sexta-feira, 28 de agosto de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 22º capítulo


22. I'm not guilty of what you're saying I do

Altas suspeitas, onde é que eu estava ontem à noite?
Procure e você descobrirá
E o que passa na minha cabeça é que você me faz colocar um limite
Eu não cometi crime algum

(Duffy - Well, well, well)

Bill

Setembro passou num piscar de olhos. Quando vi, já estávamos no final do mês e um bocado de coisas haviam acontecido: O pai da Dani foi transferido para Seattle. Eu e a Luiza tivemos uma briga daquelas e não estávamos nos falando muito além do necessário. O terapeuta até tentou ajudar, mas sem sucesso.

Como sempre, era sexta-feira e a Luiza tinha ido à aula de dança com as amigas. Fiquei passando o tempo no estúdio e só vendo as horas avançarem e nada dela. Tentei ligar no seu celular, mas não tinha retorno. Comecei a deixar mensagens na sua caixa postal e elas iam se tornando cada vez mais irritadas.

Quando eram quatro e meia da manhã, eu não conseguia mais me aguentar de sono, já estava cansado de ligar para a Luiza e até tentei a Nadine e a Nicola e nenhuma das duas atendia também. Estava cochilando quando ouvi o telefone. Por causa da adrenalina do susto, literalmente me levantei de um salto e fui até o aparelho.

          - Alô?

          - Senhor... Bill Kaulitz? - Ouvi uma voz feminina do outro lado da linha.

          - Sou eu.

          - Sou a oficial Smith e falo aqui da 9ª DP.

Já comecei a ficar alarmado, tendo certeza absoluta de que tinha alguma coisa a ver com a Luiza.

          - Sim.

          - Sua esposa está detida aqui na delegacia depois de agredir um assaltante...

Não sei o que era pior: A Luiza estar detida ou ela ter batido num assaltante.

          - E... Por um acaso ela está sozinha?
         
          - Não, senhor. Tem mais duas mulheres com ela, Nadine Coyle e Nicola Roberts.

          - Tudo bem. Estou indo para aí. Pode me passar o endereço?

Anotei conforme dizia tudo e só peguei uma jaqueta além das chaves do carro e o celular. Fui para lá e, assim que cheguei, estavam as três sentadas uma do lado da outra, sendo que a única que dormia era a Nicola. A Nadine ergueu o olhar para mim e obviamente falou com a Luiza, que não me olhou. A mesma policial que havia me ligado, pediu que a acompanhasse e, assim que paramos de frente para uma sala, bateu na porta e me fez entrar. O delegado era um homem de quarenta e poucos anos, de cabelos castanhos e olhos azuis. Era bem do tipo que fazia as mulheres suspirarem e imaginei a euforia que as três deveriam ter ficado assim que o viram.

          - Desculpe ligar para a sua casa tão tarde, mas...

          - Então. Eu até tentei ligar para a minha mulher, sem sucesso... Estava morto de preocupação com ela.

          - Pois é. Bom, o que aconteceu foi que as três estavam saindo de um bar no centro quando o rapaz tentou roubar a bolsa de uma delas. E as três alegaram legítima defesa, o que, querendo ou não, é verdade.

          - E o que pode ser feito?

          - Pode avisá-las que é perigoso reagir à assaltos. Desta vez, vou deixar passar, inclusive porque ajudaram a atrasar o ladrão tempo suficiente para que uma viatura conseguisse chegar.

Assenti.

Algum tempo depois, deixei a Nicola e a Nadine em casa e a Luiza ficou quieta. Tão logo entramos em casa, óbvio que não deixei o seu sumiço passar despercebido:

          - Cansei de te ligar e nada! Tem noção do quanto eu estava preocupado?

Suspirou e disse, em um tom de voz estranhamente calmo:

          - Depois da aula de dança, a turma decidiu ir a um bar. Não atendi à sua ligação por um simples motivo: Não ouvi o celular. Todo o lugar estava barulhento. E justo quando estávamos vindo embora, o cara tentou nos assaltar. Daí, até conseguirmos explicar tudo para o delegado...

