sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - Especial de Natal - Interativo









Raise up the cups of Christmas cheer

E, de repente, nós rimos muito
E percebemos o que havia acontecido
A magia do Natal deu a esta história
Um final muito feliz

(Spice Girls - Christmas Wrapping)



[Flashback - Um ano antes]

Ok. Pode falar que eu sou louca, mas sabe quando você começa a desconfiar que tudo tá dando errado, não por culpa daquele infeliz do Murphy, mas por pura obra do destino? Tipo, meus planos para aquele Natal eram ir para Roma, ficar com a família, comer todas aquelas coisas absurdamente engordativas e, para perder todos aqueles quilos que havia ganhado, ia levar os Pugs da Nicola para passear. Sem falar que ia queimar muitas calorias dançando no balcão, como sempre. E o principal detalhe: O ia ficar em Londres e íamos nos ver quando eu voltasse. As meninas iam para as respectivas casas e beleza. Só que a , mãe do , teve a brilhante ideia de fugir do frio londrino e arrastou os filhos (O tinha um meio irmão) para um lugar onde estava longe de ser frio: Sydney. Eu sabia que a Lee tinha uma irmã que morava lá e, por isso, para fugir do inverno... Foi ver os cangurus de perto. Resultado? Já estava na abstinência por uns dias. Ia ficar mais de mal humor que antes. Mal humor que foi piorado quando o meu voo para Roma foi cancelado por causa de uma nevasca daquelas. Ou seja? Ia ficar sozinha em Londres em pleno Natal...

... Isso até a Deborah e a Lillian, mães das meninas, terem a brilhante ideia de virem a Londres com toda a turma e almoçar na casa do Charlie, que era suficientemente espaçosa. O Stephen, no entanto, decidira que ia abrir o bar de um jeito ou de outro. Ainda mais que estava falando para quem quisesse ouvir que ia ser diferente...

Afora isso, eu estava sentindo que alguma coisa ia acontecer. Era a primeira vez na vida que aquele sentimento aparecia e era estranho, não tinha como negar. Estava cismada, como sempre, e as meninas perceberam isso. Não falaram um A enquanto nos arrumávamos para ir ao bar e elas sabiam que, quando eu quisesse, ia falar com as duas.

Quando estávamos prontas, olhamos uma para a outra e a Di perguntou:

- Só eu que estou com um instinto assassino para com nosso chefe?

Rimos e falei:

- Ok. Ideia: Sobretudo por cima das roupas e botas comuns. Essas de elfos a gente leva numa bolsa grande e troca quando chegar lá. Quem concorda... Fala Louboutin.

- Louboutin! - As duas disseram ao mesmo tempo e eu fui buscar a bolsa enquanto elas providenciavam os casacos. Estávamos vestidas como ajudantes sexies de Papai Noel, com meias-calças listradas de branco e vermelho. A fantasia não era feia. O problema era andar pela rua vestida com ela. E a bota com a ponta curvada e guizo. A bota era demais. Era implorar para o povo rir da nossa cara.

De repente, ouvi a Di falando:

- As orelhas! Alguém viu as orelhas?

Ergui o olhar e vi as orelhas pontudas sobre a minha mesa. Estava encarregada de tentar achar um jeito de fixa-las melhor e decidi levar para colarmos no bar. Pus na bolsa e, depois de avisar as meninas, a Lola me entregou o sobretudo e trocamos as botas. Assim que saímos, depois de certificar que não tínhamos nos esquecido de nada, fomos até a estação de metrô, tentando segurar o riso e a Di falou, quando estávamos descendo as escadas:

- Imagina se alguém tenta roubar a gente? A frustração que vão ficar ao abrir a bolsa e encontrar três pares de sapatos de elfos?

Conseguimos nos manter sérias.

Logo que chegamos ao bar, o Stephen não estava à vista e corremos para o nosso cantinho e trocamos as botas e colocamos as orelhas. Às dez, o bar abriu e já estávamos à postos. Fizemos alguns vários drinks e, quando estava perto das onze, nosso chefe nos mandou subir no balcão.

- Vejam pelo lado positivo. - Falei, tentando animar as meninas enquanto checávamos os microfones. - Pelo menos a gente não está como a Caroline e as outras...

As duas olharam para um pequeno grupo de Coyotes que tinham sido obrigadas a se vestirem de renas. Assim, a fantasia não era feia. O problema eram os arcos com galhos de pelúcia e a pior parte: Os narizes tiveram de ser pintados de vermelho.

- Vejam pelo lado positivo: Se a gente jogar o Stephen no Tâmisa... A gente perde a casa. - A Lola disse.

- E desde quando isso é positivo? - Perguntei.

- Ele fica vivo e a gente fica com a casa. - Respondeu sorrindo.

- Okay... - Falei, assentindo. Quando já estava tudo pronto, ouvimos os primeiros acordes da música e cantei, dançando meio de lado e fazendo um passinho que consistia em bater cada pé uma vez:

Jingle bell, jingle bell
(Toca o sino, toca o sino)
Jingle bell rock
(Toca o embalo do sino)
Jingle bell swing
(O sino toca e balança)
And jingle bells ring
(E os sinos tocam)

Logo, a Di, que estava atrás de mim, cantou também:

Snowing and blowing
(Nevando e ventando)
Up bushels of fun
(um monte de diversão)

E nós três cantamos, mexendo os quadris de um lado para o outro e quase perdendo o controle sobre o riso:

Now the jingle hop has begun
(Agora a dança do sino começou)

Será que podia ficar pior?



Quando o cismou em vir para Londres e tentar encontrar a garota do bar, não imaginávamos que ela ainda estaria lá e trabalhando em plena noite de Natal. E vestida de elfo. Ela e mais duas amigas quase não aguentavam e riam da própria apresentação. Estava realmente... Bonitinha justamente por isso. A garota que tinha cantado primeiro tinha chamado minha atenção. Não por ser tão branca quanto a ruiva. Mas... Havia algo de hipnotizante nela. Não sabia dizer o que era, exatamente. Mas ela conseguia ser... Cativante. Essa era a palavra.

Elas dançavam em perfeita sincronia, embora a música fosse uma daquelas clássicas de Natal e o arranjo não fosse monótono. Assim que acabou, outra começou, só que muito mais animada e o disse:

- Estou começando a sentir dó dessas meninas... Além de trabalhar em pleno Natal, ainda têm que ficar apresentando esse tipo de coisa.

De graça, elas se juntaram às colegas de trabalho que subiram ao balcão e ficaram lado a lado. De repente, começaram a dar tipo um chute no ar e só então, percebi que elas usavam botas com as pontas curvadas, como as dos elfos.

- Espero que o chefe delas realmente esteja pagando muito bem para que façam isso. - O falou e sorri fraco.

Depois da apresentação, elas sumiram por uns instantes e, entre uma coisa e outra, me distraí e não vi mais a garota. Estávamos em uma área reservada do bar e, portanto, apesar vermos todo mundo, o contrário não acontecia. Perto da meia-noite, quando eu precisei ir ao banheiro, um dos funcionários me avisou que eu teria de usar o outro, já que o que estava perto de onde estávamos tinha dado problema. Então, evitando ao máximo de ser reconhecido, fui na direção que tinha me sido indicada e, logo que fechei a porta... Acabou a luz. Não fosse o suficiente...

- Ai, tá de sacanagem comigo! - Ouvi uma garota dizer.

Ela pareceu perceber que eu estava ali e perguntou:

- Di? É você?

Pigarreei e a minha garganta doeu. Acho que essa viagem para Londres não foi uma boa ideia...

- Na realidade... Eu estava precisando usar o banheiro, se você não se importar. Um cara me falou que o outro banheiro está quebrado...

- Ah... Ok. - A ouvi dizer e, com o celular, consegui encontrar uma das cabines. Perguntei:

- Desculpa, mas... Onde você está?

Houve um instante de silêncio e disse:

- Terminando de me arrumar. Tem medo do escuro?

- Não. Só... Não quero que... Aconteça algum acidente.

A ouvi fazer um barulho, como se estivesse rindo e ela saiu. Usei o banheiro e, logo que terminei de lavar as mãos, ouvi um barulho e perguntei:

- Tem alguém aí?

- Sou eu ainda! - A garota falou. - E eu realmente espero que você não sofra de claustrofobia, porque essa porcaria de porta acabou de bater e emperrar. Estou tentando avisar o Stephen.

- Stephen? - Perguntei.

- Dono do bar. - Ela respondeu. De repente, falou um palavrão.

- O que houve?

- A bateria do meu celular acabou.

- Quer o meu emprestado?

- Ah... Obrigada, mas já consegui mandar a mensagem. - Respondeu. Consegui encontra-la e não consegui controlar a curiosidade:

- Você estava cantando em cima do balcão?

- Estava. Com as botas e orelhas de elfo, meias listradas e tal.

- Vocês usaram orelhas de elfo?

- É. Ossos do ofício.

Ficou quieta por um instante e, quando tornou a falar, quis saber:

- Veio sozinho?

- Não. Vim com um amigo e uma parte da minha família. E você?

- É... Não tive tanta sorte, já que a minha família está longe e não pôde vir...

- Se... Quiser, pode se juntar à nós. - Ofereci e percebi que ela estava sorrindo.

- Obrigada, mas... Este vai ser o primeiro Natal que consigo passar com as minhas amigas. Sempre cada uma vai para um lado...

- Ah... Sem problemas. - Garanti. De repente, ouvimos um vozerio e ela grunhiu um pouco fraco.

- Já é meia-noite.

- Bom... Nesse caso... - Saí em busca dela, apesar de estarmos perto um do outro. De repente, toquei algo morno e macio e me dei conta que era a mão dela.

- Espera. Fica quieto por um instante, por favor. - Pediu. Não me mexi e ela conseguiu me abraçar. Me surpreendi por ela ser mais alta do que eu imaginava. Quer dizer, era mais baixa que eu, mas... Enfim, deu para entender. De repente, começamos a ouvir uma música de Natal estranha e erguemos as cabeças para ver um daquele visco, aparentemente de plástico e com a bateria fraca. Ela suspirou e disse:

- Eu vou matar minha amiga. Ela que pendurou essa porcaria aí em cima e...

- Acho que a gente tem que seguir com a tradição... - Arrisquei. - Isto é... Você não tem namorado, tem?

Riu fraco e disse:

- Não. E você? Tem namorada?

- Não. E por mim...

- Ok... Deixa só...

Percebi que se esticou um pouco e me inclinei na sua direção. Como ia conseguir achar a sua boca naquela escuridão toda... Era um mistério. Por sorte, a porta tinha um vidro. E alguém passou por ali segurando uma vela. Mesmo com a pouca iluminação, consegui ser rápido o bastante para não errar e a beijei. De cara, senti que sua boca era carnuda e, claro que não perdi a oportunidade para mordê-la de leve. Em resposta, ela entrelaçou os dedos no meu cabelo e os puxou de leve. Com a outra mão, arranhava a minha nuca e tinha certeza que, se demorasse mais um pouco, não ia conseguir me segurar. Era estranho. Nem ao menos sabia como ela era (Principalmente porque só me preocupei em ver onde ela estava) e me sentia completamente atraído por essa garota.

Quando nos separamos, ambos ofegantes, ouvimos uma movimentação em que pareciam ter se dado conta do nosso sumiço e perguntei:

- Qual é o seu nome?

- . - Respondeu. - E o seu?

Hesitei por um instante e respondi:

- .

Sabia que ela estava sorrindo e, graças à confusão, pude “sumir” sem que ela percebesse. Era melhor que não soubesse quem eu era, senão não queria nem imaginar o que ia acontecer caso descobrisse...

[/Flashback]



Estava me lembrando do último Natal, sentada à beirada da janela quando notei o chegando perto de mim. Perguntou:

- O que foi?

- Estava... Lembrando de uma coisa que me aconteceu no ano passado.

- O que era?

Respirei fundo.

- Eu fiquei com um cara.

- Não era o ?

Neguei. Franziu as sobrancelhas e disse:

- E como ele se chamava? Você sabe?

- .

Fez uma cara engraçada e perguntou:

- Você não trabalhou no bar ano passado, em pleno dia de Natal, trabalhou?

Concordei.

- O Stephen nos fez usar uma roupa de elfo que era até bonitinha, junto de umas próteses de orelhas e umas botas que as meninas nem sonham que eu guardei. Eram pretas, de salto e com pontinhas viradas para dentro.

- Ok... - Assentiu lentamente.

- O que foi?

- Você por um acaso se lembra de alguma outra coisa desse tal de Will?

- Era fumante, mais alto. E a voz dele era parecida com a sua. Por quê?

Me olhou e na mesma hora a ficha não caiu. Despencou em queda livre.

- Eu não acredito! - Exclamei, batendo no seu ombro enquanto ele ria.

- Quem diria, hein?

- Por que você não me falou nada?

- Você nunca tocou no assunto... Até achei que não se lembrava... - Respondeu, sorrindo.

- Meu Deus! Então o nosso primeiro beijo não foi em Las Vegas, mas em Londres... As meninas vão surtar se eu contar para elas.

- Filma e depois me mostra.

Ri e concordei.

- A propósito... - Falou, mexendo no bolso da jaqueta. Prendeu algo na janela e, assim que terminou, vi que era o mesmo visco que a Nicola tinha prendido acima da porta. - Me lembra de agradecer à Nicola por ter guardado.

Sorri e ele disse:

- Acho que a gente tem que seguir com a tradição... Isto é... Você não tem namorado, tem?

- Não. E você? Tem namorada?

- Não. E por mim...

Sorri e claro que nos beijamos.

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - Especial de Natal


Raise up the cups of Christmas cheer

E, de repente, nós rimos muito
E percebemos o que havia acontecido
A magia do Natal deu a esta história
Um final muito feliz

(Spice Girls - Christmas Wrapping)

Luiza

[Flashback - Um ano antes]

Ok. Pode falar que eu sou louca, mas sabe quando você começa a desconfiar que tudo tá dando errado, não por culpa daquele infeliz do Murphy, mas por pura obra do destino? Tipo, meus planos para aquele Natal eram ir para Roma, ficar com a família, comer todas aquelas coisas absurdamente engordativas e, para perder todos aqueles quilos que havia ganhado, ia levar os Pugs da Nicola para passear. Sem falar que ia queimar muitas calorias dançando no balcão, como sempre. E o principal detalhe: O Alex ia ficar em Londres e íamos nos ver quando eu voltasse. As meninas iam para as respectivas casas e beleza. Só que a Lee, mãe do Alex, teve a brilhante ideia de fugir do frio londrino e arrastou os filhos (O Alex tinha um meio irmão) para um lugar onde estava longe de ser frio: Sydney. Eu sabia que a Lee tinha uma irmã que morava lá e, por isso, para fugir do inverno... Foi ver os cangurus de perto. Resultado? Já estava na abstinência por uns dias. Ia ficar mais de mal humor que antes. Mal humor que foi piorado quando o meu voo para Roma foi cancelado por causa de uma nevasca daquelas. Ou seja? Ia ficar sozinha em Londres em pleno Natal...

