21. She can't resist the temptation to sin
Ela começou a rebolar muito sexy
E me olhando
Ela conseguiu me controlar pela mente
(...)
Eu desisto
Estou à sua mercê
Ela não quer me soltar
(McFly - Party Girl)
Luiza
- Só para constar... Eu te odeio! - Falei e ouvi sua risada. Ou melhor, gargalhada.
- Não entendo essa sua timidez, sinceramente. - O Bill disse. - Já te vi sem roupa mais de uma vez e, querendo ou não, estou conhecendo mais e mais o seu corpo. E imagina que você está no bar.
- A diferença é que no bar, eu nunca tirava nada além da jaqueta. Ou casaco. E era quando eu chegava... - Respondi, filosofando e quase perdendo o fio da meada. Estávamos só nós dois, no domingo, em casa, mas num porão que eu nem sabia que existia. Sabe-se lá como, conseguiu recriar o The Coyote ali, inclusive com as mesmas bebidas.
Respirei fundo e, falei:
- Pode ir.
Foram poucos segundos, mas achei muito pouco tempo até ouvir o começo da música. Gelei e, de repente, o ouvi dizer:
- Tive uma ideia.
Esperou alguns instantes antes de esticar a cabeça pela porta do camarim que a Nadine tinha mandado improvisar ali.
- Só... Dança para mim. Pelo menos até ter um pouco mais de coragem. Afinal de contas, eu acho que preciso de uma preparação para quando formos para Londres...
Seria muito covarde de minha parte admitir que eu estava mais nervosa por dançar para ele do que no bar, na frente de um bando de homens que gritavam até coisas obscenas para mim?
- É... Acho que é um bom... Aquecimento. - Falei, dando um sorriso sem mostrar os dentes. A música acabou e, depois de alguns instantes de silêncio, reconheci a introdução de “Discothèque” do U2. Dei um meio sorriso e fui andando até o bar. Tinha até a escadinha que usávamos para ajudar a subir ali e não controlei o sorriso.
- O que foi?
- Nadine mais detalhista que nunca... - Respondi. - Tá... Agora, quieto senão vou acabar dando um jeito de estragar tudo.
Logo, a voz do Bono encheu o ambiente e fui me movendo conforme o ritmo da música, fechando os olhos e tentando me imaginar no bar. Não estava conseguindo e pedi:
- Muda a música, por favor.
Obedeceu e começou a tocar uma das minhas preferidas. Justamente por ter uma batida mais... Bom, que permitia o rebolado mais solto, não me intimidei e aí sim consegui dançar exatamente do mesmo jeito que no bar. Vez ou outra, olhava para ele, que estava com o olhar fixo em mim, dando um sorriso fraco. Continuei dançando e rebolando lentamente enquanto andava pelo balcão. Mexi no cabelo e, quando estava perto do refrão, eu tomava o cuidado de provoca-lo vez ou outra. Mordi o lábio e, mantendo o olhar fixo no dele, segurei a barra para pole dance e fui me abaixando lentamente e, quando levantei, fiz questão de empinar a bunda.
Continuei dançando e, quando tive confiança o suficiente, comecei a diminuir a velocidade dos meus movimentos. Fui andando até mais ou menos o meio do balcão e, me abaixei, mantendo o olhar fixo no seu e deixando um meio sorriso aparecer. Me sentei ali e tirei meus sapatos, largando-os no chão. Me virei de lado, levantando em seguida, e, assim que fiquei de pé, enrolei mais um pouco, caprichando nas provocações e, quando “Whole lotta love” começou, não contive um sorriso. Continuei dançando e, quando andava, rebolava. Tirei a calça, jogando-a perto dos sapatos e, não muito tempo depois, foi a vez da blusa. Porém, antes de tirar o sutiã, desci do balcão e mexi na iluminação, deixando tudo na penumbra. Curiosamente, começou a tocar “Fever” e foi simplesmente perfeito. Antes da parte sobre Romeu e Julieta, imitei a Kate Moss naquele clipe do White Stripes, andando lentamente, dando a volta na barra e, quando parei de frente para o balcão, fui me abaixando sem pressa, mantendo o olhar fixo no seu. De repente, tive uma ideia. Pedi:
- Fica ali daquele lado, por favor?
Meio a contragosto, fez o que pedi e se sentou num dos bancos da ponta. Fui engatinhando até ele, que engoliu em seco. Parando na sua frente, me ajoelhei e, justamente naquela hora, mudou a música. Suspirei e ele me olhou.
- Vai parar justo agora?
- É... Pensando bem... - Falei, dando de ombros. Me levantei e fui andando (E fazendo questão de rebolar) de volta à barra e, antes do refrão, aproveitando que o bridge era lento, baixei uma das alças do sutiã. Esperei um pouco para baixar a outra e, quando me escondi na sombra, tirei a peça e joguei para ele. Cobri meu busto com os braços e perguntei:
- Será que você pode me emprestar sua jaqueta?
Mesmo estranhando, atendeu e, depois que a vesti, parei a música e, o olhando por cima do ombro, falei, fazendo manha:
- Quero terminar no quarto... Vem comigo?
Nem precisou pedir duas vezes.
Depois que trancou a porta, percebi que se movimentava e, quando vi, estava me segurando pela cintura, fazendo com que ficasse de frente para ele e era guiada até a cama. Fez com que me deitasse sobre o colchão, ficando por cima de mim e me beijava sem pressa nenhuma.
Tão logo deixou a minha boca e partiu para o pescoço, aproveitei para perguntar:
- E o final do strip?
Senti suas mãos descerem da minha cintura até as laterais da calcinha e a puxarem para baixo. Jogou a peça num canto qualquer e disse:
- Pronto.
Ri fraco e traçou um caminho de beijos pela linha do meu maxilar até meu queixo. Subiu até a boca e, depois de roubar alguns selinhos lentos, disse:
- Você me deixou louco hoje... Principalmente na hora em que jogou o sutiã na minha direção...
Parei para olhá-lo e acariciei seu rosto. Fechou os olhos lentamente, se deliciando com a carícia e fiquei observando cada mínimo detalhe do seu rosto, tentando memoriza-lo. Movimentei meu polegar, fazendo uma carícia delicada e pude notar um leve sorriso aparecendo nos seus lábios. Acariciei sua barriga, sentindo-a contrair-se ao meu toque. Abriu os olhos e me fixou. Me estiquei na sua direção e o beijei sem pressa.
