sexta-feira, 28 de agosto de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 22º capítulo - Interativa












22. I'm not guilty of what you're saying I do

Altas suspeitas, onde é que eu estava ontem à noite?
Procure e você descobrirá
E o que passa na minha cabeça é que você me faz colocar um limite
Eu não cometi crime algum

(Duffy - Well, well, well)



Setembro passou num piscar de olhos. Quando vi, já estávamos no final do mês e um bocado de coisas haviam acontecido: O pai da Dani foi transferido para Seattle. Eu e a tivemos uma briga daquelas e não estávamos nos falando muito além do necessário. O terapeuta até tentou ajudar, mas sem sucesso.

Como sempre, era sexta-feira e a tinha ido à aula de dança com as amigas. Fiquei passando o tempo no estúdio e só vendo as horas avançarem e nada dela. Tentei ligar no seu celular, mas não tinha retorno. Comecei a deixar mensagens na sua caixa postal e elas iam se tornando cada vez mais irritadas.

Quando eram quatro e meia da manhã, eu não conseguia mais me aguentar de sono, já estava cansado de ligar para a e até tentei a Nadine e a Nicola e nenhuma das duas atendia também. Estava cochilando quando ouvi o telefone. Por causa da adrenalina do susto, literalmente me levantei de um salto e fui até o aparelho.

- Alô?

- Senhor... ? - Ouvi uma voz feminina do outro lado da linha.

- Sou eu.

- Sou a oficial Smith e falo aqui da 9ª DP.

Já comecei a ficar alarmado, tendo certeza absoluta de que tinha alguma coisa a ver com a .

- Sim.

- Sua esposa está detida aqui na delegacia depois de agredir um assaltante...

Não sei o que era pior: A estar detida ou ela ter batido num assaltante.

- E... Por um acaso ela está sozinha?

- Não, senhor. Tem mais duas mulheres com ela, Nadine Coyle e Nicola Roberts.

- Tudo bem. Estou indo para aí. Pode me passar o endereço?

Anotei conforme dizia tudo e só peguei uma jaqueta além das chaves do carro e o celular. Fui para lá e, assim que cheguei, estavam as três sentadas uma do lado da outra, sendo que a única que dormia era a Nicola. A Nadine ergueu o olhar para mim e obviamente falou com a , que não me olhou. A mesma policial que havia me ligado, pediu que a acompanhasse e, assim que paramos de frente para uma sala, bateu na porta e me fez entrar. O delegado era um homem de quarenta e poucos anos, de cabelos castanhos e olhos azuis. Era bem do tipo que fazia as mulheres suspirarem e imaginei a euforia que as três deveriam ter ficado assim que o viram.

- Desculpe ligar para a sua casa tão tarde, mas...

- Então. Eu até tentei ligar para a minha mulher, sem sucesso... Estava morto de preocupação com ela.

- Pois é. Bom, o que aconteceu foi que as três estavam saindo de um bar no centro quando o rapaz tentou roubar a bolsa de uma delas. E as três alegaram legítima defesa, o que, querendo ou não, é verdade.

- E o que pode ser feito?

- Pode avisá-las que é perigoso reagir à assaltos. Desta vez, vou deixar passar, inclusive porque ajudaram a atrasar o ladrão tempo suficiente para que uma viatura conseguisse chegar.

Assenti.

Algum tempo depois, deixei a Nicola e a Nadine em casa e a ficou quieta. Tão logo entramos em casa, óbvio que não deixei o seu sumiço passar despercebido:

- CANSEI DE TE LIGAR E NADA! TEM NOÇÃO DO QUANTO EU ESTAVA PREOCUPADO?

Suspirou e disse, em um tom de voz estranhamente calmo:

- Depois da aula de dança, a turma decidiu ir a um bar. Não atendi à sua ligação por um simples motivo: Não ouvi o celular. Todo o lugar estava barulhento. E justo quando estávamos vindo embora, o cara tentou nos assaltar. Daí, até conseguirmos explicar tudo para o delegado...

- O que eu faço com você, , hein? - Perguntei, já perdendo o resto de paciência.

- Tentar mudar sua postura e ter menos ciúmes é um bom começo. - Disse, antes de ir na direção da escada. - Já cansei de te falar que, se eu estou casada com você, vou te respeitar, não importa o que aconteça. E mesmo se acontecer uma traição, pode ter certeza de que vou falar com você.

Quando estava na metade do caminho, perguntei:

- Já fez isso com o )?

- Ele ficou bravo por eu ter me casado e não ter dito nada imediatamente. Se ainda estiver duvidando da minha fidelidade, te passo o telefone dele, você liga e pergunta se alguma vez traí ele. Mesmo que fôssemos só... - Parou para pensar. - Mesmo que não estivéssemos realmente namorando e cada um tivesse liberdade para fazer o que bem entendesse.

Respirei fundo, olhando para ela.

- Se arruma que daqui a pouco vamos para o estúdio.

Me olhou, surpresa e retruquei:

- Não mandei aprontar e ficar a noite inteira acordada ao invés de ter vindo direto para a casa.

Respirou fundo e crispou a boca.

- Como quiser. Mas não me responsabilizo pelo meu humor por causa da falta de sono.

Dei de ombros e falei:

- Se vira para se manter acordada. Se eu te pegar cochilando, pode saber que vou te acordar.

- Beleza. Mas saiba que a vingança vai vir a cavalo. - Respondeu, indo até o quarto.

No horário de sempre, chegamos ao estúdio e a Claire já ficou um pouco com medo. Parei ao balcão e perguntei:

- E então? Algum recado?

Me passou as anotações de sempre e praticamente arrastei a para a minha sala. Sentei no seu lugar e disse, estreitando os olhos:

- Isso tudo é por ontem à noite?

- Ah não. É por você não estar seguindo à risca à ordem do juiz.

- Eu não estou seguindo à risca? E você? Fez o quê, exatamente? Até onde eu me lembro, não fui eu quem saiu de casa num domingo à noite e agarrou uma garota e fez sabe-se lá o quê com ela, sem falar naquele silicone oxigenado ambulante! - Respondeu, já perdendo a calma.

- É, mas quem me garante que você não fez coisa pior do que simplesmente beijar uma loira e receber o melhor sexo oral da vida? - A provoquei e arqueou a sobrancelha.

- Quem te garante? Beleza.

Largou a bolsa sobre o sofá e saiu da sala. Em seguida, veio puxando a Claire pelo braço e disse:

- Conta, nos mínimos detalhes o que a gente faz sempre que sai.

A minha secretária olhou da para mim e estava com medo.

- Você está na rua se não me contar e se mentir. - Falei e ela estava ainda mais tensa. A Claire, apesar de ter feito amizade com a , ainda sim, não costumava mentir.

- A gente sempre sai daqui e vai à aula de dança. Depois, vamos comer alguma coisa e dificilmente saímos para algum bar. Quando vamos, a sempre espanta os caras que chegam nela e toma um copo de bebida, no máximo. Acontece sim de ter alguns caras mais assanhados, mas o que eu já vi foi ela pedir ajuda para os seguranças e até teve um dia que ela e a Nadine fingiram estar juntas. E mesmo assim, não teve nada demais. Só... - Hesitou.

- Só o quê? - Perguntei.

- Apertei a bunda da Nadine. - A disse e olhei para ela, surpreso. - Quê? Ela é minha amiga e tinha que agir de modo convincente, sem precisar beijá-la.

Balancei a cabeça e dispensei a Claire. Assim que fechou a porta, a perguntou, com os braços cruzados na altura do estômago e estreitando os olhos:

- O melhor oral da sua vida, não é?

- É. - Falei. Assentiu lentamente e pegou a bolsa do sofá, saindo de novo. Antes que fechasse a porta, a chamei. Me ignorou completamente e tentei alcança-la, mas sem sucesso. Perguntei para a Claire:

- Te falou aonde ia?

Negou com a cabeça.

Naquele instante, o telefone tocou e ela atendeu, tomando o cuidado de não revelar quem era. Prestei atenção na conversa e disse:

- Então. Ela saiu, mas, tão logo volte, aviso para te ligar. E só um instante. - Tampou o bocal do telefone e me perguntou: - Posso cobrar minhas férias para o começo de outubro?

- Quem é?

- Uma amiga. - Limitou-se a responder.

- Amiga em comum com a ? - Perguntei e ela não respondeu.

- Lembre-se que estou adiando essas férias há mais de um ano.

Suspirei e concordei.

- Beleza. - Disse ao telefone. - Fui liberada. Depois a gente conversa melhor.

Acabei ficando ali na recepção mesmo, esperando a . Quando ela finalmente apareceu, depois de alguns minutos, tomava uma lata de Red Bull sem açúcar e perguntei:

- Não é capaz de conseguir ficar acordada sem precisar tomar energético?

Me deu uma olhada feia e ignorei.

- Quando você me faz o favor de me proibir de dormir depois de uma noite inteira em claro... E se falar que a culpa é minha, eu juro que entorno essa lata na sua cabeça sem dó, nem piedade!

- ... Tenho um recado para você. - A Claire interrompeu e olhei para ela, que fingiu nem ter visto.

Depois de um tempo, na volta da hora do almoço, estava andando até o estúdio quando senti o meu celular tremer. Peguei o aparelho e vi que era mais uma mensagem anônima. Dizia:

Péssima jogada ter falado aquilo sobre o sexo oral. Ainda mais quando sabemos muito bem que isso não é verdade.

Olhei ao redor e quase imediatamente, chegou outra SMS:

Você bem que merecia que a entornasse o energético na sua cabeça. E ela é bem capaz. Um conselho: Melhor não subestimá-la.

E em seguida, o J.J. me ligou, querendo marcar uma reunião para começar a trabalhar na volta da banda.

No final do dia, a me ignorava totalmente e, quando chegamos em casa, disse:

- Ah! Esqueci de te avisar: Recebi uma permissão especial do juiz para viajar no começo de Outubro, para o aniversário da Nicola. Não se preocupe porque não vou demorar. Sem falar que não vou aprontar e muito menos aceitar oral de alguém que não conheço.

Travei o maxilar e ela, sorrindo, foi andando até a escada.