          - O que eu faço com você, Luiza, hein? - Perguntei, já perdendo o resto de paciência.

          - Tentar mudar sua postura e ter menos ciúmes é um bom começo. - Disse, antes de ir na direção da escada. - Já cansei de te falar que, se eu estou casada com você, vou te respeitar, não importa o que aconteça. E mesmo se acontecer uma traição, pode ter certeza de que vou falar com você.

Quando estava na metade do caminho, perguntei:

          - Já fez isso com o Alex?

          - Ele ficou bravo por eu ter me casado e não ter dito nada imediatamente. Se ainda estiver duvidando da minha fidelidade, te passo o telefone dele, você liga e pergunta se alguma vez traí ele. Mesmo que fôssemos só... - Parou para pensar. - Mesmo que não estivéssemos realmente namorando e cada um tivesse liberdade para fazer o que bem entendesse.

Respirei fundo, olhando para ela.

          - Se arruma que daqui a pouco vamos para o estúdio.

Me olhou, surpresa e retruquei:

          - Não mandei aprontar e ficar a noite inteira acordada ao invés de ter vindo direto para a casa.

Respirou fundo e crispou a boca.

          - Como quiser. Mas não me responsabilizo pelo meu humor por causa da falta de sono.

Dei de ombros e falei:

          - Se vira para se manter acordada. Se eu te pegar cochilando, pode saber que vou te acordar.

          - Beleza. Mas saiba que a vingança vai vir a cavalo. - Respondeu, indo até o quarto.

No horário de sempre, chegamos ao estúdio e a Claire já ficou um pouco com medo. Parei ao balcão e perguntei:

          - E então? Algum recado?

Me passou as anotações de sempre e praticamente arrastei a Luiza para a minha sala. Sentei no seu lugar e disse, estreitando os olhos:

          - Isso tudo é por ontem à noite?

          - Ah não. É por você não estar seguindo à risca à ordem do juiz.

          - Eu não estou seguindo à risca? E você? Fez o quê, exatamente? Até onde eu me lembro, não fui eu quem saiu de casa num domingo à noite e agarrou uma garota e fez sabe-se lá o quê com ela, sem falar naquele silicone oxigenado ambulante! - Respondeu, já perdendo a calma.

          - É, mas quem me garante que você não fez coisa pior do que simplesmente beijar uma loira e receber o melhor sexo oral da vida? - A provoquei e arqueou a sobrancelha.

          - Quem te garante? Beleza.

Largou a bolsa sobre o sofá e saiu da sala. Em seguida, veio puxando a Claire pelo braço e disse:

          - Conta, nos mínimos detalhes o que a gente faz sempre que sai.

A minha secretária olhou da Luiza para mim e estava com medo.

          - Você está na rua se não me contar e se mentir. - Falei e ela estava ainda mais tensa. A Claire, apesar de ter feito amizade com a Luiza, ainda sim, não costumava mentir.

          - A gente sempre sai daqui e vai à aula de dança. Depois, vamos comer alguma coisa e dificilmente saímos para algum bar. Quando vamos, a Luiza sempre espanta os caras que chegam nela e toma um copo de bebida, no máximo. Acontece sim de ter alguns caras mais assanhados, mas o que eu já vi foi ela pedir ajuda para os seguranças e até teve um dia que ela e a Nadine fingiram estar juntas. E mesmo assim, não teve nada demais. Só... - Hesitou.

          - Só o quê? - Perguntei.

          - Apertei a bunda da Nadine. - A Luiza disse e olhei para ela, surpreso. - Quê? Ela é minha amiga e tinha que agir de modo convincente, sem precisar beijá-la.

Balancei a cabeça e dispensei a Claire. Assim que fechou a porta, a Luiza perguntou, com os braços cruzados na altura do estômago e estreitando os olhos:

          - O melhor oral da sua vida, não é?

