quarta-feira, 30 de setembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 27º capítulo - Interativa









27. I can't stop it when there's chemicals keeping us together

Eles dizem que tenho um parafuso a menos, bem
Só quando estou sentindo sua falta
E é isso aí, sou um cara, garota, viciado em você

(Fall out boy & Big Sean - The mighty fall)



O rádio do carro estava ligado e tocava uma música pop, mas mais calma. Eu estava sentado no banco do passageiro e a dirigia, cantando baixo a música. Passávamos pela avenida beira-mar em Malibu em pleno domingo à tarde e a ideia da volta de carro foi dela. Até que era bem tranquila ao dirigir e andava numa velocidade dentro do limite, só xingando vez ou outra algum motorista que pudesse cortar a frente. Quando estávamos parados num sinal, a olhei e estava distraída com alguma coisa. Não podia tirar meu olhar dela, que usava uma roupa simples, só camiseta com a estampa da Debbie Harry, shorts jeans e sapatilha. Sem falar no rabo-de-cavalo e os óculos Wayfarer escuros. A pulseira que jamais saía do seu braço esquerdo conseguia se destacar, mesmo no meio das outras de contas grandes e transparentes, combinando com a roupa.

De repente, começou a tocar “3” da Britney e pude perceber que ela ficou um pouco tensa.

- Eu estava pensando... - Comecei a dizer e percebi que ela agarrou o volante.

- Já até sei o que você vai dizer. Ou vai querer saber se já fiz ménage ou se eu toparia. - Respondeu, sem nem me olhar.

- E então? - Perguntei e ela respirou fundo. Finalmente me olhou e disse:

- Já. E não repetiria a experiência.

- Por quê?

- Não gostei.

- E foi... Com mais um cara ou com uma menina?

Ergueu a sobrancelha e disse:

- O que você acha?

- Não tenho ideia. Pela lógica, podia dizer que foi com um cara. Mas do jeito que você é... Pode ter sido com uma garota.

- Como você está tão curioso... Foi realmente com outra garota. Perdi uma aposta.

- Que aposta foi essa?

- Quer mesmo saber?

Concordei. Respirou fundo e disse:

- Foi no ano passado. Eu apostei com o que ele não ia conseguir ir à uma festa e não ficar com ninguém.

- E o que ele ia ter de fazer, caso perdesse?

- Seria amarrado e vendado à cama dele. E eu podia fazer o que quisesse com ele.

- E por que você não gostou?

- Senti ciúme. E não daria certo se nós tentássemos porque eu sei que sairia no tapa com a garota.

Olhei para ela e sorri, não conseguindo evitar de me sentir um pouco convencido. Bateu na minha coxa e disse:

- Menos. Não pensa que está com essa bola toda. Acontece que sinto ciúmes de você por ser o meu marido.

- Achei que gostasse de mim... Mesmo que fosse só um pouquinho...

- Pois é. Só estou interessada no seu corpo mesmo. - Respondeu, caindo na risada em seguinte. - Claro que eu gosto de você. Senão, no dia seguinte à audiência, teria ido a outro juiz e pedido o divórcio.

Olhei para ela. O sinal abriu e ela voltou a prestar atenção ao trânsito. Meu celular começou a tocar e, quando peguei o aparelho, vi que era mais uma das mensagens anônimas:

No dia de ano-novo... Entenda que é o trabalho dela. Mesmo porque... Ela pode fazer um show particular para você.

Olhei para a , que resmungou, depois que um carro deu uma fechada:

- Filho de uma barata descascada e estrebuchada!

Não teve como não rir e nem ela resistiu.

Quando chegamos em casa, um tempo depois, perguntei, assim que ela acionou o alarme do carro:

- As roupas que vocês vão usar em Londres já estão prontas?

Me olhou e mordeu o lábio.

- Olha... Já te aviso que, como já está tudo pronto... Não tem espaço para ataques de ciúme, viu? E eu tentei deixar comportadas ao máximo.

Concordei. Fui com ela até o quarto. Esperei pacientemente até que colocasse a primeira roupa. Era a com preto, prata, branco e azul. Por baixo do collant, usava uma legging preta.

- E então?

- Só gostei porque você está usando calça por baixo.

Deu um estalo com a língua e voltou para o closet. Saiu alguns minutos depois, com outra roupa. Era uma calça e um corpete pretos e havia um único detalhe dourado na lateral da calça.

- Melhorou. - A provoquei e fechou a cara.

- Queria ver se fosse uma roupa como a da Nicola ou a da Claire.

- E como são?

- No dia você vai ver. - Resmungou, voltando ao closet.

- São só essas duas roupas? - Perguntei.