Quando estava enfiado no estúdio, liguei para o . No terceiro toque, atendeu e falei:

- Lembra de uma coisa que você me propôs? De me ajudar com a ? Vou aceitar.


No dia primeiro de Outubro, a dormiu na casa das meninas e, no dia seguinte, bem cedo, pude ver um táxi parando ali em frente. Não foi surpresa ao reconhecer a Claire entre elas. Assim que o carro foi embora, liguei para o meu melhor amigo. Não muito tempo depois, ele chegou com o e ficamos os três ali em casa.

- O que, exatamente, você pediu para o fazer? - O quis saber, quando tínhamos saído para almoçar num restaurante em Santa Monica.

- O que mais senão descobrir para onde iam e ficar de olho nelas? - Respondi.

- Isso tudo é medo de a te trair? - O perguntou e neguei com a cabeça.

- Principalmente porque a gente sabe muito bem que ela se manteve fiel esse tempo todo. - O retrucou e olhei para ele.

- E como posso ter certeza disso? Quer dizer, em Nova Iorque, ela ia se encontrar em segredo com o . - Repliquei.

- Não passou pela sua cabeça que ela fez isso porque sabia que você ia implicar? E outra: Ela não podia muito bem ter ido se encontrar com ele para terminarem o que tinham em respeito à você? - O meu melhor amigo disse.

- Desde quando você defende a desse jeito? Pelo que me lembro, até pouco tempo atrás você não confiava tanto assim nela. - Perguntei.

- Tive uma primeira impressão errada dela. - Falou, dando de ombros.

- E quando isso começou a mudar? Quando vocês saíam para almoçarem juntos sem eu saber? - Questionei, já ficando mais irritado.

- Quer saber? Foi. Mas na última vez que almocei com ela foi porque me pediu ajuda. Queria saber qual era a melhor maneira de te contar sobre a . - Retrucou. - A gosta mesmo de você, que só faz besteira! Bem feito para você se ela resolver aproveitar a viagem para Amsterdam!

O só assistia à tudo, quieto. Algumas pessoas do restaurante olhavam para nós e terminei de almoçar em silêncio.

Uns dias depois, o e o ficaram lá em casa, aproveitando que a estava viajando. E, como era sábado à noite... Decidimos sair. Fomos até uma boate e, aproveitando que os dois estavam distraídos, resolvi olhar o instagram das meninas e descobri uma foto um pouco bizarra: Elas pareciam estar num bar e tinha uma pessoa usando uma roupa preta de vinil, com máscara, e que segurava o tornozelo da Nicola. A parte mais estranha era que a pessoa estava chupando o dedão do pé da ruiva.

- Que cara é essa? - O quis saber, me olhando. Entreguei o celular para ele, que disse: - Que é isso?

- É o que você está vendo. - Respondi. O , claro, ficou curioso e foi olhar.

- Vê se tem outras fotos. - Disse e o mexeu um pouco. Em seguida, me entregou o aparelho e tinha uma foto da e da Nadine, cada uma segurando um copo de bebidas coloridas, e as duas sorriam.

- Viu? A única mais... Rebelde é a Nicola. - O disse.

- Será? - Perguntei e ele deu de ombros. Pegou o celular e digitou alguma coisa. Pouco tempo depois, leu:

- “A única que teve o dedão do pé chupado foi a Nicola. A não está fazendo nada demais além de tomar um único drink.”.

Quase imediatamente, recebi uma mensagem dele no celular:

Deixa de ser tão cabeça dura e acredita quando a te diz que se comporta. A Nadine e a Nicola que são piores.

De repente, senti que alguém me olhava e, quando consegui encontrar, era uma garota, parecida com a . Tomando coragem, se aproximou de onde eu estava e perguntou:

- Como pode um cara tão... Lindo como você estar sozinho aqui?

- Não estou mais. - Falei, sorrindo malicioso.

Uma das últimas coisas que me lembro de fazer era de começar a tomar um drink atrás do outro e de ir para um hotel com a garota. Na manhã seguinte, acordei com aquela ressaca monstruosa. E tão logo cheguei em casa, acabei brigando com o . No entanto, a pergunta de um milhão era: O que eu fiz com a garota? Sério. Não conseguia me lembrar do que havia acontecido. E isso acabou me resultando num sermão do , que avisou que eu teria de explicar tudo à . Imaginava a reação dela...

Passei o dia inteiro trancado no estúdio de casa, tentando escrever alguma música e, quando estava quase desistindo... Foi quando veio a inspiração. Tão logo terminei, fui atrás do meu melhor amigo e começamos a fazer o arranjo.

Mesmo tendo a comprovação de que ela não fazia nada demais, fui dormir cismado com a ida dela para Amsterdã. Sejamos francos: A , apesar de tudo, fazia por onde para me deixar tão cismado. Bastava alguém vir falar com ela para ser gentil. Por mais que fosse educada, me importava mais quando eram com homens do que mulheres. Principalmente os que eu sabia que eram bonitos. Quer dizer, ao menos parecia, já que ela ficava tão... Animadinha.

De repente, percebi a tela do meu celular se iluminando e, assim que peguei o aparelho, vi que era mais uma mensagem, só que da própria . Dizia:

Mesmo que eu te odeie atualmente... Queria que estivesse aqui, dormindo de conchinha comigo. Piegas, eu sei :P Mas é a verdade.

Respirei fundo e mandei a resposta. A réplica era:

Eu sabia. ;P

Como?

Se te contar, terá de morrer. *Risada maligna*

Sorri fraco e desejei boa noite.

Na noite seguinte, o foi comigo até o LAX. Tão logo conseguimos encontrar o portão de desembarque internacional, ficamos um pouco mais afastados da fila que estava ali, esperando o pessoal do mesmo voo que as meninas. No entanto, conseguíamos ver as pessoas esperando as bagagens. E não foi muito difícil reconhecer as três (A Claire ia esticar a viagem), principalmente por causa da Nicola. Assim que pegaram as malas, colocaram-nas nos carrinhos e vieram na direção da porta de vidro, dando uma olhada geral. De repente, um grupo de garotas parou a no meio do caminho e vi minha mulher sorrindo de um jeito envergonhado. Concordou com a cabeça, falando algo e as meninas quase tiveram um ataque. Uma delas tirou uma foto com o celular e, assim que se deram por satisfeitas, liberaram as meninas, que começaram a nos procurar. O recebeu uma mensagem da Nadine, avisando que iam despistar as garotas e que deveríamos encontra-las um pouco mais adiante. Depois de alguns minutos, elas reapareceram e a ruiva reclamava:

- E a culpa é minha que não tinha a menor condição de ir àquele banheiro? Sorte que ficou interditado no final da viagem. Oi meninos. - Disse, parando na nossa frente. A Nadine cumprimentava meu melhor amigo com um beijo discreto e, quando fiz menção de me aproximar da , ela me bateu.

- Isso é por você ter aprontado, que já estou sabendo. E isso - Tomei outro tapa no braço. - é por ter feito o nos espionar. Faz uma coisa desse nível de novo para ver onde vou acertar.

- É... Fodeu. - O disse e quase bati nele também. Ajudamos as meninas com as bagagens enquanto a Nicola narrava a história da pessoa que chupa dedões alheios.

- É bizarro! Nem o Charlie faz isso comigo!- Disse.

- Mas você foi a única? - Eu perguntei e ela confirmou.

- A Nadine não animou e a sente...

Parou perante ao olhar da minha mulher.

- Sente o quê?- Perguntei.

- Ódio quando insistem e sabe disso. - Respondeu, apertando minha cintura.

Depois de guardarmos as bagagens das três no porta-malas, fomos para a casa. Deixei o e a Nadine na casa dele e a Nicola foi o resto do caminho comigo e a . Assim que entramos em casa, ajudei a minha mulher e, assim que entrei no quarto dela, falei:

- Sobre o que aconteceu no aniversário da Nicola...

Me olhou, séria.

- O quê? Vai dizer que estava carente? Ou a desculpa masculina mais clichê e idiota do mundo, de que tem as suas necessidades e a maldita da carne é fraca? - Perguntou, irritada.

- Não. Eu ia dizer que, apesar de tudo, pode não ter acontecido nada.

- O que é pior ainda. - Disse. - Olha, eu estou cansada, com cólica, sofrendo com o jetleg e, para seu azar, puta da vida com você. Por enquanto, é melhor a gente... Dar mais espaço ao outro e não deixar acontecer nada quando não estivermos sozinhos. E justamente por saberem de tudo, eu agradeceria se você não tentasse qualquer aproximação quando estivéssemos com as meninas, o , o e o .

Concordei com a cabeça e a deixei sozinha. Voltei para o estúdio e comecei a escrever uma nova música.

A partir daquela semana, a insistiu para que as consultas com o terapeuta fossem individuais. Além disso, tinha conseguido uma substituta para a Claire que não era tão eficiente assim. E o pior de tudo era a diferença física gritante com a minha secretária: A Claire podia muito bem ser uma angel da Victoria’s secret, sendo loira, alta, magra e de olhos claros, além da cara de boneca. E essa substituta... Era baixinha, estava muito acima do peso e usava roupas justas, o que acentuava mais ainda. Sem falar no buço, óculos de armação grosseira, o batom rosa-choque gritante (Que ainda por cima, era borrado e manchava os dentes) e os cabelos claramente ensopados no creme. No dia que a chegou no estúdio e a viu, sua expressão de susto foi engraçada.

Os dias foram se passando, a ainda se mantinha distante de mim e, quando estávamos a quinze dias do Halloween, consegui convencê-la a almoçar comigo e, em seguida, irmos olhar a fantasia para cada um, já que tínhamos recebido alguns convites para festas, inclusive da gravadora.

Quando estávamos numa loja, ela me provocou, sugerindo:

- Vai de Casanova. Combina perfeitamente.

Olhei para ela e retruquei:

- Só vou se você for de Madame de Pompadour.

Arqueou a sobrancelha e disse:

- E por que não? Afinal de contas... Ela não era só a amante de Luís XV. Mas eu já sei como vou vestida.

- E como?

- Pode deixar que não vai precisar gastar um único centavo. Principalmente porque já tinha falado a respeito com as meninas e o que temos já dá para usar.

- Não vai mesmo me falar?