          - É. - Falei. Assentiu lentamente e pegou a bolsa do sofá, saindo de novo. Antes que fechasse a porta, a chamei. Me ignorou completamente e tentei alcança-la, mas sem sucesso. Perguntei para a Claire:

          - Te falou aonde ia?

Negou com a cabeça.

Naquele instante, o telefone tocou e ela atendeu, tomando o cuidado de não revelar quem era. Prestei atenção na conversa e disse:

          - Então. Ela saiu, mas, tão logo volte, aviso para te ligar. E só um instante. - Tampou o bocal do telefone e me perguntou: - Posso cobrar minhas férias para o começo de outubro?

          - Quem é?

          - Uma amiga. - Limitou-se a responder.

          - Amiga em comum com a Luiza? - Perguntei e ela não respondeu.

          - Lembre-se que estou adiando essas férias há mais de um ano.

Suspirei e concordei.

          - Beleza. - Disse ao telefone. - Fui liberada. Depois a gente conversa melhor.

Acabei ficando ali na recepção mesmo, esperando a Luiza. Quando ela finalmente apareceu, depois de alguns minutos, tomava uma lata de Red Bull sem açúcar e perguntei:

          - Não é capaz de conseguir ficar acordada sem precisar tomar energético?

Me deu uma olhada feia e ignorei.

          - Quando você me faz o favor de me proibir de dormir depois de uma noite inteira em claro... E se falar que a culpa é minha, eu juro que entorno essa lata na sua cabeça sem dó, nem piedade!

          - Luiza... Tenho um recado para você. - A Claire interrompeu e olhei para ela, que fingiu nem ter visto.

Depois de um tempo, na volta da hora do almoço, estava andando até o estúdio quando senti o meu celular tremer. Peguei o aparelho e vi que era mais uma mensagem anônima. Dizia:

Péssima jogada ter falado aquilo sobre o sexo oral. Ainda mais quando sabemos muito bem que isso não é verdade.

Olhei ao redor e quase imediatamente, chegou outra SMS:

Você bem que merecia que a Luiza entornasse o energético na sua cabeça. E ela é bem capaz. Um conselho: Melhor não subestimá-la.

E em seguida, o J.J. me ligou, querendo marcar uma reunião para começar a trabalhar na volta da banda.

No final do dia, a Luiza me ignorava totalmente e, quando chegamos em casa, disse:

          - Ah! Esqueci de te avisar: Recebi uma permissão especial do juiz para viajar no começo de Outubro, para o aniversário da Nicola. Não se preocupe porque não vou demorar. Sem falar que não vou aprontar e muito menos aceitar oral de alguém que não conheço.

Travei o maxilar e ela, sorrindo, foi andando até a escada.

Quando estava enfiado no estúdio, liguei para o Georg. No terceiro toque, atendeu e falei:

          - Lembra de uma coisa que você me propôs? De me ajudar com a Luiza? Vou aceitar.


No dia primeiro de Outubro, a Luiza dormiu na casa das meninas e, no dia seguinte, bem cedo, pude ver um táxi parando ali em frente. Não foi surpresa ao reconhecer a Claire entre elas. Assim que o carro foi embora, liguei para o meu irmão. Não muito tempo depois, ele chegou com o Gustav e ficamos os três ali em casa.

          - O que, exatamente, você pediu para o Georg fazer? - O Tom quis saber, quando tínhamos saído para almoçar num restaurante em Santa Monica.

          - O que mais senão descobrir para onde iam e ficar de olho nelas? - Respondi.

          - Isso tudo é medo de a Luiza te trair? - O Gustav perguntou e neguei com a cabeça.

          - Principalmente porque a gente sabe muito bem que ela se manteve fiel esse tempo todo. - O Tom retrucou e olhei para ele.

          - E como posso ter certeza disso? Quer dizer, em Nova Iorque, ela ia se encontrar em segredo com o Ireland. - Repliquei.

