntei para a Di:

- Aceita uma aposta?

- Valendo o quê?

- Um par de Louboutin.

Assentiu.

- Eu aposto que a vai deixar para a última hora para finalmente aceitar que gosta do .

- Eu aposto que, em no máximo dois meses, ela desiste do divórcio. - Disse e aceitei a aposta. A selamos apertando as mãos.

No sábado de manhã, tive a ajuda de praticamente todo mundo (As meninas, Claire e os gêmeos) para organizar o jantar. Enquanto elas foram ao mercado, eu ajudava os dois com a decoração. Quer dizer, eles haviam levado uma mesa até a área externa, perto da piscina e eu não conseguia deixar de sentir medo da reação do Charlie. Depois que terminaram, o entrou enquanto o continuou ali comigo. Perguntou:

- Você sabe que ficar ansiosa desse jeito só atrapalha, não é?

Assenti.

- Estou com medo.

- De...?

- Ele não aceitar a ideia de que estou grávida.

- Se isso acontecer, pode me ligar que venho na mesma hora para fazer ele mudar de ideia.

Ri fraco e perguntei:

- E se fosse a Di? O que faria?

Olhou fixamente para um ponto à sua frente e respondeu, depois de um tempo:

- Assumiria. E ia pedir para ela se casar comigo. Quer dizer, é o mínimo, não é?

Assenti.

- Sabe o que eu estava pensando? - Me olhou. - A gente bem que podia dar um empurrãozinho com a e o , hein? Fazer com que eles desistam da ideia absurda do divórcio...

- Ajuda não vai faltar. Quer dizer, não conta para ela e nem para ele, mas o Georg já deu um jeito de fazer com que os dois se acertem. O Gustav vai ajudar se a gente pedir. Comigo... Bom, já está óbvio que vou ajudar. E a Nadine?

- Que vergonha, Kaulitz... Você está... Como posso definir, exatamente, o relacionamento de vocês?

- Então... - Disse, hesitante. - Ainda não pedi ela em namoro, apesar de querer e muito.

Ergui a sobrancelha em sinal de entendimento.

Logo, ouvimos as vozes das meninas e elas apareceram, querendo mostrar as coisas que haviam comprado. Acabou que elas ajudaram a fazer quase tudo e, para não deixar os meninos sem fazer nada, pedi que ajudassem com coisas tipo... Descascar batatas e mexer molho, por exemplo.

Assim, quando estava quase na hora, eles foram para a casa do enquanto eu me arrumei sem pressa e com capricho. Todos me desejaram boa sorte e, antes de ir, a pediu:

- Se tudo sair nos conformes... Amarra aquele lenço rosa na janela. Senão, amarra uma camiseta vermelha.

- E se ele aceitar a gravidez?

- Então. Para isso que é o lenço rosa.

Assenti e ela me abraçou, me desejando boa sorte mais uma vez antes de correr para alcançar os outros.

Quando estava sob o chuveiro, fiquei pensando em como contaria para o Charlie que estava esperando um filho. Ao sair do banho, me arrumei sem pressa, fazendo um coque alto nos cabelos e uma maquiagem neutra, só dando destaque aos olhos. Em seguida, fui até a sala, já que estava tudo pronto e era só esquentar as coisas, e fiquei esperando. Cerca de cinco minutos depois, ouvi o barulho do táxi. Respirei fundo e quase imediatamente, a campainha foi tocada. Abri o portão e destranquei a porta. Assim que me viu, o Charlie sorriu largamente e não tive como não retribuir. Veio andando na minha direção e, parando na minha frente, me beijou, me levantando do chão.

Um tempo depois, quando estávamos comendo, ele disse:

- Parecia até que você estava adivinhando que um clima assim... Seria necessário.

Estranhei.

- Charlie, eu tenho que te contar uma coisa. Não me interrompe até que eu termine, por favor. - Pedi e ele fez uma cara de medo. Respirei fundo e, fechei os olhos por um instante. - Lembra da noite de Natal, que a gente fugiu de toda a confusão e fomos para o meu antigo quarto?

Concordou lentamente.

- Então... - Comecei a dizer.

- Você está grávida. - Ele afirmou e, antes que eu pudesse conter as lágrimas, concordei.

- Um mês e meio, mais ou menos. - Respondi e, no instante seguinte, ele havia se ajoelhado no chão e me abraçava pela cintura. De repente, percebi que estava chorando. Passado o choque inicial, ele se endireitou e disse:

- Eu vim à Los Angeles com um propósito e quero deixar bem claro que isso não interfere em nada depois de descobrir que vamos ter um bebê.

Olhei para ele, que segurava uma caixinha preta de veludo. Voltou a se ajoelhar aos meus pés e perguntou:

- Nicola Maria Roberts... Aceita se casar comigo?

Claro que a resposta não poderia ser outra.

Nadine

A Claire, a e eu estávamos sentadas no chão da sala de jantar enquanto o e o estavam na cozinha. Nós três estávamos prestando o máximo de atenção à casa em frente, esperando o menor sinal de um lenço rosa ou uma camiseta vermelha. Claro que torcíamos pelo lenço, mas enfim...

- Folga de quinze minutos até que eu vá lá e descubra o que houve. - A resmungou.

- Tem coragem? - A Claire quis saber. - E se você estragar alguma coisa?

- É... Tipo a Lola assassinando o Charlie. - Respondi, rindo da minha própria piada.

- Coyle, que coisa mais... Macabra! Quem mata o namorado porque ele não quis assumir um filho?- A perguntou, franzindo as sobrancelhas.

- Então. Tinha a prima da tia da sobrinha da cunhada da vizinha da minha tia-avó que fez isso. Bom, ela castrou o cara. Mas ainda sim... - Provoquei e ela caiu.

- Me lembre de nunca ir com você para a Irlanda do Norte.

Ri e, de repente, os meninos apareceram. Como estávamos sentadas e meio escondidas (Para completar, num breu daqueles para não sermos flagradas), eles não nos viram de imediato.

- Tem alguém aqui? - Ouvi o perguntar e, do nada, a jogou o próprio relógio para o ar, o pegando num reflexo impressionante. Eles vieram até onde estávamos e acabaram ficando curiosos também.

- Ai meu Deus! - A disse, batendo no meu braço, ansiosa. Olhamos todos para a mesma direção que ela e vimos a Nicola amarrando o lenço. Em seguida, todos os celulares deram o aviso de mensagem.

Ela aceitou meu pedido - Dizia a do Charlie.

Tudo saiu nos conformes. - Dizia a da Lola.

- Vai, surta. - Falei com a , que estava que não se aguentava.

- Nah... Vou surtar na frente da Lola... - Respondeu, depois de franzir o nariz.

- Falando nisso... - A Claire falou. - Já tem algum pressentimento?

A estreitou os olhos, fazendo uma careta e, em seguida disse:

- Um mês e meio ainda é cedo demais. Mas, arriscando meu palpite... Menina.

- Anota aí. - Falei com a Claire, que já foi gravando no bloco de notas do celular. - Apesar de eu achar totalmente desnecessário, mas enfim...

Não muito tempo depois, viemos embora e, depois de deixar a Claire em casa, o quis saber:

- Vai querer ficar lá em casa hoje?

Dei de ombros.

- Acho que lá em casa está transbordando tanto mel que é perigoso contrair diabetes por osmose.

Ele riu e, aproveitando que estava parado no sinal, quis saber:

- Por que você fez aquilo com a ?

- O que?

- A história do pressentimento?

- Ah tá. É que ela tem isso. Sempre acerta. Principalmente quando é menino. Lembro de uma vez que ela foi até a casa da minha tia e uma prima minha estava grávida. Ninguém sabia de nada e a sentiu tudo: Desde a gravidez até o sexo. Falou que era menina e dito e feito.

- Ela já te disse alguma coisa?

- Como assim?

- Já te fez alguma previsão?

- Disse que ia ser menino. - Respondi. Logo, teve que voltar a se concentrar no trânsito e, assim que chegamos à sua casa, me abraçou por trás e, já começando a beijar meu pescoço, disse:

- Vamos lá para cima? Quero te mostrar uma coisa...

- Que coisa?

- É uma surpresa.

Franzi as sobrancelhas. Mas entrei no joguinho dele.

Um tempinho depois, estávamos no quarto dele e eu estava de pé e virada para a janela. Percebendo que eu estava estranhamente quieta demais, me perguntou:

- O que foi?

- Sabe uma coisa que eu gostei na sua casa, na do e na minha?

Pelo canto do olho, notei sua expressão de estranhamento.

- Não faço a mínima ideia.

- A vista. Passo mais tempo do que deveria na varanda, só observando a cidade. A Lola não liga tanto assim para isso. A eu sei que não se atreve nem a chegar numa janela de segundo andar.