- Não. Mas vou te dar três pistas.

Olhei para ela.

- Come along, Pond. Run, your cleaver boy... And remember. Bad Wolf.

Continuei sem entender. Deu um sorriso misterioso e disse:

- E dando uma sugestão realmente séria... Gravatas borboletas são legais.

- Dá para você ser mais explícita?

- Não é tão difícil assim, anda. Você que está com preguiça de pensar.

Depois que saímos da loja, fomos para o estúdio e, estava concentrado num trabalho, mas, de repente, meu olhar foi atraído na direção dela. Olhei para o lado e vi que abria dois botões da camisa que usava e começou a mexer no fecho do sutiã, que era frontal. Não muito depois, começou a deslizar a ponta dos dedos pela parte descoberta de um dos seios e aquilo só fez me hipnotizar cada vez mais. E aparentemente, não fazia nada além de ler um livro. Do nada, pegou o celular e, dando um meio sorriso, digitou a resposta. Fez uma careta e digitou de novo. Sorriu torto de novo e, quando pôs o celular de lado, assim como o livro, se levantou e saiu do estúdio. Quando voltou, trancou a porta e veio andando na minha direção. Sabe-se lá como, conseguiu puxar a minha cadeira e girá-la, me deixando de frente para ela.

- O que... Você está fazendo? - Perguntei e sua resposta foi se sentar no meu colo e desafivelar o meu cinto, além de abrir a minha calça. Fixou seu olhar no meu e respondeu:

- Algo que estou com muita vontade. Principalmente depois do seu olhar em cima de mim agora há pouco.

Tentei impedi-la, sem sucesso, mas, quando vi, já tinha puxado minha calça para baixo, levando a boxer junto. Foi andando até o sofá e, depois de pegar uma almofada, voltou, jogando-a no chão, perto da cadeira, e se inclinou na minha direção. Aproximando sua boca do meu ouvido, disse, com voz baixa:

- Fecha os olhos. - Obedeci. - Agora imagina que estamos em casa... Sozinhos...

Engoli em seco, fazendo tudo que ela me pedia.

- Está tudo escuro e silencioso...

Tentava controlar a minha respiração.

- Imagine que você está no seu quarto, deitado na cama.

- Mas estou sentado numa cadeira.

Pude ouvi-la dando um estalo com a língua e disse, impaciente:

- Só de castigo, imagina uma velha pelancuda sem roupa.

Ri e ela se afastou. Espiei o que estava fazendo e pegou outra almofada. Ao me flagrar, disse:

- Se inclina para a frente, por favor.

Obedeci e ela pôs a almofada entre o encosto da cadeira e as minhas costas. Em seguida, fez com que eu voltasse à posição original.

- Fecha os olhos e imagina tudo de novo.

- Inclusive a velha pelancuda?

Tomei um tapa no braço e ri. Para me ajudar, ela falou tudo de novo e, de repente, disse:

- Ok. Esquece tudo que te disse. Imagina que você vai fazer algo que sempre quis.

- É para te dizer?

- Melhor não. Principalmente por saber que posso esperar absolutamente tudo de você. Pervertido.

Ri fraco e comecei a me lembrar do dia em que ela fez strip-tease para mim. Mesmo tendo visto os vídeos do bar, ainda sim, não era a mesma coisa; Era muito melhor. Ainda mais que era para mim, não para um monte de caras bêbados, que deviam gritar cada obscenidade para ela.

- No que está pensando? - Quis saber e a provoquei:

- Achei que não quisesse saber.

- Mudei de ideia.

Abri os olhos e a fixei.

- Estava lembrando do meu aniversário.

Respirou fundo e, por causa da sua postura, meu olhar foi atraído para o seu peito.

- ... Me perdoa. Por tudo que já te fiz.

Hesitou por uma fração de segundo e, logo, reassumiu a postura decidida.

- Acho que deu para perceber que não ia tolerar traição.

- O que eu posso fazer para que...

- Começar a se arrepender. E se contentar... - Pegou a minha mão e fez com que eu a fechasse em torno do meu pênis. - Sozinho. Por tempo indeterminado.

- E o que você vai fazer quando não estiver mais aguentando? - Perguntei, me abaixando para pegar a calça. - Nós dois sabemos muito bem que se manter na completa abstinência não é muito o seu forte.

- Demorei a perder a virgindade. Acha que eu não tenho autocontrole o suficiente?

Depois que me recompus, me levantei, propositalmente não fechando o cinto e muito menos a calça, me aproximei dela e respondi:

- Sim. E achou mesmo que eu não ia perceber o quanto gosta de mim?

- Menos, . Bem menos. Você não é todo esse gás da Coca-Cola quanto pensa. - Respondeu, estreitando os olhos.

- Não sou? - Perguntei, sorrindo maldosamente. - Engraçado, então por que você está vacilando?

Hesitou e sorri mais largamente.

- Está vendo? Aprendi a te interpretar, . No fundo, você não é tão difícil assim de ser decifrada.

Abriu a boca para retrucar e meu olhar imediatamente foi atraído para os seus lábios. Senti uma vontade avassaladora de beijá-la.

- Não vou negar que realmente sinto uma atração muito forte por você. - Disse, me surpreendendo. - Mas como a mágoa e raiva que estou sentindo agora... São bem mais fortes e é por isso mesmo que vou conseguir aguentar a abstinência. Também, se não aguentar... Na pior das hipóteses, tenho meus dedos.

Por um instante, consegui imaginá-la, mas na minha cama.

- Sem falar que tenho uma vantagem. Sou mulher. Não penso com a cabeça debaixo.

- E quem te garante que, justamente por ser mulher, não vai se deixar guiar pelo coração?

- Estou confiando no meu taco. - Disse. De repente, fomos interrompidos pelo telefone. Ela se afastou e foi atender enquanto eu, tive que dar um jeito de fechar a calça, o que era meio... Difícil, dada à situação graças ao fruto da minha imaginação em imaginá-la se masturbando.

Naquela noite, quando estava trancado no estúdio e tomando vinho, me ocorreu uma coisa. Era maldade, mas duvido que ela não ia ceder...

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 22º capítulo


22. I'm not guilty of what you're saying I do

Altas suspeitas, onde é que eu estava ontem à noite?
Procure e você descobrirá
E o que passa na minha cabeça é que você me faz colocar um limite
Eu não cometi crime algum

(Duffy - Well, well, well)

Bill

Setembro passou num piscar de olhos. Quando vi, já estávamos no final do mês e um bocado de coisas haviam acontecido: O pai da Dani foi transferido para Seattle. Eu e a Luiza tivemos uma briga daquelas e não estávamos nos falando muito além do necessário. O terapeuta até tentou ajudar, mas sem sucesso.

Como sempre, era sexta-feira e a Luiza tinha ido à aula de dança com as amigas. Fiquei passando o tempo no estúdio e só vendo as horas avançarem e nada dela. Tentei ligar no seu celular, mas não tinha retorno. Comecei a deixar mensagens na sua caixa postal e elas iam se tornando cada vez mais irritadas.

Quando eram quatro e meia da manhã, eu não conseguia mais me aguentar de sono, já estava cansado de ligar para a Luiza e até tentei a Nadine e a Nicola e nenhuma das duas atendia também. Estava cochilando quando ouvi o telefone. Por causa da adrenalina do susto, literalmente me levantei de um salto e fui até o aparelho.

          - Alô?

          - Senhor... Bill Kaulitz? - Ouvi uma voz feminina do outro lado da linha.

          - Sou eu.

          - Sou a oficial Smith e falo aqui da 9ª DP.

Já comecei a ficar alarmado, tendo certeza absoluta de que tinha alguma coisa a ver com a Luiza.

          - Sim.

          - Sua esposa está detida aqui na delegacia depois de agredir um assaltante...

Não sei o que era pior: A Luiza estar detida ou ela ter batido num assaltante.

          - E... Por um acaso ela está sozinha?
         
          - Não, senhor. Tem mais duas mulheres com ela, Nadine Coyle e Nicola Roberts.

          - Tudo bem. Estou indo para aí. Pode me passar o endereço?

Anotei conforme dizia tudo e só peguei uma jaqueta além das chaves do carro e o celular. Fui para lá e, assim que cheguei, estavam as três sentadas uma do lado da outra, sendo que a única que dormia era a Nicola. A Nadine ergueu o olhar para mim e obviamente falou com a Luiza, que não me olhou. A mesma policial que havia me ligado, pediu que a acompanhasse e, assim que paramos de frente para uma sala, bateu na porta e me fez entrar. O delegado era um homem de quarenta e poucos anos, de cabelos castanhos e olhos azuis. Era bem do tipo que fazia as mulheres suspirarem e imaginei a euforia que as três deveriam ter ficado assim que o viram.

          - Desculpe ligar para a sua casa tão tarde, mas...

          - Então. Eu até tentei ligar para a minha mulher, sem sucesso... Estava morto de preocupação com ela.

          - Pois é. Bom, o que aconteceu foi que as três estavam saindo de um bar no centro quando o rapaz tentou roubar a bolsa de uma delas. E as três alegaram legítima defesa, o que, querendo ou não, é verdade.

          - E o que pode ser feito?

          - Pode avisá-las que é perigoso reagir à assaltos. Desta vez, vou deixar passar, inclusive porque ajudaram a atrasar o ladrão tempo suficiente para que uma viatura conseguisse chegar.

Assenti.

Algum tempo depois, deixei a Nicola e a Nadine em casa e a Luiza ficou quieta. Tão logo entramos em casa, óbvio que não deixei o seu sumiço passar despercebido:

          - Cansei de te ligar e nada! Tem noção do quanto eu estava preocupado?

Suspirou e disse, em um tom de voz estranhamente calmo:

          - Depois da aula de dança, a turma decidiu ir a um bar. Não atendi à sua ligação por um simples motivo: Não ouvi o celular. Todo o lugar estava barulhento. E justo quando estávamos vindo embora, o cara tentou nos assaltar. Daí, até conseguirmos explicar tudo para o delegado...

          - O que eu faço com você, Luiza, hein? - Perguntei, já perdendo o resto de paciência.