Depois de alguns minutos, deixou a minha boca para partir na direção do pescoço, tomando o cuidado de beijar a linha do meu maxilar. Ao chegar perto da minha orelha, mordeu o lóbulo e cravei as unhas no seu ombro. Continuou pelo pescoço, não poupando nenhum milímetro de pele. Passou pelo ombro e percebi que acariciava a minha cintura, vez ou outra, descendo um pouco até a coxa. Percebi que sua mão foi se aproximando do meu busto conforme a boca fazia o mesmo. Arqueei as costas ao sentir sua boca cobrindo um dos meus seios enquanto a mão estimulava o outro. Depois, inverteu até que chegou num ponto que sabia que não ia aguentar por mais tempo. Foi quando parou e retomou a trilha de beijos. Senti seus dedos apertarem minha coxa com vontade, deslizando até o meu joelho e, descendo até a virilha, para refazer o caminho. Ao chegar no meu baixo-ventre, respirei fundo, tentando me manter calma e foi quando senti a ponta dos seus dedos mal encostando na parte interna até finalmente chegarem onde eu queria. Alguns instantes depois, já ofegava e até mesmo me contorcia ao sentir dois de seus dedos dentro de mim, me tocando de um jeito provocante e, que aos poucos, ia aumentando de velocidade. E quando achava que não ia aguentar... Senti sua boca em mim. Conforme as sensações iam ficando mais intensas, me preparava para o que estava por vir. E já prestes a chegar ao meu limite, literalmente, me agarrei à primeira coisa que consegui alcançar e mordi o lábio, na esperança de conter os gemidos que teimavam em escapar pela minha garganta. A já conhecida sensação intensa e gostosa ia aumentando cada vez mais e, junto dela, podia perceber o quanto meu corpo estava quente. Foi quando cheguei ao máximo, relaxando quase imediatamente.
Tinha fechado os olhos por alguns instantes, ainda respirando rápido e forte, quando senti o Bill ficando deitado por cima de mim de novo. Lenta e cuidadosamente, beijou a minha bochecha e foi cada vez mais se aproximando da boca. Quando estava totalmente envolvida, começou a se mover lentamente dentro de mim. Envolvi seu quadril com as minhas pernas e o abraçava, passando meus braços em torno das suas costas, aproveitando que havia apoiado os seus ao lado do meu corpo. Conforme a velocidade e intensidade de seus movimentos ia aumentando, o simples ato de respirar ficava cada vez mais difícil e, talvez por isso, interrompemos o beijo e apenas deixamos os rostos próximos. Consegui manter meus olhos abertos e estava hipnotizada pelos seus, ainda mais hipnotizantes que de costume. Depois de alguns minutos, o Bill decidiu voltar ao ritmo mais lento e mais profundo das investidas. Perdendo totalmente o controle e noção das minhas ações, cravei minhas unhas no seu ombro e arqueei as costas, não conseguindo conter um gemido rouco e um pouco mais alto que o desejado enquanto sentia que atingia o máximo do que podia aguentar e cada músculo do meu corpo se retesando para, quase imediatamente, relaxar em alguns espasmos.
Tinha acabado de atingir um orgasmo quando ele também atingiu o clímax, se largando em cima de mim, mas não evitando um beijo. Depois que nos separamos, acariciei seu rosto, vendo-o fechar os olhos. Ele encostou a cabeça no meu peito, ouvindo as batidas do meu coração e deixei meus dedos deslizarem por seus cabelos, me deliciando com a sensação. Em seguida passou os braços pela minha cintura e ficamos assim por um tempo.
Quando o cansaço foi maior, não consegui aguentar por muito mais tempo e dormi.
Assim que acordei na manhã seguinte, sentia que estávamos de conchinha e seu braço envolvia minha cintura. Como sempre, funguei antes de abrir os olhos e o ouvi, com a boca muito próxima do meu ouvido e com a voz rouca:
- Guten morgen, meine liebe.
- ‘Morgen. Acordar com sua voz assim logo de manhã...
- O que tem?
- Você ainda mata uma!
Riu e me puxou para mais perto, se é que aquilo era fisicamente possível. Se mexeu e conseguiu me beijar no ombro. Me espreguicei um pouco e fiz um barulhinho e ele riu de novo.
- Toma banho comigo? - Pediu e não teve como negar.
Depois de nos arrumarmos, saímos e, no meio do caminho para o estúdio, passamos na Starbucks. Assim que chegamos, a Claire passou todos os recados para o Bill e, de repente, recebi uma mensagem da Nicola. Peguei o celular e li:
COMO ASSIM O ALEX ESTÁ DE ROLO COM A EX DO BILL? O.O
Respondi:
Caso não saiba, letras maiúsculas são como se você estivesse gritando. E eu sei disso. Até briguei com o Bill, que ainda não sabe. E no que depender de mim, vai continuar assim. Não quero que ele tenha um aborrecimento desses. Já me bastam as crises de ciúmes por causa do Alex.
Quase imediatamente, veio sua réplica:
Já sei sobre as maiúsculas :P. E pode contar comigo, a Di e o Charlie para continuar mantendo esse segredo. E tem certeza que é um aborrecimento que você quer evitar?
Suspirei e falei, me levantando:
- Eu já venho.
Senti o olhar do Bill em mim e sabia que deveria estar pensando que eu estava falando com o Alex e não com a Nicola. E justamente por ser um assunto que eu não queria que ele descobrisse a respeito, não fiz o caminho mais óbvio. Saí do estúdio sim, mas fui até um lugar mais escondido, ali perto. Liguei para a Lola, que atendeu no terceiro toque:
- Fala.
- Respondendo à sua pergunta da SMS... É também. Sabe que não consigo mentir nem para você e nem para a Nadine. Principalmente porque as duas parecem inquisidoras.
Riu do outro lado da linha e perguntou:
- Então... Sabe que, se realmente for para Londres, as chances de encontra-la são grandes...
- Eu sei. E não sei o que faço, sinceramente. - De repente, me ocorreu uma ideia. - Minto. Eu sei sim. Daqui a pouco te ligo de novo.
Se despediu de mim, principalmente porque o Charlie havia acordado. Procurei na agenda do telefone pelo número que queria e apertei o botão para chamar. Tocou algumas vezes até que eu conseguisse ouvir sua voz do outro lado da linha:
- Oi.
- Por favor, me diz que eu não te acordei... - Falei e ouvi um bocejo.- Ai, Tom, desculpa. Mas eu preciso muito conversar uma coisa séria com você. E preciso que não conte nada para o Bill. Pelo menos não por enquanto.
- Que coisa séria?
Suspirei.
- Descobri uma coisa sobre a ex dele.
Depois de um minuto inteiro de silêncio, disse:
- Quando for sair para o almoço, me liga que eu passo e te pego.
Concordei e me despedi dele. Quando voltei para o estúdio, o Bill me ignorou completamente. Fingi indiferença e me concentrei no meu trabalho. Pude ver que ficou inquieto e me esforcei ao máximo para manter a pose séria.
Na hora do almoço, quando comecei a guardar as minhas coisas para sair, suspirou e disse:
- Estava combinando de ir almoçar com a minha mãe... Quer ir junto?
- Obrigada, mas deixa para uma próxima vez. Quero resolver um assunto urgente. Ah! E manda um abraço por ela para mim, por favor.