- Por quê?

- Ela sofre de acrofobia. Medo de altura. Tem vertigem até de subir em bancos.

- Sério?

Concordei.

- Não parece.

Sorri e começou a beijar meu ombro. Foi partindo cada vez mais na direção do meu pescoço e eu ia tombando a cabeça para o lado. Quando senti sua barba me arranhando de leve, não consegui disfarçar um tremor e ele encarou aquela minha reação como um incentivo para continuar. De repente, me fez virar de frente para ele, que começou a beijar a minha boca. Logo, foi me guiando até a cama. No meio do caminho, foi começando a tirar, não só as minhas roupas, mas as dele também. Depois que interrompemos o beijo para que ele tirasse as nossas camisetas, as jogando num canto qualquer do quarto. Em seguida, fez com que eu deitasse na cama e se livrou do meu sutiã, não esperando para cobrir um dos meus seios com a boca enquanto tocava o outro. Usava a ponta da língua para rodear o bico, sugando-o vez ou outra e, de repente, deixou uma das mãos escorregar até minha bunda, a apertando com vontade contra seu corpo. Cravei as unhas no seu ombro enquanto ele começou a beijar meu busto, principalmente o espaço entre os seios. Senti sua língua morna no que antes era apalpado e, naquelas alturas, o mínimo que eu podia fazer era arquear as costas um pouco, como se me oferecesse para ele, que não parou um único instante sequer. Arranhei as suas costas até onde conseguia alcançar. Passados alguns minutos, ele começou a beijar minha barriga, indo cada vez mais para baixo. Se livrou da minha jeans e, quando achei que não poderia ficar pior do que já estava... Ele começou a me provocar, beijando e deixando a barba arranhar a parte interna das minhas coxas. Quando me mordeu muito de leve, dei um gritinho, fazendo-o rir. De repente, tive uma ideia e, antes que pudesse controlar, já tinha saído:

- Sabe o que seria realmente bom? Se você tirasse a minha calcinha usando os dentes...

Sorriu lascivo e, quando menos esperei, começou a se aproximar cada vez mais da minha virilha. Quando estava quase chegando onde eu queria, se afastava e, logo, voltava a se aproximar. Quando eu estava perdendo a paciência, ao invés de parar com aquela enrolação e ir logo para o que interessava... O telefone tocou. Sério.

Resmungando, ele fez que ia continuar de onde tinha parado, mas não deixei:

- Atende. Pode ser alguma coisa importante.

Respirou fundo e pegou o aparelho de cima do criado mudo. Atendeu e deixou a pessoa falando. No final, respondeu:

- Olha, na boa. Você não podia ter ligado em hora mais inconveniente. Estou quase transando com a minha namorada e você vem me fazer oferta de ligação?

Bati no seu braço e ele sorriu.

- Não, não desculpo. O mínimo que você podia fazer é não me ligar. Seja em horário comercial ou não. Boa noite.

E desligou a chamada. Eu não conseguia acreditar naquilo. Porém...

- Eu sou sua namorada? - Perguntei. Assim que se endireitou, depois de recolocar o telefone na base, me olhou.

- Se quiser...

Sorri e, deixando meu indicador esquerdo deslizar pela sua barriga, perguntei:

- Não acha que estou em desvantagem?

Manteve seu sorriso lascivo e, logo, se viu livre da calça. Voltou a me beijar e enrosquei os meus dedos nos seus cabelos, puxando seu rosto para mais perto, se é que aquilo era fisicamente possível. Quando dei por mim, estava com as pernas enroscadas em torno do seu quadril e ele deixava a mão passear livremente pelo meu corpo, passando pela coxa e refazendo o caminho todo de volta até a cintura. Depois de alguns minutos, abandonou a minha boca para recomeçar a beijar meu pescoço, colo e os seios. Desta vez, continuou até chegar na barriga, não deixando nenhum milímetro passar ileso e, quando estava perto do meu baixo-ventre, me olhou, se apoiando nos cotovelos.

- O que foi?- Perguntei.

- Acho que vou fazer o que me disse.

Franzi as sobrancelhas e, no instante seguinte, ele se inclinou e tirou a minha calcinha com os dentes, mantendo aquele olhar fixo e intenso na minha direção o tempo inteiro. Imediatamente senti como se meu sangue tivesse se transformado em lava, dando a sensação febril. Gentilmente, ele afastou as minhas pernas e, logo, senti sua língua tocando delicadamente o meu sexo. Deixei um longo suspiro escapar por meus lábios enquanto ele começava a usar o polegar para fazer círculos no meu clitóris. Logo, substituiu o dedo pela língua enquanto me masturbava. Rebolei, tentando fazer com que ele tocasse os pontos certos. Logo, comecei a ter aquela sensação prazerosa se espalhando por cada mínimo pedacinho do meu corpo e, quando cheguei ao meu limite, meus músculos se retesaram e relaxaram quase instantaneamente. Não havia me dado conta de que gemi até que ele sorriu, todo convencido.

- É assim, é? - Perguntei, me fingindo de brava. - Vai ver só...

Manteve o sorriso irritante e, quando se aproximou de mim, inverti as posições, o deixando por baixo e, me inclinando sobre ele, comecei a beijar seu pescoço. Passei pelo peito, barriga e, quando cheguei onde interessava, brinquei com o elástico da sua cueca, distraída e tentando me fazer de inocente. Falei:

- Esses dias estava me lembrando de quando te conheci lá no bar.

Sua expressão se tornou neutra.

- E...?- Quis saber.

- E, depois que você me cantou daquele jeito mais... Cafajeste imaginável - Sorriu. - Pensei: “Ah... Não vale a pena.”

- Viu como estava errada ao meu respeito?

- Não, porque eu te vi agarrado com outra garota.

- Então você sentiu ciúmes?

Sorri e respondi:

- Não era exatamente ciúmes, porque eu nem te conhecia. Foi mais... - Me olhava com uma cara de sabe-tudo. - Tá, admito! Foi ciúmes mesmo!

Sorriu largamente e ele confessou:

- Só fiquei com a garota porque você não me deu bola. Gostei de você desde antes mesmo de nos conhecermos.

Franzi as sobrancelhas e ele explicou:

- Vi sua foto no site do bar. Por isso que eu quis te conhecer.

Não falei mais nada. Me inclinei na sua direção e o beijei. Quando me afastei dele, não refiz a trilha de beijos pelo seu peito e barriga e fui diretamente onde me interessava. Me livrei da sua boxer, a atirando num canto qualquer e, assim que o segurei, fixei meu olhar no seu e comecei a mover a minha mão lentamente. Depois de alguns minutos fazendo aquilo, cobri só a glande com a minha boca e comecei a suga-lo, percebendo que sua respiração saía cada vez mais rápida e com dificuldade. Dei um meio sorriso e comecei a deslizar a língua por toda a sua extensão, sentindo-o ficar cada vez mais duro. O fechou os olhos por um instante, tombando a cabeça um pouco para trás e, por um tempinho, o admirei. Não tinha como negar: Ele realmente era um cara lindo e irresistível. E eu o tinha nas minhas mãos, literal e figurativamente. Decidi ousar um pouco mais e tentei enfiar seu pênis totalmente na minha boca e usei a língua para ajudar. Sua testa estava levemente enrugada e ele ofegava um pouco. Nesse instante, lembrei de uma coisa que a me sugeriu e, lentamente, deixei as minhas unhas passearem sem rumo pela sua barriga, descendo cada vez mais e, quando passei pela sua virilha, ele gemeu fraco e continuei até chegar onde eu queria. Logo que comecei a “brincar” com seus testículos, o ouvi gemer de novo, mas mais alto e não parei com nada do que estava fazendo, mesmo quando senti o gosto do pré-gozo. De repente, ele conseguiu me afastar e, quando dei por mim, já tinha posto a camisinha e me sentava no próprio colo enquanto me penetrava. Me segurei nas suas coxas enquanto rebolava, sendo que ele guiava meus movimentos e segurando firme nos meus quadris. Depois de alguns minutos, ele soltou uma das mãos e passou a tocar um dos meus seios e comecei a aumentar a velocidade. Quando estava cada vez mais perto do clímax, não consegui segurar os gemidos que escapavam pela minha boca, tombando a cabeça para trás enquanto aproveitava a sensação prazerosa se espalhando por cada milímetro do meu corpo. Novamente, senti meus músculos se enrijecendo e relaxando enquanto eu tinha, talvez, o orgasmo mais intenso da minha vida. Depois de alguns instantes, foi a vez dele, que me puxou para perto e fez com que eu me deitasse sobre o seu peito. Ainda com as respirações ofegantes, ficamos ali, só sentindo o calor do corpo do outro e, não resistindo, ele acariciou a minha cintura. Tombei o rosto um pouco para trás e consegui roubar um beijo. Assim que nos separamos, ele pareceu se lembrar de alguma coisa e disse:

- Você não respondeu à pergunta que te fiz.