          - Tentar mudar sua postura e ter menos ciúmes é um bom começo. - Disse, antes de ir na direção da escada. - Já cansei de te falar que, se eu estou casada com você, vou te respeitar, não importa o que aconteça. E mesmo se acontecer uma traição, pode ter certeza de que vou falar com você.

Quando estava na metade do caminho, perguntei:

          - Já fez isso com o Alex?

          - Ele ficou bravo por eu ter me casado e não ter dito nada imediatamente. Se ainda estiver duvidando da minha fidelidade, te passo o telefone dele, você liga e pergunta se alguma vez traí ele. Mesmo que fôssemos só... - Parou para pensar. - Mesmo que não estivéssemos realmente namorando e cada um tivesse liberdade para fazer o que bem entendesse.

Respirei fundo, olhando para ela.

          - Se arruma que daqui a pouco vamos para o estúdio.

Me olhou, surpresa e retruquei:

          - Não mandei aprontar e ficar a noite inteira acordada ao invés de ter vindo direto para a casa.

Respirou fundo e crispou a boca.

          - Como quiser. Mas não me responsabilizo pelo meu humor por causa da falta de sono.

Dei de ombros e falei:

          - Se vira para se manter acordada. Se eu te pegar cochilando, pode saber que vou te acordar.

          - Beleza. Mas saiba que a vingança vai vir a cavalo. - Respondeu, indo até o quarto.

No horário de sempre, chegamos ao estúdio e a Claire já ficou um pouco com medo. Parei ao balcão e perguntei:

          - E então? Algum recado?

Me passou as anotações de sempre e praticamente arrastei a Luiza para a minha sala. Sentei no seu lugar e disse, estreitando os olhos:

          - Isso tudo é por ontem à noite?

          - Ah não. É por você não estar seguindo à risca à ordem do juiz.

          - Eu não estou seguindo à risca? E você? Fez o quê, exatamente? Até onde eu me lembro, não fui eu quem saiu de casa num domingo à noite e agarrou uma garota e fez sabe-se lá o quê com ela, sem falar naquele silicone oxigenado ambulante! - Respondeu, já perdendo a calma.

          - É, mas quem me garante que você não fez coisa pior do que simplesmente beijar uma loira e receber o melhor sexo oral da vida? - A provoquei e arqueou a sobrancelha.

          - Quem te garante? Beleza.

Largou a bolsa sobre o sofá e saiu da sala. Em seguida, veio puxando a Claire pelo braço e disse:

          - Conta, nos mínimos detalhes o que a gente faz sempre que sai.

A minha secretária olhou da Luiza para mim e estava com medo.

          - Você está na rua se não me contar e se mentir. - Falei e ela estava ainda mais tensa. A Claire, apesar de ter feito amizade com a Luiza, ainda sim, não costumava mentir.

          - A gente sempre sai daqui e vai à aula de dança. Depois, vamos comer alguma coisa e dificilmente saímos para algum bar. Quando vamos, a Luiza sempre espanta os caras que chegam nela e toma um copo de bebida, no máximo. Acontece sim de ter alguns caras mais assanhados, mas o que eu já vi foi ela pedir ajuda para os seguranças e até teve um dia que ela e a Nadine fingiram estar juntas. E mesmo assim, não teve nada demais. Só... - Hesitou.

          - Só o quê? - Perguntei.

          - Apertei a bunda da Nadine. - A Luiza disse e olhei para ela, surpreso. - Quê? Ela é minha amiga e tinha que agir de modo convincente, sem precisar beijá-la.

Balancei a cabeça e dispensei a Claire. Assim que fechou a porta, a Luiza perguntou, com os braços cruzados na altura do estômago e estreitando os olhos:

          - O melhor oral da sua vida, não é?

          - É. - Falei. Assentiu lentamente e pegou a bolsa do sofá, saindo de novo. Antes que fechasse a porta, a chamei. Me ignorou completamente e tentei alcança-la, mas sem sucesso. Perguntei para a Claire:

          - Te falou aonde ia?

Negou com a cabeça.

Naquele instante, o telefone tocou e ela atendeu, tomando o cuidado de não revelar quem era. Prestei atenção na conversa e disse:

          - Então. Ela saiu, mas, tão logo volte, aviso para te ligar. E só um instante. - Tampou o bocal do telefone e me perguntou: - Posso cobrar minhas férias para o começo de outubro?

          - Quem é?

          - Uma amiga. - Limitou-se a responder.

          - Amiga em comum com a Luiza? - Perguntei e ela não respondeu.

          - Lembre-se que estou adiando essas férias há mais de um ano.

Suspirei e concordei.

          - Beleza. - Disse ao telefone. - Fui liberada. Depois a gente conversa melhor.

Acabei ficando ali na recepção mesmo, esperando a Luiza. Quando ela finalmente apareceu, depois de alguns minutos, tomava uma lata de Red Bull sem açúcar e perguntei:

          - Não é capaz de conseguir ficar acordada sem precisar tomar energético?

Me deu uma olhada feia e ignorei.

          - Quando você me faz o favor de me proibir de dormir depois de uma noite inteira em claro... E se falar que a culpa é minha, eu juro que entorno essa lata na sua cabeça sem dó, nem piedade!

          - Luiza... Tenho um recado para você. - A Claire interrompeu e olhei para ela, que fingiu nem ter visto.

Depois de um tempo, na volta da hora do almoço, estava andando até o estúdio quando senti o meu celular tremer. Peguei o aparelho e vi que era mais uma mensagem anônima. Dizia:

Péssima jogada ter falado aquilo sobre o sexo oral. Ainda mais quando sabemos muito bem que isso não é verdade.

Olhei ao redor e quase imediatamente, chegou outra SMS:

Você bem que merecia que a Luiza entornasse o energético na sua cabeça. E ela é bem capaz. Um conselho: Melhor não subestimá-la.

E em seguida, o J.J. me ligou, querendo marcar uma reunião para começar a trabalhar na volta da banda.

No final do dia, a Luiza me ignorava totalmente e, quando chegamos em casa, disse:

          - Ah! Esqueci de te avisar: Recebi uma permissão especial do juiz para viajar no começo de Outubro, para o aniversário da Nicola. Não se preocupe porque não vou demorar. Sem falar que não vou aprontar e muito menos aceitar oral de alguém que não conheço.

Travei o maxilar e ela, sorrindo, foi andando até a escada.

Quando estava enfiado no estúdio, liguei para o Georg. No terceiro toque, atendeu e falei:

          - Lembra de uma coisa que você me propôs? De me ajudar com a Luiza? Vou aceitar.


No dia primeiro de Outubro, a Luiza dormiu na casa das meninas e, no dia seguinte, bem cedo, pude ver um táxi parando ali em frente. Não foi surpresa ao reconhecer a Claire entre elas. Assim que o carro foi embora, liguei para o meu irmão. Não muito tempo depois, ele chegou com o Gustav e ficamos os três ali em casa.

          - O que, exatamente, você pediu para o Georg fazer? - O Tom quis saber, quando tínhamos saído para almoçar num restaurante em Santa Monica.

          - O que mais senão descobrir para onde iam e ficar de olho nelas? - Respondi.

          - Isso tudo é medo de a Luiza te trair? - O Gustav perguntou e neguei com a cabeça.

          - Principalmente porque a gente sabe muito bem que ela se manteve fiel esse tempo todo. - O Tom retrucou e olhei para ele.

          - E como posso ter certeza disso? Quer dizer, em Nova Iorque, ela ia se encontrar em segredo com o Ireland. - Repliquei.

          - Não passou pela sua cabeça que ela fez isso porque sabia que você ia implicar? E outra: Ela não podia muito bem ter ido se encontrar com ele para terminarem o que tinham em respeito à você? - O meu irmão disse.

          - Desde quando você defende a Luiza desse jeito? Pelo que me lembro, até pouco tempo atrás você não confiava tanto assim nela. - Perguntei.

          - Tive uma primeira impressão errada dela. - Falou, dando de ombros.

          - E quando isso começou a mudar? Quando vocês saíam para almoçarem juntos sem eu saber? - Questionei, já ficando mais irritado.

          - Quer saber? Foi. Mas na última vez que almocei com ela foi porque me pediu ajuda. Queria saber qual era a melhor maneira de te contar sobre a Lydia. - Retrucou. - A Luiza gosta mesmo de você, que só faz besteira! Bem feito para você se ela resolver aproveitar a viagem para Amsterdam!

O Gustav só assistia à tudo, quieto. Algumas pessoas do restaurante olhavam para nós e terminei de almoçar em silêncio.

Uns dias depois, o Tom e o Gustav ficaram lá em casa, aproveitando que a Luiza estava viajando. E, como era sábado à noite... Decidimos sair. Fomos até uma boate e, aproveitando que os dois estavam distraídos, resolvi olhar o instagram das meninas e descobri uma foto um pouco bizarra: Elas pareciam estar num bar e tinha uma pessoa usando uma roupa preta de vinil, com máscara, e que segurava o tornozelo da Nicola. A parte mais estranha era que a pessoa estava chupando o dedão do pé da ruiva.

          - Que cara é essa? - O Tom quis saber, me olhando. Entreguei o celular para ele, que disse: - Que é isso?

          - É o que você está vendo. - Respondi. O Gustav, claro, ficou curioso e foi olhar.

          - Vê se tem outras fotos. - Disse e o Tom mexeu um pouco. Em seguida, me entregou o aparelho e tinha uma foto da Luiza e da Nadine, cada uma segurando um copo de bebidas coloridas, e as duas sorriam.

          - Viu? A única mais... Rebelde é a Nicola. - O meu irmão disse.

          - Será? - Perguntei e ele deu de ombros. Pegou o celular e digitou alguma coisa. Pouco tempo depois, leu:

          - “A única que teve o dedão do pé chupado foi a Nicola. A Luiza não está fazendo nada demais além de tomar um único drink.”.

Quase imediatamente, recebi uma mensagem dele no celular:

Deixa de ser tão cabeça dura e acredita quando a Luiza te diz que se comporta. A Nadine e a Nicola que são piores.

De repente, senti que alguém me olhava e, quando consegui encontrar, era uma garota, parecida com a Lydia. Tomando coragem, se aproximou de onde eu estava e perguntou:

          - Como pode um cara tão... Lindo como você estar sozinho aqui?