E pus a bolsa sobre o ombro, saindo e com o celular em mãos. Depois que saí, procurei pelo carro do Tom e quase imediatamente, parou na minha frente.
- Rápido e rasteiro... - Falei, depois de fechar a porta. Me inclinei na sua direção e o cumprimentei com um beijo no rosto. - Tudo bem?
- É... E você?
Concordei. Fomos para um restaurante perto da sua casa e, depois que fizemos os pedidos, ele quis saber:
- O que você descobriu sobre a Lydia?
Suspirei.
- Ela está de rolo com o Alex. E como o Bill quer ir para Londres no final do ano, estou com medo. Não só que ele possa... Ter uma recaída com ela, mas... Medo de que tudo aconteça de novo. Eu sei que ele precisa saber disso, mas não sei como contar.
- Quer que eu conte?
Neguei com a cabeça.
- Honestamente, eu não acho que o Bill vá ter uma recaída por ela. Conheço meu irmão e sei que ele ficou muito magoado com ela, ainda mais depois de tudo que aprontou.
- E com razão.
- É. Mas como você está agindo da maneira totalmente oposta à dela, não precisa se preocupar, afinal, além de todo mundo aqui gostar de você, ainda tem a história da banda.
- Está achando ruim de voltar com o Tokio Hotel?
Sorriu e disse:
- Nenhum de nós está. Principalmente o Bill. Quando tudo aconteceu, estávamos na melhor fase.
- Eu percebi que ele sentia falta disso. Foi por isso que eu quis impor essa condição. E não por ser fã da banda.
Me olhou, avaliando. Perguntei:
- Então... Eu sei que é um assunto bem indigesto para o almoço, mas... Essa história do Bill realmente precisa ser resolvida.
Assim que o garçom trouxe a comida, começou a me ajudar, dando umas dicas.
Na volta para o estúdio, aproveitou que estávamos parados no sinal e perguntou:
- Posso te perguntar uma coisa?
Concordei.
- Como você dobra a Nadine depois de uma briga?
Sorri e disse:
- Para começo de conversa... Pede desculpas. Isso funciona, não só com a Nadine, mas com todo mundo. E tem quanto tempo que vocês brigaram?
- Foi agora de manhã.
- Deixa ela quieta. Melhor falar com ela de cabeça fria do que se arriscar que ela pule no seu pescoço. E pequenos agradinhos conseguem amansar a fera.
Riu e quis saber:
- Alguma sugestão?
- Doces. Nadine é uma formiga de salto, que nem eu.
Assim que chegamos, parou o carro um pouco à frente do estúdio e disse:
- Escuta... Vai com calma quando falar da Lydia para o Bill. E se prepara porque é bem capaz de ele querer brigar com você por não ter dito nada.
Suspirei e assenti. Em seguida, me inclinei na sua direção e dei um abraço desajeitado. Mas antes de sair do carro, perguntou:
- Por um acaso você estava pensando em ir matar as saudades do bar?
Concordei.
- Por quê?
- Curiosidade... - Falou, todo misterioso.
Depois que se despediu de mim, entrei no estúdio e estranhei que a Claire não estava no seu posto. Fui andando despreocupada até a sala do Bill e, assim que entrei, estava vazia. Ou pelo menos eu achava, até fechar a porta e ser surpreendida pelo próprio, que me pegou pela cintura e me pôs contra a parede. Em algum momento dessa... Agitação toda, derrubei a minha bolsa.
- Sabia que não faz bem ficar tomando susto o tempo inteiro? Que coisa!
Estava sério e pressenti que aí vinha problema. Perguntou:
- Algum motivo especial para você ir almoçar sozinha com o Tom?
- Na realidade... Tem sim. E eu preciso conversar uma coisa séria com você.
- Estou ouvindo.
- Por favor, me solta. - Pedi, calma. Estava segurando meus pulsos na altura da cabeça e seu corpo estava colado ao meu. Ficou imóvel por um instante e, em seguida, me soltou.
- Naquele dia que você brigou comigo, me acusando de estar com ciúmes do Alex porque ele tinha namorada... Não era ciúmes. Era preocupação.
Me olhou, com cara de poucos amigos.
- Fui almoçar com o Tom porque precisava da ajuda dele para tentar descobrir a melhor maneira de te contar uma coisa.
- Me contar o quê? E o que a briga por causa do... Alex tem a ver com isso?
Respirei fundo.
- O Charlie me contou quem é a namorada do Alex. A Lydia. Não te contei porque fiquei com medo da sua reação. Medo de que você tivesse uma recaída e acabasse se afundando de novo.
Me olhava fixamente e disse:
- E você está me contando isso porque...
- Se a gente realmente for para Londres no final do ano, as chances de esbarrarmos com ela são altas. E além disso, quero deixar uma coisa bem clara.
- Não se preocupe porque não tem chance de eu voltar com ela.
- Não era isso. O que eu ia dizer é que, se precisar, pode ter certeza que mantenho ela longe. Ah sim... E se por um acaso acontecer de você não resistir... Não penso duas vezes antes de ir ao juiz.
- Isso é uma ameaça?
- Não. É um aviso. - Falei, indo até a minha mesa. - Poderia perdoar sua traição com qualquer outra mulher. Menos com ela.
- Acho que nesse caso, você pode se considerar com menos sorte que eu. Não acho que te perdoaria. Principalmente se fosse com o Alex.
- Acontece que ele tem uma diferença para a... Lydia. Ele seria incapaz do que ela fez com você.
Sua expressão se tornou mais séria. E não demorou muito para brigarmos. Cada um passou o resto do dia fazendo as próprias coisas e falando só o necessário com o outro. Quando deu a hora, saí do estúdio sem nem olhar para trás e, quando um táxi parou no passeio à minha frente, já estava abrindo a porta quando, de repente, senti um puxão e o Bill falou com o motorista:
- Obrigada, mas pode deixar.
O carro partiu e falei:
- Que história é essa agora? Não posso nem mais pegar um táxi?
- Não. E vai até o carro. - Mandou e ergui a sobrancelha. - Eu não vou falar de novo, Luiza.
Cruzei os braços na altura do estômago. E então, me ergueu do chão, fazendo com que ficasse sobre seus ombros e esperneei, claro.
- Me solta, Bill!
- Sossega. - E deu um tapa na minha bunda.
- Ei!
- Se reclamar, apanha mais.
Que palhaçada era aquela?
Quase nos derrubei e, assim que parou ao lado do carro, finalmente me pôs no chão e me prendeu entre seu corpo e o carro. De repente, me surgiu uma ideia e, como não tinha mais ninguém ali e tinha pouca iluminação... Me estiquei toda e comecei a beijar lentamente seu pescoço. Comecei a acariciar seu rosto com a mão esquerda e a direita começou no peito. Mas não resisti por mais tempo e a deslizei pela sua barriga, mesmo sobre a camiseta. Ao chegar no cós da calça, não resisti e o provoquei, dizendo:
- Estava pensando... Estamos só nós dois aqui... O estacionamento é fechado, sem falar que não tem perigo de ninguém mais entrar...