- Que pergunta?

- Sério mesmo que já esqueceu?

Lancei um olhar impaciente para ele, que riu e finalmente falou:

- Se você quer ser a minha namorada.

- Ah sim. - Respondi, assentindo lentamente. - É... Fazer o que se eu não consigo mais ficar longe de você, seu moleque? - Apertei sua cintura e ele se encolheu, rindo.

- Também não consigo ficar longe de você, Nadine.

De repente, seu olhar pareceu transparecer outra coisa. Não sabia explicar o que era. Só sabia que era diferente e não tão ruim assim...

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 35º capítulo - Interativa








35. Where there is desire there is gonna be a flame

Engraçado como o coração pode iludir
Mais do que apenas algumas vezes
Por que nos apaixonamos tão fácil?
Mesmo quando isso não é certo

(Pink - Try)



Respirou fundo e disse, entendendo tudo:

- O teste não era meu.

Assenti, sentindo uma pontada de desapontamento. Era estranho. Quer dizer, eu não deveria me sentir daquela maneira, uma vez que a provavelmente ia voltar para Londres, não importando o quanto eu tentasse fazê-la ficar.

- De quem era? - Perguntei, depois de um longo tempo em silêncio.

- Nicola. Não conta nada para ninguém, porque o Charlie vem semana que vem e quer pedi-la em casamento. A Di e eu vamos ajudar com tudo e ele ainda não sabe.

Concordei. Dei uma desculpa qualquer, depois daquilo, e fui me trancar no estúdio.

Marquei uma consulta com o terapeuta no dia seguinte e já avisei que era só comigo. Assim que me recebeu, indicou o divã, como sempre, e logo que quis saber o motivo de eu ter feito aquilo, respondi:

- Eu estou confuso. Ontem a foi na casa das amigas e, como ela estava demorando, resolvi ir lá e busca-la. Assim que ela apareceu, estava segurando um teste de gravidez e disse que o terceiro havia dado positivo.

O terapeuta concordou em silêncio; Acho que ele não esperava que estivéssemos nesse nível de relacionamento. Quer dizer, era de se esperar, não é?

- Só que, enquanto eu ainda estava tentando assimilar tudo, ela me levou para a casa e disse que era o teste de uma das amigas. Na mesma hora, senti... Frustrado. Acho que... - Parei para pensar no que ia dizer. - Eu sei que, acabando o prazo, ela não vai querer ficar em Los Angeles. Pensei que, se ela realmente estivesse grávida, pudesse mudar de ideia. Talvez por isso que eu quis tanto que fosse verdade.

Ele assentiu.

- Vocês estão realmente gostando um do outro, não é?

Concordei em silêncio.

- Acho que ela é do tipo que não gosta de qualquer um e, quando gosta, é para valer. Aquele cara com quem ela ia namorar... Bom, dá para ver que ela gosta dele, mas é como um amigo. No máximo, um irmão. E, pelo que já ouvi as amigas dizendo, comigo é diferente. Ela não diz “eu te amo” com frequência, mas eu sei disso por algumas pequenas coisas que ela faz e que acha que eu não reparo. Como por exemplo, fazer o jantar com o máximo de capricho e dedicação. Me acordar do jeito mais carinhoso possível. Esse tipo de coisa, sabe?

Concordou.

- E você?

- Tento fazer a mesma coisa. A ... É diferente de qualquer outra garota que eu conheci. Não só por causa do que ela faz, mas por causa da personalidade. É verdade que ela consegue me irritar como ninguém, mas... Toda vez que eu saio, fico ansioso para voltar logo para a casa e vê-la. Seja cozinhando ou até mesmo vendo Doctor Who. Vou sentir falta dela, verdade seja dita.

O terapeuta tirou os óculos e perguntou:

- Posso te dar um conselho? Não como terapeuta, mas como homem.

Concordei.

- É inegável que você está apaixonado por ela. Fala na como se tivesse ganho na loteria. Sendo assim, faz com que ela queira ficar em Los Angeles depois da audiência. Uma garota como ela não se acha em qualquer esquina. Sem falar que você já tem concorrência e acirrada, pelo visto.

Um tempo depois, estava indo de volta para a casa e pensando em tudo o que o terapeuta disse. Meu celular começou a tocar e procurei um lugar para parar e atender. Peguei o aparelho sem ver quem era e falei:

- Oi.

- , está tudo bem? - Ouvi a perguntando do outro lado da linha. Respirei fundo e respondi:

- É... Um pouco. Estou indo para a casa e aí a gente se fala.

- Ok... Enfim. Te liguei para avisar que já estou preparando o jantar. Demorei um século para conseguir achar uma receita que desse para fazer uma variação vegetariana.

Apesar de tudo, consegui sorrir.

- E achou?

- Não sei como. Quer dizer, se você abrir uma exceção só desta vez e comer frango... Vai ser melhor.

- Tá. Eu abro essa exceção.

Podia ver seu sorriso largo. E seus pulinhos.

- Nesse caso... Ah! Vai te preparando porque fiz uma sobremesa... Mas uma sobremesa digna. Só não vai me inventar de bancar o Adolfo Frederico da Suécia, hein?

- Quem?

- Quando vier, te explico. Agora vem logo que já está quase tudo pronto.

Não demorei mais tempo. Logo que cheguei, ouvi uma música animada vinda da cozinha, junto da voz da e, assim que me encostei no batente, a vi dançando. Usava um vestido laranja e, não para a minha surpresa, estava descalça. O vestido tinha um decote enorme nas costas e se não bastasse só isso, ela ainda tinha preso os cabelos num coque alto. Não reconheci a música de imediato, mas a estava cantando do jeito mais alegre possível. Era contagiante. Assim que me notou ali, perguntei:

- Não está com frio?

Negou.

- Está doente?

Fez língua.

- Estou mexendo o tempo inteiro e por isso que não estou sentindo o frio.

Continuei olhando para ela enquanto fazia tudo. Depois que nos sentamos à mesa, algum tempo depois, como sempre, o macarrão que havia feito estava delicioso.

- Onde você foi hoje? - Quis saber. Respirei fundo e admiti:

- Ao terapeuta. Tinha uma coisa que eu precisava conversar com ele.

Assentiu. Sabia que estava curiosa e, talvez por isso, decidi não tortura-la:

- Falamos sobre você.

Ergueu o olhar, arqueando a sobrancelha.

- Espero que não esteja insatisfeito.

- Então... Na realidade... Estou.

Me olhava fixamente.

- Toda essa situação, de ter a pressão da audiência do juiz e saber que você vai voltar para Londres assim que conseguirmos o divórcio é o que me deixa insatisfeito.

- O que quer que eu faça? Largue toda uma vida em Londres para ficar com você?

- Já fez isso quando saiu do Brasil. Qual é a diferença em fazer isso para ficar aqui?

Respirou fundo e limitou-se a dizer:

- Podemos falar sobre isso em outra hora que não seja quando estamos comendo?

- Não, não podemos. O que eu tenho que fazer para te convencer a ficar? Eu sei que não é uma coisa fácil, mas não é impossível.

Hesitou e disse:

- Percebeu que a gente costuma brigar um bocado? O que te garante que, se eu ficar, vai ser diferente?

- O que eu sinto por você. É isso o que me garante que vai ser diferente. Você não é uma garota comum, . Se eu me casei com você em Las Vegas e não movi uma palha para me divorciar de você no dia seguinte, é porque tem motivo. E forte o suficiente para que eu queira que você não vá embora. Forte o suficiente para ir atrás de você, não importa se eu tiver que atravessar um oceano inteiro ou até mesmo o mundo.

Me olhava. Apoiou o garfo no prato e, depois de limpar a boca com o guardanapo, o recolocou sobre a mesa e já ia levantando quando a impedi.

- Não desta vez. Sempre que te confronto, você foge. Hoje, vai ficar sentada aqui e me ouvir. Se quiser, pode falar depois que eu terminar.

Se sentou e me olhava fixamente.

- Por que você é assim? Sempre que damos um passo adiante, você retrocede dois. Foi assim depois que a gente transou em Nova Iorque, é assim quando eu te peço para não voltar para Londres... Qual é o problema, afinal de contas? É medo de tentar e não dar certo? Se for isso, pode ter certeza que só vai descobrir se a gente tentar e ver o que acontece. Eu tento te entender, eu juro. Mas não consigo. Nunca sei o que esperar de você a maior parte do tempo e honestamente, isso me tira do sério.