          - Não estou mais. - Falei, sorrindo malicioso.

Uma das últimas coisas que me lembro de fazer era de começar a tomar um drink atrás do outro e de ir para um hotel com a garota. Na manhã seguinte, acordei com aquela ressaca monstruosa. E tão logo cheguei em casa, acabei brigando com o Tom. No entanto, a pergunta de um milhão era: O que eu fiz com a garota? Sério. Não conseguia me lembrar do que havia acontecido. E isso acabou me resultando num sermão do Tom, que avisou que eu teria de explicar tudo à Luiza. Imaginava a reação dela...

Passei o dia inteiro trancado no estúdio de casa, tentando escrever alguma música e, quando estava quase desistindo... Foi quando veio a inspiração. Tão logo terminei, fui atrás do meu irmão e começamos a fazer o arranjo.

Mesmo tendo a comprovação de que ela não fazia nada demais, fui dormir cismado com a ida dela para Amsterdã. Sejamos francos: A Luiza, apesar de tudo, fazia por onde para me deixar tão cismado. Bastava alguém vir falar com ela para ser gentil. Por mais que fosse educada, me importava mais quando eram com homens do que mulheres. Principalmente os que eu sabia que eram bonitos. Quer dizer, ao menos parecia, já que ela ficava tão... Animadinha.

De repente, percebi a tela do meu celular se iluminando e, assim que peguei o aparelho, vi que era mais uma mensagem, só que da própria Luiza. Dizia:

Mesmo que eu te odeie atualmente... Queria que estivesse aqui, dormindo de conchinha comigo. Piegas, eu sei :P Mas é a verdade.

Respirei fundo e mandei a resposta. A réplica era:

Eu sabia. ;P

Como?

Se te contar, terá de morrer. *Risada maligna*

Sorri fraco e desejei boa noite.

Na noite seguinte, o Tom foi comigo até o LAX. Tão logo conseguimos encontrar o portão de desembarque internacional, ficamos um pouco mais afastados da fila que estava ali, esperando o pessoal do mesmo voo que as meninas. No entanto, conseguíamos ver as pessoas esperando as bagagens. E não foi muito difícil reconhecer as três (A Claire ia esticar a viagem), principalmente por causa da Nicola. Assim que pegaram as malas, colocaram-nas nos carrinhos e vieram na direção da porta de vidro, dando uma olhada geral. De repente, um grupo de garotas parou a Luiza no meio do caminho e vi minha mulher sorrindo de um jeito envergonhado. Concordou com a cabeça, falando algo e as meninas quase tiveram um ataque. Uma delas tirou uma foto com o celular e, assim que se deram por satisfeitas, liberaram as meninas, que começaram a nos procurar. O Tom recebeu uma mensagem da Nadine, avisando que iam despistar as garotas e que deveríamos encontra-las um pouco mais adiante. Depois de alguns minutos, elas reapareceram e a ruiva reclamava:

          - E a culpa é minha que não tinha a menor condição de ir àquele banheiro? Sorte que ficou interditado no final da viagem. Oi meninos. - Disse, parando na nossa frente. A Nadine cumprimentava meu irmão com um beijo discreto e, quando fiz menção de me aproximar da Luiza, ela me bateu.

          - Isso é por você ter aprontado, que já estou sabendo. E isso - Tomei outro tapa no braço. - é por ter feito o Georg nos espionar. Faz uma coisa desse nível de novo para ver onde vou acertar.

          - É... Fodeu. - O Tom disse e quase bati nele também. Ajudamos as meninas com as bagagens enquanto a Nicola narrava a história da pessoa que chupa dedões alheios.

          - É bizarro! Nem o Charlie faz isso comigo!- Disse.

          - Mas você foi a única? - Eu perguntei e ela confirmou.

          - A Nadine não animou e a Luiza sente...

Parou perante ao olhar da minha mulher.

          - Sente o quê?- Perguntei.

          - Ódio quando insistem e sabe disso. - Respondeu, apertando minha cintura.

Depois de guardarmos as bagagens das três no porta-malas, fomos para a casa. Deixei o Tom e a Nadine na casa dele e a Nicola foi o resto do caminho comigo e a Luiza. Assim que entramos em casa, ajudei a minha mulher e, assim que entrei no quarto dela, falei:

          - Sobre o que aconteceu no aniversário da Nicola...

Me olhou, séria.

          - O quê? Vai dizer que estava carente? Ou a desculpa masculina mais clichê e idiota do mundo, de que tem as suas necessidades e a maldita da carne é fraca? - Perguntou, irritada.

          - Não. Eu ia dizer que, apesar de tudo, pode não ter acontecido nada.

          - O que é pior ainda. - Disse. - Olha, eu estou cansada, com cólica, sofrendo com o jetleg e, para seu azar, puta da vida com você. Por enquanto, é melhor a gente... Dar mais espaço ao outro e não deixar acontecer nada quando não estivermos sozinhos. E justamente por saberem de tudo, eu agradeceria se você não tentasse qualquer aproximação quando estivéssemos com as meninas, o Tom, o Georg e o Gustav.

Concordei com a cabeça e a deixei sozinha. Voltei para o estúdio e comecei a escrever uma nova música.

A partir daquela semana, a Luiza insistiu para que as consultas com o terapeuta fossem individuais. Além disso, tinha conseguido uma substituta para a Claire que não era tão eficiente assim. E o pior de tudo era a diferença física gritante com a minha secretária: A Claire podia muito bem ser uma angel da Victoria’s secret, sendo loira, alta, magra e de olhos claros, além da cara de boneca. E essa substituta... Era baixinha, estava muito acima do peso e usava roupas justas, o que acentuava mais ainda. Sem falar no buço, óculos de armação grosseira, o batom rosa-choque gritante (Que ainda por cima, era borrado e manchava os dentes) e os cabelos claramente ensopados no creme. No dia que a Luiza chegou no estúdio e a viu, sua expressão de susto foi engraçada.

Os dias foram se passando, a Luiza ainda se mantinha distante de mim e, quando estávamos a quinze dias do Halloween, consegui convencê-la a almoçar comigo e, em seguida, irmos olhar a fantasia para cada um, já que tínhamos recebido alguns convites para festas, inclusive da gravadora.

Quando estávamos numa loja, ela me provocou, sugerindo:

          - Vai de Casanova. Combina perfeitamente.

Olhei para ela e retruquei:

          - Só vou se você for de Madame de Pompadour.

Arqueou a sobrancelha e disse:

          - E por que não? Afinal de contas... Ela não era só a amante de Luís XV. Mas eu já sei como vou vestida.

          - E como?

          - Pode deixar que não vai precisar gastar um único centavo. Principalmente porque já tinha falado a respeito com as meninas e o que temos já dá para usar.

          - Não vai mesmo me falar?

          - Não. Mas vou te dar três pistas.

Olhei para ela.

          - Come along, Pond. Run, your cleaver boy... And remember. Bad Wolf.

Continuei sem entender. Deu um sorriso misterioso e disse:

          - E dando uma sugestão realmente séria... Gravatas borboletas são legais.


          - Dá para você ser mais explícita?

          - Não é tão difícil assim, anda. Você que está com preguiça de pensar.

Depois que saímos da loja, fomos para o estúdio e, estava concentrado num trabalho, mas, de repente, meu olhar foi atraído na direção dela. Olhei para o lado e vi que abria dois botões da camisa que usava e começou a mexer no fecho do sutiã, que era frontal. Não muito depois, começou a deslizar a ponta dos dedos pela parte descoberta de um dos seios e aquilo só fez me hipnotizar cada vez mais. E aparentemente, não fazia nada além de ler um livro. Do nada, pegou o celular e, dando um meio sorriso, digitou a resposta. Fez uma careta e digitou de novo. Sorriu torto de novo e, quando pôs o celular de lado, assim como o livro, se levantou e saiu do estúdio. Quando voltou, trancou a porta e veio andando na minha direção. Sabe-se lá como, conseguiu puxar a minha cadeira e girá-la, me deixando de frente para ela.

          - O que... Você está fazendo? - Perguntei e sua resposta foi se sentar no meu colo e desafivelar o meu cinto, além de abrir a minha calça. Fixou seu olhar no meu e respondeu:

          - Algo que estou com muita vontade. Principalmente depois do seu olhar em cima de mim agora há pouco.

Tentei impedi-la, sem sucesso, mas, quando vi, já tinha puxado minha calça para baixo, levando a boxer junto. Foi andando até o sofá e, depois de pegar uma almofada, voltou, jogando-a no chão, perto da cadeira, e se inclinou na minha direção. Aproximando sua boca do meu ouvido, disse, com voz baixa:

          - Fecha os olhos. - Obedeci. - Agora imagina que estamos em casa... Sozinhos...

Engoli em seco, fazendo tudo que ela me pedia.

          - Está tudo escuro e silencioso...

Tentava controlar a minha respiração.

          - Imagine que você está no seu quarto, deitado na cama.

          - Mas estou sentado numa cadeira.

Pude ouvi-la dando um estalo com a língua e disse, impaciente:

          - Só de castigo, imagina uma velha pelancuda sem roupa.

Ri e ela se afastou. Espiei o que estava fazendo e pegou outra almofada. Ao me flagrar, disse:

          - Se inclina para a frente, por favor.

Obedeci e ela pôs a almofada entre o encosto da cadeira e as minhas costas. Em seguida, fez com que eu voltasse à posição original.

          - Fecha os olhos e imagina tudo de novo.

          - Inclusive a velha pelancuda?

Tomei um tapa no braço e ri. Para me ajudar, ela falou tudo de novo e, de repente, disse:

          - Ok. Esquece tudo que te disse. Imagina que você vai fazer algo que sempre quis.

          - É para te dizer?

          - Melhor não. Principalmente por saber que posso esperar absolutamente tudo de você. Pervertido.

Ri fraco e comecei a me lembrar do dia em que ela fez strip-tease para mim. Mesmo tendo visto os vídeos do bar, ainda sim, não era a mesma coisa; Era muito melhor. Ainda mais que era para mim, não para um monte de caras bêbados, que deviam gritar cada obscenidade para ela.

          - No que está pensando? - Quis saber e a provoquei:

          - Achei que não quisesse saber.