          - Não passou pela sua cabeça que ela fez isso porque sabia que você ia implicar? E outra: Ela não podia muito bem ter ido se encontrar com ele para terminarem o que tinham em respeito à você? - O meu irmão disse.

          - Desde quando você defende a Luiza desse jeito? Pelo que me lembro, até pouco tempo atrás você não confiava tanto assim nela. - Perguntei.

          - Tive uma primeira impressão errada dela. - Falou, dando de ombros.

          - E quando isso começou a mudar? Quando vocês saíam para almoçarem juntos sem eu saber? - Questionei, já ficando mais irritado.

          - Quer saber? Foi. Mas na última vez que almocei com ela foi porque me pediu ajuda. Queria saber qual era a melhor maneira de te contar sobre a Lydia. - Retrucou. - A Luiza gosta mesmo de você, que só faz besteira! Bem feito para você se ela resolver aproveitar a viagem para Amsterdam!

O Gustav só assistia à tudo, quieto. Algumas pessoas do restaurante olhavam para nós e terminei de almoçar em silêncio.

Uns dias depois, o Tom e o Gustav ficaram lá em casa, aproveitando que a Luiza estava viajando. E, como era sábado à noite... Decidimos sair. Fomos até uma boate e, aproveitando que os dois estavam distraídos, resolvi olhar o instagram das meninas e descobri uma foto um pouco bizarra: Elas pareciam estar num bar e tinha uma pessoa usando uma roupa preta de vinil, com máscara, e que segurava o tornozelo da Nicola. A parte mais estranha era que a pessoa estava chupando o dedão do pé da ruiva.

          - Que cara é essa? - O Tom quis saber, me olhando. Entreguei o celular para ele, que disse: - Que é isso?

          - É o que você está vendo. - Respondi. O Gustav, claro, ficou curioso e foi olhar.

          - Vê se tem outras fotos. - Disse e o Tom mexeu um pouco. Em seguida, me entregou o aparelho e tinha uma foto da Luiza e da Nadine, cada uma segurando um copo de bebidas coloridas, e as duas sorriam.

          - Viu? A única mais... Rebelde é a Nicola. - O meu irmão disse.

          - Será? - Perguntei e ele deu de ombros. Pegou o celular e digitou alguma coisa. Pouco tempo depois, leu:

          - “A única que teve o dedão do pé chupado foi a Nicola. A Luiza não está fazendo nada demais além de tomar um único drink.”.

Quase imediatamente, recebi uma mensagem dele no celular:

Deixa de ser tão cabeça dura e acredita quando a Luiza te diz que se comporta. A Nadine e a Nicola que são piores.

De repente, senti que alguém me olhava e, quando consegui encontrar, era uma garota, parecida com a Lydia. Tomando coragem, se aproximou de onde eu estava e perguntou:

          - Como pode um cara tão... Lindo como você estar sozinho aqui?

          - Não estou mais. - Falei, sorrindo malicioso.

Uma das últimas coisas que me lembro de fazer era de começar a tomar um drink atrás do outro e de ir para um hotel com a garota. Na manhã seguinte, acordei com aquela ressaca monstruosa. E tão logo cheguei em casa, acabei brigando com o Tom. No entanto, a pergunta de um milhão era: O que eu fiz com a garota? Sério. Não conseguia me lembrar do que havia acontecido. E isso acabou me resultando num sermão do Tom, que avisou que eu teria de explicar tudo à Luiza. Imaginava a reação dela...

Passei o dia inteiro trancado no estúdio de casa, tentando escrever alguma música e, quando estava quase desistindo... Foi quando veio a inspiração. Tão logo terminei, fui atrás do meu irmão e começamos a fazer o arranjo.

Mesmo tendo a comprovação de que ela não fazia nada demais, fui dormir cismado com a ida dela para Amsterdã. Sejamos francos: A Luiza, apesar de tudo, fazia por onde para me deixar tão cismado. Bastava alguém vir falar com ela para ser gentil. Por mais que fosse educada, me importava mais quando eram com homens do que mulheres. Principalmente os que eu sabia que eram bonitos. Quer dizer, ao menos parecia, já que ela ficava tão... Animadinha.