... Isso até a Deborah e a Lillian, mães das meninas, terem a brilhante ideia de virem a Londres com toda a turma e almoçar na casa do Charlie, que era suficientemente espaçosa. O Stephen, no entanto, decidira que ia abrir o bar de um jeito ou de outro. Ainda mais que estava falando para quem quisesse ouvir que ia ser diferente...

Afora isso, eu estava sentindo que alguma coisa ia acontecer. Era a primeira vez na vida que aquele sentimento aparecia e era estranho, não tinha como negar. Estava cismada, como sempre, e as meninas perceberam isso. Não falaram um A enquanto nos arrumávamos para ir ao bar e elas sabiam que, quando eu quisesse, ia falar com as duas.

Quando estávamos prontas, olhamos uma para a outra e a Di perguntou:

- Só eu que estou com um instinto assassino para com nosso chefe?

Rimos e falei:

- Ok. Ideia: Sobretudo por cima das roupas e botas comuns. Essas de elfos a gente leva numa bolsa grande e troca quando chegar lá. Quem concorda... Fala Louboutin.

- Louboutin! - As duas disseram ao mesmo tempo e eu fui buscar a bolsa enquanto elas providenciavam os casacos. Estávamos vestidas como ajudantes sexies de Papai Noel, com meias-calças listradas de branco e vermelho. A fantasia não era feia. O problema era andar pela rua vestida com ela. E a bota com a ponta curvada e guizo. A bota era demais. Era implorar para o povo rir da nossa cara.

De repente, ouvi a Di falando:

- As orelhas! Alguém viu as orelhas?

Ergui o olhar e vi as orelhas pontudas sobre a minha mesa. Estava encarregada de tentar achar um jeito de fixa-las melhor e decidi levar para colarmos no bar. Pus na bolsa e, depois de avisar as meninas, a Lola me entregou o sobretudo e trocamos as botas. Assim que saímos, depois de certificar que não tínhamos nos esquecido de nada, fomos até a estação de metrô, tentando segurar o riso e a Di falou, quando estávamos descendo as escadas:

- Imagina se alguém tenta roubar a gente? A frustração que vão ficar ao abrir a bolsa e encontrar três pares de sapatos de elfos?

Conseguimos nos manter sérias.

Logo que chegamos ao bar, o Stephen não estava à vista e corremos para o nosso cantinho e trocamos as botas e colocamos as orelhas. Às dez, o bar abriu e já estávamos à postos. Fizemos alguns vários drinks e, quando estava perto das onze, nosso chefe nos mandou subir no balcão.

- Vejam pelo lado positivo. - Falei, tentando animar as meninas enquanto checávamos os microfones. - Pelo menos a gente não está como a Caroline e as outras...

As duas olharam para um pequeno grupo de Coyotes que tinham sido obrigadas a se vestirem de renas. Assim, a fantasia não era feia. O problema eram os arcos com galhos de pelúcia e a pior parte: Os narizes tiveram de ser pintados de vermelho.

- Vejam pelo lado positivo: Se a gente jogar o Stephen no Tâmisa... A gente perde a casa. - A Lola disse.

- E desde quando isso é positivo? - Perguntei.

- Ele fica vivo e a gente fica com a casa. - Respondeu sorrindo.

- Okay... - Falei, assentindo. Quando já estava tudo pronto, ouvimos os primeiros acordes da música e cantei, dançando meio de lado e fazendo um passinho que consistia em bater cada pé uma vez:

Jingle bell, jingle bell
(Toca o sino, toca o sino)
Jingle bell rock
(Toca o embalo do sino)
Jingle bell swing
(O sino toca e balança)
And jingle bells ring
(E os sinos tocam)

Logo, a Di, que estava atrás de mim, cantou também:

Snowing and blowing
(Nevando e ventando)
Up bushels of fun
(um monte de diversão)

E nós três cantamos, mexendo os quadris de um lado para o outro e quase perdendo o controle sobre o riso:

Now the jingle hop has begun
(Agora a dança do sino começou)

Será que podia ficar pior?

Bill

Quando o Tom cismou em vir para Londres e tentar encontrar a garota do bar, não imaginávamos que ela ainda estaria lá e trabalhando em plena noite de Natal. E vestida de elfo. Ela e mais duas amigas quase não aguentavam e riam da própria apresentação. Estava realmente... Bonitinha justamente por isso. A garota que tinha cantado primeiro tinha chamado minha atenção. Não por ser tão branca quanto a ruiva. Mas... Havia algo de hipnotizante nela. Não sabia dizer o que era, exatamente. Mas ela conseguia ser... Cativante. Essa era a palavra.

Elas dançavam em perfeita sincronia, embora a música fosse uma daquelas clássicas de Natal e o arranjo não fosse monótono. Assim que acabou, outra começou, só que muito mais animada e o Tom disse:

- Estou começando a sentir dó dessas meninas... Além de trabalhar em pleno Natal, ainda têm que ficar apresentando esse tipo de coisa.

De graça, elas se juntaram às colegas de trabalho que subiram ao balcão e ficaram lado a lado. De repente, começaram a dar tipo um chute no ar e só então, percebi que elas usavam botas com as pontas curvadas, como as dos elfos.

- Espero que o chefe delas realmente esteja pagando muito bem para que façam isso. - O meu irmão falou e sorri fraco.

Depois da apresentação, elas sumiram por uns instantes e, entre uma coisa e outra, me distraí e não vi mais a garota. Estávamos em uma área reservada do bar e, portanto, apesar vermos todo mundo, o contrário não acontecia. Perto da meia-noite, quando eu precisei ir ao banheiro, um dos funcionários me avisou que eu teria de usar o outro, já que o que estava perto de onde estávamos tinha dado problema. Então, evitando ao máximo de ser reconhecido, fui na direção que tinha me sido indicada e, logo que fechei a porta... Acabou a luz. Não fosse o suficiente...

- Ai, tá de sacanagem comigo! - Ouvi uma garota dizer.

Ela pareceu perceber que eu estava ali e perguntou:

- Di? É você?

Pigarreei e a minha garganta doeu. Acho que essa viagem para Londres não foi uma boa ideia...

- Na realidade... Eu estava precisando usar o banheiro, se você não se importar. Um cara me falou que o outro banheiro está quebrado...

- Ah... Ok. - A ouvi dizer e, com o celular, consegui encontrar uma das cabines. Perguntei:

- Desculpa, mas... Onde você está?

Houve um instante de silêncio e disse:

- Terminando de me arrumar. Tem medo do escuro?

- Não. Só... Não quero que... Aconteça algum acidente.

A ouvi fazer um barulho, como se estivesse rindo e ela saiu. Usei o banheiro e, logo que terminei de lavar as mãos, ouvi um barulho e perguntei:

- Tem alguém aí?

- Sou eu ainda! - A garota falou. - E eu realmente espero que você não sofra de claustrofobia, porque essa porcaria de porta acabou de bater e emperrar. Estou tentando avisar o Stephen.

- Stephen? - Perguntei.

- Dono do bar. - Ela respondeu. De repente, falou um palavrão.

- O que houve?

- A bateria do meu celular acabou.

- Quer o meu emprestado?

- Ah... Obrigada, mas já consegui mandar a mensagem. - Respondeu. Consegui encontra-la e não consegui controlar a curiosidade:

- Você estava cantando em cima do balcão?

- Estava. Com as botas e orelhas de elfo, meias listradas e tal.

- Vocês usaram orelhas de elfo?

- É. Ossos do ofício.

Ficou quieta por um instante e, quando tornou a falar, quis saber:

- Veio sozinho?

- Não. Meu irmão, minha mãe e meu padrasto estão com a gente. E você?

- É... Não tive tanta sorte, já que a minha família está longe e não pôde vir...

- Se... Quiser, pode se juntar à nós. - Ofereci e percebi que ela estava sorrindo.

- Obrigada, mas... Este vai ser o primeiro Natal que consigo passar com as minhas amigas. Sempre cada uma vai para um lado...

- Ah... Sem problemas. - Garanti. De repente, ouvimos um vozerio e ela grunhiu um pouco fraco.

- Já é meia-noite.

- Bom... Nesse caso... - Saí em busca dela, apesar de estarmos perto um do outro. De repente, toquei algo morno e macio e me dei conta que era a mão dela.

- Espera. Fica quieto por um instante, por favor. - Pediu. Não me mexi e ela conseguiu me abraçar. Me surpreendi por ela ser mais alta do que eu imaginava. Quer dizer, era mais baixa que eu, mas... Enfim, deu para entender. De repente, começamos a ouvir uma música de Natal estranha e erguemos as cabeças para ver um daquele visco, aparentemente de plástico e com a bateria fraca. Ela suspirou e disse:

- Eu vou matar minha amiga. Ela que pendurou essa porcaria aí em cima e...

- Acho que a gente tem que seguir com a tradição... - Arrisquei. - Isto é... Você não tem namorado, tem?

Riu fraco e disse:

- Não. E você? Tem namorada?

- Não. E por mim...

- Ok... Deixa só...

Percebi que se esticou um pouco e me inclinei na sua direção. Como ia conseguir achar a sua boca naquela escuridão toda... Era um mistério. Por sorte, a porta tinha um vidro. E alguém passou por ali segurando uma vela. Mesmo com a pouca iluminação, consegui ser rápido o bastante para não errar e a beijei. De cara, senti que sua boca era carnuda e, claro que não perdi a oportunidade para mordê-la de leve. Em resposta, ela entrelaçou os dedos no meu cabelo e os puxou de leve. Com a outra mão, arranhava a minha nuca e tinha certeza que, se demorasse mais um pouco, não ia conseguir me segurar. Era estranho. Nem ao menos sabia como ela era (Principalmente porque só me preocupei em ver onde ela estava) e me sentia completamente atraído por essa garota.

Quando nos separamos, ambos ofegantes, ouvimos uma movimentação em que pareciam ter se dado conta do nosso sumiço e perguntei:

- Qual é o seu nome?

- Izzy. - Respondeu. - E o seu?

Hesitei por um instante e respondi:

- Will.

Sabia que ela estava sorrindo e, graças à confusão, pude “sumir” sem que ela percebesse. Era melhor que não soubesse quem eu era, senão não queria nem imaginar o que ia acontecer caso descobrisse...

[/Flashback]

Luiza

Estava me lembrando do último Natal, sentada à beirada da janela quando notei o Bill chegando perto de mim. Perguntou:

- O que foi?

- Estava... Lembrando de uma coisa que me aconteceu no ano passado.

- O que era?

Respirei fundo.

- Eu fiquei com um cara.

- Não era o Alex?

Neguei. Franziu as sobrancelhas e disse:

- E como ele se chamava? Você sabe?

- Will.

Fez uma cara engraçada e perguntou:

- Você não trabalhou no bar ano passado, em pleno dia de Natal, trabalhou?

Concordei.

- O Stephen nos fez usar uma roupa de elfo que era até bonitinha, junto de umas próteses de orelhas e umas botas que as meninas nem sonham que eu guardei. Eram pretas, de salto e com pontinhas viradas para dentro.

- Ok... - Assentiu lentamente.

- O que foi?

- Você por um acaso se lembra de alguma outra coisa desse tal de Will?

- Era fumante, mais alto e tinha spiderbites. E a voz dele era parecida com a sua. Por quê?

Me olhou e na mesma hora a ficha não caiu. Despencou em queda livre.

- Eu não acredito! - Exclamei, batendo no seu ombro enquanto ele ria.

- Quem diria, hein?

- Por que você não me falou nada?

- Você nunca tocou no assunto... Até achei que não se lembrava... - Respondeu, sorrindo.

- Meu Deus! Então o nosso primeiro beijo não foi em Las Vegas, mas em Londres... As meninas vão surtar se eu contar para elas.

- Filma e depois me mostra.

Ri e concordei.

- A propósito... - Falou, mexendo no bolso da jaqueta. Prendeu algo na janela e, assim que terminou, vi que era o mesmo visco que a Nicola tinha prendido acima da porta. - Me lembra de agradecer à Nicola por ter guardado.

Sorri e ele disse:

- Acho que a gente tem que seguir com a tradição... Isto é... Você não tem namorado, tem?

- Não. E você? Tem namorada?

- Não. E por mim...

Sorri e claro que nos beijamos.

sábado, 19 de dezembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 40º capítulo - Interativa








40. Algumas pessoas se escondem de seus desejos

Mas nós somos os amantes
Se você não acredita em mim
Então olhe dentro dos meus olhos
Porque o coração nunca mente

(McFly - The heart never lies)



- Senhores passageiros, pedimos que deixem seus cintos afivelados para a aterrissagem. - A voz de uma das comissárias pediu, através de uma daquelas caixas de som. Como eu raramente saía do meu lugar, então nem precisei me dar ao trabalho de fazer como a maioria das pessoas ali, que soltavam os cintos quando o alerta luminoso se apagava. Logo, o avião começou a descer, fazendo com que as nuvens ficassem cada vez mais espessas e quase imediatamente, pude ver toda a área do aeroporto. Espiei pela janela e achei engraçado como da outra vez o céu me pareceu tão mais azul e límpido...

Assim que o avião finalmente aterrissou, pude desafivelar aquele cinto e, por ter escolhido um lugar perto da porta, então fui uma das primeiras a sair. Fiquei esperando as malas ao lado da esteira e, tão logo as reconheci, peguei todas e coloquei no carrinho. Em seguida, fui andando até o portão de desembarque. Respirei fundo, ignorando as pessoas que estavam ali, esperando pelos outros que também estavam chegando de viagem. Andei por todo o saguão até chegar à área dos táxis. Encontrei um vazio e o motorista perguntou, assim que terminou de me ajudar com as bagagens:

- Per dove, signorina?

- Via di San Giovanni in Laterano, per favore.

Ele assentiu e ligou o carro.

Durante todo o trajeto, fiquei observando a paisagem mudar de apenas alguns campos verdes, depois com algumas casas aparecerem aqui e ali e, aos poucos, a cidade aparecendo.