Travou o maxilar e sabia que ela não estava gostando daquele rumo que a conversa estava tomando.

- Qual é a dificuldade em entender e aceitar que eu posso estar realmente gostando de você e não quero te perder? - Perguntei, já um pouco irritado. - Tive uma experiência ainda mais traumatizante com a minha ex do que você teve com o e, mesmo não sendo fácil, me deixei envolver com você. Não estou falando só por causa do que você fez com a banda, mas por você mesma. É por causa da sua cabeça extremamente dura, do seu gênio insuportável, do seu jeito terrivelmente mimado, da sua desordem absurda... É principalmente por causa de que, quando você quer, consegue ser a pessoa mais... Incrivelmente carinhosa do universo. É, talvez, a garota mais... Extraordinária que eu conheci. Por todas essas e muitas outras razões que eu não quero que você volte para Londres depois da audiência com o juiz.

Ela me olhou e falei:

- , eu te amo demais para te deixar ir.

Hesitou e, numa rapidez surpreendente, se levantou e, sem dizer uma única palavra, foi até o andar de cima. Bufei e, antes que pudesse me dar conta, fui atrás dela. Assim que entrei no seu quarto, claro que ela tentou me expulsar, mas não conseguiu.

- Me deixa sozinha, por favor! - Pediu e me neguei.

- Não vou. Principalmente porque sei muito bem que não é isso o que você quer.

- Fica aí. Eu saio. - Disse, mas a interceptei no caminho para a porta. A abracei firmemente e, apesar de lutar contra, a beijei. De início, foi resistente, mas não demorou muito para que cedesse e correspondesse. Senti sua mão se enroscando nos meus cabelos e os puxando de leve. Não demorei muito a começar a guia-la até a cama. Ainda com a minha mão nas suas costas, a deslizei em busca do zíper do seu vestido. Não achei e ela riu fraco. Se separou de mim e passou a peça pela cabeça. Ao vê-la ali... Só de calcinha e parada na minha frente, senti a excitação aumentar um pouco mais e, de repente, ela se aproximou de mim de novo e começou a me despir. Quando ela tirou a minha calça e levou a cueca junto, a urgência dela foi algo tão descontrolado que, quando a voltou para perto de mim, perguntei:

- Vai me odiar se eu pular as preliminares hoje?

- Não. - Respondeu, fazendo uma leve careta. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ela tirou a calcinha e a observei por alguns instantes. Quando passou perto de mim, a peguei pela cintura e fiz com que se deitasse na cama. Fiquei por cima dela e, depois de colocar a camisinha, comecei a penetrá-la, me movendo lentamente e só de provocação. Depois de alguns minutos em que começava a investir um pouco mais rapidamente, senti que ela tentava corresponder como podia. De repente, tive uma ideia e saí completamente de dentro dela. Sem entender, me olhava e inverti as posições, a deixando por cima. Passei uma das suas pernas por cima do meu corpo e ela se apoiou um pouco abaixo do meu quadril. Deixou as unhas deslizarem pela minha barriga e falei:

- Isso é um castigo porque eu não quis fazer as preliminares?

Deu um meio sorriso e disse:

- Vou te dar o privilégio da dúvida.

Se mexeu e, em seguida, sua mão se fechou em torno do meu sexo, o guiando para dentro dela. Em seguida, pegou as minhas mãos e as pôs sobre a sua cintura e começou a se mexer. A visão que eu tinha do seu corpo era a melhor de todas, principalmente quando ela se segurou nos próprios tornozelos e tombou a cabeça para trás, depois de algum tempo. Uma das coisas que eu mais gostava nela nessas horas era o rubor que tomava conta do seu rosto; Fazia com que ficasse ainda mais encantadora e irresistivelmente inocente. Conforme ela ia rebolando cada vez mais rápido, eu sentia que não ia aguentar por mais tempo e foi quando seu olhar encontrou o meu. Não via mais a mulher com ar de moleca com quem eu havia me casado em Las Vegas. Por pior que a comparação pudesse soar... Eu via era a coyote que rebolava em cima de um balcão de bar em Londres, quase minando o juízo de todos os frequentadores dali, dançando da maneira mais provocante de todas. E só para piorar ainda mais a minha situação, ela mordeu o lábio e sorriu. Isso tudo ainda me olhando fixamente enquanto rebolava no meu colo. Como ela ainda tinha a coragem de dizer que não conseguia ser sensual?

Quando estava muito perto mesmo de atingir o clímax, ela fez uma careta que eu sabia muito bem o que significava e, sem deixar que ela se separasse de mim, fiz com que se deitasse de novo na cama e foi a minha vez de comandar. Não resistindo, segurei seus pulsos acima da sua cabeça enquanto finalmente a beijava. Durou pouco, é verdade. Mas foi o suficiente para que eu a sentisse se tensionando e relaxando quase imediatamente, enquanto abria a boca em um “O” e não emitia som algum; Só um ofego longo antes de novamente cravar os dentes no lábio inferior, que àquelas alturas, estava ainda mais vermelho que de costume. Quando foi a minha vez, escondi meu rosto na base do seu pescoço e inspirei, sentindo que ela cravou as unhas no meu ombro.

Depois de alguns breves instantes em que nos recuperávamos, senti que ela deslizava os dedos pelos meus cabelos e aquilo, querendo ou não, estava me dando um pouco de sono. Relutante, tive que me separar dela e, ao voltar do banheiro, fiquei a observando, deitada na cama e quase pegando no sono também. Me deitei ao seu lado e, em seguida, a puxei para mais perto, fazendo com que encostasse a cabeça no meu peito e eu a abraçava de lado.

- Eu estava pensando... - Disse, quando comecei a acariciar sua cintura; Passei a mão sob o lençol e, portanto, tocava sua pele diretamente. - você falou com o terapeuta a respeito da gravidez da Lola?

Resmunguei uma resposta positiva.

- Foi por isso que você marcou a consulta? Eu vi que você ficou decepcionado.

- É. Fiquei. Quis tentar entender o motivo.

Percebi que se endireitou e me olhava. Estava apoiada nos cotovelos e ainda mais irresistível do que nunca.

- Se as circunstâncias fossem outras, pode apostar que eu não ia ter problema nenhum em tentar ter um filho com você. - Disse. De algum modo, pude ter certeza do que estava falando.

- E o que te impede de ficar aqui e tentar?

Suspirou e disse:

- Já te falei mil vezes. A minha vida é em Londres, apesar de tudo. Nunca me imaginei morando em um lugar como Los Angeles.

- E se eu me mudar para Londres?

Me olhou sem acreditar no que eu estava dizendo.

- , não faz isso. - Disse. - Sua vida é aqui. Não tem o menor sentido em você deixar tudo para começar do zero e principalmente por minha causa.

- Não fiz isso quando me mudei para cá? Tudo bem que ainda tinha a casa da minha mãe e toda a minha família ainda está na Alemanha. E, se não estou enganado, você também fez isso.

- É por isso mesmo que estou questionando essa sua ideia de largar tudo. E diferente de você, a minha casa em Londres foi a primeira que era só minha, sem ter minha mãe ou a minha avó por perto. - Respondeu.

- Mete uma coisa nessa sua cabeça dura, ? Eu não pensaria duas vezes em largar tudo para ir atrás de você. Eu sei que não vai ser fácil me adaptar à um país diferente de novo, mas não me importa.

Respirou fundo e disse, pondo fim à discussão:

- Como já te falei uma vez... Vamos esperar a audiência do juiz e ver no que dá. Até lá... Muita coisa pode acontecer.

Ela que não pensasse que eu ia dar o braço a torcer assim tão facilmente...

Na tarde seguinte, quando estava na casa do , ele percebeu que eu estava chateado com alguma coisa e perguntou:

- O que aconteceu?

- A está teimando comigo.

- Tá. E qual é novidade nisso? - Quis saber, rindo.

- Ela quer porque quer voltar para Londres sozinha. Não aceita ficar aqui e muito menos aceita que eu vá para lá com ela.

- Será que ela não tem medo do que você pode aprontar por causa do ?

Neguei com a cabeça.

- Por mais que eu sinta ciúmes dele, ainda sim... Vou ter de aceitar a presença dele sempre por perto.

- Pois é. Sabe muito bem que a não é do tipo que aceita mandos e desmandos, ainda mais proibições.

Respirei fundo e concordei.

- Pior é que ela é capaz de, justamente, fazer o contrário, só de birra.

Tomou um gole de cerveja e perguntei:

- Nadine é assim?

Sorriu e disse:

- É pior. Ainda mais imprevisível que a . Apesar de tudo, não vai achando que a gente não briga.

- Vocês brigam? - Perguntei. - Eu achava que vocês passavam era o tempo inteiro na cama...