Antes de qualquer coisa, deixa te explicar: O estacionamento era do estúdio. Era tipo garagem mesmo e, portanto, não tinha como ninguém nos ver.
- Não vai funcionar, Luiza. - Disse. Dei um meio sorriso e comecei a morder seu pescoço de leve. Ao mesmo tempo, deslizei minha mão para dentro da sua calça.
- Se não vai funcionar... Então por que está duro desse jeito?
Mordeu o lábio inferior e fechei meus dedos em torno do seu pênis, começando a masturba-lo lentamente. Aos poucos, fui sentindo sua respiração ficando cada vez mais e mais acelerada e forte e, de repente, agarrou minha cintura.
- Não vou aguentar por mais tempo, Luiza...
- Essa é a intenção. - Falei, aproximando minha boca da sua. Num movimento rápido, consegui virar e o pus com as costas apoiadas no carro. Rapidamente, desafivelei seu cinto, abri o botão da sua calça e o zíper. Já ia abaixando o jeans quando me deteve.
- Tem circuito interno. - Disse. Me aproximei dele e falei:
- Não pensa que você vai me escapar...
E roubei um beijo. Quando me soltou, respondeu:
- E por que eu escaparia se quero que você continue?
Sorri e ele também o fez, só que maliciosamente.
Quando chegamos em casa, algum tempo depois, a Simone estava na cozinha com o Tom, que disfarçou um sorriso assim que nos viu.
- Demoraram para chegar. - A Simone disse.
- A gente começou um trabalho novo e acabamos nos distraindo. - O Bill respondeu e o esforço para me manter séria foi sobre-humano.
- Ah, Luiza. A Nadine pediu para você ir lá. - O Tom avisou.
- Dá tempo? - Perguntei para a Simone, que disse:
- Dá. Se não demorar demais...
Sorri e fui quase correndo.
Assim que a Di abriu a porta, recebi uma mensagem no celular. Peguei o aparelho e li:
Minha mãe pediu para avisar que, se a Nadine quiser, pode vir jantar com a gente.
- Que foi?- Perguntou, quando passei pela porta.
- Está formalmente convidada para ir jantar lá em casa.
- Bom, considerando que cansei de esperar a Nicola e o Charlie... Aceito. - Respondeu. Digitei a resposta para o Bill, avisando que a Di iria comigo e perguntei:
- Então. O que houve?
- Antes... A notícia boa. - Disse, indo até a bancada da cozinha e pegando uma revista. Em seguida, me entregou e avisou: - Página 70.
Estranhei e procurei a dita cuja. Era um artigo de página inteira sobre o meu estilo.
- O que...?
- Experimenta ficar com um executivo inglês famoso e se casar com um roqueiro alemão...
- “Segundo fontes, Luiza garimpa peças de marcas famosas em brechós.”. Que raio de fonte é essa? - Perguntei e ela deu de ombros, rindo. - Bom, pelo menos estão elogiando e não criticando o jeito que me visto.
- Pois é. Agora, a notícia ruim. Mas que é boa.
Olhei para ela.
- O Charlie quer propor casamento para a Lola.
- E me deixa adivinhar. Ele quer a nossa ajuda e essa é a suposta parte ruim.
Concordou.
- Diz ele que depois vai dar um jeito de explicar tudo para a gente sem a Lola perceber...
- E cadê os dois?
- Inicialmente, iam ao cinema. Mas não é muito difícil de descobrir o que estão fazendo.
Dei um meio sorriso e falei:
- Bom, a gente pode começar a pensar na ajuda que vamos dar para ele. Provavelmente ele deve querer uma mãozinha para organizar tudo para fazer o pedido. Tipo um jantar romântico ou algo do tipo.
- Tive uma ideia! - Disse. Meu celular deu o aviso de mensagem de novo e decidimos ir para a casa.
Durante o jantar, a Simone perguntou:
- Bill, estou sentindo falta daquela menininha que morava aqui perto... Dani... O que aconteceu?
- O pai dela foi transferido já tem quase um mês. - Ele respondeu. - Foram para Seattle.
- Imagino como ela deveria estar. - Comentou e eu e a Nadine estávamos numa conversa paralela, discutindo a ideia da ajuda ao Charlie:
- Tinham feito um vídeo de um cara que juntou a família e os amigos da noiva e cada um fez uma coisa. No final, ele aparece, pedindo a mão dela. - A Di falou. Notei que o Tom prestava atenção e respondi:
- Acho que já sei o melhor dia para ele fazer o pedido.
Ela me olhou, entendendo tudo e sorriu.
- E que dia é? - O Tom perguntou.
- Dia cinco de outubro. - A Di respondeu.
- E o que tem dia cinco de outubro? - Ele quis saber.
- É aniversário dela. - Falei.
- E falando em aniversários... - A Nadine disse e cortei logo:
- Não. Nem vem que ainda faltam cinco meses.
- Mesmo assim, Iza... - Insistiu, me imitando e tombando a cabeça para o lado e dando um sorriso inocente.
- Oi! Esse método de persuasão é meu! - Protestei e ela riu.
- Tem patente? - Perguntou.
- Continua usando sem permissão para ver se não arrumo uma em dois tempos!
Fez língua para mim e ia dar uma resposta daquelas quando percebi o olhar da Simone na nossa direção.
- Salva pela sogra. - Resmunguei e a Di riu.
- Está tudo bem? - A Simone quis saber.
- Nada tão fora do costume. - Respondi, sorrindo.
Depois do jantar, percebendo que o Tom não queria que a Di fosse embora (E nem ela), aproveitei a distração de praticamente todo mundo para ir até a minha amiga e perguntei:
- Escuta... O que me diz de ficar aqui hoje? Quer dizer, vai ter graça em ficar esperando pela Lola e o Charlie até sabe-se lá que horas?
- Não trouxe nada. - Disse, tentando (E falhando miseravelmente) resistir.
- Como se nós duas não soubéssemos que você vai muito usar um pijama que eu for te emprestar... - A provoquei e tomei um apertão na cintura. - Mas agora é sério. Vai mesmo preferir bancar a vela do casal melaço ao invés de ficar aconchegada nos braços do Tom?
Crispou a boca e disse:
- Te odeio, só para constar.
Sorri e falei:
- Odeia nada! Você me ama, isso sim!
Deu um estalo com a língua e perguntou:
- Em qual quarto ele está?
- Terceira porta à direita. E ó... Cuidado que as paredes são finas e lembre-se que tem mais gente além de mim e do Bill.
- Quando você quer broxar alguém, mas capricha!
Ri e ela subiu. De repente, senti um puxão pela cintura e, quando vi, estava contra a parede.
- Quando vai continuar com o que estava fazendo no estacionamento? - Perguntou, com a boca colada ao meu ouvido.