De repente, percebi a tela do meu celular se iluminando e, assim que peguei o aparelho, vi que era mais uma mensagem, só que da própria Luiza. Dizia:

Mesmo que eu te odeie atualmente... Queria que estivesse aqui, dormindo de conchinha comigo. Piegas, eu sei :P Mas é a verdade.

Respirei fundo e mandei a resposta. A réplica era:

Eu sabia. ;P

Como?

Se te contar, terá de morrer. *Risada maligna*

Sorri fraco e desejei boa noite.

Na noite seguinte, o Tom foi comigo até o LAX. Tão logo conseguimos encontrar o portão de desembarque internacional, ficamos um pouco mais afastados da fila que estava ali, esperando o pessoal do mesmo voo que as meninas. No entanto, conseguíamos ver as pessoas esperando as bagagens. E não foi muito difícil reconhecer as três (A Claire ia esticar a viagem), principalmente por causa da Nicola. Assim que pegaram as malas, colocaram-nas nos carrinhos e vieram na direção da porta de vidro, dando uma olhada geral. De repente, um grupo de garotas parou a Luiza no meio do caminho e vi minha mulher sorrindo de um jeito envergonhado. Concordou com a cabeça, falando algo e as meninas quase tiveram um ataque. Uma delas tirou uma foto com o celular e, assim que se deram por satisfeitas, liberaram as meninas, que começaram a nos procurar. O Tom recebeu uma mensagem da Nadine, avisando que iam despistar as garotas e que deveríamos encontra-las um pouco mais adiante. Depois de alguns minutos, elas reapareceram e a ruiva reclamava:

          - E a culpa é minha que não tinha a menor condição de ir àquele banheiro? Sorte que ficou interditado no final da viagem. Oi meninos. - Disse, parando na nossa frente. A Nadine cumprimentava meu irmão com um beijo discreto e, quando fiz menção de me aproximar da Luiza, ela me bateu.

          - Isso é por você ter aprontado, que já estou sabendo. E isso - Tomei outro tapa no braço. - é por ter feito o Georg nos espionar. Faz uma coisa desse nível de novo para ver onde vou acertar.

          - É... Fodeu. - O Tom disse e quase bati nele também. Ajudamos as meninas com as bagagens enquanto a Nicola narrava a história da pessoa que chupa dedões alheios.

          - É bizarro! Nem o Charlie faz isso comigo!- Disse.

          - Mas você foi a única? - Eu perguntei e ela confirmou.

          - A Nadine não animou e a Luiza sente...

Parou perante ao olhar da minha mulher.

          - Sente o quê?- Perguntei.

          - Ódio quando insistem e sabe disso. - Respondeu, apertando minha cintura.

Depois de guardarmos as bagagens das três no porta-malas, fomos para a casa. Deixei o Tom e a Nadine na casa dele e a Nicola foi o resto do caminho comigo e a Luiza. Assim que entramos em casa, ajudei a minha mulher e, assim que entrei no quarto dela, falei:

          - Sobre o que aconteceu no aniversário da Nicola...

Me olhou, séria.

          - O quê? Vai dizer que estava carente? Ou a desculpa masculina mais clichê e idiota do mundo, de que tem as suas necessidades e a maldita da carne é fraca? - Perguntou, irritada.

          - Não. Eu ia dizer que, apesar de tudo, pode não ter acontecido nada.

          - O que é pior ainda. - Disse. - Olha, eu estou cansada, com cólica, sofrendo com o jetleg e, para seu azar, puta da vida com você. Por enquanto, é melhor a gente... Dar mais espaço ao outro e não deixar acontecer nada quando não estivermos sozinhos. E justamente por saberem de tudo, eu agradeceria se você não tentasse qualquer aproximação quando estivéssemos com as meninas, o Tom, o Georg e o Gustav.

Concordei com a cabeça e a deixei sozinha. Voltei para o estúdio e comecei a escrever uma nova música.