Assim que o táxi parou em frente ao portão do prédio, o motorista me ajudou a levar as malas para o meu apartamento e, depois que o paguei, ele foi embora. Dei uma olhada ao meu redor e, respirando fundo e tentando manter meu autocontrole, fui até o banheiro, deixando as minhas coisas onde estavam. Me despi enquanto deixava a banheira encher. Encarei meu próprio reflexo no espelho e percebi que o brilho no meu olhar que estava sempre presente em Los Angeles parecia ter se apagado. Controlando o choro, engoli em seco e senti um bolo se formar na minha garganta. Secando uma lágrima que escorreu de teimosia pela minha bochecha, fui até a banheira e me enfiei na água. Prendi a respiração e imergi, ficando ali pelo tempo que consegui aguentar. Ou seja? Pouquíssimo. E quando emergi, tossindo, notei que também estava chorando e não era pouco. A quem eu queria enganar com aquela pose toda de durona? Era óbvio que, à uma hora daquelas, não queria estar sozinha no apartamento de Roma. Desejei, mais que nunca, que ele estivesse ali e aquilo só fez piorar meu choro.

Dominada pelo cansaço e a tristeza, só sei que tomei um susto daqueles quando vi o entrando no banheiro e me chamando, numa tentativa de me acordar. Quando finalmente consegui abrir os olhos, perguntei, com a voz fraca:

- Como... Como você conseguiu entrar aqui?

- Tenho uma chave extra, lembra? - Perguntou, sorrindo. - Anda, vem que eu te ajudo.

Pegou a toalha e, meio a contragosto, me levantei dali. Senti que me envolveu e abraçou e disse:

- Não fica assim... Com o tempo vai melhorar, você vai ver.

Neguei com a cabeça e me ajudou a ir até o quarto. Secou quase todo meu corpo e me ajudou a me vestir. Em seguida, deu um jeito no meu cabelo molhado e, tão logo terminou de secá-lo também, me deitei na cama e, passados alguns minutos, senti que fez o mesmo, me abraçando pela cintura.

- Se eu pudesse, ficaria com essa dor.

- Estou me odiando tanto por ter me deixado envolver com ele... - Respondi e o suspirou. Em seguida, beijou minha bochecha e disse:

- Não se odeie.

Respirei fundo e concordei. Depois daquilo, o não disse mais nada. Apenas ficou ali, velando meu sono.

Aquela primeira semana passou até relativamente rápida. Parecia que a dor que sentia ia diminuindo, ainda que lentamente. Todos os dias, acordava, fazia uma xícara de café e ficava um bom tempo observando o movimento da rua de trás. Vez ou outra, saía e sempre à noite, jantava com o em alguma cantina ali perto. A companhia dele me fazia muito bem. Por mais que meu sentimento por ele tivesse se transformado em amizade (e eu sentia que era recíproco), ainda sim não conseguia imaginar passar mais tanto tempo sem tê-lo ao meu lado, sempre me fazendo rir nas horas certas e me consolando quando era necessário.

O tempo foi passando e, quando me dei conta, estávamos quase em setembro. Andávamos até a Fontana di Trevi, em pleno sábado à noite e um pouco mais altos graças à um vinho que havíamos tomado durante o jantar. Havíamos ido a um restaurante onde os garçons simplesmente destratavam os clientes, falando alguns dos piores palavrões.

- E o pior foi a primeira vez que vim aqui com meu pai e uns clientes dele. - Disse. - Na hora em que o garçom nos xingou pela primeira vez... A gente simplesmente não sabia onde enfiar a cara.

Ri até quase chorar, imaginando a pose de seriedade do pai do desabando com o constrangimento, e os clientes com aquela cara de surpresa.

Chegamos à fonte pouco tempo depois e perguntou:

- Quer uma moeda?

Neguei. Abri a bolsa e consegui encontrar uns centavos que estavam perdidos ali. Seguindo a tradição, me virei de costas para a fonte e, fechando os olhos, fiz os pedidos, aproveitando que eram três moedas. Quando abri os olhos, vi que o fazia o mesmo e perguntei:

- Está lembrado que não pode me contar, não é?

Concordou.

- Bom, já fomos xingados hoje, já fizemos os pedidos... Falta alguma coisa?

- Você me avisar à que horas vamos tomar o famoso gelatto.

- A hora em que você acordar, se arruma e me liga. Só passo para te buscar.

Assenti. Fomos andando até o ponto de ônibus.

Cerca de meia hora depois, já estava me deixando em casa e avisou, antes que eu destrancasse as portas duplas que davam para a rua:

- Olha, qualquer coisa que você precisar, me liga. Mesmo. Não importa a hora.

Concordei e pedi:

- Posso... Te pedir pelo menos um beijo de boa noite?

Concordou e ia se inclinar na direção da minha bochecha quando fui mais rápida e segurei seu rosto, o beijando na boca mesmo. Sentia aquela sensação familiar das borboletas, que estavam meio desanimadas. Quando nos separamos, depois de alguns minutos, ele disse, ainda mantendo seu rosto próximo do meu:

- Entra. Vai ser melhor para você.

Sorri fraco e roubei um selinho demorado. Antes de entrar, porém, olhei para a rua e vi um carro preto parado a certa distância e do outro lado da rua. Me pareceu um pouco familiar e o , notando que eu estava meio cismada, perguntou, olhando na mesma direção que eu:

- O que foi?

- , será que não era melhor você entrar um pouco? - Repliquei e ele negou.

- Assim que eu chegar ao hotel, te mando uma mensagem, combinado?

Concordei, ainda hesitando. Entrei em casa e menos de cinco minutos depois, meu celular deu o aviso de mensagem. Peguei o aparelho e li:

Cheguei são e salvo. Te falei...

Aquilo me tranquilizou.

Na manhã seguinte, conforme o prometido, fomos tomar o sorvete e, claro, fizemos bagunça, brincando um com o outro. Só sei que acabei com o rosto coberto de gelatto de limão e descobri que ele tirou uma foto minha sem que eu soubesse. Mais tarde naquela noite, recebi uma mensagem das meninas, me chamando de “criançona” e “Babona”. Mesmo que eu tenha tentado argumentar que a culpa era do , elas não pararam de me provocar.

E assim, os dias que faltavam para setembro chegar se passaram num piscar de olhos e o continuava explorando Roma comigo.

No dia 31 de agosto, ele prometeu que iríamos dar um jeito de visitar o Coliseu. Só que, na noite anterior, ele desmarcou a saída por causa do trabalho. Sendo assim, decidi ir dar uma volta. Acabou sendo bom, ao contrário do que eu esperava. Fui andando despreocupada e acabei almoçando fora. No final da tarde, quando finalmente cheguei em casa, notei que o mesmo carro preto que vinha aparecendo no mesmo ponto da rua estava ali. Entrei em casa e percebi que já havia alguém ali. Peguei a primeira coisa que podia servir para me defender e comecei a andar pela sala, já me preparando para jogar o que quer que peguei e nem vi o que era. Ouvi um barulho vindo do meu quarto e tirei as sandálias, que eram de salto e me denunciariam. Fui andando até lá e tentando não fazer o qualquer som que fosse. A porta estava entreaberta e vi que a criatura estava sentada sobre minha cama, apesar de ainda não conseguir ver quem era. Consegui entrar no quarto, mesmo com o pouco espaço da porta, e tomei um susto ao reconhecê-lo. Tanto que deixei cair o que havia pegado, o que causou um estrondo daqueles. Imediatamente se virou de frente para mim e contive o ímpeto de ir correndo até ele. Baixei o olhar para ver o que tinha pegado e reconheci um peso de papel que havia ganhado assim que cheguei em Londres.

- Eu... Você não tem ideia do quanto eu estou me odiando por ter deixado você ir embora. - Disse, de repente. - Reconheço que fui um idiota, ainda mais depois que me trouxe de volta à vida.

- Bom, é um pouco tarde para isso.

- Eu sei. O pior de tudo foi ter de te deixar ir. Eu não queria que tivesse saído da minha casa e... Da minha vida. É por isso que eu estou aqui. Cruzei o oceano por sua causa e não vou desistir tão facilmente assim de você. Não depois de tudo o que passei ao seu lado. Já te perdi uma vez e não estou nem um pouco disposto a cometer o mesmo erro de novo.

- Não entende que essa não é a questão? É muito mais do que simplesmente atravessar o Atlântico e me jurar que não vai desistir de mim.

- Eu sei. - Disse, andando na minha direção. - E é por isso que eu vim. Para principalmente te pedir uma nova chance, de começar do zero.

Hesitei por um instante e ele continuou a se aproximar.

- Acredita em mim quando te digo que nenhuma outra mulher me fez sentir o que sinto por você.

Parou na minha frente e me olhou fixamente.

- Se lembra de uma coisa que você me pediu depois que a gente... Que eu só deveria te dizer que te amo quando tivesse certeza disso? - Concordei. - Então. Em nenhuma das vezes em que te falei estava sendo leviano. E nem agora. Ich liebe dich, .

Tentei controlar o choro, mas não consegui.

- Eu te odeio. - Respondi e ele riu, envolvendo minha cintura com seus braços.

- Odeia por te fazer me amar?

Assenti e ergueu o meu queixo.

- É. - Respondi e ele manteve o sorriso. Começou a acariciar minha bochecha e, aos poucos, assumiu uma expressão de seriedade.

- ... Me dá outra chance, por favor. - Pediu e suspirei.

- Primeira coisa: Se pisar na bola, não vai ter uma terceira vez. E segunda... Tenta não ficar chato demais. Não costumo dar segunda chance.

Voltou a sorrir e puxou meu rosto na direção do seu. Lentamente fechei os olhos e não demorei a sentir sua boca na minha. Seus dedos, que antes acariciavam meu rosto, se entrelaçaram nos meus cabelos e os puxaram de leve. Não demorou muito para que se transformasse num beijo mais intenso e, quando dei por mim, estava me puxando para mais perto, se é que aquilo era possível. De repente, começou a andar, provavelmente em busca da cama e, assim que senti a madeira bater na parte de trás dos meus joelhos, fez com que eu me deitasse e, automaticamente, ficou por cima de mim. Deixou de beijar meus lábios para ir explorando cada mínimo pedaço do meu pescoço, quase me fazendo perder o pouco de autocontrole que ainda me restava quando senti sua barba raspar de leve o ponto crítico próximo à minha orelha. Ao mesmo tempo, sentia sua mão passear livremente pela minha perna, ameaçando se aproximar cada vez mais da minha virilha, fazendo com que eu me arrepiasse e até estremecesse. Puxou meu quadril de encontro ao seu e, graças ao encaixe dos corpos, senti, mesmo com as barreiras da roupa, seu pênis duro. Instintivamente, movi meu quadril, o provocando e ele gemeu fraco.

- Você quer brincar então? - Perguntou, reaproximando a boca da minha orelha e senti uma pontada de medo. Mas no estado que eu estava, cada vez mais ansiosa para que ele finalmente estivesse em mim, estava disposta a encarar uma provocação. Mordi o lábio e concordei enquanto ele deslizava a mão lentamente pelo meu tronco até achar a barra da minha blusa. Começou a erguê-la, descobrindo a minha barriga e acariciando a minha pele tão delicadamente como se fosse feita de porcelana. Quando faltava pouco para descobrir meu busto, ele parou e com essa mesma mão, começou a descer as alças da blusa que eu usava. Recomeçou a beijar meu pescoço, passando pela base e colo até chegar, primeiro no ombro esquerdo e refez a trilha até o direito. Logo, tirou a minha blusa e ficou me observando por alguns instantes. Quando voltou a se inclinar na minha direção, beijou a minha boca mais uma vez e, agora, mais intensamente. Comecei a tirar a sua camiseta e ele não gostou muito de ter de interromper o beijo, mas não tinha jeito.

À medida que ia tirando a minha roupa e ia revelando mais e mais da minha pele, me tocava de um jeito, fosse com as mãos, fosse com a boca, que parecia que sua vida dependia daquilo. Senti que estava sendo mais carinhoso (Mas não menos sensual) do que nunca. A prova disso foi que, quando senti sua boca no meu seio, não contive um gemido e cravei as unhas nos seus ombros. Arqueei as costas conforme os estímulos iam surtindo efeito e eu já sentia a excitação aumentando, bem como o calor quase insuportável se espalhando pelo meu corpo. Continuou com o caminho de beijos por toda a minha barriga e, querendo fazer um pouco de graça, a mordeu de leve. Começou a beijar o baixo-ventre e, como antes, foi tirando a saia que eu usava e beijava todo e qualquer pedaço de pele que aparecia. Senti que enganchou os dedos nas laterais da calcinha que eu usava também e a tirou junto com a saia. Me olhava fixamente e estava sério.

- O que foi? - Perguntei e ele, sem dizer mais nada, começou a acariciar a minha cintura, a apertando vez ou outra. Uma coisa que eu tenho que admitir que amava era a sensação das suas mãos em mim. Não importa se ele só tocava levemente meu braço para conseguir minha atenção numa conversa com mais pessoas, ou quando ele me tocava... Bom, lá.

Quando ele começou a me masturbar, usando também o polegar para fazer círculos no meu clitóris, ofeguei. Por ter sido impossível manter os olhos abertos, não vi que ele estava com o rosto perto do meu de novo até que puxou meu lábio com os dentes. Me mexi, tentando fazer com que ele alcançasse os pontos certos e aquilo parecia ainda mais tortuoso. Depois de alguns minutos, quando aquela sensação de que estava perto do meu limite começou a aumentar rapidamente, tentei segurar seu pulso e afastá-lo, mas não consegui; A única coisa que fiz foi gemer.

Esperei alguns poucos segundos até que conseguisse me recuperar um pouco (E ele não me ajudou em nada, roubando aqueles beijos mais... Arrebatadores) e, quando tive certeza que ia conseguir, dei uma guinada com o corpo, fazendo com que o ficasse por baixo de mim. Sem muita paciência, fiz a mesma coisa que ele, tirando a boxer junto com a calça antes de me inclinar sobre seu corpo e roubar um beijo nada comportado. Não resisti e mordi de leve a sua bochecha, fazendo com que risse fraco. Continuei com o caminho até chegar perto da sua orelha. Mordi o lóbulo e, de propósito, respirei um pouco mais forte, percebendo que ele tinha se arrepiado. Sorri, satisfeita, e recomecei a beijar o seu pescoço, passando pelo peito e a barriga, sempre sendo observada por ele. Quando estava chegando perto da tatuagem de estrela, ergui o rosto e dei um meio sorriso. Por um instante, me pareceu que seus olhos estavam mais escuros e me sentei, colocando uma perna de cada lado do seu corpo e deixei as unhas passearem livremente pela sua barriga, que começou a se contrair depois de algum tempo. Perguntou:

- É impressão minha ou você está deliberadamente me torturando?

Sorri e falei:

- Já que achou ruim...