Riu e disse:

- Nadine tem aquele jeitão de quietinha, mas quando se irrita... O temperamento dela vira o pior imaginável.

Dei um sorriso fraco e fiquei pensando por um tempo. Era tão estranho pensar que a Nicola estava grávida, mas a não. Acho que se a minha mulher realmente estivesse esperando um filho meu, ia ser realmente estranho.

- O que ela te falou? - O me tirou dos meus pensamentos.

- Quem?

- A , quem mais seria? Você está pensativo demais e eu sei que é por causa dela. O que houve?

Respirei fundo e contei:

- A Nicola está grávida. Quando eu descobri, achei que fosse a . E ela falou que tentar por agora é algo fora de cogitação.

Concordou lentamente.

- Se ela está teimando tanto... Vale mesmo a pena tentar ter um filho agora?

Suspirei, negando e ele disse:

- E honestamente? Eu acho que, se ela está tão determinada a ir embora depois do prazo do juiz, não vai ser um filho que vai prendê-la aqui.

Encarei meu próprio copo e admiti:

- Sabe o que é o pior de tudo? - Olhei para ele, que retribuiu. - Descobri que eu amo a .

Me olhava chocado.

- Já falou com ela?

Concordei.

- E aí?

- Aí que não falou nada. Pelo menos, não que fosse o esperado.

- Honestamente, eu não sei quem é pior. Não é à toa que se casaram e não duvido que, se o juiz conceder o divórcio, vocês são capazes de avançar no coitado.

Ri fraco e, por um instante, imaginei a cena: Todo mundo reunido no tribunal, a pulando no juiz e batendo nele. Não segurei o riso e o disse:

- Pelo menos de uma coisa você não pode reclamar.

Olhei para ele.

- Se vocês desistirem do divórcio e continuarem juntos, sua vida nunca vai ser tediosa.

Sorri.

Mais tarde, quando cheguei em casa, para a minha surpresa, a não estava fazendo o jantar, como sempre. Estava deitada e, depois de entrar no seu quarto, tomando o cuidado de não fazer qualquer ruído, me aproximei da cama e vi que estava dormindo. Decidi que ia pedir pizza naquela noite e assim que ela acordasse. A cobri e, em seguida, fui até o estúdio, terminar uma música. Quando tinha começado a trabalhar na terceira, ouvi umas batidas na porta e falei:

- Entra.

A veio e fiz sinal para que viesse até onde eu estava e, quando estava perto o bastante, a pus no meu colo. Passou as mãos em torno do meu pescoço e segurei seu rosto. Acariciei sua bochecha e ela foi lentamente fechando os olhos e a puxei para mais perto, começando a beijá-la. Adorava a sensação da sua boca na minha e, depois de alguns minutos, era impossível manter as minhas mãos concentradas num único ponto do seu corpo. Logo, a vontade de apertar, acariciar, beijar... Fazer o que bem quisesse, sempre ficava cada vez mais e mais incontrolável e eu simplesmente não conseguia entender como conseguia parar.

Sendo assim, apertei a sua cintura e a puxei para mais perto enquanto pedia para intensificar o beijo. Assim que abriu a boca um pouco mais, não consegui resistir por mais tempo. Ela começou a se mexer, mas, do nada, parou de me beijar. Abri os olhos e a vi resmungando.

- O que foi?

Olhou ao redor e viu algo. Se levantou e saiu me puxando junto até o sofá de couro preto que eu tinha ali. Fez com que me sentasse ali e voltou a ficar no meu colo, desta vez, virada de frente para mim e com uma perna de cada lado do meu corpo. Recomeçou a me beijar e, justo quando consegui soltar uma das suas mãos e a guiava para um determinado ponto... O telefone tocou, estragando tudo. Nós dois bufamos e ela se levantou de um salto, indo atender:

- Funerária Bom descanso, sua morte é a nossa alegria, boa noite?

Ela realmente falou aquilo?

- Tudo bem. Boa noite.

E desligou.

- O... Que foi isso? - Perguntei, dividido entre a surpresa e a vontade de rir.

- Uma bela cortada de assunto para alguém que queria vender um plano de celular. - Respondeu, sorrindo. - Nunca tive dessas sacadas, mas enfim... Onde estávamos mesmo?

Acho que nem preciso dizer o que aconteceu depois, não é?

No dia seguinte, quando estava no estúdio, vendo como andavam as obras, recebi mais uma daquelas mensagens anônimas. Desta vez, sugeria de levar a ao cinema. Quase imediatamente, o J.J. me ligou e aproveitei a oportunidade para pedir um favor a ele:

- Lembra daquele cara que a gente contratou para descobrir um número de telefone?

- Lembro... Aconteceu alguma coisa?

- Já tem compromisso para o almoço? - Perguntei e ele aceitou o meu convite. Depois de combinar tudo, nos despedimos e encerrei a chamada a tempo de o engenheiro vir falar comigo.

Quando estava perto da hora combinada com o J.J., fui até o estacionamento e peguei o carro, indo até o prédio onde o meu amigo trabalhava. Logo que chegamos ao restaurante, o mâitre nos indicou uma mesa e anotou os pedidos. Depois que trouxe os pratos, expliquei toda a situação para o J.J., que perguntou:

- Tem certeza que não pode ser uma das amigas dela?

- Perguntei para a Nicola, que me garantiu que ela e a Nadine têm números aqui em Los Angeles. E lembro que as duas já me ligaram mais de uma vez e apareceu o número das duas. Não tenho a menor ideia de quem possa ser.

- É alguém que gosta da e quer que você fique com ela.

Nesse instante, me ocorreu uma coisa.

- Que foi? - Perguntou.

- Georg. Ele falou que ia me ajudar... Mas não entendo o motivo de usar número restrito.

- Vai ver ele ficou com medo de ela ver...

Decidi tirar aquilo a limpo naquele instante mesmo e liguei para o meu amigo, que negou firmemente que era ele quem mandava as mensagens.

- Nada?- O J.J. quis saber. Neguei com a cabeça. - Me empresta o celular.

Entreguei o aparelho e ele gravou o número do hacker, que era amigo dele. Terminamos de almoçar, sendo que o J.J., claro, quis saber como a estava e fez um monte de perguntas.

Quando estava chegando em casa, no final da tarde, havia um bilhete preso à porta da geladeira e a avisava que estava na casa das amigas. Como estava com um pouco de fome, decidi ver o que tinha para comer e, justo quando ia colocar um pouco de macarrão para esquentar no micro-ondas, o telefone tocou. Peguei o aparelho, sem ver quem era, e atendi:

- Oi.

- A está em casa? - Ouvi uma voz masculina do outro lado e estranhei.

- Não, ela não está. Quem é?

- Ainda bem. Quero falar com você por um instante. - Reconheci o sotaque e o dono da voz: .

- Pode falar. Estou ouvindo. - Respondi entredentes.

- Preciso que me faça um grande favor. E a não pode nem desconfiar do que estou te pedindo.

- Tudo bem.

Me contou o que queria e acabei tendo que concordar.

Depois de algum tempo, já tinha desligado o telefone e estava comendo o macarrão quando a minha mulher chegou.

- Já ia te sugerir de a gente sair para comer alguma coisa...

- Se quiser, ainda está em tempo... - Respondi, sorrindo.

- Ah é? Bom saber... E para de atacar esse pobre coitado desse macarrão. - Praticamente mandou e tive que guardar o pote de novo na geladeira. Acabamos indo comer uma pizza mesmo e, enquanto eu terminava de mastigar um pedaço, ela me perguntou:

- O que o engenheiro falou sobre o estúdio?

- Está indo tudo conforme o planejado e não acha que vai demorar mais tanto assim para a reforma acabar. - Respondi, depois de engolir.

- Ai, que bom.

- E o que você foi fazer lá nas meninas?

- Lola está planejando contar para o Charlie sobre a gravidez durante um jantar. E ela pediu a nossa ajuda. E quando falo nossa... Você está incluído. E o também.

- Certeza? - Perguntei inseguro e ela riu.

- Tinha que perguntar isso era para a Lola, não para mim. - Respondeu, colocando mais um pedaço na boca.

Depois dali, me pediu para irmos à Bel-Air e estranhei. A sua resposta foi a de que estava curiosa para ver como era aquela parte da cidade.

- Um monte de mansões numa colina. - Respondi. Estreitou os olhos e acabei concordando em leva-la até lá.

Quando paramos o carro um pouco, perguntei:

- Por que queria vir aqui?

- Curiosidade. Já sabia das mansões, mas queria ver como eram.

- Decepcionada?

Negou com a cabeça.

- Imagina o quanto esse povo que mora aí não deve ter o nariz em pé? Credo.

Fez uma careta e ri.

- Um dia ainda te levo no letreiro de Hollywood.