- Agora. Anda, vem comigo. - Falei, o puxando pela mão e levando até seu quarto. Tranquei a porta e, antes que pudesse dizer qualquer coisa, me beijou.
Luiza
- Só para constar... Eu te odeio! - Falei e ouvi sua risada. Ou melhor, gargalhada.
- Não entendo essa sua timidez, sinceramente. - O Bill disse. - Já te vi sem roupa mais de uma vez e, querendo ou não, estou conhecendo mais e mais o seu corpo. E imagina que você está no bar.
- A diferença é que no bar, eu nunca tirava nada além da jaqueta. Ou casaco. E era quando eu chegava... - Respondi, filosofando e quase perdendo o fio da meada. Estávamos só nós dois, no domingo, em casa, mas num porão que eu nem sabia que existia. Sabe-se lá como, conseguiu recriar o The Coyote ali, inclusive com as mesmas bebidas.
Respirei fundo e, falei:
- Pode ir.
Foram poucos segundos, mas achei muito pouco tempo até ouvir o começo da música. Gelei e, de repente, o ouvi dizer:
- Tive uma ideia.
Esperou alguns instantes antes de esticar a cabeça pela porta do camarim que a Nadine tinha mandado improvisar ali.
- Só... Dança para mim. Pelo menos até ter um pouco mais de coragem. Afinal de contas, eu acho que preciso de uma preparação para quando formos para Londres...
Seria muito covarde de minha parte admitir que eu estava mais nervosa por dançar para ele do que no bar, na frente de um bando de homens que gritavam até coisas obscenas para mim?
- É... Acho que é um bom... Aquecimento. - Falei, dando um sorriso sem mostrar os dentes. A música acabou e, depois de alguns instantes de silêncio, reconheci a introdução de “Discothèque” do U2. Dei um meio sorriso e fui andando até o bar. Tinha até a escadinha que usávamos para ajudar a subir ali e não controlei o sorriso.
- O que foi?
- Nadine mais detalhista que nunca... - Respondi. - Tá... Agora, quieto senão vou acabar dando um jeito de estragar tudo.
Logo, a voz do Bono encheu o ambiente e fui me movendo conforme o ritmo da música, fechando os olhos e tentando me imaginar no bar. Não estava conseguindo e pedi:
- Muda a música, por favor.
Obedeceu e começou a tocar uma das minhas preferidas. Justamente por ter uma batida mais... Bom, que permitia o rebolado mais solto, não me intimidei e aí sim consegui dançar exatamente do mesmo jeito que no bar. Vez ou outra, olhava para ele, que estava com o olhar fixo em mim, dando um sorriso fraco. Continuei dançando e rebolando lentamente enquanto andava pelo balcão. Mexi no cabelo e, quando estava perto do refrão, eu tomava o cuidado de provoca-lo vez ou outra. Mordi o lábio e, mantendo o olhar fixo no dele, segurei a barra para pole dance e fui me abaixando lentamente e, quando levantei, fiz questão de empinar a bunda.
Continuei dançando e, quando tive confiança o suficiente, comecei a diminuir a velocidade dos meus movimentos. Fui andando até mais ou menos o meio do balcão e, me abaixei, mantendo o olhar fixo no seu e deixando um meio sorriso aparecer. Me sentei ali e tirei meus sapatos, largando-os no chão. Me virei de lado, levantando em seguida, e, assim que fiquei de pé, enrolei mais um pouco, caprichando nas provocações e, quando “Whole lotta love” começou, não contive um sorriso. Continuei dançando e, quando andava, rebolava. Tirei a calça, jogando-a perto dos sapatos e, não muito tempo depois, foi a vez da blusa. Porém, antes de tirar o sutiã, desci do balcão e mexi na iluminação, deixando tudo na penumbra. Curiosamente, começou a tocar “Fever” e foi simplesmente perfeito. Antes da parte sobre Romeu e Julieta, imitei a Kate Moss naquele clipe do White Stripes, andando lentamente, dando a volta na barra e, quando parei de frente para o balcão, fui me abaixando sem pressa, mantendo o olhar fixo no seu. De repente, tive uma ideia. Pedi:
- Fica ali daquele lado, por favor?
Meio a contragosto, fez o que pedi e se sentou num dos bancos da ponta. Fui engatinhando até ele, que engoliu em seco. Parando na sua frente, me ajoelhei e, justamente naquela hora, mudou a música. Suspirei e ele me olhou.
- Vai parar justo agora?
- É... Pensando bem... - Falei, dando de ombros. Me levantei e fui andando (E fazendo questão de rebolar) de volta à barra e, antes do refrão, aproveitando que o bridge era lento, baixei uma das alças do sutiã. Esperei um pouco para baixar a outra e, quando me escondi na sombra, tirei a peça e joguei para ele. Cobri meu busto com os braços e perguntei:
- Será que você pode me emprestar sua jaqueta?
Mesmo estranhando, atendeu e, depois que a vesti, parei a música e, o olhando por cima do ombro, falei, fazendo manha:
- Quero terminar no quarto... Vem comigo?
Nem precisou pedir duas vezes.
Depois que trancou a porta, percebi que se movimentava e, quando vi, estava me segurando pela cintura, fazendo com que ficasse de frente para ele e era guiada até a cama. Fez com que me deitasse sobre o colchão, ficando por cima de mim e me beijava sem pressa nenhuma.
Tão logo deixou a minha boca e partiu para o pescoço, aproveitei para perguntar:
- E o final do strip?
Senti suas mãos descerem da minha cintura até as laterais da calcinha e a puxarem para baixo. Jogou a peça num canto qualquer e disse:
- Pronto.
Ri fraco e traçou um caminho de beijos pela linha do meu maxilar até meu queixo. Subiu até a boca e, depois de roubar alguns selinhos lentos, disse:
- Você me deixou louco hoje... Principalmente na hora em que jogou o sutiã na minha direção...
Parei para olhá-lo e acariciei seu rosto. Fechou os olhos lentamente, se deliciando com a carícia e fiquei observando cada mínimo detalhe do seu rosto, tentando memoriza-lo. Movimentei meu polegar, fazendo uma carícia delicada e pude notar um leve sorriso aparecendo nos seus lábios. Acariciei sua barriga, sentindo-a contrair-se ao meu toque. Abriu os olhos e me fixou. Me estiquei na sua direção e o beijei sem pressa.