          - Mudei de ideia.

Abri os olhos e a fixei.

          - Estava lembrando do meu aniversário.

Respirou fundo e, por causa da sua postura, meu olhar foi atraído para o seu peito.

          - Luiza... Me perdoa. Por tudo que já te fiz.

Hesitou por uma fração de segundo e, logo, reassumiu a postura decidida.

          - Acho que deu para perceber que não ia tolerar traição.

          - O que eu posso fazer para que...

          - Começar a se arrepender. E se contentar... - Pegou a minha mão e fez com que eu a fechasse em torno do meu pênis. - Sozinho. Por tempo indeterminado.

          - E o que você vai fazer quando não estiver mais aguentando? - Perguntei, me abaixando para pegar a calça. - Nós dois sabemos muito bem que se manter na completa abstinência não é muito o seu forte.

          - Demorei a perder a virgindade. Acha que eu não tenho autocontrole o suficiente?

Depois que me recompus, me levantei, propositalmente não fechando o cinto e muito menos a calça, me aproximei dela e respondi:

          - Sim. E achou mesmo que eu não ia perceber o quanto gosta de mim?

          - Menos, Kaulitz. Bem menos. Você não é todo esse gás da Coca-Cola quanto pensa. - Respondeu, estreitando os olhos.

          - Não sou? - Perguntei, sorrindo maldosamente. - Engraçado, então por que você está vacilando?

Hesitou e sorri mais largamente.

          - Está vendo? Aprendi a te interpretar, Luiza. No fundo, você não é tão difícil assim de ser decifrada.

Abriu a boca para retrucar e meu olhar imediatamente foi atraído para os seus lábios. Senti uma vontade avassaladora de beijá-la.

          - Não vou negar que realmente sinto uma atração muito forte por você. - Disse, me surpreendendo. - Mas como a mágoa e raiva que estou sentindo agora... São bem mais fortes e é por isso mesmo que vou conseguir aguentar a abstinência. Também, se não aguentar... Na pior das hipóteses, tenho meus dedos.

Por um instante, consegui imaginá-la, mas na minha cama.

          - Sem falar que tenho uma vantagem. Sou mulher. Não penso com a cabeça debaixo.

          - E quem te garante que, justamente por ser mulher, não vai se deixar guiar pelo coração?

          - Estou confiando no meu taco. - Disse. De repente, fomos interrompidos pelo telefone. Ela se afastou e foi atender enquanto eu, tive que dar um jeito de fechar a calça, o que era meio... Difícil, dada à situação graças ao fruto da minha imaginação em imaginá-la se masturbando.

Naquela noite, quando estava trancado no estúdio e tomando vinho, me ocorreu uma coisa. Era maldade, mas duvido que ela não ia ceder...

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 21º capítulo


21. She can't resist the temptation to sin

Ela começou a rebolar muito sexy
E me olhando
Ela conseguiu me controlar pela mente
(...)
Eu desisto
Estou à sua mercê
Ela não quer me soltar

(McFly - Party Girl)

Luiza

          - Só para constar... Eu te odeio! - Falei e ouvi sua risada. Ou melhor, gargalhada.

          - Não entendo essa sua timidez, sinceramente. - O Bill disse. - Já te vi sem roupa mais de uma vez e, querendo ou não, estou conhecendo mais e mais o seu corpo. E imagina que você está no bar.

          - A diferença é que no bar, eu nunca tirava nada além da jaqueta. Ou casaco. E era quando eu chegava... - Respondi, filosofando e quase perdendo o fio da meada. Estávamos só nós dois, no domingo, em casa, mas num porão que eu nem sabia que existia. Sabe-se lá como, conseguiu recriar o The Coyote ali, inclusive com as mesmas bebidas.

Respirei fundo e, falei:

          - Pode ir.

Foram poucos segundos, mas achei muito pouco tempo até ouvir o começo da música. Gelei e, de repente, o ouvi dizer:

          - Tive uma ideia.

Esperou alguns instantes antes de esticar a cabeça pela porta do camarim que a Nadine tinha mandado improvisar ali.

          - Só... Dança para mim. Pelo menos até ter um pouco mais de coragem. Afinal de contas, eu acho que preciso de uma preparação para quando formos para Londres...

Seria muito covarde de minha parte admitir que eu estava mais nervosa por dançar para ele do que no bar, na frente de um bando de homens que gritavam até coisas obscenas para mim?

          - É... Acho que é um bom... Aquecimento. - Falei, dando um sorriso sem mostrar os dentes. A música acabou e, depois de alguns instantes de silêncio, reconheci a introdução de “Discothèque” do U2. Dei um meio sorriso e fui andando até o bar. Tinha até a escadinha que usávamos para ajudar a subir ali e não controlei o sorriso.

          - O que foi?

          - Nadine mais detalhista que nunca... - Respondi. - Tá... Agora, quieto senão vou acabar dando um jeito de estragar tudo.

Logo, a voz do Bono encheu o ambiente e fui me movendo conforme o ritmo da música, fechando os olhos e tentando me imaginar no bar. Não estava conseguindo e pedi:

          - Muda a música, por favor.

Obedeceu e começou a tocar uma das minhas preferidas. Justamente por ter uma batida mais... Bom, que permitia o rebolado mais solto, não me intimidei e aí sim consegui dançar exatamente do mesmo jeito que no bar. Vez ou outra, olhava para ele, que estava com o olhar fixo em mim, dando um sorriso fraco. Continuei dançando e rebolando lentamente enquanto andava pelo balcão. Mexi no cabelo e, quando estava perto do refrão, eu tomava o cuidado de provoca-lo vez ou outra. Mordi o lábio e, mantendo o olhar fixo no dele, segurei a barra para pole dance e fui me abaixando lentamente e, quando levantei, fiz questão de empinar a bunda.

Continuei dançando e, quando tive confiança o suficiente, comecei a diminuir a velocidade dos meus movimentos. Fui andando até mais ou menos o meio do balcão e, me abaixei, mantendo o olhar fixo no seu e deixando um meio sorriso aparecer. Me sentei ali e tirei meus sapatos, largando-os no chão. Me virei de lado, levantando em seguida, e, assim que fiquei de pé, enrolei mais um pouco, caprichando nas provocações e, quando “Whole lotta love” começou, não contive um sorriso. Continuei dançando e, quando andava, rebolava. Tirei a calça, jogando-a perto dos sapatos e, não muito tempo depois, foi a vez da blusa. Porém, antes de tirar o sutiã, desci do balcão e mexi na iluminação, deixando tudo na penumbra. Curiosamente, começou a tocar “Fever” e foi simplesmente perfeito. Antes da parte sobre Romeu e Julieta, imitei a Kate Moss naquele clipe do White Stripes, andando lentamente, dando a volta na barra e, quando parei de frente para o balcão, fui me abaixando sem pressa, mantendo o olhar fixo no seu. De repente, tive uma ideia. Pedi:

          - Fica ali daquele lado, por favor?

Meio a contragosto, fez o que pedi e se sentou num dos bancos da ponta. Fui engatinhando até ele, que engoliu em seco. Parando na sua frente, me ajoelhei e, justamente naquela hora, mudou a música. Suspirei e ele me olhou.

          - Vai parar justo agora?

          - É... Pensando bem... - Falei, dando de ombros. Me levantei e fui andando (E fazendo questão de rebolar) de volta à barra e, antes do refrão, aproveitando que o bridge era lento, baixei uma das alças do sutiã. Esperei um pouco para baixar a outra e, quando me escondi na sombra, tirei a peça e joguei para ele. Cobri meu busto com os braços e perguntei:

          - Será que você pode me emprestar sua jaqueta?

Mesmo estranhando, atendeu e, depois que a vesti, parei a música e, o olhando por cima do ombro, falei, fazendo manha:

          - Quero terminar no quarto... Vem comigo?

Nem precisou pedir duas vezes.

Depois que trancou a porta, percebi que se movimentava e, quando vi, estava me segurando pela cintura, fazendo com que ficasse de frente para ele e era guiada até a cama. Fez com que me deitasse sobre o colchão, ficando por cima de mim e me beijava sem pressa nenhuma.

Tão logo deixou a minha boca e partiu para o pescoço, aproveitei para perguntar:

          - E o final do strip?

Senti suas mãos descerem da minha cintura até as laterais da calcinha e a puxarem para baixo. Jogou a peça num canto qualquer e disse:

          - Pronto.

Ri fraco e traçou um caminho de beijos pela linha do meu maxilar até meu queixo. Subiu até a boca e, depois de roubar alguns selinhos lentos, disse:

          - Você me deixou louco hoje... Principalmente na hora em que jogou o sutiã na minha direção...

Parei para olhá-lo e acariciei seu rosto. Fechou os olhos lentamente, se deliciando com a carícia e fiquei observando cada mínimo detalhe do seu rosto, tentando memoriza-lo. Movimentei meu polegar, fazendo uma carícia delicada e pude notar um leve sorriso aparecendo nos seus lábios. Acariciei sua barriga, sentindo-a contrair-se ao meu toque. Abriu os olhos e me fixou. Me estiquei na sua direção e o beijei sem pressa.
Depois de alguns minutos, deixou a minha boca para partir na direção do pescoço, tomando o cuidado de beijar a linha do meu maxilar. Ao chegar perto da minha orelha, mordeu o lóbulo e cravei as unhas no seu ombro. Continuou pelo pescoço, não poupando nenhum milímetro de pele. Passou pelo ombro e percebi que acariciava a minha cintura, vez ou outra, descendo um pouco até a coxa. Percebi que sua mão foi se aproximando do meu busto conforme a boca fazia o mesmo. Arqueei as costas ao sentir sua boca cobrindo um dos meus seios enquanto a mão estimulava o outro. Depois, inverteu até que chegou num ponto que sabia que não ia aguentar por mais tempo. Foi quando parou e retomou a trilha de beijos. Senti seus dedos apertarem minha coxa com vontade, deslizando até o meu joelho e, descendo até a virilha, para refazer o caminho. Ao chegar no meu baixo-ventre, respirei fundo, tentando me manter calma e foi quando senti a ponta dos seus dedos mal encostando na parte interna até finalmente chegarem onde eu queria. Alguns instantes depois, já ofegava e até mesmo me contorcia ao sentir dois de seus dedos dentro de mim, me tocando de um jeito provocante e, que aos poucos, ia aumentando de velocidade. E quando achava que não ia aguentar... Senti sua boca em mim. Conforme as sensações iam ficando mais intensas, me preparava para o que estava por vir. E já prestes a chegar ao meu limite, literalmente, me agarrei à primeira coisa que consegui alcançar e mordi o lábio, na esperança de conter os gemidos que teimavam em escapar pela minha garganta. A já conhecida sensação intensa e gostosa ia aumentando cada vez mais e, junto dela, podia perceber o quanto meu corpo estava quente. Foi quando cheguei ao máximo, relaxando quase imediatamente.