Sorriu e nesse instante, tive a impressão de que ela ficava muito mais satisfeita com esse tipo de coisa do que, por exemplo, ir à lugares caros. Seria piegas demais dizer que passei a admirá-la ainda mais?

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 35º capítulo



Where there is desire there is gonna be a flame

Engraçado como o coração pode iludir
Mais do que apenas algumas vezes
Por que nos apaixonamos tão fácil?
Mesmo quando isso não é certo

(Pink - Try)

Bill


Respirou fundo e disse, entendendo tudo:

- O teste não era meu.

Assenti, sentindo uma pontada de desapontamento. Era estranho. Quer dizer, eu não deveria me sentir daquela maneira, uma vez que a Luiza provavelmente ia voltar para Londres, não importando o quanto eu tentasse fazê-la ficar.

- De quem era? - Perguntei, depois de um longo tempo em silêncio.

- Nicola. Não conta nada para ninguém, porque o Charlie vem semana que vem e quer pedi-la em casamento. A Di e eu vamos ajudar com tudo e ele ainda não sabe.

Concordei. Dei uma desculpa qualquer, depois daquilo, e fui me trancar no estúdio.

Marquei uma consulta com o terapeuta no dia seguinte e já avisei que era só comigo. Assim que me recebeu, indicou o divã, como sempre, e logo que quis saber o motivo de eu ter feito aquilo, respondi:

- Eu estou confuso. Ontem a Luiza foi na casa das amigas e, como ela estava demorando, resolvi ir lá e busca-la. Assim que ela apareceu, estava segurando um teste de gravidez e disse que o terceiro havia dado positivo.

O terapeuta concordou em silêncio; Acho que ele não esperava que estivéssemos nesse nível de relacionamento. Quer dizer, era de se esperar, não é?

- Só que, enquanto eu ainda estava tentando assimilar tudo, ela me levou para a casa e disse que era o teste de uma das amigas. Na mesma hora, senti... Frustrado. Acho que... - Parei para pensar no que ia dizer. - Eu sei que, acabando o prazo, ela não vai querer ficar em Los Angeles. Pensei que, se ela realmente estivesse grávida, pudesse mudar de ideia. Talvez por isso que eu quis tanto que fosse verdade.

Ele assentiu.

- Vocês estão realmente gostando um do outro, não é?

Concordei em silêncio.

- Acho que ela é do tipo que não gosta de qualquer um e, quando gosta, é para valer. Aquele cara com quem ela ia namorar... Bom, dá para ver que ela gosta dele, mas é como um amigo. No máximo, um irmão. E, pelo que já ouvi as amigas dizendo, comigo é diferente. Ela não diz “eu te amo” com frequência, mas eu sei disso por algumas pequenas coisas que ela faz e que acha que eu não reparo. Como por exemplo, fazer o jantar com o máximo de capricho e dedicação. Me acordar do jeito mais carinhoso possível. Esse tipo de coisa, sabe?

Concordou.

- E você?

- Tento fazer a mesma coisa. A Luiza... É diferente de qualquer outra garota que eu conheci. Não só por causa do que ela faz, mas por causa da personalidade. É verdade que ela consegue me irritar como ninguém, mas... Toda vez que eu saio, fico ansioso para voltar logo para a casa e vê-la. Seja cozinhando ou até mesmo vendo Doctor Who. Vou sentir falta dela, verdade seja dita.

O terapeuta tirou os óculos e perguntou:

- Posso te dar um conselho? Não como terapeuta, mas como homem.

Concordei.

- É inegável que você está apaixonado por ela. Fala na Luiza como se tivesse ganho na loteria. Sendo assim, faz com que ela queira ficar em Los Angeles depois da audiência. Uma garota como ela não se acha em qualquer esquina. Sem falar que você já tem concorrência e acirrada, pelo visto.

Um tempo depois, estava indo de volta para a casa e pensando em tudo o que o terapeuta disse. Meu celular começou a tocar e procurei um lugar para parar e atender. Peguei o aparelho sem ver quem era e falei:

- Oi.

- Kaulitz, está tudo bem? - Ouvi a Luiza perguntando do outro lado da linha. Respirei fundo e respondi:

- É... Um pouco. Estou indo para a casa e aí a gente se fala.

- Ok... Enfim. Te liguei para avisar que já estou preparando o jantar. Demorei um século para conseguir achar uma receita que desse para fazer uma variação vegetariana.

Apesar de tudo, consegui sorrir.

- E achou?

- Não sei como. Quer dizer, se você abrir uma exceção só desta vez e comer frango... Vai ser melhor.

- Tá. Eu abro essa exceção.

Podia ver seu sorriso largo. E seus pulinhos.

- Nesse caso... Ah! Vai te preparando porque fiz uma sobremesa... Mas uma sobremesa digna. Só não vai me inventar de bancar o Adolfo Frederico da Suécia, hein?

- Quem?

- Quando vier, te explico. Agora vem logo que já está quase tudo pronto.

Não demorei mais tempo. Logo que cheguei, ouvi uma música animada vinda da cozinha, junto da voz da Luiza e, assim que me encostei no batente, a vi dançando. Usava um vestido laranja e, não para a minha surpresa, estava descalça. O vestido tinha um decote enorme nas costas e se não bastasse só isso, ela ainda tinha preso os cabelos num coque alto. Não reconheci a música de imediato, mas a Luiza estava cantando do jeito mais alegre possível. Era contagiante. Assim que me notou ali, perguntei:

- Não está com frio?

Negou.

- Está doente?

Fez língua.

- Estou mexendo o tempo inteiro e por isso que não estou sentindo o frio.

Continuei olhando para ela enquanto fazia tudo. Depois que nos sentamos à mesa, algum tempo depois, como sempre, o macarrão que havia feito estava delicioso.

- Onde você foi hoje? - Quis saber. Respirei fundo e admiti:

- Ao terapeuta. Tinha uma coisa que eu precisava conversar com ele.

Assentiu. Sabia que estava curiosa e, talvez por isso, decidi não tortura-la:

- Falamos sobre você.

Ergueu o olhar, arqueando a sobrancelha.

- Espero que não esteja insatisfeito.

- Então... Na realidade... Estou.

Me olhava fixamente.

- Toda essa situação, de ter a pressão da audiência do juiz e saber que você vai voltar para Londres assim que conseguirmos o divórcio é o que me deixa insatisfeito.

- O que quer que eu faça? Largue toda uma vida em Londres para ficar com você?

- Já fez isso quando saiu do Brasil. Qual é a diferença em fazer isso para ficar aqui?

Respirou fundo e limitou-se a dizer:

- Podemos falar sobre isso em outra hora que não seja quando estamos comendo?

- Não, não podemos. O que eu tenho que fazer para te convencer a ficar? Eu sei que não é uma coisa fácil, mas não é impossível.

Hesitou e disse:

- Percebeu que a gente costuma brigar um bocado? O que te garante que, se eu ficar, vai ser diferente?

- O que eu sinto por você. É isso o que me garante que vai ser diferente. Você não é uma garota comum, Luiza. Se eu me casei com você em Las Vegas e não movi uma palha para me divorciar de você no dia seguinte, é porque tem motivo. E forte o suficiente para que eu queira que você não vá embora. Forte o suficiente para ir atrás de você, não importa se eu tiver que atravessar um oceano inteiro ou até mesmo o mundo.

Me olhava. Apoiou o garfo no prato e, depois de limpar a boca com o guardanapo, o recolocou sobre a mesa e já ia levantando quando a impedi.

- Não desta vez. Sempre que te confronto, você foge. Hoje, vai ficar sentada aqui e me ouvir. Se quiser, pode falar depois que eu terminar.

Se sentou e me olhava fixamente.

- Por que você é assim? Sempre que damos um passo adiante, você retrocede dois. Foi assim depois que a gente transou em Nova Iorque, é assim quando eu te peço para não voltar para Londres... Qual é o problema, afinal de contas? É medo de tentar e não dar certo? Se for isso, pode ter certeza que só vai descobrir se a gente tentar e ver o que acontece. Eu tento te entender, eu juro. Mas não consigo. Nunca sei o que esperar de você a maior parte do tempo e honestamente, isso me tira do sério.

Travou o maxilar e sabia que ela não estava gostando daquele rumo que a conversa estava tomando.

- Qual é a dificuldade em entender e aceitar que eu posso estar realmente gostando de você e não quero te perder? - Perguntei, já um pouco irritado. - Tive uma experiência ainda mais traumatizante com a Lydia do que você teve com o Alex e, mesmo não sendo fácil, me deixei envolver com você. Não estou falando só por causa do que você fez com a banda, mas por você mesma. É por causa da sua cabeça extremamente dura, do seu gênio insuportável, do seu jeito terrivelmente mimado, da sua desordem absurda... É principalmente por causa de que, quando você quer, consegue ser a pessoa mais... Incrivelmente carinhosa do universo. É, talvez, a garota mais... Extraordinária que eu conheci. Por todas essas e muitas outras razões que eu não quero que você volte para Londres depois da audiência com o juiz.