Depois de alguns minutos, deixou a minha boca para partir na direção do pescoço, tomando o cuidado de beijar a linha do meu maxilar. Ao chegar perto da minha orelha, mordeu o lóbulo e cravei as unhas no seu ombro. Continuou pelo pescoço, não poupando nenhum milímetro de pele. Passou pelo ombro e percebi que acariciava a minha cintura, vez ou outra, descendo um pouco até a coxa. Percebi que sua mão foi se aproximando do meu busto conforme a boca fazia o mesmo. Arqueei as costas ao sentir sua boca cobrindo um dos meus seios enquanto a mão estimulava o outro. Depois, inverteu até que chegou num ponto que sabia que não ia aguentar por mais tempo. Foi quando parou e retomou a trilha de beijos. Senti seus dedos apertarem minha coxa com vontade, deslizando até o meu joelho e, descendo até a virilha, para refazer o caminho. Ao chegar no meu baixo-ventre, respirei fundo, tentando me manter calma e foi quando senti a ponta dos seus dedos mal encostando na parte interna até finalmente chegarem onde eu queria. Alguns instantes depois, já ofegava e até mesmo me contorcia ao sentir dois de seus dedos dentro de mim, me tocando de um jeito provocante e, que aos poucos, ia aumentando de velocidade. E quando achava que não ia aguentar... Senti sua boca em mim. Conforme as sensações iam ficando mais intensas, me preparava para o que estava por vir. E já prestes a chegar ao meu limite, literalmente, me agarrei à primeira coisa que consegui alcançar e mordi o lábio, na esperança de conter os gemidos que teimavam em escapar pela minha garganta. A já conhecida sensação intensa e gostosa ia aumentando cada vez mais e, junto dela, podia perceber o quanto meu corpo estava quente. Foi quando cheguei ao máximo, relaxando quase imediatamente.
Tinha fechado os olhos por alguns instantes, ainda respirando rápido e forte, quando senti o Bill ficando deitado por cima de mim de novo. Lenta e cuidadosamente, beijou a minha bochecha e foi cada vez mais se aproximando da boca. Quando estava totalmente envolvida, começou a se mover lentamente dentro de mim. Envolvi seu quadril com as minhas pernas e o abraçava, passando meus braços em torno das suas costas, aproveitando que havia apoiado os seus ao lado do meu corpo. Conforme a velocidade e intensidade de seus movimentos ia aumentando, o simples ato de respirar ficava cada vez mais difícil e, talvez por isso, interrompemos o beijo e apenas deixamos os rostos próximos. Consegui manter meus olhos abertos e estava hipnotizada pelos seus, ainda mais hipnotizantes que de costume. Depois de alguns minutos, o Bill decidiu voltar ao ritmo mais lento e mais profundo das investidas. Perdendo totalmente o controle e noção das minhas ações, cravei minhas unhas no seu ombro e arqueei as costas, não conseguindo conter um gemido rouco e um pouco mais alto que o desejado enquanto sentia que atingia o máximo do que podia aguentar e cada músculo do meu corpo se retesando para, quase imediatamente, relaxar em alguns espasmos.
Tinha acabado de atingir um orgasmo quando ele também atingiu o clímax, se largando em cima de mim, mas não evitando um beijo. Depois que nos separamos, acariciei seu rosto, vendo-o fechar os olhos. Ele encostou a cabeça no meu peito, ouvindo as batidas do meu coração e deixei meus dedos deslizarem por seus cabelos, me deliciando com a sensação. Em seguida passou os braços pela minha cintura e ficamos assim por um tempo.
Quando o cansaço foi maior, não consegui aguentar por muito mais tempo e dormi.
Assim que acordei na manhã seguinte, sentia que estávamos de conchinha e seu braço envolvia minha cintura. Como sempre, funguei antes de abrir os olhos e o ouvi, com a boca muito próxima do meu ouvido e com a voz rouca:
- Guten morgen, meine liebe.
- ‘Morgen. Acordar com sua voz assim logo de manhã...
- O que tem?
- Você ainda mata uma!
Riu e me puxou para mais perto, se é que aquilo era fisicamente possível. Se mexeu e conseguiu me beijar no ombro. Me espreguicei um pouco e fiz um barulhinho e ele riu de novo.
- Toma banho comigo? - Pediu e não teve como negar.
Depois de nos arrumarmos, saímos e, no meio do caminho para o estúdio, passamos na Starbucks. Assim que chegamos, a Claire passou todos os recados para o Bill e, de repente, recebi uma mensagem da Nicola. Peguei o celular e li:
COMO ASSIM O ALEX ESTÁ DE ROLO COM A EX DO BILL? O.O
Respondi:
Caso não saiba, letras maiúsculas são como se você estivesse gritando. E eu sei disso. Até briguei com o Bill, que ainda não sabe. E no que depender de mim, vai continuar assim. Não quero que ele tenha um aborrecimento desses. Já me bastam as crises de ciúmes por causa do Alex.
Quase imediatamente, veio sua réplica:
Já sei sobre as maiúsculas :P. E pode contar comigo, a Di e o Charlie para continuar mantendo esse segredo. E tem certeza que é um aborrecimento que você quer evitar?
Suspirei e falei, me levantando:
- Eu já venho.
Senti o olhar do Bill em mim e sabia que deveria estar pensando que eu estava falando com o Alex e não com a Nicola. E justamente por ser um assunto que eu não queria que ele descobrisse a respeito, não fiz o caminho mais óbvio. Saí do estúdio sim, mas fui até um lugar mais escondido, ali perto. Liguei para a Lola, que atendeu no terceiro toque:
- Fala.
- Respondendo à sua pergunta da SMS... É também. Sabe que não consigo mentir nem para você e nem para a Nadine. Principalmente porque as duas parecem inquisidoras.
Riu do outro lado da linha e perguntou:
- Então... Sabe que, se realmente for para Londres, as chances de encontra-la são grandes...
- Eu sei. E não sei o que faço, sinceramente. - De repente, me ocorreu uma ideia. - Minto. Eu sei sim. Daqui a pouco te ligo de novo.
Se despediu de mim, principalmente porque o Charlie havia acordado. Procurei na agenda do telefone pelo número que queria e apertei o botão para chamar. Tocou algumas vezes até que eu conseguisse ouvir sua voz do outro lado da linha:
- Oi.
- Por favor, me diz que eu não te acordei... - Falei e ouvi um bocejo.- Ai, Tom, desculpa. Mas eu preciso muito conversar uma coisa séria com você. E preciso que não conte nada para o Bill. Pelo menos não por enquanto.
- Que coisa séria?
Suspirei.
- Descobri uma coisa sobre a ex dele.
Depois de um minuto inteiro de silêncio, disse:
- Quando for sair para o almoço, me liga que eu passo e te pego.
Concordei e me despedi dele. Quando voltei para o estúdio, o Bill me ignorou completamente. Fingi indiferença e me concentrei no meu trabalho. Pude ver que ficou inquieto e me esforcei ao máximo para manter a pose séria.
Na hora do almoço, quando comecei a guardar as minhas coisas para sair, suspirou e disse:
- Estava combinando de ir almoçar com a minha mãe... Quer ir junto?
- Obrigada, mas deixa para uma próxima vez. Quero resolver um assunto urgente. Ah! E manda um abraço por ela para mim, por favor.
E pus a bolsa sobre o ombro, saindo e com o celular em mãos. Depois que saí, procurei pelo carro do Tom e quase imediatamente, parou na minha frente.