Tinha fechado os olhos por alguns instantes, ainda respirando rápido e forte, quando senti o Bill ficando deitado por cima de mim de novo. Lenta e cuidadosamente, beijou a minha bochecha e foi cada vez mais se aproximando da boca. Quando estava totalmente envolvida, começou a se mover lentamente dentro de mim. Envolvi seu quadril com as minhas pernas e o abraçava, passando meus braços em torno das suas costas, aproveitando que havia apoiado os seus ao lado do meu corpo. Conforme a velocidade e intensidade de seus movimentos ia aumentando, o simples ato de respirar ficava cada vez mais difícil e, talvez por isso, interrompemos o beijo e apenas deixamos os rostos próximos. Consegui manter meus olhos abertos e estava hipnotizada pelos seus, ainda mais hipnotizantes que de costume. Depois de alguns minutos, o Bill decidiu voltar ao ritmo mais lento e mais profundo das investidas. Perdendo totalmente o controle e noção das minhas ações, cravei minhas unhas no seu ombro e arqueei as costas, não conseguindo conter um gemido rouco e um pouco mais alto que o desejado enquanto sentia que atingia o máximo do que podia aguentar e cada músculo do meu corpo se retesando para, quase imediatamente, relaxar em alguns espasmos.

Tinha acabado de atingir um orgasmo quando ele também atingiu o clímax, se largando em cima de mim, mas não evitando um beijo. Depois que nos separamos, acariciei seu rosto, vendo-o fechar os olhos. Ele encostou a cabeça no meu peito, ouvindo as batidas do meu coração e deixei meus dedos deslizarem por seus cabelos, me deliciando com a sensação. Em seguida passou os braços pela minha cintura e ficamos assim por um tempo.

Quando o cansaço foi maior, não consegui aguentar por muito mais tempo e dormi.

Assim que acordei na manhã seguinte, sentia que estávamos de conchinha e seu braço envolvia minha cintura. Como sempre, funguei antes de abrir os olhos e o ouvi, com a boca muito próxima do meu ouvido e com a voz rouca:

          - Guten morgen, meine liebe.

          - ‘Morgen. Acordar com sua voz assim logo de manhã...

          - O que tem?

          - Você ainda mata uma!

Riu e me puxou para mais perto, se é que aquilo era fisicamente possível. Se mexeu e conseguiu me beijar no ombro. Me espreguicei um pouco e fiz um barulhinho e ele riu de novo.

          - Toma banho comigo? - Pediu e não teve como negar.

Depois de nos arrumarmos, saímos e, no meio do caminho para o estúdio, passamos na Starbucks. Assim que chegamos, a Claire passou todos os recados para o Bill e, de repente, recebi uma mensagem da Nicola. Peguei o celular e li:

COMO ASSIM O ALEX ESTÁ DE ROLO COM A EX DO BILL? O.O

Respondi:

Caso não saiba, letras maiúsculas são como se você estivesse gritando. E eu sei disso. Até briguei com o Bill, que ainda não sabe. E no que depender de mim, vai continuar assim. Não quero que ele tenha um aborrecimento desses. Já me bastam as crises de ciúmes por causa do Alex.

Quase imediatamente, veio sua réplica:

Já sei sobre as maiúsculas :P. E pode contar comigo, a Di e o Charlie para continuar mantendo esse segredo. E tem certeza que é um aborrecimento que você quer evitar?

Suspirei e falei, me levantando:

          - Eu já venho.

Senti o olhar do Bill em mim e sabia que deveria estar pensando que eu estava falando com o Alex e não com a Nicola. E justamente por ser um assunto que eu não queria que ele descobrisse a respeito, não fiz o caminho mais óbvio. Saí do estúdio sim, mas fui até um lugar mais escondido, ali perto. Liguei para a Lola, que atendeu no terceiro toque:

          - Fala.

          - Respondendo à sua pergunta da SMS... É também. Sabe que não consigo mentir nem para você e nem para a Nadine. Principalmente porque as duas parecem inquisidoras.

Riu do outro lado da linha e perguntou:

          - Então... Sabe que, se realmente for para Londres, as chances de encontra-la são grandes...

          - Eu sei. E não sei o que faço, sinceramente. - De repente, me ocorreu uma ideia. - Minto. Eu sei sim. Daqui a pouco te ligo de novo.

Se despediu de mim, principalmente porque o Charlie havia acordado. Procurei na agenda do telefone pelo número que queria e apertei o botão para chamar. Tocou algumas vezes até que eu conseguisse ouvir sua voz do outro lado da linha:

          - Oi.

          - Por favor, me diz que eu não te acordei... - Falei e ouvi um bocejo.- Ai, Tom, desculpa. Mas eu preciso muito conversar uma coisa séria com você. E preciso que não conte nada para o Bill. Pelo menos não por enquanto.

          - Que coisa séria?

Suspirei.

          - Descobri uma coisa sobre a ex dele.

Depois de um minuto inteiro de silêncio, disse:

          - Quando for sair para o almoço, me liga que eu passo e te pego.

Concordei e me despedi dele. Quando voltei para o estúdio, o Bill me ignorou completamente. Fingi indiferença e me concentrei no meu trabalho. Pude ver que ficou inquieto e me esforcei ao máximo para manter a pose séria.

Na hora do almoço, quando comecei a guardar as minhas coisas para sair, suspirou e disse:

          - Estava combinando de ir almoçar com a minha mãe... Quer ir junto?

          - Obrigada, mas deixa para uma próxima vez. Quero resolver um assunto urgente. Ah! E manda um abraço por ela para mim, por favor.

E pus a bolsa sobre o ombro, saindo e com o celular em mãos. Depois que saí, procurei pelo carro do Tom e quase imediatamente, parou na minha frente.

          - Rápido e rasteiro... - Falei, depois de fechar a porta. Me inclinei na sua direção e o cumprimentei com um beijo no rosto. - Tudo bem?

          - É... E você?

Concordei. Fomos para um restaurante perto da sua casa e, depois que fizemos os pedidos, ele quis saber:

          - O que você descobriu sobre a Lydia?

Suspirei.

          - Ela está de rolo com o Alex. E como o Bill quer ir para Londres no final do ano, estou com medo. Não só que ele possa... Ter uma recaída com ela, mas... Medo de que tudo aconteça de novo. Eu sei que ele precisa saber disso, mas não sei como contar.

          - Quer que eu conte?

Neguei com a cabeça.

          - Honestamente, eu não acho que o Bill vá ter uma recaída por ela. Conheço meu irmão e sei que ele ficou muito magoado com ela, ainda mais depois de tudo que aprontou.

          - E com razão.

          - É. Mas como você está agindo da maneira totalmente oposta à dela, não precisa se preocupar, afinal, além de todo mundo aqui gostar de você, ainda tem a história da banda.

          - Está achando ruim de voltar com o Tokio Hotel?

Sorriu e disse:

          - Nenhum de nós está. Principalmente o Bill. Quando tudo aconteceu, estávamos na melhor fase.

          - Eu percebi que ele sentia falta disso. Foi por isso que eu quis impor essa condição. E não por ser fã da banda.

Me olhou, avaliando. Perguntei:

          - Então... Eu sei que é um assunto bem indigesto para o almoço, mas... Essa história do Bill realmente precisa ser resolvida.

Assim que o garçom trouxe a comida, começou a me ajudar, dando umas dicas.

Na volta para o estúdio, aproveitou que estávamos parados no sinal e perguntou:

          - Posso te perguntar uma coisa?

Concordei.

          - Como você dobra a Nadine depois de uma briga?

Sorri e disse:

          - Para começo de conversa... Pede desculpas. Isso funciona, não só com a Nadine, mas com todo mundo. E tem quanto tempo que vocês brigaram?

          - Foi agora de manhã.

          - Deixa ela quieta. Melhor falar com ela de cabeça fria do que se arriscar que ela pule no seu pescoço. E pequenos agradinhos conseguem amansar a fera.

Riu e quis saber:

          - Alguma sugestão?

          - Doces. Nadine é uma formiga de salto, que nem eu.

Assim que chegamos, parou o carro um pouco à frente do estúdio e disse:

          - Escuta... Vai com calma quando falar da Lydia para o Bill. E se prepara porque é bem capaz de ele querer brigar com você por não ter dito nada.

Suspirei e assenti. Em seguida, me inclinei na sua direção e dei um abraço desajeitado. Mas antes de sair do carro, perguntou:

          - Por um acaso você estava pensando em ir matar as saudades do bar?

Concordei.

          - Por quê?

          - Curiosidade... - Falou, todo misterioso.

Depois que se despediu de mim, entrei no estúdio e estranhei que a Claire não estava no seu posto. Fui andando despreocupada até a sala do Bill e, assim que entrei, estava vazia. Ou pelo menos eu achava, até fechar a porta e ser surpreendida pelo próprio, que me pegou pela cintura e me pôs contra a parede. Em algum momento dessa... Agitação toda, derrubei a minha bolsa.

          - Sabia que não faz bem ficar tomando susto o tempo inteiro? Que coisa!

Estava sério e pressenti que aí vinha problema. Perguntou:

          - Algum motivo especial para você ir almoçar sozinha com o Tom?

          - Na realidade... Tem sim. E eu preciso conversar uma coisa séria com você.

          - Estou ouvindo.

          - Por favor, me solta. - Pedi, calma. Estava segurando meus pulsos na altura da cabeça e seu corpo estava colado ao meu. Ficou imóvel por um instante e, em seguida, me soltou.