Em seguida, segurei o seu pênis e comecei a masturba-lo, de vez em quando, movendo mais rápido e, logo depois, movendo mais lentamente. Aquilo estava uma verdadeira tortura para ele e, só para piorar sua situação, me debrucei e o pus na boca. Usei a língua para ajudar nos estímulos, ao mesmo tempo em que o sugava e, soltando uma das mãos, comecei a usá-la para “brincar” com seus testículos. Claro que, com tudo aquilo, ele não resistiu por mais tempo e, quando estava perto do seu limite, me afastou dali e se deitou em cima de mim. Não me beijou, mas deixou o rosto muito perto do meu e me fixava. Senti que deslizava lentamente para dentro de mim e começou a investir também sem pressa. Depois de alguns minutos, quando começou a ir mais rápido, não aguentei e roubei um beijo. Ele retribuiu da maneira mais sensual possível e o puxei para mais perto.

Depois de algum tempo, ele não conseguiu mais se mover tão lento e, inclusive, parou com a delicadeza. Apertava minha cintura com certa força enquanto tentava ir mais profundamente e, quando eu sentia que estava cada vez mais perto do clímax, cravei as unhas no seu braço. Só que a situação piorou ainda mais quando ele se inclinou na minha direção e deixou a boca próxima à minha orelha, respirando cada vez mais forte e gemendo rouco. Com uma das mãos, baguncei os seus cabelos e arranhei a sua nuca, como sempre.

Quando finalmente cheguei ao clímax, gemi e parecia que todas as sensações tinham ficado, no mínimo, dez vezes mais intensas. Era ainda mais insuportável que de costume... Quer dizer, não que eu achasse ruim normalmente. Só que... Ah, é inexplicável.

Logo que senti meus músculos relaxando, ele também atingiu seu limite e se largou (Sem liberar totalmente seu peso) em cima de mim, roubando um beijo daqueles mais arrebatadores. Quando se endireitou para me olhar, tinha alguma coisa de diferente. Não sabia explicar direito o que era exatamente, mas seu olhar parecia mais... Soturno.

- Como você conseguiu me achar? - Perguntei.

- Tenho as minhas fontes. Sabia que você tinha vindo para cá depois que... Veio embora de Los Angeles. Não imaginava que o motivo de você querer vir para cá é o apartamento que sua avó morou quando criança...

- E qual outro motivo me faria vir para cá, além da minha família?

Deu de ombros.

- Talvez algum italiano...

Tive que rir.

- Não... Principalmente porque quem eu gosto nasceu na Alemanha.

Arqueou a sobrancelha de um jeito sugestivo e perguntei:

- Sua fonte tem cabelos ruivos ou loiros?

Fez uma careta e disse:

- Desiste. Não vou te falar quem é.

- Só duas pessoas sabiam que eu queria comprar o apartamento: Nicola e .

Suspirou e entendi.

- Foi o .

Assentiu.

- E eu descobri que era ele, com a ajuda do , quem me mandava aquelas mensagens anônimas no meu celular.

Ergui as sobrancelhas e confessei:

- Eu desconfiava. Principalmente porque o sempre queria saber como a gente estava...

Deu um meio sorriso e perguntou, assumindo uma expressão séria:

- E agora? Como a gente fica?

Respirei fundo e falei:

- Eu sinceramente não sei se sou capaz de... Lidar com a sua vida. Não me entenda mal. Só que eu acho melhor ser honesta do que fingir que está tudo bem quando não está ou ainda te enganar.

Concordou em silêncio.

- Eu não vou desistir de você. - Falou. - Não depois de tudo o que aconteceu entre a gente, ainda mais depois do que acabamos de fazer.

- Eu não quero que você desista. - Admiti. - Só... Preciso de um tempo. Para me adaptar à sua vida. Só isso.

- Eu... Quero te pedir uma coisa. - Olhei para ele, indicando que estava ouvindo. - Quero que, quando o CD for lançado e tudo mais... Quero que você vá comigo na turnê.

Hesitei.

- Não. Me escuta primeiro. Aproveita esse tempo das gravações para se organizar.

Respirei fundo e concordei.

Algum tempo depois, enquanto ele estava dormindo, tomei uma decisão.

Quando estava na cozinha, fazendo chá, não me dei conta de que ele estava parado atrás de mim até sentir seus braços envolvendo minha cintura.

- Tem muito tempo que você acordou? - Perguntou e falei:

- Não dormi.

- Olha para mim.

Respirei fundo e deixei que me virasse de frente para ele. Ergui o olhar e disse:

- Acho melhor a gente conversar depois que você voltar da turnê.

Suspirou e retrucou:

- Eu não consigo entender como você gosta tanto de complicar as coisas que podem ser mais simples.

- Eu não complico. – Retruquei.

- Ah, complica sim. Se fosse qualquer outra...

- É exatamente essa a questão. - O interrompi. - Ainda não viu que não sou como qualquer outra? - Me olhava, sério. - Se eu estou te pedindo esse tempo, não é por medo. É porque eu quero que dê certo e quero saber lidar com... Tudo que um relacionamento com você vai trazer. Você, muito melhor que eu, sabe como é difícil ter de abrir mão de muitas coisas. E é justamente por saber das... Interferências que podem atrapalhar que as chances de cada um ir para um canto aumentam.

Ainda mantinha a expressão séria.

- Achei que já estivesse acostumada por causa do . - Alfinetou.

- O , diferente de você, só aparece nos tablóides ingleses. Não nos do mundo inteiro.

Travou o maxilar.

- Quer saber? Se você não quer... Não vou ficar insistindo. - Falou, saindo da cozinha. O segui até o quarto. Me encostei no batente e o observei enquanto se vestia.

- Eu queria que você parasse de teimosia pelo menos uma vez. - Falou, mas sem me olhar. - Só assim você finalmente entenderia e aceitaria o que eu sinto por você. Se fosse qualquer outra, eu não ia dar a mínima e muito menos teria vindo até aqui, para tentar uma última vez. Mas você é tão insuportavelmente cabeça-dura e teima em negar o fato que eu te amo e insiste em não aceitar que sente o mesmo por mim... E eu sei disso. Principalmente porque só de você ter transado comigo agora há pouco confirma tudo o que estou falando. Sei que, se você não quer, não vai fazer. Como já te disse uma vez... Se realmente não quisesse ficar em Los Angeles, teria ou ido à outro juiz ou teria recorrido da sentença. Desde o primeiro instante em que te vi, soube que era diferente. E talvez por isso que eu quis me casar com você. Foi por ter certeza de que não era como as outras que me apaixonei.

Hesitei. Terminou de vestir a camiseta e veio andando até onde eu estava. Parou a poucos milímetros e disse:

- Não seja egoísta em achar que só você vai fazer sacrifícios.

E passou por mim, indo até a sala. Respirei fundo e, quando ouvi o barulho das chaves, saí correndo até lá. Parou e se virou para me olhar e, sem dizer uma única palavra, fui até ele e parei na sua frente. Ainda em silêncio, beijei sua boca. O , claro, correspondeu imediatamente e suas mãos foram para minha cintura, a apertando com vontade enquanto me puxava para mais perto. Logo, aproveitou que o sofá não estava longe e me guiou para o móvel. Se deitou por cima de mim enquanto deixava suas mãos passearem livremente e sem nenhum pudor pelo meu corpo. Claro que o beijo ficava mais intenso e até mesmo erótico a cada segundo. Passei minhas pernas em torno do seu quadril e ele o moveu lentamente. Não consegui controlar um gemido ao senti-lo começando a ficar duro. Quando passou a beijar meu pescoço, sua mão deslizou para debaixo da blusa que eu usava. (Detalhe: Era só a blusa - enorme - e a calcinha). Apertou minha cintura, descendo pela lateral do meu quadril e passando pela coxa. A apertou também e me puxou para mais perto. Me segurou firme e me ergueu do sofá, indo até o quarto de novo.

Assim que me pôs deitada sobre a cama, se despiu inteiro, inclusive da boxer, e, em seguida, tirou a minha camiseta e a minha calcinha. Uma vez que eu não tinha mais nenhuma peça de roupa restante, me observou por alguns instantes antes de acariciar meu pescoço, descendo pelo colo, os seios, o espaço entre eles até chegar até a barriga. Deslizou a mão para a minha cintura e a acariciou também. Em seguida, refez todo o caminho, só que começando a beijar meu pescoço e chegando até o baixo-ventre. Foi ainda mais carinhoso e detalhista do que da outra vez e, quando eu ia retribuir, me esforcei ao máximo.

Logo que ele deslizou para dentro de mim, sem pressa e com o máximo de cuidado e delicadeza, me beijou lentamente. Manteve esse ritmo calmo das investidas por um tempinho e, quando eu comecei a ficar impaciente, ele começou a acelerar, tentando ir cada vez mais fundo. Quando já não dava mais para continuar com o beijo, cravei as unhas em seu ombro, tentando manter meu autocontrole (Que já era praticamente inexistente) e sufocava alguns gemidos. Por um instante, me pareceu que aquela seria a última vez. Não só a última vez em que eu estaria com ele, mas também, que eu o veria. E o teria em meus braços, ao meu alcance para beijá-lo quando bem entendesse. Tive essa sensação ruim e inquietante e ele percebeu. Tentou manter um novo beijo, mas, graças à falta de fôlego, não conseguimos continuar. Começou a se mover mais depressa a cada segundo que se passava e eu já tinha desistido de me conter e, não resistindo, mordi seu lábio inferior e o puxei de leve.

Não demorou muito para que eu atingisse o clímax e, depois de algum tempinho, foi a vez dele. Se largou ao meu lado e me puxou, fazendo com que ficássemos de conchinha. Pegou a minha mão e começou a brincar, distraído e em silêncio com os meus dedos e, de repente, beijou meu ombro. Fez uma breve trilha pelo pescoço e mordeu o meu lóbulo. Gemi fraco, do mesmo jeito que fazia quando tinha uma pontada de agonia, e ouvi sua risada.

- O que eu faço com você, hein, ?

Sorri e observei o jeito que meus dedos se encaixavam nos seus. O contraste da minha mão com a sua...

- O que você faz? - Perguntei, sem olhá-lo. - Fica o resto do dia aqui comigo. Quando tiver de ir embora... Se preocupa em fazer uma boa turnê. Daí, se for para a gente se reencontrar... Pode saber que não vai ter escapatória.

- Você é teimosa, hein?

Ri fraco e me virei um pouco. Olhando-o de rabo de olho, o provoquei:

- Só foi descobrir agora?

Deu um estalo com a língua e, assumindo uma postura séria, me virei totalmente de frente para ele e falei:

- Não acho que nada do que aconteceu entre a gente foi coincidência. Nem mesmo irmos para Las Vegas, ter aquela confusão dos quartos e...

- Te ver na banheira. - Me interrompeu, sorrindo malicioso.

- É. - Franzi a sobrancelha. - Provavelmente, se tivesse me conhecido de outra maneira, talvez não teria dado certo. Mas enfim. Já cansei de ter provas de que, quando alguma coisa tem que acontecer, pode acreditar que vai. Você está aqui, afinal de contas.

Me olhava.

- Então você não está me pedindo para desistir de você?

Neguei.

- Só... Bom, não é dar um tempo. Mas... Deixar em suspenso. E não ignorar as oportunidades que surgirem. Sejam elas conforme o esperado ou... O inesperado. Não quero que você deixe de viver a sua vida, justo agora, para me esperar, sendo que pode ser que a gente se esbarre por aí. Como pode ser que você nunca mais vai me ver.

- E a Nadine e o ?

- Eu sei. Pode ser que ele consiga o mesmo feito do Charlie e se case com ela. Como pode ser que terminem tudo. E pode ser que eu brigue com a Nadine e não tenha mais volta. Não estou falando que isso obrigatoriamente vai acontecer. Pode ser que sim, como pode ser que não. O que eu quero é que você me prometa que não vai acontecer a mesma coisa de quando você quase se casou. Promete?

Assentiu.

- Acho que um terceiro round podia ser na banheira que tem ali... - Indiquei o banheiro e ele riu.

Na manhã seguinte, claro que foi difícil para nós dois nos despedirmos um do outro. Antes que ele fosse embora, pedi que esperasse e fui correndo até o quarto. Peguei a minha caixa de bijuterias e procurei por um anel que eu sabia que ele tinha gostado. Corri de volta para a sala e falei com ele, colocando o acessório na palma da sua mão:

- Não importa se você tiver que ir atrás de mim para me entregar esse anel ou se ele só for servir de... Lembrança... Quero que fique com ele. E não aceito devoluções e nem recusas por agora.

Sorriu fraco e perguntou:

- Posso fazer um último pedido?

Assenti.

- Me beija?

Sorri timidamente e fiquei na ponta dos pés, atendendo ao seu pedido imediatamente. Depois de alguns minutos, quando íamos perdendo o controle, a despedida foi inevitável.

Assim que fechei a porta, não me sentia tão triste como quando havia chegado, embora tivesse quase certeza de que aquela era a última vez que nos veríamos. Naquela tarde, quando o apareceu, claro que “briguei” com ele por não ter me contado que o estava em Roma. Depois que parei de xingá-lo, perguntou:

- E agora? O que acontece?

Dei de ombros. Não tinha certeza do meu futuro sozinha... Quiçá com o ...

- O que acontece é que eu vou voltar para Londres.

- E o apartamento?

- Este? - Perguntei e ele assentiu.

- Vou alugar. A minha vida está em Londres, não em Roma.

Ficou sério e quis saber:

- Como você pode ter tanta certeza que não é em Los Angeles?

Respirei fundo e falei:

- Porque eu acho que ainda não estou pronta para... Uma vida ao lado dele. - Respondi. - Você e as meninas me xingam por não ter largado tudo e feito como a Nadine, só que o problema é justamente porque eu tive uma amostra do que é viver ao lado de alguém como o .

- Quer saber o que eu acho? - Olhei para ele, como se incentivasse a continuar. - Que você está com medo. Não só de dar uma chance para o cara, mas de tudo. Eu te conheço muito melhor que as meninas e por isso que posso falar com essa autoridade. Você tem medo.

Travei o maxilar e falei:

- Acha o que você quiser. O que eu sei é que ele tem que terminar esse bendito álbum e sair em turnê. E eu... Bom, vou continuar a ser o que era antes. Uma Coyote.

Sabendo que não ia adiantar muita coisa continuar naquela discussão comigo, acabou dando o braço a torcer. Se ofereceu para ajudar com as coisas quando voltasse para Londres.

E em menos de uma semana, já estávamos de volta. Assim que entrei no apartamento que eu dividia com as meninas, estava vazio e me senti estranha. Não sabia explicar o motivo, mas tinha certeza que dali para a frente... As coisas seriam muito diferentes...