- Não. Tem mais uma que a gente vai saber na hora.

- Como assim?

- Coisa da Claire. Não quis dizer como vai ser. O que a gente sabe é que, por causa dos namorados, vão ser comportadas também. Bobear, até mais que essas duas.

- Quer que eu tente descobrir?- Perguntei e ela saiu do closet.

- Não. Bom, a gente sabe que cabe justamente porque a Nicola passou as medidas de cada uma e, para garantir, fizeram um manequim a partir do molde dos nossos corpos. Lembra daquele dia que saí com elas e acabamos demorando? Pois é.

- Acho que nem a CIA faz coisas tão secretas.

Riu e bati no colchão ao meu lado. Estreitou os olhos e falei:

- Não mordo. A menos que você queira.

- Realmente não tem um pingo de vergonha nessa sua cara, não é?

Sorri e garanti:

- Só... Quero ficar com você um pouco. No máximo, te beijar. Não necessariamente precisa envolver sexo e sabe disso.

- Sei... Mas ao que tudo indica... Você realmente não vai querer ficar só abraçado comigo. Estou te conheço, . Sei muito bem quando você está com as piores intenções possíveis...

- Você está blefando.

- Você acha? - Perguntou, cruzando os braços.

- Acho.

- Vou te provar então. Senta aqui e vamos ver o que acontece.

Mesmo desconfiada, veio andando e se sentou ao meu lado. Peguei sua mão e comecei a desenhar círculos na sua pele com o meu polegar.

- Eu estava pensando uma coisa. - Disse. - Tem algum lugar que você sabe onde a gente pode ensaiar?

- Na realidade... Tem. No estúdio mesmo. Tem uma sala vazia que acho que nunca foi usada e tem um espaço até razoável.

Sorriu e algum tempo depois, consegui convencê-la a dormir comigo na minha cama.

Na manhã seguinte, aproveitei uma folga em que estava mais tranquilo para ir até a sala onde eu sabia que elas estavam ensaiando. Tinha um vidro, tipo aqueles de sala de interrogatório que elas não me viam, mas eu as via e fiquei observando. A única que não falava alto era a Nicola.

Depois de um bom tempo, começou uma música que aparentemente era calma e elas estavam todas alinhadas, lado a lado, até que, num determinado momento, as duplas ficaram numa posição: A Claire e a Nadine ficaram retas. Já a e a Nicola se curvaram um pouco para a frente, com um braço dobrado. E era a minha mulher quem cantava. (Realmente, sem dublar a música, nem nada.) De início, só ela se mexia, mas parecia um robô, com os movimentos bem... Limitados, se movendo só da cintura para cima. De repente, as outras se mexeram, da mesma maneira e com menos intervalos. Houve tipo uma marcação de tempo e, justo quando iam começar a cantar, senti meu celular tremendo dentro do bolso da minha calça e tive que ir atender.

- Oi. - Falei, já na minha sala e bem longe de onde as meninas estavam ensaiando.

- ? Oi, aqui é o Stephen, chefe da no bar... Tudo bem?

- Tudo. E você?

- Também. Escuta, eu queria te pedir um favor.

- Claro, pode falar. - Respondi e ele continuou. Depois de me fazer a oferta, falei: - Olha... Se quiser, posso te passar o telefone dos caras. Por mim, não tem problema.

- Ah é? Só... Um minuto que já vou anotar.

Poucos segundos depois, passei os telefones de cada um e ele agradeceu. Em seguida, quis saber:

- E então? Está conseguindo lidar melhor com a ?

- É... Tem horas que não é fácil, vou te ser sincero.

Riu e disse:

- Depois que você consegue a confiança dela, aprende que não é tão difícil assim dobrá-la. Sempre achei que a pior coisa dela é a teimosia.

- E como ela é teimosa! - Reclamei e ele riu mais uma vez. - Sério, nunca vi alguém tão cabeça-dura como ela! Sem falar que ela não aceita de jeito nenhum que mandem nela. Como você conseguia?

- E quem disse que eu conseguia? Até hoje, só sei de duas pessoas que conseguiam. A mãe dela e o . Ela até cede com as meninas, mas é difícil.

Continuei conversando com ele por alguns minutos. Mantive na cabeça a história de o conseguir mandar nela e, quando estava justamente pensando nisso, a própria apareceu.

- E então? O que achou do ensaio?

Olhei para ela, que disse:

- Não acredito que você estava esperando que aquele espelho de sala de interrogatório ia nos enganar...

- E como você descobriu?

- Além do óbvio? Bom, tem um truque que eu sinto muito, mas não vou revelar.