- Rápido e rasteiro... - Falei, depois de fechar a porta. Me inclinei na sua direção e o cumprimentei com um beijo no rosto. - Tudo bem?
- É... E você?
Concordei. Fomos para um restaurante perto da sua casa e, depois que fizemos os pedidos, ele quis saber:
- O que você descobriu sobre a Lydia?
Suspirei.
- Ela está de rolo com o Alex. E como o Bill quer ir para Londres no final do ano, estou com medo. Não só que ele possa... Ter uma recaída com ela, mas... Medo de que tudo aconteça de novo. Eu sei que ele precisa saber disso, mas não sei como contar.
- Quer que eu conte?
Neguei com a cabeça.
- Honestamente, eu não acho que o Bill vá ter uma recaída por ela. Conheço meu irmão e sei que ele ficou muito magoado com ela, ainda mais depois de tudo que aprontou.
- E com razão.
- É. Mas como você está agindo da maneira totalmente oposta à dela, não precisa se preocupar, afinal, além de todo mundo aqui gostar de você, ainda tem a história da banda.
- Está achando ruim de voltar com o Tokio Hotel?
Sorriu e disse:
- Nenhum de nós está. Principalmente o Bill. Quando tudo aconteceu, estávamos na melhor fase.
- Eu percebi que ele sentia falta disso. Foi por isso que eu quis impor essa condição. E não por ser fã da banda.
Me olhou, avaliando. Perguntei:
- Então... Eu sei que é um assunto bem indigesto para o almoço, mas... Essa história do Bill realmente precisa ser resolvida.
Assim que o garçom trouxe a comida, começou a me ajudar, dando umas dicas.
Na volta para o estúdio, aproveitou que estávamos parados no sinal e perguntou:
- Posso te perguntar uma coisa?
Concordei.
- Como você dobra a Nadine depois de uma briga?
Sorri e disse:
- Para começo de conversa... Pede desculpas. Isso funciona, não só com a Nadine, mas com todo mundo. E tem quanto tempo que vocês brigaram?
- Foi agora de manhã.
- Deixa ela quieta. Melhor falar com ela de cabeça fria do que se arriscar que ela pule no seu pescoço. E pequenos agradinhos conseguem amansar a fera.
Riu e quis saber:
- Alguma sugestão?
- Doces. Nadine é uma formiga de salto, que nem eu.
Assim que chegamos, parou o carro um pouco à frente do estúdio e disse:
- Escuta... Vai com calma quando falar da Lydia para o Bill. E se prepara porque é bem capaz de ele querer brigar com você por não ter dito nada.
Suspirei e assenti. Em seguida, me inclinei na sua direção e dei um abraço desajeitado. Mas antes de sair do carro, perguntou:
- Por um acaso você estava pensando em ir matar as saudades do bar?
Concordei.
- Por quê?
- Curiosidade... - Falou, todo misterioso.
Depois que se despediu de mim, entrei no estúdio e estranhei que a Claire não estava no seu posto. Fui andando despreocupada até a sala do Bill e, assim que entrei, estava vazia. Ou pelo menos eu achava, até fechar a porta e ser surpreendida pelo próprio, que me pegou pela cintura e me pôs contra a parede. Em algum momento dessa... Agitação toda, derrubei a minha bolsa.
- Sabia que não faz bem ficar tomando susto o tempo inteiro? Que coisa!
Estava sério e pressenti que aí vinha problema. Perguntou:
- Algum motivo especial para você ir almoçar sozinha com o Tom?
- Na realidade... Tem sim. E eu preciso conversar uma coisa séria com você.
- Estou ouvindo.
- Por favor, me solta. - Pedi, calma. Estava segurando meus pulsos na altura da cabeça e seu corpo estava colado ao meu. Ficou imóvel por um instante e, em seguida, me soltou.
- Naquele dia que você brigou comigo, me acusando de estar com ciúmes do Alex porque ele tinha namorada... Não era ciúmes. Era preocupação.
Me olhou, com cara de poucos amigos.
- Fui almoçar com o Tom porque precisava da ajuda dele para tentar descobrir a melhor maneira de te contar uma coisa.
- Me contar o quê? E o que a briga por causa do... Alex tem a ver com isso?
Respirei fundo.
- O Charlie me contou quem é a namorada do Alex. A Lydia. Não te contei porque fiquei com medo da sua reação. Medo de que você tivesse uma recaída e acabasse se afundando de novo.
Me olhava fixamente e disse:
- E você está me contando isso porque...
- Se a gente realmente for para Londres no final do ano, as chances de esbarrarmos com ela são altas. E além disso, quero deixar uma coisa bem clara.
- Não se preocupe porque não tem chance de eu voltar com ela.
- Não era isso. O que eu ia dizer é que, se precisar, pode ter certeza que mantenho ela longe. Ah sim... E se por um acaso acontecer de você não resistir... Não penso duas vezes antes de ir ao juiz.
- Isso é uma ameaça?
- Não. É um aviso. - Falei, indo até a minha mesa. - Poderia perdoar sua traição com qualquer outra mulher. Menos com ela.
- Acho que nesse caso, você pode se considerar com menos sorte que eu. Não acho que te perdoaria. Principalmente se fosse com o Alex.
- Acontece que ele tem uma diferença para a... Lydia. Ele seria incapaz do que ela fez com você.
Sua expressão se tornou mais séria. E não demorou muito para brigarmos. Cada um passou o resto do dia fazendo as próprias coisas e falando só o necessário com o outro. Quando deu a hora, saí do estúdio sem nem olhar para trás e, quando um táxi parou no passeio à minha frente, já estava abrindo a porta quando, de repente, senti um puxão e o Bill falou com o motorista:
- Obrigada, mas pode deixar.
O carro partiu e falei:
- Que história é essa agora? Não posso nem mais pegar um táxi?
- Não. E vai até o carro. - Mandou e ergui a sobrancelha. - Eu não vou falar de novo, Luiza.
Cruzei os braços na altura do estômago. E então, me ergueu do chão, fazendo com que ficasse sobre seus ombros e esperneei, claro.
- Me solta, Bill!
- Sossega. - E deu um tapa na minha bunda.
- Ei!
- Se reclamar, apanha mais.
Que palhaçada era aquela?
Quase nos derrubei e, assim que parou ao lado do carro, finalmente me pôs no chão e me prendeu entre seu corpo e o carro. De repente, me surgiu uma ideia e, como não tinha mais ninguém ali e tinha pouca iluminação... Me estiquei toda e comecei a beijar lentamente seu pescoço. Comecei a acariciar seu rosto com a mão esquerda e a direita começou no peito. Mas não resisti por mais tempo e a deslizei pela sua barriga, mesmo sobre a camiseta. Ao chegar no cós da calça, não resisti e o provoquei, dizendo:
- Estava pensando... Estamos só nós dois aqui... O estacionamento é fechado, sem falar que não tem perigo de ninguém mais entrar...