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 40º capítulo


Algumas pessoas se escondem de seus desejos

Mas nós somos os amantes
Se você não acredita em mim
Então olhe dentro dos meus olhos
Porque o coração nunca mente

(McFly - The heart never lies)

Luiza

- Senhores passageiros, pedimos que deixem seus cintos afivelados para a aterrissagem. - A voz de uma das comissárias pediu, através de uma daquelas caixas de som. Como eu raramente saía do meu lugar, então nem precisei me dar ao trabalho de fazer como a maioria das pessoas ali, que soltavam os cintos quando o alerta luminoso se apagava. Logo, o avião começou a descer, fazendo com que as nuvens ficassem cada vez mais espessas e quase imediatamente, pude ver toda a área do aeroporto. Espiei pela janela e achei engraçado como da outra vez o céu me pareceu tão mais azul e límpido...

Assim que o avião finalmente aterrissou, pude desafivelar aquele cinto e, por ter escolhido um lugar perto da porta, então fui uma das primeiras a sair. Fiquei esperando as malas ao lado da esteira e, tão logo as reconheci, peguei todas e coloquei no carrinho. Em seguida, fui andando até o portão de desembarque. Respirei fundo, ignorando as pessoas que estavam ali, esperando pelos outros que também estavam chegando de viagem. Andei por todo o saguão até chegar à área dos táxis. Encontrei um vazio e o motorista perguntou, assim que terminou de me ajudar com as bagagens:

- Per dove, signorina?

- Via di San Giovanni in Laterano, per favore.

Ele assentiu e ligou o carro.

Durante todo o trajeto, fiquei observando a paisagem mudar de apenas alguns campos verdes, depois com algumas casas aparecerem aqui e ali e, aos poucos, a cidade aparecendo.

Assim que o táxi parou em frente ao portão do prédio, o motorista me ajudou a levar as malas para o meu apartamento e, depois que o paguei, ele foi embora. Dei uma olhada ao meu redor e, respirando fundo e tentando manter meu autocontrole, fui até o banheiro, deixando as minhas coisas onde estavam. Me despi enquanto deixava a banheira encher. Encarei meu próprio reflexo no espelho e percebi que o brilho no meu olhar que estava sempre presente em Los Angeles parecia ter se apagado. Controlando o choro, engoli em seco e senti um bolo se formar na minha garganta. Secando uma lágrima que escorreu de teimosia pela minha bochecha, fui até a banheira e me enfiei na água. Prendi a respiração e imergi, ficando ali pelo tempo que consegui aguentar. Ou seja? Pouquíssimo. E quando emergi, tossindo, notei que também estava chorando e não era pouco. A quem eu queria enganar com aquela pose toda de durona? Era óbvio que, à uma hora daquelas, não queria estar sozinha no apartamento de Roma. Desejei, mais que nunca, que ele estivesse ali e aquilo só fez piorar meu choro.

Dominada pelo cansaço e a tristeza, só sei que tomei um susto daqueles quando vi o Alex entrando no banheiro e me chamando, numa tentativa de me acordar. Quando finalmente consegui abrir os olhos, perguntei, com a voz fraca:

- Como... Como você conseguiu entrar aqui?

- Tenho uma chave extra, lembra? - Perguntou, sorrindo. - Anda, vem que eu te ajudo.

Pegou a toalha e, meio a contragosto, me levantei dali. Senti que me envolveu e abraçou e disse:

- Não fica assim... Com o tempo vai melhorar, você vai ver.

Neguei com a cabeça e me ajudou a ir até o quarto. Secou quase todo meu corpo e me ajudou a me vestir. Em seguida, deu um jeito no meu cabelo molhado e, tão logo terminou de secá-lo também, me deitei na cama e, passados alguns minutos, senti que fez o mesmo, me abraçando pela cintura.

- Se eu pudesse, ficaria com essa dor.

- Estou me odiando tanto por ter me deixado envolver com ele... - Respondi e o Alex suspirou. Em seguida, beijou minha bochecha e disse:

- Não se odeie.

Respirei fundo e concordei. Depois daquilo, o Alex não disse mais nada. Apenas ficou ali, velando meu sono.

Aquela primeira semana passou até relativamente rápida. Parecia que a dor que sentia ia diminuindo, ainda que lentamente. Todos os dias, acordava, fazia uma xícara de café e ficava um bom tempo observando o movimento da rua de trás. Vez ou outra, saía e sempre à noite, jantava com o Alex em alguma cantina ali perto. A companhia dele me fazia muito bem. Por mais que meu sentimento por ele tivesse se transformado em amizade (e eu sentia que era recíproco), ainda sim não conseguia imaginar passar mais tanto tempo sem tê-lo ao meu lado, sempre me fazendo rir nas horas certas e me consolando quando era necessário.

O tempo foi passando e, quando me dei conta, estávamos quase em setembro. Andávamos até a Fontana di Trevi, em pleno sábado à noite e um pouco mais altos graças à um vinho que havíamos tomado durante o jantar. Havíamos ido a um restaurante onde os garçons simplesmente destratavam os clientes, falando alguns dos piores palavrões.

- E o pior foi a primeira vez que vim aqui com meu pai e uns clientes dele. - Disse. - Na hora em que o garçom nos xingou pela primeira vez... A gente simplesmente não sabia onde enfiar a cara.

Ri até quase chorar, imaginando a pose de seriedade do pai do Alex desabando com o constrangimento, e os clientes com aquela cara de surpresa.

Chegamos à fonte pouco tempo depois e perguntou:

- Quer uma moeda?

Neguei. Abri a bolsa e consegui encontrar uns centavos que estavam perdidos ali. Seguindo a tradição, me virei de costas para a fonte e, fechando os olhos, fiz os pedidos, aproveitando que eram três moedas. Quando abri os olhos, vi que o Alex fazia o mesmo e perguntei:

- Está lembrado que não pode me contar, não é?

Concordou.

- Bom, já fomos xingados hoje, já fizemos os pedidos... Falta alguma coisa?

- Você me avisar à que horas vamos tomar o famoso gelatto.

- A hora em que você acordar, se arruma e me liga. Só passo para te buscar.

Assenti. Fomos andando até o ponto de ônibus.

Cerca de meia hora depois, já estava me deixando em casa e avisou, antes que eu destrancasse as portas duplas que davam para a rua:

- Olha, qualquer coisa que você precisar, me liga. Mesmo. Não importa a hora.

Concordei e pedi:

- Posso... Te pedir pelo menos um beijo de boa noite?

Concordou e ia se inclinar na direção da minha bochecha quando fui mais rápida e segurei seu rosto, o beijando na boca mesmo. Sentia aquela sensação familiar das borboletas, que estavam meio desanimadas. Quando nos separamos, depois de alguns minutos, ele disse, ainda mantendo seu rosto próximo do meu:

- Entra. Vai ser melhor para você.

Sorri fraco e roubei um selinho demorado. Antes de entrar, porém, olhei para a rua e vi um carro preto parado a certa distância e do outro lado da rua. Me pareceu um pouco familiar e o Alex, notando que eu estava meio cismada, perguntou, olhando na mesma direção que eu:

- O que foi?

- Alex, será que não era melhor você entrar um pouco? - Repliquei e ele negou.

- Assim que eu chegar ao hotel, te mando uma mensagem, combinado?

Concordei, ainda hesitando. Entrei em casa e menos de cinco minutos depois, meu celular deu o aviso de mensagem. Peguei o aparelho e li:

Cheguei são e salvo. Te falei...

Aquilo me tranquilizou.

Na manhã seguinte, conforme o prometido, fomos tomar o sorvete e, claro, fizemos bagunça, brincando um com o outro. Só sei que acabei com o rosto coberto de gelatto de limão e descobri que ele tirou uma foto minha sem que eu soubesse. Mais tarde naquela noite, recebi uma mensagem das meninas, me chamando de “criançona” e “Babona”. Mesmo que eu tenha tentado argumentar que a culpa era do Alex, elas não pararam de me provocar.

E assim, os dias que faltavam para setembro chegar se passaram num piscar de olhos e o Alex continuava explorando Roma comigo.

No dia 31 de agosto, ele prometeu que iríamos dar um jeito de visitar o Coliseu. Só que, na noite anterior, ele desmarcou a saída por causa do trabalho. Sendo assim, decidi ir dar uma volta. Acabou sendo bom, ao contrário do que eu esperava. Fui andando despreocupada e acabei almoçando fora. No final da tarde, quando finalmente cheguei em casa, notei que o mesmo carro preto que vinha aparecendo no mesmo ponto da rua estava ali. Entrei em casa e percebi que já havia alguém ali. Peguei a primeira coisa que podia servir para me defender e comecei a andar pela sala, já me preparando para jogar o que quer que peguei e nem vi o que era. Ouvi um barulho vindo do meu quarto e tirei as sandálias, que eram de salto e me denunciariam. Fui andando até lá e tentando não fazer o qualquer som que fosse. A porta estava entreaberta e vi que a criatura estava sentada sobre minha cama, apesar de ainda não conseguir ver quem era. Consegui entrar no quarto, mesmo com o pouco espaço da porta, e tomei um susto ao reconhecê-lo. Tanto que deixei cair o que havia pegado, o que causou um estrondo daqueles. Imediatamente se virou de frente para mim e contive o ímpeto de ir correndo até ele. Baixei o olhar para ver o que tinha pegado e reconheci um peso de papel que havia ganhado assim que cheguei em Londres.

- Eu... Você não tem ideia do quanto eu estou me odiando por ter deixado você ir embora. - Disse, de repente. - Reconheço que fui um idiota, ainda mais depois que me trouxe de volta à vida.

- Bom, é um pouco tarde para isso.

- Eu sei. O pior de tudo foi ter de te deixar ir. Eu não queria que tivesse saído da minha casa e... Da minha vida. É por isso que eu estou aqui. Cruzei o oceano por sua causa e não vou desistir tão facilmente assim de você. Não depois de tudo o que passei ao seu lado. Já te perdi uma vez e não estou nem um pouco disposto a cometer o mesmo erro de novo.

- Não entende que essa não é a questão? É muito mais do que simplesmente atravessar o Atlântico e me jurar que não vai desistir de mim.

- Eu sei. - Disse, andando na minha direção. - E é por isso que eu vim. Para principalmente te pedir uma nova chance, de começar do zero.

Hesitei por um instante e ele continuou a se aproximar.

- Acredita em mim quando te digo que nenhuma outra mulher me fez sentir o que sinto por você.

Parou na minha frente e me olhou fixamente.

- Se lembra de uma coisa que você me pediu depois que a gente... Que eu só deveria te dizer que te amo quando tivesse certeza disso? - Concordei. - Então. Em nenhuma das vezes em que te falei estava sendo leviano. E nem agora. Ich liebe dich, Iza.

Tentei controlar o choro, mas não consegui.

- Eu te odeio. - Respondi e ele riu, envolvendo minha cintura com seus braços.

- Odeia por te fazer me amar?

Assenti e ergueu o meu queixo.

- É. - Respondi e ele manteve o sorriso. Começou a acariciar minha bochecha e, aos poucos, assumiu uma expressão de seriedade.

- Iza... Me dá outra chance, por favor. - Pediu e suspirei.

- Primeira coisa: Se pisar na bola, não vai ter uma terceira vez. E segunda... Tenta não ficar chato demais. Não costumo dar segunda chance.

Voltou a sorrir e puxou meu rosto na direção do seu. Lentamente fechei os olhos e não demorei a sentir sua boca na minha. Seus dedos, que antes acariciavam meu rosto, se entrelaçaram nos meus cabelos e os puxaram de leve. Não demorou muito para que se transformasse num beijo mais intenso e, quando dei por mim, estava me puxando para mais perto, se é que aquilo era possível. De repente, começou a andar, provavelmente em busca da cama e, assim que senti a madeira bater na parte de trás dos meus joelhos, fez com que eu me deitasse e, automaticamente, ficou por cima de mim. Deixou de beijar meus lábios para ir explorando cada mínimo pedaço do meu pescoço, quase me fazendo perder o pouco de autocontrole que ainda me restava quando senti sua barba raspar de leve o ponto crítico próximo à minha orelha. Ao mesmo tempo, sentia sua mão passear livremente pela minha perna, ameaçando se aproximar cada vez mais da minha virilha, fazendo com que eu me arrepiasse e até estremecesse. Puxou meu quadril de encontro ao seu e, graças ao encaixe dos corpos, senti, mesmo com as barreiras da roupa, seu pênis duro. Instintivamente, movi meu quadril, o provocando e ele gemeu fraco.

- Você quer brincar então? - Perguntou, reaproximando a boca da minha orelha e senti uma pontada de medo. Mas no estado que eu estava, cada vez mais ansiosa para que ele finalmente estivesse em mim, estava disposta a encarar uma provocação. Mordi o lábio e concordei enquanto ele deslizava a mão lentamente pelo meu tronco até achar a barra da minha blusa. Começou a erguê-la, descobrindo a minha barriga e acariciando a minha pele tão delicadamente como se fosse feita de porcelana. Quando faltava pouco para descobrir meu busto, ele parou e com essa mesma mão, começou a descer as alças da blusa que eu usava. Recomeçou a beijar meu pescoço, passando pela base e colo até chegar, primeiro no ombro esquerdo e refez a trilha até o direito. Logo, tirou a minha blusa e ficou me observando por alguns instantes. Quando voltou a se inclinar na minha direção, beijou a minha boca mais uma vez e, agora, mais intensamente. Comecei a tirar a sua camiseta e ele não gostou muito de ter de interromper o beijo, mas não tinha jeito.

À medida que ia tirando a minha roupa e ia revelando mais e mais da minha pele, me tocava de um jeito, fosse com as mãos, fosse com a boca, que parecia que sua vida dependia daquilo. Senti que estava sendo mais carinhoso (Mas não menos sensual) do que nunca. A prova disso foi que, quando senti sua boca no meu seio, não contive um gemido e cravei as unhas nos seus ombros. Arqueei as costas conforme os estímulos iam surtindo efeito e eu já sentia a excitação aumentando, bem como o calor quase insuportável se espalhando pelo meu corpo. Continuou com o caminho de beijos por toda a minha barriga e, querendo fazer um pouco de graça, a mordeu de leve. Começou a beijar o baixo-ventre e, como antes, foi tirando a saia que eu usava e beijava todo e qualquer pedaço de pele que aparecia. Senti que enganchou os dedos nas laterais da calcinha que eu usava também e a tirou junto com a saia. Me olhava fixamente e estava sério.

- O que foi? - Perguntei e ele, sem dizer mais nada, começou a acariciar a minha cintura, a apertando vez ou outra. Uma coisa que eu tenho que admitir que amava era a sensação das suas mãos em mim. Não importa se ele só tocava levemente meu braço para conseguir minha atenção numa conversa com mais pessoas, ou quando ele me tocava... Bom, lá.