Ela me olhou e falei:

- Iza, eu te amo demais para te deixar ir.

Hesitou e, numa rapidez surpreendente, se levantou e, sem dizer uma única palavra, foi até o andar de cima. Bufei e, antes que pudesse me dar conta, fui atrás dela. Assim que entrei no seu quarto, claro que ela tentou me expulsar, mas não conseguiu.

- Me deixa sozinha, por favor! - Pediu e me neguei.

- Não vou. Principalmente porque sei muito bem que não é isso o que você quer.

- Fica aí. Eu saio. - Disse, mas a interceptei no caminho para a porta. A abracei firmemente e, apesar de lutar contra, a beijei. De início, foi resistente, mas não demorou muito para que cedesse e correspondesse. Senti sua mão se enroscando nos meus cabelos e os puxando de leve. Não demorei muito a começar a guia-la até a cama. Ainda com a minha mão nas suas costas, a deslizei em busca do zíper do seu vestido. Não achei e ela riu fraco. Se separou de mim e passou a peça pela cabeça. Ao vê-la ali... Só de calcinha e parada na minha frente, senti a excitação aumentar um pouco mais e, de repente, ela se aproximou de mim de novo e começou a me despir. Quando ela tirou a minha calça e levou a cueca junto, a urgência dela foi algo tão descontrolado que, quando a Luiza voltou para perto de mim, perguntei:

- Vai me odiar se eu pular as preliminares hoje?

- Não. - Respondeu, fazendo uma leve careta. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ela tirou a calcinha e a observei por alguns instantes. Quando passou perto de mim, a peguei pela cintura e fiz com que se deitasse na cama. Fiquei por cima dela e, depois de colocar a camisinha, comecei a penetrá-la, me movendo lentamente e só de provocação. Depois de alguns minutos em que começava a investir um pouco mais rapidamente, senti que ela tentava corresponder como podia. De repente, tive uma ideia e saí completamente de dentro dela. Sem entender, me olhava e inverti as posições, a deixando por cima. Passei uma das suas pernas por cima do meu corpo e ela se apoiou um pouco abaixo do meu quadril. Deixou as unhas deslizarem pela minha barriga e falei:

- Isso é um castigo porque eu não quis fazer as preliminares?

Deu um meio sorriso e disse:

- Vou te dar o privilégio da dúvida.

Se mexeu e, em seguida, sua mão se fechou em torno do meu sexo, o guiando para dentro dela. Em seguida, pegou as minhas mãos e as pôs sobre a sua cintura e começou a se mexer. A visão que eu tinha do seu corpo era a melhor de todas, principalmente quando ela se segurou nos próprios tornozelos e tombou a cabeça para trás, depois de algum tempo. Uma das coisas que eu mais gostava nela nessas horas era o rubor que tomava conta do seu rosto; Fazia com que ficasse ainda mais encantadora e irresistivelmente inocente. Conforme ela ia rebolando cada vez mais rápido, eu sentia que não ia aguentar por mais tempo e foi quando seu olhar encontrou o meu. Não via mais a mulher com ar de moleca com quem eu havia me casado em Las Vegas. Por pior que a comparação pudesse soar... Eu via era a coyote que rebolava em cima de um balcão de bar em Londres, quase minando o juízo de todos os frequentadores dali, dançando da maneira mais provocante de todas. E só para piorar ainda mais a minha situação, ela mordeu o lábio e sorriu. Isso tudo ainda me olhando fixamente enquanto rebolava no meu colo. Como ela ainda tinha a coragem de dizer que não conseguia ser sensual?

Quando estava muito perto mesmo de atingir o clímax, ela fez uma careta que eu sabia muito bem o que significava e, sem deixar que ela se separasse de mim, fiz com que se deitasse de novo na cama e foi a minha vez de comandar. Não resistindo, segurei seus pulsos acima da sua cabeça enquanto finalmente a beijava. Durou pouco, é verdade. Mas foi o suficiente para que eu a sentisse se tensionando e relaxando quase imediatamente, enquanto abria a boca em um “O” e não emitia som algum; Só um ofego longo antes de novamente cravar os dentes no lábio inferior, que àquelas alturas, estava ainda mais vermelho que de costume. Quando foi a minha vez, escondi meu rosto na base do seu pescoço e inspirei, sentindo que ela cravou as unhas no meu ombro.

Depois de alguns breves instantes em que nos recuperávamos, senti que ela deslizava os dedos pelos meus cabelos e aquilo, querendo ou não, estava me dando um pouco de sono. Relutante, tive que me separar dela e, ao voltar do banheiro, fiquei a observando, deitada na cama e quase pegando no sono também. Me deitei ao seu lado e, em seguida, a puxei para mais perto, fazendo com que encostasse a cabeça no meu peito e eu a abraçava de lado.

- Eu estava pensando... - Disse, quando comecei a acariciar sua cintura; Passei a mão sob o lençol e, portanto, tocava sua pele diretamente. - você falou com o terapeuta a respeito da gravidez da Lola?

Resmunguei uma resposta positiva.

- Foi por isso que você marcou a consulta? Eu vi que você ficou decepcionado.

- É. Fiquei. Quis tentar entender o motivo.

Percebi que se endireitou e me olhava. Estava apoiada nos cotovelos e ainda mais irresistível do que nunca.

- Se as circunstâncias fossem outras, pode apostar que eu não ia ter problema nenhum em tentar ter um filho com você. - Disse. De algum modo, pude ter certeza do que estava falando.

- E o que te impede de ficar aqui e tentar?

Suspirou e disse:

- Já te falei mil vezes. A minha vida é em Londres, apesar de tudo. Nunca me imaginei morando em um lugar como Los Angeles.

- E se eu me mudar para Londres?

Me olhou sem acreditar no que eu estava dizendo.

- Kaulitz, não faz isso. - Disse. - Sua vida é aqui. Não tem o menor sentido em você deixar tudo para começar do zero e principalmente por minha causa.

- Não fiz isso quando me mudei para cá? Tudo bem que ainda tinha a casa da minha mãe e toda a minha família ainda está na Alemanha. E, se não estou enganado, você também fez isso.

- É por isso mesmo que estou questionando essa sua ideia de largar tudo. E diferente de você, a minha casa em Londres foi a primeira que era só minha, sem ter minha mãe ou a minha avó por perto. - Respondeu.

- Mete uma coisa nessa sua cabeça dura, Luiza? Eu não pensaria duas vezes em largar tudo para ir atrás de você. Eu sei que não vai ser fácil me adaptar à um país diferente de novo, mas não me importa.

Respirou fundo e disse, pondo fim à discussão:

- Como já te falei uma vez... Vamos esperar a audiência do juiz e ver no que dá. Até lá... Muita coisa pode acontecer.

Ela que não pensasse que eu ia dar o braço a torcer assim tão facilmente...

Na tarde seguinte, quando estava na casa do Tom, ele percebeu que eu estava chateado com alguma coisa e perguntou:

- O que aconteceu?

- A Luiza está teimando comigo.

- Tá. E qual é novidade nisso? - Quis saber, rindo.

- Ela quer porque quer voltar para Londres sozinha. Não aceita ficar aqui e muito menos aceita que eu vá para lá com ela.

- Será que ela não tem medo do que você pode aprontar por causa do Alex?

Neguei com a cabeça.

- Por mais que eu sinta ciúmes dele, ainda sim... Vou ter de aceitar a presença dele sempre por perto.

- Pois é. Sabe muito bem que a Luiza não é do tipo que aceita mandos e desmandos, ainda mais proibições.

Respirei fundo e concordei.

- Pior é que ela é capaz de, justamente, fazer o contrário, só de birra.

Tomou um gole de cerveja e perguntei:

- Nadine é assim?

Sorriu e disse:

- É pior. Ainda mais imprevisível que a Luiza. Apesar de tudo, não vai achando que a gente não briga.

- Vocês brigam? - Perguntei. - Eu achava que vocês passavam era o tempo inteiro na cama...

Riu e disse:

- Nadine tem aquele jeitão de quietinha, mas quando se irrita... O temperamento dela vira o pior imaginável.

Dei um sorriso fraco e fiquei pensando por um tempo. Era tão estranho pensar que a Nicola estava grávida, mas a Luiza não. Acho que se a minha mulher realmente estivesse esperando um filho meu, ia ser realmente estranho.

- O que ela te falou? - O Tom me tirou dos meus pensamentos.