- Está brincando, não é?

Negou, sorrindo.

- Bom, do pouco que eu vi... Gostei. Apesar de achar que vocês estão rebolando demais.

Deu um estalo impaciente com a língua e disse:

- Nem vem que nós estamos até bem comportadas. No dia-a-dia do bar era pior.

De repente, ela pareceu perceber que aquilo não me agradou muito e, se inclinando sobre a mesa, me falou:

- Apesar de tudo... Só você conseguiu me fazer dançar em cima de um balcão e tirar a roupa.

- Se arrependeu? - Perguntei e ela me fixou, inexpressiva.

- Vai fazer alguma diferença?

- Pode.

Deu um meio sorriso e, se inclinando na minha direção, disse:

- Em nenhum segundo. Se você se comportar... Quem sabe não rola uma reprise?

E simplesmente saiu da sala.

Naquela noite, enquanto ela fazia o jantar, eu estava sentado à bancada, olhando as passagens para irmos até a casa da minha mãe.

- Deveria era ter comprado essas passagens ó... - Estalou os dedos.

- Estava esperando alguma promoção, por isso que deixei para comprar agora.

O telefone tocou e ela foi atender:

- Manda.

Houve uma pausa e disse:

- Está. Olhando as passagens.

Olhei para ela, fazendo sinais para que me dissesse quem era. Me ignorou completamente e continuou a conversar:

- Estou fazendo uma lasagna. Se quiser pegar barranco...

Franzi as sobrancelhas.

- Não! Se estou te chamando é assim... Por nada! Óbvio que é para você vir! Mas ó... Não demora senão o não deixa nem sombra de respingo de molho.

Olhei para ela e fiz uma careta, que teve uma língua como resposta.

- Tá. Mas vem, entendido?

Se despediu e perguntei:

- Quem era?

- . - Respondeu, começando a mexer o molho.

- Achei uma aqui. - Avisei e ela, depois de alguns instantes, parou ao meu lado. Olhou para a tela e disse:

- Razoável. Lembre-se que são três pessoas.

- Ah é. Tem que comprar passagem para a Vivi.

- Não. Deixa que a passagem dela eu compro. Mas tem a do , lembrou?

- Aí... Fica falando de mim, mas ele também deixou para a última hora. Aliás, estamos até com sorte que encontramos...

Me deu uma olhada feia enquanto voltava para perto do fogão.

Não muito tempo depois, meu melhor amigo chegou e perguntei para a :

- Corredor ou janela?

- Janela, uai. - Respondeu e o a olhou.

- Sabe quando a Nadine vai para a casa dos pais dela?

- Dia 12. A Lola vai no dia 17. Aliás... não me deixa esquecer que no dia 17 tenho que ligar às três da tarde para a minha mãe.

- Por que dia 17 e por que às três da tarde? - O quis saber.

- Porque dia 17 é aniversário dela e por causa do fuso horário. São sete horas de diferença daqui para o Brasil e, sendo assim, ela já vai ter chegado em casa.

Olhei para o e na mesma hora soubemos o que o outro estava pensando.

- E vocês dois já deveriam ter se acostumado às minhas esquisitices. Do mesmo jeito que sou obrigada a ver essa... Conversa telepática de vocês.

- Como se você não fizesse o mesmo com as meninas... - O retrucou e ela o olhou.

- A diferença é que nem sempre as duas me entendem, apesar de me conhecerem tão bem quanto você conhece o .

Enquanto a lasagna estava no forno, o conversava com a perto da piscina. E eu fiquei na cozinha, olhando alguns e-mails. De repente, me ocorreu uma coisa e, de curiosidade, fiz uma busca com o nome dela. Havia vários links com imagens de paparazzi e todas as fotos eram bem... comuns: Foram tiradas quando saíamos do estúdio. Encontrei até um site de fofocas que reclamava da nossa vida supostamente pacata.

- Ê mas homem fofoqueiro é o fim mesmo! - A disse, passando atrás de mim sem que eu percebesse.

- Que fofoqueiro o quê! Estou vendo é o cúmulo do ridículo. - Falei e comecei a ler a matéria. Quando terminei, ela disse:

- Ah tá. E eles estão esperando que vaze material íntimo, tipo sex tape? Olha, eu realmente não sinto, mas, não sou muito chegada nesse tipo de coisa.

- Nem em sexting? - Perguntei, realmente curioso.

- Não. Vai que tem algum hacker malicioso, só esperando a oportunidade para invadir o seu celular e encontra esse tipo de coisa? Aí sim suas fãs vão ter motivo para me odiar.

- Eu realmente não consigo entender como uma garota aceita fazer sexo com um cara e outra garota mas não concorda em fazer sexting com o próprio marido!