Antes de qualquer coisa, deixa te explicar: O estacionamento era do estúdio. Era tipo garagem mesmo e, portanto, não tinha como ninguém nos ver.
- Não vai funcionar, Luiza. - Disse. Dei um meio sorriso e comecei a morder seu pescoço de leve. Ao mesmo tempo, deslizei minha mão para dentro da sua calça.
- Se não vai funcionar... Então por que está duro desse jeito?
Mordeu o lábio inferior e fechei meus dedos em torno do seu pênis, começando a masturba-lo lentamente. Aos poucos, fui sentindo sua respiração ficando cada vez mais e mais acelerada e forte e, de repente, agarrou minha cintura.
- Não vou aguentar por mais tempo, Luiza...
- Essa é a intenção. - Falei, aproximando minha boca da sua. Num movimento rápido, consegui virar e o pus com as costas apoiadas no carro. Rapidamente, desafivelei seu cinto, abri o botão da sua calça e o zíper. Já ia abaixando o jeans quando me deteve.
- Tem circuito interno. - Disse. Me aproximei dele e falei:
- Não pensa que você vai me escapar...
E roubei um beijo. Quando me soltou, respondeu:
- E por que eu escaparia se quero que você continue?
Sorri e ele também o fez, só que maliciosamente.
Quando chegamos em casa, algum tempo depois, a Simone estava na cozinha com o Tom, que disfarçou um sorriso assim que nos viu.
- Demoraram para chegar. - A Simone disse.
- A gente começou um trabalho novo e acabamos nos distraindo. - O Bill respondeu e o esforço para me manter séria foi sobre-humano.
- Ah, Luiza. A Nadine pediu para você ir lá. - O Tom avisou.
- Dá tempo? - Perguntei para a Simone, que disse:
- Dá. Se não demorar demais...
Sorri e fui quase correndo.
Assim que a Di abriu a porta, recebi uma mensagem no celular. Peguei o aparelho e li:
Minha mãe pediu para avisar que, se a Nadine quiser, pode vir jantar com a gente.
- Que foi?- Perguntou, quando passei pela porta.
- Está formalmente convidada para ir jantar lá em casa.
- Bom, considerando que cansei de esperar a Nicola e o Charlie... Aceito. - Respondeu. Digitei a resposta para o Bill, avisando que a Di iria comigo e perguntei:
- Então. O que houve?
- Antes... A notícia boa. - Disse, indo até a bancada da cozinha e pegando uma revista. Em seguida, me entregou e avisou: - Página 70.
Estranhei e procurei a dita cuja. Era um artigo de página inteira sobre o meu estilo.
- O que...?
- Experimenta ficar com um executivo inglês famoso e se casar com um roqueiro alemão...
- “Segundo fontes, Luiza garimpa peças de marcas famosas em brechós.”. Que raio de fonte é essa? - Perguntei e ela deu de ombros, rindo. - Bom, pelo menos estão elogiando e não criticando o jeito que me visto.
- Pois é. Agora, a notícia ruim. Mas que é boa.
Olhei para ela.
- O Charlie quer propor casamento para a Lola.
- E me deixa adivinhar. Ele quer a nossa ajuda e essa é a suposta parte ruim.
Concordou.
- Diz ele que depois vai dar um jeito de explicar tudo para a gente sem a Lola perceber...
- E cadê os dois?
- Inicialmente, iam ao cinema. Mas não é muito difícil de descobrir o que estão fazendo.
Dei um meio sorriso e falei:
- Bom, a gente pode começar a pensar na ajuda que vamos dar para ele. Provavelmente ele deve querer uma mãozinha para organizar tudo para fazer o pedido. Tipo um jantar romântico ou algo do tipo.
- Tive uma ideia! - Disse. Meu celular deu o aviso de mensagem de novo e decidimos ir para a casa.
Durante o jantar, a Simone perguntou:
- Bill, estou sentindo falta daquela menininha que morava aqui perto... Dani... O que aconteceu?
- O pai dela foi transferido já tem quase um mês. - Ele respondeu. - Foram para Seattle.
- Imagino como ela deveria estar. - Comentou e eu e a Nadine estávamos numa conversa paralela, discutindo a ideia da ajuda ao Charlie:
- Tinham feito um vídeo de um cara que juntou a família e os amigos da noiva e cada um fez uma coisa. No final, ele aparece, pedindo a mão dela. - A Di falou. Notei que o Tom prestava atenção e respondi:
- Acho que já sei o melhor dia para ele fazer o pedido.
Ela me olhou, entendendo tudo e sorriu.
- E que dia é? - O Tom perguntou.
- Dia cinco de outubro. - A Di respondeu.
- E o que tem dia cinco de outubro? - Ele quis saber.
- É aniversário dela. - Falei.
- E falando em aniversários... - A Nadine disse e cortei logo:
- Não. Nem vem que ainda faltam cinco meses.
- Mesmo assim, Iza... - Insistiu, me imitando e tombando a cabeça para o lado e dando um sorriso inocente.
- Oi! Esse método de persuasão é meu! - Protestei e ela riu.
- Tem patente? - Perguntou.
- Continua usando sem permissão para ver se não arrumo uma em dois tempos!
Fez língua para mim e ia dar uma resposta daquelas quando percebi o olhar da Simone na nossa direção.
- Salva pela sogra. - Resmunguei e a Di riu.
- Está tudo bem? - A Simone quis saber.
- Nada tão fora do costume. - Respondi, sorrindo.
Depois do jantar, percebendo que o Tom não queria que a Di fosse embora (E nem ela), aproveitei a distração de praticamente todo mundo para ir até a minha amiga e perguntei:
- Escuta... O que me diz de ficar aqui hoje? Quer dizer, vai ter graça em ficar esperando pela Lola e o Charlie até sabe-se lá que horas?
- Não trouxe nada. - Disse, tentando (E falhando miseravelmente) resistir.
- Como se nós duas não soubéssemos que você vai muito usar um pijama que eu for te emprestar... - A provoquei e tomei um apertão na cintura. - Mas agora é sério. Vai mesmo preferir bancar a vela do casal melaço ao invés de ficar aconchegada nos braços do Tom?
Crispou a boca e disse:
- Te odeio, só para constar.
Sorri e falei:
- Odeia nada! Você me ama, isso sim!
Deu um estalo com a língua e perguntou:
- Em qual quarto ele está?
- Terceira porta à direita. E ó... Cuidado que as paredes são finas e lembre-se que tem mais gente além de mim e do Bill.
- Quando você quer broxar alguém, mas capricha!
Ri e ela subiu. De repente, senti um puxão pela cintura e, quando vi, estava contra a parede.
- Quando vai continuar com o que estava fazendo no estacionamento? - Perguntou, com a boca colada ao meu ouvido.
- Agora. Anda, vem comigo. - Falei, o puxando pela mão e levando até seu quarto. Tranquei a porta e, antes que pudesse dizer qualquer coisa, me beijou.
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