Quando ele começou a me masturbar, usando também o polegar para fazer círculos no meu clitóris, ofeguei. Por ter sido impossível manter os olhos abertos, não vi que ele estava com o rosto perto do meu de novo até que puxou meu lábio com os dentes. Me mexi, tentando fazer com que ele alcançasse os pontos certos e aquilo parecia ainda mais tortuoso. Depois de alguns minutos, quando aquela sensação de que estava perto do meu limite começou a aumentar rapidamente, tentei segurar seu pulso e afastá-lo, mas não consegui; A única coisa que fiz foi gemer.

Esperei alguns poucos segundos até que conseguisse me recuperar um pouco (E ele não me ajudou em nada, roubando aqueles beijos mais... Arrebatadores) e, quando tive certeza que ia conseguir, dei uma guinada com o corpo, fazendo com que o Bill ficasse por baixo de mim. Sem muita paciência, fiz a mesma coisa que ele, tirando a boxer junto com a calça antes de me inclinar sobre seu corpo e roubar um beijo nada comportado. Não resisti e mordi de leve a sua bochecha, fazendo com que risse fraco. Continuei com o caminho até chegar perto da sua orelha. Mordi o lóbulo e, de propósito, respirei um pouco mais forte, percebendo que ele tinha se arrepiado. Sorri, satisfeita, e recomecei a beijar o seu pescoço, passando pelo peito e a barriga, sempre sendo observada por ele. Quando estava chegando perto da tatuagem de estrela, ergui o rosto e dei um meio sorriso. Por um instante, me pareceu que seus olhos estavam mais escuros e me sentei, colocando uma perna de cada lado do seu corpo e deixei as unhas passearem livremente pela sua barriga, que começou a se contrair depois de algum tempo. Perguntou:

- É impressão minha ou você está deliberadamente me torturando?

Sorri e falei:

- Já que achou ruim...

Em seguida, segurei o seu pênis e comecei a masturba-lo, de vez em quando, movendo mais rápido e, logo depois, movendo mais lentamente. Aquilo estava uma verdadeira tortura para ele e, só para piorar sua situação, me debrucei e o pus na boca. Usei a língua para ajudar nos estímulos, ao mesmo tempo em que o sugava e, soltando uma das mãos, comecei a usá-la para “brincar” com seus testículos. Claro que, com tudo aquilo, ele não resistiu por mais tempo e, quando estava perto do seu limite, me afastou dali e se deitou em cima de mim. Não me beijou, mas deixou o rosto muito perto do meu e me fixava. Senti que deslizava lentamente para dentro de mim e começou a investir também sem pressa. Depois de alguns minutos, quando começou a ir mais rápido, não aguentei e roubei um beijo. Ele retribuiu da maneira mais sensual possível e o puxei para mais perto.

Depois de algum tempo, ele não conseguiu mais se mover tão lento e, inclusive, parou com a delicadeza. Apertava minha cintura com certa força enquanto tentava ir mais profundamente e, quando eu sentia que estava cada vez mais perto do clímax, cravei as unhas no seu braço. Só que a situação piorou ainda mais quando ele se inclinou na minha direção e deixou a boca próxima à minha orelha, respirando cada vez mais forte e gemendo rouco. Com uma das mãos, baguncei os seus cabelos e arranhei a sua nuca, como sempre.

Quando finalmente cheguei ao clímax, gemi e parecia que todas as sensações tinham ficado, no mínimo, dez vezes mais intensas. Era ainda mais insuportável que de costume... Quer dizer, não que eu achasse ruim normalmente. Só que... Ah, é inexplicável.

Logo que senti meus músculos relaxando, ele também atingiu seu limite e se largou (Sem liberar totalmente seu peso) em cima de mim, roubando um beijo daqueles mais arrebatadores. Quando se endireitou para me olhar, tinha alguma coisa de diferente. Não sabia explicar direito o que era exatamente, mas seu olhar parecia mais... Soturno.

- Como você conseguiu me achar? - Perguntei.

- Tenho as minhas fontes. Sabia que você tinha vindo para cá depois que... Veio embora de Los Angeles. Não imaginava que o motivo de você querer vir para cá é o apartamento que sua avó morou quando criança...

- E qual outro motivo me faria vir para cá, além da minha família?

Deu de ombros.

- Talvez algum italiano...

Tive que rir.

- Não... Principalmente porque quem eu gosto nasceu na Alemanha.

Arqueou a sobrancelha de um jeito sugestivo e perguntei:

- Sua fonte tem cabelos ruivos ou loiros?

Fez uma careta e disse:

- Desiste. Não vou te falar quem é.

- Só duas pessoas sabiam que eu queria comprar o apartamento: Nicola e Alex.

Suspirou e entendi.

- Foi o Alex.

Assentiu.

- E eu descobri que era ele, com a ajuda do Georg, quem me mandava aquelas mensagens anônimas no meu celular.

Ergui as sobrancelhas e confessei:

- Eu desconfiava. Principalmente porque o Georg sempre queria saber como a gente estava...

Deu um meio sorriso e perguntou, assumindo uma expressão séria:

- E agora? Como a gente fica?

Respirei fundo e falei:

- Eu sinceramente não sei se sou capaz de... Lidar com a sua vida. Não me entenda mal. Só que eu acho melhor ser honesta do que fingir que está tudo bem quando não está ou ainda te enganar.

Concordou em silêncio.

- Eu não vou desistir de você. - Falou. - Não depois de tudo o que aconteceu entre a gente, ainda mais depois do que acabamos de fazer.

- Eu não quero que você desista. - Admiti. - Só... Preciso de um tempo. Para me adaptar à sua vida. Só isso.

- Eu... Quero te pedir uma coisa. - Olhei para ele, indicando que estava ouvindo. - Quero que, quando o CD for lançado e tudo mais... Quero que você vá comigo na turnê.

Hesitei.

- Não. Me escuta primeiro. Aproveita esse tempo das gravações para se organizar.

Respirei fundo e concordei.

Algum tempo depois, enquanto ele estava dormindo, tomei uma decisão.

Quando estava na cozinha, fazendo chá, não me dei conta de que ele estava parado atrás de mim até sentir seus braços envolvendo minha cintura.

- Tem muito tempo que você acordou? - Perguntou e falei:

- Não dormi.

- Olha para mim.

Respirei fundo e deixei que me virasse de frente para ele. Ergui o olhar e disse:

- Acho melhor a gente conversar depois que você voltar da turnê.

Suspirou e retrucou:

- Eu não consigo entender como você gosta tanto de complicar as coisas que podem ser mais simples.

- Eu não complico. – Retruquei.

- Ah, complica sim. Se fosse qualquer outra...

- É exatamente essa a questão. - O interrompi. - Ainda não viu que não sou como qualquer outra? - Me olhava, sério. - Se eu estou te pedindo esse tempo, não é por medo. É porque eu quero que dê certo e quero saber lidar com... Tudo que um relacionamento com você vai trazer. Você, muito melhor que eu, sabe como é difícil ter de abrir mão de muitas coisas. E é justamente por saber das... Interferências que podem atrapalhar que as chances de cada um ir para um canto aumentam.

Ainda mantinha a expressão séria.

- Achei que já estivesse acostumada por causa do Alex. - Alfinetou.

- O Alex, diferente de você, só aparece nos tablóides ingleses. Não nos do mundo inteiro.

Travou o maxilar.

- Quer saber? Se você não quer... Não vou ficar insistindo. - Falou, saindo da cozinha. O segui até o quarto. Me encostei no batente e o observei enquanto se vestia.

- Eu queria que você parasse de teimosia pelo menos uma vez. - Falou, mas sem me olhar. - Só assim você finalmente entenderia e aceitaria o que eu sinto por você. Se fosse qualquer outra, eu não ia dar a mínima e muito menos teria vindo até aqui, para tentar uma última vez. Mas você é tão insuportavelmente cabeça-dura e teima em negar o fato que eu te amo e insiste em não aceitar que sente o mesmo por mim... E eu sei disso. Principalmente porque só de você ter transado comigo agora há pouco confirma tudo o que estou falando. Sei que, se você não quer, não vai fazer. Como já te disse uma vez... Se realmente não quisesse ficar em Los Angeles, teria ou ido à outro juiz ou teria recorrido da sentença. Desde o primeiro instante em que te vi, soube que era diferente. E talvez por isso que eu quis me casar com você. Foi por ter certeza de que não era como as outras que me apaixonei.

Hesitei. Terminou de vestir a camiseta e veio andando até onde eu estava. Parou a poucos milímetros e disse:

- Não seja egoísta em achar que só você vai fazer sacrifícios.

E passou por mim, indo até a sala. Respirei fundo e, quando ouvi o barulho das chaves, saí correndo até lá. Parou e se virou para me olhar e, sem dizer uma única palavra, fui até ele e parei na sua frente. Ainda em silêncio, beijei sua boca. O Bill, claro, correspondeu imediatamente e suas mãos foram para minha cintura, a apertando com vontade enquanto me puxava para mais perto. Logo, aproveitou que o sofá não estava longe e me guiou para o móvel. Se deitou por cima de mim enquanto deixava suas mãos passearem livremente e sem nenhum pudor pelo meu corpo. Claro que o beijo ficava mais intenso e até mesmo erótico a cada segundo. Passei minhas pernas em torno do seu quadril e ele o moveu lentamente. Não consegui controlar um gemido ao senti-lo começando a ficar duro. Quando passou a beijar meu pescoço, sua mão deslizou para debaixo da blusa que eu usava. (Detalhe: Era só a blusa - enorme - e a calcinha). Apertou minha cintura, descendo pela lateral do meu quadril e passando pela coxa. A apertou também e me puxou para mais perto. Me segurou firme e me ergueu do sofá, indo até o quarto de novo.

Assim que me pôs deitada sobre a cama, se despiu inteiro, inclusive da boxer, e, em seguida, tirou a minha camiseta e a minha calcinha. Uma vez que eu não tinha mais nenhuma peça de roupa restante, me observou por alguns instantes antes de acariciar meu pescoço, descendo pelo colo, os seios, o espaço entre eles até chegar até a barriga. Deslizou a mão para a minha cintura e a acariciou também. Em seguida, refez todo o caminho, só que começando a beijar meu pescoço e chegando até o baixo-ventre. Foi ainda mais carinhoso e detalhista do que da outra vez e, quando eu ia retribuir, me esforcei ao máximo.

Logo que ele deslizou para dentro de mim, sem pressa e com o máximo de cuidado e delicadeza, me beijou lentamente. Manteve esse ritmo calmo das investidas por um tempinho e, quando eu comecei a ficar impaciente, ele começou a acelerar, tentando ir cada vez mais fundo. Quando já não dava mais para continuar com o beijo, cravei as unhas em seu ombro, tentando manter meu autocontrole (Que já era praticamente inexistente) e sufocava alguns gemidos. Por um instante, me pareceu que aquela seria a última vez. Não só a última vez em que eu estaria com ele, mas também, que eu o veria. E o teria em meus braços, ao meu alcance para beijá-lo quando bem entendesse. Tive essa sensação ruim e inquietante e ele percebeu. Tentou manter um novo beijo, mas, graças à falta de fôlego, não conseguimos continuar. Começou a se mover mais depressa a cada segundo que se passava e eu já tinha desistido de me conter e, não resistindo, mordi seu lábio inferior e o puxei de leve.

Não demorou muito para que eu atingisse o clímax e, depois de algum tempinho, foi a vez dele. Se largou ao meu lado e me puxou, fazendo com que ficássemos de conchinha. Pegou a minha mão e começou a brincar, distraído e em silêncio com os meus dedos e, de repente, beijou meu ombro. Fez uma breve trilha pelo pescoço e mordeu o meu lóbulo. Gemi fraco, do mesmo jeito que fazia quando tinha uma pontada de agonia, e ouvi sua risada.

- O que eu faço com você, hein, Luiza?

Sorri e observei o jeito que meus dedos se encaixavam nos seus. O contraste da minha mão com a sua...

- O que você faz? - Perguntei, sem olhá-lo. - Fica o resto do dia aqui comigo. Quando tiver de ir embora... Se preocupa em fazer uma boa turnê. Daí, se for para a gente se reencontrar... Pode saber que não vai ter escapatória.

- Você é teimosa, hein?

Ri fraco e me virei um pouco. Olhando-o de rabo de olho, o provoquei:

- Só foi descobrir agora?

Deu um estalo com a língua e, assumindo uma postura séria, me virei totalmente de frente para ele e falei:

- Não acho que nada do que aconteceu entre a gente foi coincidência. Nem mesmo irmos para Las Vegas, ter aquela confusão dos quartos e...

- Te ver na banheira. - Me interrompeu, sorrindo malicioso.

- É. - Franzi a sobrancelha. - Provavelmente, se tivesse me conhecido de outra maneira, talvez não teria dado certo. Mas enfim. Já cansei de ter provas de que, quando alguma coisa tem que acontecer, pode acreditar que vai. Você está aqui, afinal de contas.

Me olhava.

- Então você não está me pedindo para desistir de você?

Neguei.

- Só... Bom, não é dar um tempo. Mas... Deixar em suspenso. E não ignorar as oportunidades que surgirem. Sejam elas conforme o esperado ou... O inesperado. Não quero que você deixe de viver a sua vida, justo agora, para me esperar, sendo que pode ser que a gente se esbarre por aí. Como pode ser que você nunca mais vai me ver.

- E a Nadine e o Tom?

- Eu sei. Pode ser que ele consiga o mesmo feito do Charlie e se case com ela. Como pode ser que terminem tudo. E pode ser que eu brigue com a Nadine e não tenha mais volta. Não estou falando que isso obrigatoriamente vai acontecer. Pode ser que sim, como pode ser que não. O que eu quero é que você me prometa que não vai acontecer a mesma coisa de quando você quase se casou. Promete?

Assentiu.

- Acho que um terceiro round podia ser na banheira que tem ali... - Indiquei o banheiro e ele riu.

Na manhã seguinte, claro que foi difícil para nós dois nos despedirmos um do outro. Antes que ele fosse embora, pedi que esperasse e fui correndo até o quarto. Peguei a minha caixa de bijuterias e procurei por um anel que eu sabia que ele tinha gostado. Corri de volta para a sala e falei com ele, colocando o acessório na palma da sua mão:

- Não importa se você tiver que ir atrás de mim para me entregar esse anel ou se ele só for servir de... Lembrança... Quero que fique com ele. E não aceito devoluções e nem recusas por agora.

Sorriu fraco e perguntou:

- Posso fazer um último pedido?

Assenti.

- Me beija?

Sorri timidamente e fiquei na ponta dos pés, atendendo ao seu pedido imediatamente. Depois de alguns minutos, quando íamos perdendo o controle, a despedida foi inevitável.