- A diferença é que, em primeiro lugar, o ménage aconteceu num lugar discreto. Não foi nem na casa dele, muito menos num hotel. Em segundo: Nos certificamos que não ia ter câmeras nem de segurança e ainda fizemos a garota assinar um documento, garantindo que não ia vazar nenhuma informação. - Wow... - E em terceiro... Não tinha chance de alguém invadir o quarto e filmar tudo.

- Eu estou realmente curioso a respeito de onde aconteceu esse ménage.

Hesitou por um instante e disse:

- Se eu te contar... Vou ter de te abandonar. Sem deixar rastro.

- Não foi... Na casa de algum mafioso, foi?

Riu e respondeu:

- Não. Gostamos de correr alguns riscos, mas não à esse ponto.

- Que tipo de riscos vocês gostam de correr? - Perguntei e ela se limitou a dizer:

- Um pouco mais... Selvagens que sexo num lugar público, como a cabine de provas de uma loja de roupas, mas ao mesmo tempo... Tomando o máximo de cuidado.

A olhei, avaliando, e disse:

- O que foi?

- Engraçado, porque, por mais que diga que já fez ménage, já fez sexo em público e tal... A única coisa que realmente me surpreenderia seria se você me dissesse que teve um único namorado na vida.

- Já te falei que...

- Eu sei. Mas não consigo acreditar que você fez tudo isso.

Arqueou a sobrancelha e perguntou:

- Está me chamando de mentirosa?

- Não. Só estou dizendo que não consigo acreditar.

- E por que não?

- Porque você dá a impressão de ser inocente.

- Você viu o quanto eu sou... - Senti que estava parada atrás de mim. Passou seus braços por baixo dos meus e, sem a menor cerimônia, pôs a mão bem onde você está pensando. Para completar, ainda mordeu o lóbulo da minha orelha. Não satisfeita, o arranhou com os dentes, mas muito de leve. - Inocente. - Praticamente gemeu a palavra e falei:

- Tem uma sorte de precisar vigiar a lasagna... Senão juro que te pegava de jeito aqui mesmo na cozinha.

- E o ?

- Como se ele nunca tivesse feito algo parecido comigo... Quantas vezes ele simplesmente levou a garota para o quarto, ignorando completamente que não estava sozinho?

- Então... - Disse, tentando mudar de assunto, e me fez rir fraco. - Vou te fazer acreditar no que eu digo.

- Quero só ver...

- Isso é um desafio, ?

Sorri torto e concordei.

- Se quiser ver dessa maneira...

Sorriu também e foi ver a quantas andava a lasagna.

Uns dias depois, quando estávamos nos preparando para a viagem, dei as instruções para a Claire, que me garantiu que ia cuidar de tudo e que eu não precisaria me preocupar. Aproveitando a deixa, perguntei:

- E você está muito nervosa para se apresentar no bar com as meninas?

- Um pouco. Elas me garantiram que não é nenhum bicho de sete cabeças, mas mesmo assim... Dá um bocado de medo.

Sorri e falei:

- Você vai se sair bem.

Fez uma careta e quis saber:

- E falando em se sair bem... Como estão as coisas com a ?

- Bem melhores que no começo do mês. - Respondi. - A propósito, quero que você faça um enorme favor para mim.

Como sempre, ela se prontificou e já começou a fazer o que pedi.

Quando voltei à minha sala, a estava mexendo no celular e perguntei, me sentando na sua frente:

- Já pensou no que vai querer de Natal?

Desviou o olhar para mim e disse, em tom ameaçador:

- Não ouse gastar mais que cinquenta dólares, entendido?

- E se eu quiser gastar mais?

- Simples: Não aceito o presente. E sim, sou capaz de fazer essa desfeita.

Suspirei e resmunguei:

- Você é impossível!

- Uai, mas o que você quer que eu faça se não quero que fique gastando dinheiro com... - Se freou.

- O que foi?

- Eu tenho uma ideia. Já que você quer tanto gastar uma fortuna... Me dá uma coisa de presente? - Perguntou e concordei. Se levantou e foi até o computador. Parei ao lado dela e vi que estava abrindo o site da UNICEF.

- Já entendi. - Falei e se virou de frente para mim.

- Estou te pedindo isso e não pode negar.

- Quem diria que você era filantropa...

Deu um meio sorriso e respondi:

- Tudo bem. Já que quer tanto...

Seu sorriso se alargou e se levantou, me abraçando.

- Obrigada. De verdade.

A envolvi com os meus braços e por um instante, não quis soltá-la por nada no mundo; Queria mantê-la ali comigo.