A partir daquela semana, a Luiza insistiu para que as consultas com o terapeuta fossem individuais. Além disso, tinha conseguido uma substituta para a Claire que não era tão eficiente assim. E o pior de tudo era a diferença física gritante com a minha secretária: A Claire podia muito bem ser uma angel da Victoria’s secret, sendo loira, alta, magra e de olhos claros, além da cara de boneca. E essa substituta... Era baixinha, estava muito acima do peso e usava roupas justas, o que acentuava mais ainda. Sem falar no buço, óculos de armação grosseira, o batom rosa-choque gritante (Que ainda por cima, era borrado e manchava os dentes) e os cabelos claramente ensopados no creme. No dia que a Luiza chegou no estúdio e a viu, sua expressão de susto foi engraçada.

Os dias foram se passando, a Luiza ainda se mantinha distante de mim e, quando estávamos a quinze dias do Halloween, consegui convencê-la a almoçar comigo e, em seguida, irmos olhar a fantasia para cada um, já que tínhamos recebido alguns convites para festas, inclusive da gravadora.

Quando estávamos numa loja, ela me provocou, sugerindo:

          - Vai de Casanova. Combina perfeitamente.

Olhei para ela e retruquei:

          - Só vou se você for de Madame de Pompadour.

Arqueou a sobrancelha e disse:

          - E por que não? Afinal de contas... Ela não era só a amante de Luís XV. Mas eu já sei como vou vestida.

          - E como?

          - Pode deixar que não vai precisar gastar um único centavo. Principalmente porque já tinha falado a respeito com as meninas e o que temos já dá para usar.

          - Não vai mesmo me falar?

          - Não. Mas vou te dar três pistas.

Olhei para ela.

          - Come along, Pond. Run, your cleaver boy... And remember. Bad Wolf.

Continuei sem entender. Deu um sorriso misterioso e disse:

          - E dando uma sugestão realmente séria... Gravatas borboletas são legais.


          - Dá para você ser mais explícita?

          - Não é tão difícil assim, anda. Você que está com preguiça de pensar.

Depois que saímos da loja, fomos para o estúdio e, estava concentrado num trabalho, mas, de repente, meu olhar foi atraído na direção dela. Olhei para o lado e vi que abria dois botões da camisa que usava e começou a mexer no fecho do sutiã, que era frontal. Não muito depois, começou a deslizar a ponta dos dedos pela parte descoberta de um dos seios e aquilo só fez me hipnotizar cada vez mais. E aparentemente, não fazia nada além de ler um livro. Do nada, pegou o celular e, dando um meio sorriso, digitou a resposta. Fez uma careta e digitou de novo. Sorriu torto de novo e, quando pôs o celular de lado, assim como o livro, se levantou e saiu do estúdio. Quando voltou, trancou a porta e veio andando na minha direção. Sabe-se lá como, conseguiu puxar a minha cadeira e girá-la, me deixando de frente para ela.

          - O que... Você está fazendo? - Perguntei e sua resposta foi se sentar no meu colo e desafivelar o meu cinto, além de abrir a minha calça. Fixou seu olhar no meu e respondeu:

          - Algo que estou com muita vontade. Principalmente depois do seu olhar em cima de mim agora há pouco.

Tentei impedi-la, sem sucesso, mas, quando vi, já tinha puxado minha calça para baixo, levando a boxer junto. Foi andando até o sofá e, depois de pegar uma almofada, voltou, jogando-a no chão, perto da cadeira, e se inclinou na minha direção. Aproximando sua boca do meu ouvido, disse, com voz baixa:

          - Fecha os olhos. - Obedeci. - Agora imagina que estamos em casa... Sozinhos...

Engoli em seco, fazendo tudo que ela me pedia.

          - Está tudo escuro e silencioso...

Tentava controlar a minha respiração.

          - Imagine que você está no seu quarto, deitado na cama.

          - Mas estou sentado numa cadeira.