Assim que fechei a porta, não me sentia tão triste como quando havia chegado, embora tivesse quase certeza de que aquela era a última vez que nos veríamos. Naquela tarde, quando o Alex apareceu, claro que “briguei” com ele por não ter me contado que o Bill estava em Roma. Depois que parei de xingá-lo, perguntou:

- E agora? O que acontece?

Dei de ombros. Não tinha certeza do meu futuro sozinha... Quiçá com o Bill...

- O que acontece é que eu vou voltar para Londres.

- E o apartamento?

- Este? - Perguntei e ele assentiu.

- Vou alugar. A minha vida está em Londres, não em Roma.

Ficou sério e quis saber:

- Como você pode ter tanta certeza que não é em Los Angeles?

Respirei fundo e falei:

- Porque eu acho que ainda não estou pronta para... Uma vida ao lado dele. - Respondi. - Você e as meninas me xingam por não ter largado tudo e feito como a Nadine, só que o problema é justamente porque eu tive uma amostra do que é viver ao lado de alguém como o Bill.

- Quer saber o que eu acho? - Olhei para ele, como se incentivasse a continuar. - Que você está com medo. Não só de dar uma chance para o cara, mas de tudo. Eu te conheço muito melhor que as meninas e por isso que posso falar com essa autoridade. Você tem medo.

Travei o maxilar e falei:

- Acha o que você quiser. O que eu sei é que ele tem que terminar esse bendito álbum e sair em turnê. E eu... Bom, vou continuar a ser o que era antes. Uma Coyote.

Sabendo que não ia adiantar muita coisa continuar naquela discussão comigo, acabou dando o braço a torcer. Se ofereceu para ajudar com as coisas quando voltasse para Londres.

E em menos de uma semana, já estávamos de volta. Assim que entrei no apartamento que eu dividia com as meninas, estava vazio e me senti estranha. Não sabia explicar o motivo, mas tinha certeza que dali para a frente... As coisas seriam muito diferentes...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 39º capítulo - Interativa










39. We knew this day would come, we knew it all along

E quando a luz do dia chegar, eu vou ter que ir
Mas esta noite vou lhe abraçar forte
Porque no amanhecer estaremos por conta própria
Mas esta noite preciso lhe abraçar bem forte

(Maroon 5 - Daylight)



- Guardei porque é sempre bom ter o telefone de um advogado. Ou não? - Respondi.

- Mas por que um advogado em Roma sendo que você mora aqui em Londres?

- Porque quando eu cheguei à Europa, não vim diretamente para Londres. Fui em Roma antes, principalmente porque tenho família lá. E você realmente vai ficar me atormentando por causa de um advogado? - Perguntei e ele finalmente sossegou.

Na sexta-feira à noite, fizemos a despedida de solteira da Lola lá no apartamento mesmo. Estava indo tudo muito bem, obrigada, quando ouvimos a campainha. De início, não consegui entender o motivo de terem me mandado atender. Até que eu vi dois policiais parados do lado de fora.

- Com licença, mas... Recebemos uma queixa por causa do barulho...

- Ah... Desculpem. É que hoje é a despedida de solteira de uma amiga minha e...

- Sei. - O policial falou, meio desconfiado. - Será que a gente pode entrar para fazer uma averiguação?

Me afastei, deixando os dois entrarem e, depois que tranquei a porta, corri para alcança-los. Chegando na sala em que todo mundo estava, um deles perguntou:

- Quem é a noiva?

A Lola ergueu a mão e o policial pediu que ela viesse até ele. O outro pediu que eu fizesse o mesmo e, dando aquele riso nervoso, obedeci.

- Vira para a parede. - Ele pediu e, de novo, fiz o que pediu. A Lola ficou ao meu lado e, só quando olhei para a Nadine e ela piscou para mim é que entendi o que significava tudo aquilo. O cara começou a me revistar e, de repente, me deu um tapa na bunda.

- Ai meu Deus! - Falei, no susto.

- Tudo certo com essa aqui, Mike. - O guarda que tinha me revistado falou. O outro, que tinha feito a mesma coisa com a Lola falou que estava tudo certo também e finalmente pudemos nos sentar. Fui para perto da Nadine e avisei:

- O vai saber qual é a sua fantasia, ok?

Arregalou os olhos e o tal de Mike falou:

- Eu acho que isso aqui tá mais para velório que despedida de solteira...

O outro concordou e, do nada, começou uma música animada e, quando vi, os dois já estavam arrancando a roupa. No final, apesar de tudo, foi até bem... Divertido. Quer dizer... Até a hora que eles tiraram as calças e vi aquilo... Que nem podia ser chamado de cueca.

Depois que eles foram embora, quase uma hora e meia depois, a Lola começou a abrir os presentes que tinha ganhado e acho que eu era a mais envergonhada dali. Ganhou tudo quanto era coisa para usar sozinha, com e no Charlie... Fato é que eu acho que, depois daquela noite, se ela quisesse, podia muito bem abrir uma loja de lingerie, porque olha...

Mas, tirando a vergonha, foi divertido e fiquei feliz de ver a Lola tão alegre. Era bom, só para variar um pouco...

Dois dias depois, fomos até a tal propriedade que o tinha encontrado. Justamente por causa da viagem que as despedidas de solteiros dos noivos tinha sido adiantada. Nem queria imaginar o que aprontaram para o Charlie. E, pelo que conhecia da Lola... Ela também não.

Logo que saímos do carro, o e eu vimos o e sibilei para o meu marido (Ok. Tinha que admitir que era muito estranho usar esse tratamento):

- Vocês dois que não se comportem para ver se não vão parar no fundo daquele lago da entrada!

Travou o maxilar e o , decidido a realmente brincar com o fogo, veio andando até nós e cumprimentou o civilizadamente. E fez questão de me dar um abraço e um beijo no rosto. Falei, aproveitando que ele ainda não tinha me soltado:

- Se você ou o aprontarem... Juro que vão se arrepender amargamente. Comportem-se, principalmente porque é o casamento da Nicola. Entendeu?

Finalmente me soltou e tinha um sorriso maldoso.

- ! - O chamei enquanto andava de volta até o carro. - Estou te avisando!

- Avisando do quê? - O perguntou.

- Que é bom você e ele não ferrarem o casamento da Nicola. - Respondi, pegando a minha mala.

Depois que nos instalamos num dos quartos, a Di apareceu e pediu para que o fosse com ela. Nem cinco minutos depois, bateram na porta de novo e falei para entrarem. Qual não foi a minha surpresa ao ver o ali?

- Se você veio aqui para...

- Vim para te garantir que, no que depender de mim, o casamento da Nicola vai ser o mais perfeito imaginável. Não se preocupe.

Olhei séria para ele. Se sentou ao meu lado na cama e perguntei:

- Não era para você ter uma certa pessoa como acompanhante?

- Era. Mas não deu certo. Já sabia que era interesseira e a gota d’água foi quando começou a querer aparecer demais.

- Nunca se sabe o que pode encontrar aqui hoje... - Falei e ele sorriu timidamente. Me olhou e quis saber:

- Realmente não tem chance de você ficar com ele?

- Não. Acho que não vou conseguir me acostumar com a vida de mulher de um roqueiro, com milhões de fãs adolescentes com os hormônios em ebulição.

Sorriu e disse:

- Sabe que pode contar comigo, não é? Sempre que precisar.

Assenti e o abracei.

- Não pensa que vai se ver livre de mim tão facilmente, .

- E quem disse que eu quero?

Quase imediatamente seu celular começou a tocar no seu bolso e foi atender, precisando de sair do quarto.

Assim, por dois dias, não houve nenhuma confusão. Quer dizer... Justamente faltando quase uma hora para o casamento, eis que a Nicola simplesmente deu um ataque.

Estava justamente falando com a minha mãe via Skype quando a Di entrou no quarto, avisando:

- Nicola falou que não vai mais ter casamento.

- Como é que é?

- Tá no quarto, chorando e se achando uma capivara.

Rolei os olhos e me despedi da minha mãe, mantendo a promessa de que mandaria as fotos via e-mail. Em seguida, fui ajudar com a Nicola. Chegando ao quarto, ela ainda estava de roupão e rolos nos cabelos. Pedi para que todo mundo ali (Exceto, claro, a Di, a Frankie e a mãe da Lola) nos desse um minuto e falei:

- Escuta bem uma coisa, Nicola Maria Roberts. Você fez esse bando de gente sair de casa, gastar uma fortuna no salão e com as roupas, sem falar no bufê, que, além do prejuízo financeiro, ainda vai estragar toda aquela comida. E olha só que pecado. Ainda mais você que tá alimentando essa bebê e a solitária que moram aí dentro. - Apontei para sua barriga e ela parou de chorar. - Portanto, se tu não casa por bem, depois desse raio dessa trabalheira toda... Tu casa por mal. Eu mesma te levo ao altar pelos cabelos. E não vou ter dó desta vez, entendeu?

Assentiu e, quando ela pediu para ficar sozinha comigo, disse, assim que foi atendida:

- Eu estou me achando feia...

- Lógico! Tá de roupão e bobs no cabelo... Aí fica realmente difícil de ficar bonita. Nem as angels da Victoria’s secret!

Riu fraco e falei:

- Agora é sério. Se tiver alguém que falar um A por causa da barriga... Deixa que eu dou um jeito. E outra coisa: Ia te dar razão se você não estivesse mais vendo os pés. E que cor que estão as suas unhas?

Respirou fundo e, olhando para cima, falou:

- Rosa.

- Viu? Vai por mim, Lolita. Você vai ser uma das noivas mais lindas que já existiram desde o Big Bang.

Riu e ela finalmente começou a se arrumar. Logo, fui tratar de fazer a mesma coisa. Pior foi quando vi o quase pronto... Uma perdição! Ele realmente não era o tipo de pessoa que podia usar um terno sem causar um estrago daqueles na mulherada. Principalmente em mim. E só de saber que ele era só meu... Inflou meu ego um pouco.

- Me ajuda? - Pediu, estendendo a gravata. Era em horas como essa que eu tinha certeza absoluta que ele queria ver até onde eu ia aguentar. A passei em torno do seu pescoço e comecei a dar o nó. Quando terminei, não teve como não ficar babando...

Um tempo depois, estávamos todos alinhados, padrinhos e damas de honra e acabou que a novela dos vestidos das damas foi resumida à um vestido, mas com o padrão de cores que a Lola escolheu, entre roxo, fúcsia e magenta. Di e eu, claro, escolhemos o magenta cada uma. Seu vestido tinha decote tomara-que-caia enquanto o meu era de um ombro só. Logo, começamos a ouvir a música e, lentamente, cada casal ia avançando na direção do altar. O Charlie estava atrás do e de mim, que éramos os últimos e já imaginava a reação dele ao ver a Lola...

Quando cada um assumiu seu posto e o Charlie finalmente entrou, começou a tocar Claire de Lune, do Debussy e, depois de pouquíssimos instantes, a Lola apareceu. Estava sorridente e ainda mais linda que nunca. Quando olhei o Charlie, sorria largamente e, por um instante, eu pude jurar que uma lágrima escorreu pela sua bochecha. Depois que o Paul entregou a Lola ao Charlie, o padre começou com a cerimônia. Nem bem cinco minutos depois, o inacreditável aconteceu: Comecei a chorar. Justo eu, que mal chorava em filme, quiçá em casamentos, já estava lá, me segurando para não fazer barulho. Não chorava porque estava tudo lindo e aquela emoção típica de casamentos, mas porque eu sabia que a Lola estava feliz e, por consequência, eu também estava. Então, por isso que eu não liguei muito de parecer um panda.

Fui pega no pulo justamente quando um se virou para o outro e a Lola me viu. Sorriu, fazendo cara de quem estava com dó e o estrago foi feito. Logo, sentia todo mundo me olhando e a Di perguntou, baixo:

- Que milagre é esse?

Dei um estalo com a língua e ela riu um pouco. A Lola e o Charlie trocaram as alianças e o negócio ficou mais feio ainda para o meu lado. O , que tinha me visto desde o início, pegou na minha mão e ficou acariciando com o polegar.

- E agora eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva. - O padre falou e, por causa do alvoroço quando teve o beijo, solucei. Justamente naquela hora, começou a garoar e, logo que o padre dispensou todo mundo, além da chuva com água, teve a com arroz.

Quando o tempo começou a apertar, todo mundo foi para o salão e, logo, fui caçar o nosso lugar. Na mesma mesa em que estávamos, além da Di e do , tinham um casal de amigos e o irmão do Charlie. E, claro, o cerimonialista logo veio buscar a gente para poder tirar as fotos.

Tudo estava indo muito bem, obrigada, até que começou o bolão dos discursos. Funcionava mais ou menos assim: Cada mesa fazia uma aposta sobre quanto tempo cada discurso ia durar.

- Quem é o padrinho? - A Di perguntou. Olhei ao redor e vi que era um amigo do Charlie. Indiquei para a Nadine, que olhou para ele. Fez cara de pensativa e respondeu: - Vinte.

- Ele tem cara de quem fala muito. Meia hora. - Respondi.

Logo, chamaram a atenção de todo mundo e o primeiro a fazer o discurso foi o pai da Lola. Foi até razoavelmente rápido, assim como o do Charlie. Quando chegou a vez do padrinho... Sério, se eu já achava tenso os comentários que os meninos faziam, nem de longe, imaginava o tipo de coisa que o amigo do Charlie falaria. O pior foi quando ele deu uma escova elétrica e fez um comentário nada educado.

- Acho ótimo que até hoje você não se acostuma! - A Nadine sibilou e falei:

- Um dia a gente ainda vai num casamento brasileiro e você vai entender.

Acabou que outra mesa acertou o tempo do discurso, que foi de quarenta e cinco minutos.

De resto, a festa durou quase o dia inteiro. Uma das partes mais divertidas, verdade fosse dita, foi quando fizemos a surpresa para a Lola. Frankie, Di, eu e mais algumas amigas tínhamos decidido fazer, de palhaçada, uma espécie de filme, contando um pouco da história dela. Os amigos e irmãos do Charlie (Com a participação dos, agora, cunhados) fizeram o mesmo. Claro que o casal escolhido para representar os dois não podia ter sido outro: Fiona e Shrek. Quer dizer, não que os dois fossem um par de ogros, mas foi exclusivamente porque Fiona era ruiva como a Lola (E tinham o temperamento parecido - Tirando a mudança do quarto filme) e o Charlie era todo grandão como o ogro. Tínhamos feito todo um discurso, como se estivéssemos contando a história mesmo e tal. E ao fundo, rolavam várias cenas dos filmes. Inclusive, fizemos uma brincadeira com a cena em que a Fiona conta para o Shrek que vão ter um bebê. E fui eu mesma quem contou:

- Então, numa noite... Apesar de no filme estar de dia... - Algumas pessoas riram. - Nossa linda princesinha tinha uma notícia para dar ao noivo...