- Quem?

- A Luiza, quem mais seria? Você está pensativo demais e eu sei que é por causa dela. O que houve?

Respirei fundo e contei:

- A Nicola está grávida. Quando eu descobri, achei que fosse a Luiza. E ela falou que tentar por agora é algo fora de cogitação.

Concordou lentamente.

- Se ela está teimando tanto... Vale mesmo a pena tentar ter um filho agora?

Suspirei, negando e ele disse:

- E honestamente? Eu acho que, se ela está tão determinada a ir embora depois do prazo do juiz, não vai ser um filho que vai prendê-la aqui.

Encarei meu próprio copo e admiti:

- Sabe o que é o pior de tudo? - Olhei para ele, que retribuiu. - Descobri que eu amo a Luiza.

Me olhava chocado.

- Já falou com ela?

Concordei.

- E aí?

- Aí que não falou nada. Pelo menos, não que fosse o esperado.

- Honestamente, eu não sei quem é pior. Não é à toa que se casaram e não duvido que, se o juiz conceder o divórcio, vocês são capazes de avançar no coitado.

Ri fraco e, por um instante, imaginei a cena: Todo mundo reunido no tribunal, a Luiza pulando no juiz e batendo nele. Não segurei o riso e o Tom disse:

- Pelo menos de uma coisa você não pode reclamar.

Olhei para ele.

- Se vocês desistirem do divórcio e continuarem juntos, sua vida nunca vai ser tediosa.

Sorri.

Mais tarde, quando cheguei em casa, para a minha surpresa, a Luiza não estava fazendo o jantar, como sempre. Estava deitada e, depois de entrar no seu quarto, tomando o cuidado de não fazer qualquer ruído, me aproximei da cama e vi que estava dormindo. Decidi que ia pedir pizza naquela noite e assim que ela acordasse. A cobri e, em seguida, fui até o estúdio, terminar uma música. Quando tinha começado a trabalhar na terceira, ouvi umas batidas na porta e falei:

- Entra.

A Luiza veio e fiz sinal para que viesse até onde eu estava e, quando estava perto o bastante, a pus no meu colo. Passou as mãos em torno do meu pescoço e segurei seu rosto. Acariciei sua bochecha e ela foi lentamente fechando os olhos e a puxei para mais perto, começando a beijá-la. Adorava a sensação da sua boca na minha e, depois de alguns minutos, era impossível manter as minhas mãos concentradas num único ponto do seu corpo. Logo, a vontade de apertar, acariciar, beijar... Fazer o que bem quisesse, sempre ficava cada vez mais e mais incontrolável e eu simplesmente não conseguia entender como conseguia parar.

Sendo assim, apertei a sua cintura e a puxei para mais perto enquanto pedia para intensificar o beijo. Assim que abriu a boca um pouco mais, não consegui resistir por mais tempo. Ela começou a se mexer, mas, do nada, parou de me beijar. Abri os olhos e a vi resmungando.

- O que foi?

Olhou ao redor e viu algo. Se levantou e saiu me puxando junto até o sofá de couro preto que eu tinha ali. Fez com que me sentasse ali e voltou a ficar no meu colo, desta vez, virada de frente para mim e com uma perna de cada lado do meu corpo. Recomeçou a me beijar e, justo quando consegui soltar uma das suas mãos e a guiava para um determinado ponto... O telefone tocou, estragando tudo. Nós dois bufamos e ela se levantou de um salto, indo atender:

- Funerária Bom descanso, sua morte é a nossa alegria, boa noite?

Ela realmente falou aquilo?

- Tudo bem. Boa noite.

E desligou.

- O... Que foi isso? - Perguntei, dividido entre a surpresa e a vontade de rir.

- Uma bela cortada de assunto para alguém que queria vender um plano de celular. - Respondeu, sorrindo. - Nunca tive dessas sacadas, mas enfim... Onde estávamos mesmo?

Acho que nem preciso dizer o que aconteceu depois, não é?

No dia seguinte, quando estava no estúdio, vendo como andavam as obras, recebi mais uma daquelas mensagens anônimas. Desta vez, sugeria de levar a Luiza ao cinema. Quase imediatamente, o J.J. me ligou e aproveitei a oportunidade para pedir um favor a ele:

- Lembra daquele cara que a gente contratou para descobrir um número de telefone?

- Lembro... Aconteceu alguma coisa?

- Já tem compromisso para o almoço? - Perguntei e ele aceitou o meu convite. Depois de combinar tudo, nos despedimos e encerrei a chamada a tempo de o engenheiro vir falar comigo.

Quando estava perto da hora combinada com o J.J., fui até o estacionamento e peguei o carro, indo até o prédio onde o meu amigo trabalhava. Logo que chegamos ao restaurante, o mâitre nos indicou uma mesa e anotou os pedidos. Depois que trouxe os pratos, expliquei toda a situação para o J.J., que perguntou:

- Tem certeza que não pode ser uma das amigas dela?

- Perguntei para a Nicola, que me garantiu que ela e a Nadine têm números aqui em Los Angeles. E lembro que as duas já me ligaram mais de uma vez e apareceu o número das duas. Não tenho a menor ideia de quem possa ser.

- É alguém que gosta da Luiza e quer que você fique com ela.

Nesse instante, me ocorreu uma coisa.

- Que foi? - Perguntou.

- Georg. Ele falou que ia me ajudar... Mas não entendo o motivo de usar número restrito.

- Vai ver ele ficou com medo de ela ver...

Decidi tirar aquilo a limpo naquele instante mesmo e liguei para o meu amigo, que negou firmemente que era ele quem mandava as mensagens.

- Nada?- O J.J. quis saber. Neguei com a cabeça. - Me empresta o celular.

Entreguei o aparelho e ele gravou o número do hacker, que era amigo dele. Terminamos de almoçar, sendo que o J.J., claro, quis saber como a Luiza estava e fez um monte de perguntas.

Quando estava chegando em casa, no final da tarde, havia um bilhete preso à porta da geladeira e a Luiza avisava que estava na casa das amigas. Como estava com um pouco de fome, decidi ver o que tinha para comer e, justo quando ia colocar um pouco de macarrão para esquentar no micro-ondas, o telefone tocou. Peguei o aparelho, sem ver quem era, e atendi:

- Oi.

- A Luiza está em casa? - Ouvi uma voz masculina do outro lado e estranhei.

- Não, ela não está. Quem é?

- Ainda bem. Quero falar com você por um instante. - Reconheci o sotaque e o dono da voz: Alex.

- Pode falar. Estou ouvindo. - Respondi entredentes.

- Preciso que me faça um grande favor. E a Luiza não pode nem desconfiar do que estou te pedindo.

- Tudo bem.

Me contou o que queria e acabei tendo que concordar.

Depois de algum tempo, já tinha desligado o telefone e estava comendo o macarrão quando a minha mulher chegou.

- Já ia te sugerir de a gente sair para comer alguma coisa...

- Se quiser, ainda está em tempo... - Respondi, sorrindo.

- Ah é? Bom saber... E para de atacar esse pobre coitado desse macarrão. - Praticamente mandou e tive que guardar o pote de novo na geladeira. Acabamos indo comer uma pizza mesmo e, enquanto eu terminava de mastigar um pedaço, ela me perguntou:

- O que o engenheiro falou sobre o estúdio?

- Está indo tudo conforme o planejado e não acha que vai demorar mais tanto assim para a reforma acabar. - Respondi, depois de engolir.

- Ai, que bom.

- E o que você foi fazer lá nas meninas?

- Lola está planejando contar para o Charlie sobre a gravidez durante um jantar. E ela pediu a nossa ajuda. E quando falo nossa... Você está incluído. E o Tom também.

- Certeza? - Perguntei inseguro e ela riu.

- Tinha que perguntar isso era para a Lola, não para mim. - Respondeu, colocando mais um pedaço na boca.

Depois dali, me pediu para irmos à Bel-Air e estranhei. A sua resposta foi a de que estava curiosa para ver como era aquela parte da cidade.

- Um monte de mansões numa colina. - Respondi. Estreitou os olhos e acabei concordando em leva-la até lá.

Quando paramos o carro um pouco, perguntei:

- Por que queria vir aqui?

- Curiosidade. Já sabia das mansões, mas queria ver como eram.

- Decepcionada?

Negou com a cabeça.

- Imagina o quanto esse povo que mora aí não deve ter o nariz em pé? Credo.

Fez uma careta e ri.

- Um dia ainda te levo no letreiro de Hollywood.

Sorriu e nesse instante, tive a impressão de que ela ficava muito mais satisfeita com esse tipo de coisa do que, por exemplo, ir à lugares caros. Seria piegas demais dizer que passei a admirá-la ainda mais?