          - Naquele dia que você brigou comigo, me acusando de estar com ciúmes do Alex porque ele tinha namorada... Não era ciúmes. Era preocupação.

Me olhou, com cara de poucos amigos.

          - Fui almoçar com o Tom porque precisava da ajuda dele para tentar descobrir a melhor maneira de te contar uma coisa.

          - Me contar o quê? E o que a briga por causa do... Alex tem a ver com isso?

Respirei fundo.

          - O Charlie me contou quem é a namorada do Alex. A Lydia. Não te contei porque fiquei com medo da sua reação. Medo de que você tivesse uma recaída e acabasse se afundando de novo.

Me olhava fixamente e disse:

          - E você está me contando isso porque...

          - Se a gente realmente for para Londres no final do ano, as chances de esbarrarmos com ela são altas. E além disso, quero deixar uma coisa bem clara.

          - Não se preocupe porque não tem chance de eu voltar com ela.

          - Não era isso. O que eu ia dizer é que, se precisar, pode ter certeza que mantenho ela longe. Ah sim... E se por um acaso acontecer de você não resistir... Não penso duas vezes antes de ir ao juiz.

          - Isso é uma ameaça?

          - Não. É um aviso. - Falei, indo até a minha mesa. - Poderia perdoar sua traição com qualquer outra mulher. Menos com ela.

          - Acho que nesse caso, você pode se considerar com menos sorte que eu. Não acho que te perdoaria. Principalmente se fosse com o Alex.

          - Acontece que ele tem uma diferença para a... Lydia. Ele seria incapaz do que ela fez com você.

Sua expressão se tornou mais séria. E não demorou muito para brigarmos. Cada um passou o resto do dia fazendo as próprias coisas e falando só o necessário com o outro. Quando deu a hora, saí do estúdio sem nem olhar para trás e, quando um táxi parou no passeio à minha frente, já estava abrindo a porta quando, de repente, senti um puxão e o Bill falou com o motorista:

          - Obrigada, mas pode deixar.

O carro partiu e falei:

          - Que história é essa agora? Não posso nem mais pegar um táxi?

          - Não. E vai até o carro. - Mandou e ergui a sobrancelha. - Eu não vou falar de novo, Luiza.

Cruzei os braços na altura do estômago. E então, me ergueu do chão, fazendo com que ficasse sobre seus ombros e esperneei, claro.

          - Me solta, Bill!

          - Sossega. - E deu um tapa na minha bunda.

          - Ei!

          - Se reclamar, apanha mais.

Que palhaçada era aquela?

Quase nos derrubei e, assim que parou ao lado do carro, finalmente me pôs no chão e me prendeu entre seu corpo e o carro. De repente, me surgiu uma ideia e, como não tinha mais ninguém ali e tinha pouca iluminação... Me estiquei toda e comecei a beijar lentamente seu pescoço. Comecei a acariciar seu rosto com a mão esquerda e a direita começou no peito. Mas não resisti por mais tempo e a deslizei pela sua barriga, mesmo sobre a camiseta. Ao chegar no cós da calça, não resisti e o provoquei, dizendo:

          - Estava pensando... Estamos só nós dois aqui... O estacionamento é fechado, sem falar que não tem perigo de ninguém mais entrar...

Antes de qualquer coisa, deixa te explicar: O estacionamento era do estúdio. Era tipo garagem mesmo e, portanto, não tinha como ninguém nos ver.

          - Não vai funcionar, Luiza. - Disse. Dei um meio sorriso e comecei a morder seu pescoço de leve. Ao mesmo tempo, deslizei minha mão para dentro da sua calça.

          - Se não vai funcionar... Então por que está duro desse jeito?

Mordeu o lábio inferior e fechei meus dedos em torno do seu pênis, começando a masturba-lo lentamente. Aos poucos, fui sentindo sua respiração ficando cada vez mais e mais acelerada e forte e, de repente, agarrou minha cintura.

          - Não vou aguentar por mais tempo, Luiza...

          - Essa é a intenção. - Falei, aproximando minha boca da sua. Num movimento rápido, consegui virar e o pus com as costas apoiadas no carro. Rapidamente, desafivelei seu cinto, abri o botão da sua calça e o zíper. Já ia abaixando o jeans quando me deteve.

          - Tem circuito interno. - Disse. Me aproximei dele e falei:

          - Não pensa que você vai me escapar...

E roubei um beijo. Quando me soltou, respondeu:

          - E por que eu escaparia se quero que você continue?

Sorri e ele também o fez, só que maliciosamente.

Quando chegamos em casa, algum tempo depois, a Simone estava na cozinha com o Tom, que disfarçou um sorriso assim que nos viu.

          - Demoraram para chegar. - A Simone disse.

          - A gente começou um trabalho novo e acabamos nos distraindo. - O Bill respondeu e o esforço para me manter séria foi sobre-humano.

          - Ah, Luiza. A Nadine pediu para você ir lá. - O Tom avisou.

          - Dá tempo? - Perguntei para a Simone, que disse:

          - Dá. Se não demorar demais...

Sorri e fui quase correndo.

Assim que a Di abriu a porta, recebi uma mensagem no celular. Peguei o aparelho e li:

Minha mãe pediu para avisar que, se a Nadine quiser, pode vir jantar com a gente.

          - Que foi?- Perguntou, quando passei pela porta.

          - Está formalmente convidada para ir jantar lá em casa.

          - Bom, considerando que cansei de esperar a Nicola e o Charlie... Aceito. - Respondeu. Digitei a resposta para o Bill, avisando que a Di iria comigo e perguntei:

          - Então. O que houve?

          - Antes... A notícia boa. - Disse, indo até a bancada da cozinha e pegando uma revista. Em seguida, me entregou e avisou: - Página 70.

Estranhei e procurei a dita cuja. Era um artigo de página inteira sobre o meu estilo.

          - O que...?

          - Experimenta ficar com um executivo inglês famoso e se casar com um roqueiro alemão...

          - “Segundo fontes, Luiza garimpa peças de marcas famosas em brechós.”. Que raio de fonte é essa? - Perguntei e ela deu de ombros, rindo. - Bom, pelo menos estão elogiando e não criticando o jeito que me visto.

          - Pois é. Agora, a notícia ruim. Mas que é boa.

Olhei para ela.

          - O Charlie quer propor casamento para a Lola.

          - E me deixa adivinhar. Ele quer a nossa ajuda e essa é a suposta parte ruim.

Concordou.

          - Diz ele que depois vai dar um jeito de explicar tudo para a gente sem a Lola perceber...

          - E cadê os dois?

          - Inicialmente, iam ao cinema. Mas não é muito difícil de descobrir o que estão fazendo.

Dei um meio sorriso e falei:

          - Bom, a gente pode começar a pensar na ajuda que vamos dar para ele. Provavelmente ele deve querer uma mãozinha para organizar tudo para fazer o pedido. Tipo um jantar romântico ou algo do tipo.

          - Tive uma ideia! - Disse. Meu celular deu o aviso de mensagem de novo e decidimos ir para a casa.

Durante o jantar, a Simone perguntou:

          - Bill, estou sentindo falta daquela menininha que morava aqui perto... Dani... O que aconteceu?

          - O pai dela foi transferido já tem quase um mês. - Ele respondeu. - Foram para Seattle.

          - Imagino como ela deveria estar. - Comentou e eu e a Nadine estávamos numa conversa paralela, discutindo a ideia da ajuda ao Charlie:

          - Tinham feito um vídeo de um cara que juntou a família e os amigos da noiva e cada um fez uma coisa. No final, ele aparece, pedindo a mão dela. - A Di falou. Notei que o Tom prestava atenção e respondi:

          - Acho que já sei o melhor dia para ele fazer o pedido.

Ela me olhou, entendendo tudo e sorriu.

          - E que dia é? - O Tom perguntou.

          - Dia cinco de outubro. - A Di respondeu.

          - E o que tem dia cinco de outubro? - Ele quis saber.

          - É aniversário dela. - Falei.

          - E falando em aniversários... - A Nadine disse e cortei logo:

          - Não. Nem vem que ainda faltam cinco meses.

          - Mesmo assim, Iza... - Insistiu, me imitando e tombando a cabeça para o lado e dando um sorriso inocente.

          - Oi! Esse método de persuasão é meu! - Protestei e ela riu.

          - Tem patente? - Perguntou.

          - Continua usando sem permissão para ver se não arrumo uma em dois tempos!

Fez língua para mim e ia dar uma resposta daquelas quando percebi o olhar da Simone na nossa direção.

          - Salva pela sogra. - Resmunguei e a Di riu.

          - Está tudo bem? - A Simone quis saber.

          - Nada tão fora do costume. - Respondi, sorrindo.

Depois do jantar, percebendo que o Tom não queria que a Di fosse embora (E nem ela), aproveitei a distração de praticamente todo mundo para ir até a minha amiga e perguntei:

          - Escuta... O que me diz de ficar aqui hoje? Quer dizer, vai ter graça em ficar esperando pela Lola e o Charlie até sabe-se lá que horas?

          - Não trouxe nada. - Disse, tentando (E falhando miseravelmente) resistir.

          - Como se nós duas não soubéssemos que você vai muito usar um pijama que eu for te emprestar... - A provoquei e tomei um apertão na cintura. - Mas agora é sério. Vai mesmo preferir bancar a vela do casal melaço ao invés de ficar aconchegada nos braços do Tom?

Crispou a boca e disse:

          - Te odeio, só para constar.

Sorri e falei:

          - Odeia nada! Você me ama, isso sim!

Deu um estalo com a língua e perguntou:

          - Em qual quarto ele está?

          - Terceira porta à direita. E ó... Cuidado que as paredes são finas e lembre-se que tem mais gente além de mim e do Bill.

          - Quando você quer broxar alguém, mas capricha!

Ri e ela subiu. De repente, senti um puxão pela cintura e, quando vi, estava contra a parede.

          - Quando vai continuar com o que estava fazendo no estacionamento? - Perguntou, com a boca colada ao meu ouvido.

          - Agora. Anda, vem comigo. - Falei, o puxando pela mão e levando até seu quarto. Tranquei a porta e, antes que pudesse dizer qualquer coisa, me beijou.