E rolou a cena.

- É. Apesar de o Charlie não estar exatamente indo em busca de um príncipe. - A Di falou e os amigos do Charlie começaram com a zuação.

No final, todo mundo que fez essa apresentação fez um breve discurso, desejando as melhores coisas para a Lola e o Charlie.

Isso sem falar que, graças à Nicola, eu e a Di tivemos de cantar. Para o azar da noiva, que nos deu total liberdade, escolhemos “Like a virgin” e a ruiva só ria, principalmente porque estávamos fazendo tudo de brincadeira, com gestos exagerados, caras e bocas.

Quando a Di e eu voltamos para a mesa, o logo foi tirando a minha amiga para dançar e olhei para o , tombando a cabeça um pouco para o lado. Suspirou e, logo, se levantou para ir dançar comigo também. Quase imediatamente, começou a tocar uma música mais lenta e, apesar de tudo, tive uma sensação de desconforto. Não por estar dançando com ele. Mas por não estarmos sozinhos.

- É impressão minha ou você queria estar em outro lugar? - Ele perguntou, se inclinando na minha direção e aproximando a boca da minha orelha. Tentei disfarçar a estremecida que me deu.

- Não. Mas queria que você estivesse comigo. - Respondi, dando um meio sorriso.

- Você sabe que a gente sempre pode usar uma desculpa...

Ri fraco e falei:

- Acho que uma volta, pelo menos, a gente pode dar. Ainda mais que parou de chover...

Sorriu cúmplice e, logo, estávamos indo para o lado de fora do salão. Andamos um pouco por ali e, quando estávamos perto de um chafariz, ele perguntou:

- Você realmente não vai me falar o que vai fazer em Roma, não é?

Olhei para ele e suspirei, impaciente.

- Sabe que, se você contasse, ia ser mais fácil de te ajudar, não é? - Disse e assenti.

- Vou te dar uma pista. Senão você não sossega. - Sorriu. - É... Uma coisa com valor pessoal.

Franziu as sobrancelhas e perguntou:

- Não tenho um adversário italiano, tenho? Já me basta um inglês que me dá um trabalho do cão e...

Ri fraco e falei:

- Não tem adversário italiano nenhum. E não é nada do que você está pensando. Contente-se com isso.

E recomecei a andar. Uma das coisas que eu reparei logo que chegamos foi que na propriedade tinha uma espécie de bosque. Tentamos não nos afastar muito, principalmente porque já estava escuro e, quando menos esperei, ele me pôs contra o tronco de uma árvore e me beijou. Por causa da raiz em que eu estava pisando, ele não teve que se inclinar tanto quanto de costume. O beijo começou calmo e sem pressa. Mas tão intenso quanto quando ele estava com as piores intenções. Como sempre, baguncei seu cabelo ao mesmo tempo em que apertava a minha cintura e puxava meu quadril na direção do seu. De repente, ouvimos um barulho de estalo e, olhamos para ver o que era.

- Acho que esse era o sinal para a gente voltar. - Falei com ele, que hesitou um pouco, apesar de tudo.

Claro que naquela noite, continuamos de onde havíamos parado.

Na manhã seguinte, aproveitando que a Lola e o Charlie tinham ido para a lua-de-mel e íamos nos encontrar com ela em Los Angeles, decidimos ir para lá também.

Na consulta com o terapeuta, na segunda-feira de manhã, ele pediu para falar comigo sozinha por um instante. Comentou:

- Percebi que você está um pouco melancólica.

- Acho que é porque a ficha está começando a cair e que a audiência vai ser daqui a menos de um mês.

- Você sabe que não precisa se separar do se não quiser.

- Eu preciso. Não sei se vou dar conta de lidar com... A vida dele. E principalmente com a falta que eu sei que ele vai me fazer quando sair em turnê.

- Mas não é pior se você voltar para a Inglaterra sabendo que ele não vai voltar?

- Pode até ser. Mas pelo menos vou estar de volta à realidade. - Respondi.

Depois que saí do consultório, o estava me esperando, encostado no batente. Passei por ele e fui andando na direção do estacionamento, enquanto colocava os óculos de sol.

- O que foi? O que ele te falou?

- Nada. E não insiste. Estou com uma enxaqueca daquelas e a última coisa de que preciso é de aborrecimento.

Suspirou, resignado, e destravou o alarme.

No meio do caminho para a casa, pedi:

- Me leva para Santa Monica?

Mesmo estranhando, atendeu o pedido.

Assim que chegamos, tirei os sapatos e pisei na areia. O ficou encostado no carro, só me observando. Fui andando na direção da água e, quando a onda quebrou aos meus pés, respirei fundo, fechando os olhos. Pensei em por que não podia ser como a Nadine, que, obviamente, ia largar tudo por causa do . Por que eu não conseguia simplesmente admitir para eu mesma e quem mais quisesse ouvir que, na realidade, tudo o que mais queria era jogar tudo para o alto, deixar tudo que tinha em Londres e ficar exatamente onde estava? Quer dizer, não na praia, mas deu para entender, não é?

Depois de alguns minutos, quando senti que ia começar a chorar, dei meia volta e fui andando na direção do carro. Não me atrevi a olhar para o uma única vez que fosse e mantive a cabeça baixa quando abri a porta. Ele respeitou o meu silêncio e não tentou me impedir de ir para o quarto quando chegamos em casa.

Acho que naquela noite chorei como poucas vezes tinha feito na minha vida inteira. Foi tão intenso que cheguei a soluçar e até peguei no sono. Acordei na manhã seguinte e, depois que saí do banheiro, ouvi a Rosa perguntar:

- O que haces aí?

E ouvi a resposta do :

- Ouvi a chorar ontem e quis ficar aqui, perto dela.

Respirei fundo e só saí do quarto depois que tive certeza de que o corredor estava deserto de novo.

Naquele dia inteiro, o que melhorou meu astral um pouco foi um e-mail que recebi da Nicola, contando da viagem e com várias fotos dela e o Charlie em Mônaco. Povo pobre esse...

Os dias foram se arrastando e, quando dei por mim, estava me arrumando para ir à audiência. Encarei meu próprio reflexo no espelho e estava apática. Não me preocupei nem com maquiagem e só peguei a bolsa e fui sem esperar o . Nesses dias, havia me afastado dele, que mal parava em casa e, quando o fazia, ficava trancado no estúdio.

Assim que chegamos ao tribunal, o juiz já estava a postos. Cada um se sentou em seu lugar e, de repente, um advogado chegou, trazendo um documento. Olhei para a Nadine, que deu de ombros. O advogado entregou o envelope ao juiz, que o leu em silêncio e, depois, assentiu. O não me olhou em nenhum momento e respirei fundo e estava sentado perto do .

- Pois muito bem. Agora que estão todos presentes... Acho que podemos começar. - O juiz disse.

Chamou o terapeuta, que começou a comentar sobre as consultas e, ao final, disse:

- Desde o primeiro instante em que os vi, sabia que deveriam esquecer toda essa ideia de divórcio.

Fechei os olhos por um instante e senti a Nadine pegando na minha mão.

- Algo mais a acrescentar? - O juiz perguntou ao terapeuta, que negou. - Muito bem. - Se virou para nós. - Têm certeza que é isso que vocês querem?

Concordei, me recusando a olhar para o . Fixei um ponto alto, numa tentativa de controlar as lágrimas mas sentia meus olhos ardendo. O juiz me observou brevemente e disse:

- Nesse caso... O divórcio está concedido. E, como o Sr. desistiu da sua parte do dinheiro, os seis milhões de dólares vão para a senhorita .

Olhei para a Nadine, que estava em choque também. Me virei para olhar o , que estava conversando com o . Nem quando assinamos o documento do divórcio, me olhou uma única vez que fosse e, logo que fomos liberados, a Nadine me seguiu. Enquanto esperávamos o táxi, ela disse, em choque:

- Ele deu todo o dinheiro para você!

- Eu sei. - Murmurei. Não conseguia ficar totalmente feliz com aquilo.

- E sabe qual é a minha vontade agora? - Perguntou e a olhei. De repente, me deu um tapa no rosto. - Pronto. Saciei.

- Mas que...? - Retruquei, inconformada.

- Vem não que, depois do que aconteceu, você bem que merecia muito mais. Deixa a Lola saber o que aconteceu...

Gemi ao imaginar o chilique da Nicola.

- Ela está grávida. Nadine, se ela perder esse bebê...

- A culpa é totalmente sua. Podia muito bem deixar as coisas do jeito que estão. Mas não... Fica aí de cu doce e querendo voltar para Londres. Vai tomar banho, !

Olhei para ela, surpresa com a sua revolta.

- E nem vem com conto da Carochinha de que não pode largar tudo porque eu estou deixando minha vida inteira em Londres por causa do .

Respirei fundo, me controlando para não dar uma resposta daquelas. Já estava perdendo a paciência quando o táxi finalmente chegou.

Quando estava chegando em casa, o meu celular tocou e atendi, ao ver que era o :

- Oi. - Respondi, murcha.

- ? O que houve?

- Não sou mais casada.

Houve um instante de silêncio e, de repente, ouvi o barulho da garagem e respirei fundo. Ao mesmo tempo, tocaram a campainha e avisei:

- , eu tenho que ir. Te ligo depois.

Abri a porta e a Nadine falou:

- Eu te odeio, sua insuportável!

E me abraçou, me fazendo rir fraco.

- Vamos... Lá para cima. Temos que arrumar tudo.

Concordei e foi comigo até o quarto. Quando começamos a arrumar as malas, em silêncio. Não aguentou por mais tempo até dizer:

- ... Vai me odiar se eu te disser a pior coisa do mundo? - Quis saber e a olhei. Neguei com a cabeça em silêncio.

- Vai voltar ao The Coyote?

Dei de ombros.

- Não fica assim. Pensa que você vai ter a sua vida de antes...

- Não vou. - Respondi. - Justamente porque eu carrego um estigma de ex esposa agora.

- Se você se casar com o ... Garanto que isso muda. Afinal de contas... Ele é um dos maiores empresários do Reino Unido...

Comecei a guardar as blusas e, justo quando peguei a pequena pilha, algo caiu dali do meio. Me abaixei para pegar e por muito pouco mesmo não desabei: Era a minha foto com o no Natal. Respirei fundo e procurei por uma caixa que fosse grande o suficiente e comecei a reunir tudo aquilo que me faria lembrar e/ou que o me deu. Pus tudo na caixa e terminamos de arrumar todas as minhas coisas. Aproveitando que a Di estava no banheiro, procurei por uma caneta e uma folha de papel. Me sentei à mesa e comecei a escrever. Peguei a fita durex e, depois de dobrar a folha, a preguei com a fita sobre a tampa. Em seguida, fui até o closet e pus a caixa bem no meio da ilha. Dei uma última olhada naquele que havia sido meu quarto no último ano e, antes de sair, apaguei a luz.



Depois que ela foi embora, o até insistiu que ou eu fosse passar a noite na casa dele ou ele ficasse comigo. Mas garanti que não precisava e, qualquer coisa, ligaria imediatamente. Ia ser muito estranho dormir naquela casa enorme sem ela. Tinha me acostumado com a sua presença constante e por isso que decidi não mexer no quarto em que havia ficado durante esse tempo todo. Sabia que ia ficar com a Nadine hoje e amanhã iria embora. Para sempre.

Estava trancado no estúdio, ainda que não fosse mais necessário, observando uma foto dela que tinha tirado enquanto ainda dormia. Sua expressão era de serenidade e me lembrava bem do quanto fiquei encantado ao vê-la dormindo. Tinha tirado a foto em Nova Iorque, no dia seguinte à primeira vez que tínhamos passado a noite juntos. Fiquei pensando em certas coisas, como por exemplo, por que ela tinha que dificultar as coisas, que podiam ser muito mais simples. Cheguei até a me perguntar se realmente gostava tanto assim de mim...

Decidindo que ficar ali, pensando aquelas coisas todas, não ia me ajudar em nada, me levantei da cadeira e fui até o seu quarto. Chegando lá, a primeira coisa que fiz foi ir ao closet, na esperança que ela tivesse esquecido alguma peça de roupa. Só que tudo o que ela havia deixado para trás era uma caixa com várias coisas, até mesmo o vestido que eu havia comprado para uma festa. As sandálias vermelhas que eu fiz questão de pagar e que combinavam com a peça também estavam ali. Era tudo que, de certo modo, a faria se lembrar de mim. Tinham várias fotos, inclusive de revistas e jornais, de nós dois, entre muitas outras coisas. Presa à tampa, havia uma carta e não quis ler; Já imaginava o que ela teria escrito e já sabia do seu discurso de cor e salteado. No entanto, em meio à tudo aquilo, dei por falta de duas coisas. E significativas.

Um tempo havia se passado e desde então e eu tentava demonstrar que não havia nada de errado. Tanto que me dediquei mais ainda a terminar as músicas do CD. Ficava o dia inteiro trabalhando em praticamente tudo e não evitava de pensar na . Fiquei me perguntando o que ela estava fazendo àquela hora, como estava... Sorte que tinha a Nadine para me dar notícias. Sabia que, quando voltasse à Londres, a Nicola também me contaria sobre a .

Então, numa tarde em que eu estava terminando de ditar um comunicado para a Claire, ela esperou pacientemente até que eu acabasse para me dar uma notícia realmente inesperada:

- Estou pedindo a minha demissão. Vou cumprir o aviso prévio e, assim que acabar... Vou para Londres.

Olhei para ela, surpreso.

- Desculpa a intromissão, mas... O que você vai fazer lá?

- Estou me mudando para Londres. Recebi uma proposta de emprego e... - Baixou o olhar, claramente tímida. - Estou indo correr atrás da minha felicidade. - Ergueu o olhar e falou: - Você realmente deveria fazer o mesmo.

- E ia adiantar alguma coisa? - Perguntei. - Ela obviamente não quer mais nada comigo...

Suspirou e disse:

- E você ainda tem a cara-de-pau de dizer que conhece a !

- Se ela realmente quisesse, não teria ido embora.

- E me diz uma coisa. Por um acaso as coisas que vêm fácil têm tanta graça quanto as que você tem que lutar para conseguir?

Abri a boca para responder, mas não consegui emitir qualquer som. Me olhou com aquela cara de sabichona e disse:

- Veja pelo lado positivo de eu ir morar em Londres. Vai ter mais uma informante sobre ela.

Dei um meio sorriso e a única coisa que podia fazer naquele momento era desejar boa sorte.

Numa manhã de domingo, meu celular tocou antes de sete horas da manhã e estranhei. Peguei o aparelho e, quando me sentei na cama, a voz aflita da Nadine me avisou:

- A sumiu.