Pude ouvi-la dando um estalo com a língua e disse, impaciente:

          - Só de castigo, imagina uma velha pelancuda sem roupa.

Ri e ela se afastou. Espiei o que estava fazendo e pegou outra almofada. Ao me flagrar, disse:

          - Se inclina para a frente, por favor.

Obedeci e ela pôs a almofada entre o encosto da cadeira e as minhas costas. Em seguida, fez com que eu voltasse à posição original.

          - Fecha os olhos e imagina tudo de novo.

          - Inclusive a velha pelancuda?

Tomei um tapa no braço e ri. Para me ajudar, ela falou tudo de novo e, de repente, disse:

          - Ok. Esquece tudo que te disse. Imagina que você vai fazer algo que sempre quis.

          - É para te dizer?

          - Melhor não. Principalmente por saber que posso esperar absolutamente tudo de você. Pervertido.

Ri fraco e comecei a me lembrar do dia em que ela fez strip-tease para mim. Mesmo tendo visto os vídeos do bar, ainda sim, não era a mesma coisa; Era muito melhor. Ainda mais que era para mim, não para um monte de caras bêbados, que deviam gritar cada obscenidade para ela.

          - No que está pensando? - Quis saber e a provoquei:

          - Achei que não quisesse saber.

          - Mudei de ideia.

Abri os olhos e a fixei.

          - Estava lembrando do meu aniversário.

Respirou fundo e, por causa da sua postura, meu olhar foi atraído para o seu peito.

          - Luiza... Me perdoa. Por tudo que já te fiz.

Hesitou por uma fração de segundo e, logo, reassumiu a postura decidida.

          - Acho que deu para perceber que não ia tolerar traição.

          - O que eu posso fazer para que...

          - Começar a se arrepender. E se contentar... - Pegou a minha mão e fez com que eu a fechasse em torno do meu pênis. - Sozinho. Por tempo indeterminado.

          - E o que você vai fazer quando não estiver mais aguentando? - Perguntei, me abaixando para pegar a calça. - Nós dois sabemos muito bem que se manter na completa abstinência não é muito o seu forte.

          - Demorei a perder a virgindade. Acha que eu não tenho autocontrole o suficiente?

Depois que me recompus, me levantei, propositalmente não fechando o cinto e muito menos a calça, me aproximei dela e respondi:

          - Sim. E achou mesmo que eu não ia perceber o quanto gosta de mim?

          - Menos, Kaulitz. Bem menos. Você não é todo esse gás da Coca-Cola quanto pensa. - Respondeu, estreitando os olhos.

          - Não sou? - Perguntei, sorrindo maldosamente. - Engraçado, então por que você está vacilando?

Hesitou e sorri mais largamente.

          - Está vendo? Aprendi a te interpretar, Luiza. No fundo, você não é tão difícil assim de ser decifrada.

Abriu a boca para retrucar e meu olhar imediatamente foi atraído para os seus lábios. Senti uma vontade avassaladora de beijá-la.

          - Não vou negar que realmente sinto uma atração muito forte por você. - Disse, me surpreendendo. - Mas como a mágoa e raiva que estou sentindo agora... São bem mais fortes e é por isso mesmo que vou conseguir aguentar a abstinência. Também, se não aguentar... Na pior das hipóteses, tenho meus dedos.

Por um instante, consegui imaginá-la, mas na minha cama.

          - Sem falar que tenho uma vantagem. Sou mulher. Não penso com a cabeça debaixo.

          - E quem te garante que, justamente por ser mulher, não vai se deixar guiar pelo coração?

          - Estou confiando no meu taco. - Disse. De repente, fomos interrompidos pelo telefone. Ela se afastou e foi atender enquanto eu, tive que dar um jeito de fechar a calça, o que era meio... Difícil, dada à situação graças ao fruto da minha imaginação em imaginá-la se masturbando.

Naquela noite, quando estava trancado no estúdio e tomando vinho, me ocorreu uma coisa. Era maldade, mas duvido que ela não ia ceder...

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