- Posso te pedir uma coisa? - Perguntou e afrouxei o abraço um pouco. Me olhou e disse: - Quero que você não desista. Não importa o quanto eu teime. Se quiser realmente tentar depois que esse... Prazo do juiz acabar, me vence pelo cansaço. Ah! E sou do tipo que ainda acredita que o romantismo não morreu.

Sorri e a beijei.

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 27º capítulo

27. I can't stop it when there's chemicals keeping us together

Eles dizem que tenho um parafuso a menos, bem
Só quando estou sentindo sua falta
E é isso aí, sou um cara, garota, viciado em você


(Fall out boy & Big Sean - The mighty fall)

Bill

O rádio do carro estava ligado e tocava uma música pop, mas mais calma. Eu estava sentado no banco do passageiro e a Luiza dirigia, cantando baixo a música. Passávamos pela avenida beira-mar em Malibu em pleno domingo à tarde e a ideia da volta de carro foi dela. Até que era bem tranquila ao dirigir e andava numa velocidade dentro do limite, só xingando vez ou outra algum motorista que pudesse cortar a frente. Quando estávamos parados num sinal, a olhei e estava distraída com alguma coisa. Não podia tirar meu olhar dela, que usava uma roupa simples, só camiseta com a estampa da Debbie Harry, shorts jeans e sapatilha. Sem falar no rabo-de-cavalo e os óculos Wayfarer escuros. A pulseira que jamais saía do seu braço esquerdo conseguia se destacar, mesmo no meio das outras de contas grandes e transparentes, combinando com a roupa.

De repente, começou a tocar “3” da Britney e pude perceber que ela ficou um pouco tensa.

          - Eu estava pensando... - Comecei a dizer e percebi que ela agarrou o volante.

          - Já até sei o que você vai dizer. Ou vai querer saber se já fiz ménage ou se eu toparia. - Respondeu, sem nem me olhar.

          - E então? - Perguntei e ela respirou fundo. Finalmente me olhou e disse:

          - Já. E não repetiria a experiência.

          - Por quê?

          - Não gostei.

          - E foi... Com mais um cara ou com uma menina?

Ergueu a sobrancelha e disse:

          - O que você acha?

          - Não tenho ideia. Pela lógica, podia dizer que foi com um cara. Mas do jeito que você é... Pode ter sido com uma garota.

          - Como você está tão curioso... Foi realmente com outra garota. Perdi uma aposta.

          - Que aposta foi essa?

          - Quer mesmo saber?

Concordei. Respirou fundo e disse:

          - Foi no ano passado. Eu apostei com o Alex que ele não ia conseguir ir à uma festa e não ficar com ninguém.

          - E o que ele ia ter de fazer, caso perdesse?

          - Seria amarrado e vendado à cama dele. E eu podia fazer o que quisesse com ele.

          - E por que você não gostou?

          - Senti ciúme. E não daria certo se nós tentássemos porque eu sei que sairia no tapa com a garota.

Olhei para ela e sorri, não conseguindo evitar de me sentir um pouco convencido. Bateu na minha coxa e disse:

          - Menos. Não pensa que está com essa bola toda. Acontece que sinto ciúmes de você por ser o meu marido.

          - Achei que gostasse de mim... Mesmo que fosse só um pouquinho...

          - Pois é. Só estou interessada no seu corpo mesmo. - Respondeu, caindo na risada em seguinte. - Claro que eu gosto de você. Senão, no dia seguinte à audiência, teria ido a outro juiz e pedido o divórcio.

Olhei para ela. O sinal abriu e ela voltou a prestar atenção ao trânsito. Meu celular começou a tocar e, quando peguei o aparelho, vi que era mais uma das mensagens anônimas:

No dia de ano-novo... Entenda que é o trabalho dela. Mesmo porque... Ela pode fazer um show particular para você.

Olhei para a Luiza, que resmungou, depois que um carro deu uma fechada:

          - Filho de uma barata descascada e estrebuchada!

Não teve como não rir e nem ela resistiu.

Quando chegamos em casa, um tempo depois, perguntei, assim que ela acionou o alarme do carro:

          - As roupas que vocês vão usar em Londres já estão prontas?

Me olhou e mordeu o lábio.

          - Olha... Já te aviso que, como já está tudo pronto... Não tem espaço para ataques de ciúme, viu? E eu tentei deixar comportadas ao máximo.

Concordei. Fui com ela até o quarto. Esperei pacientemente até que colocasse a primeira roupa. Era a com preto, prata, branco e azul. Por baixo do collant, usava uma legging preta.

          - E então?

          - Só gostei porque você está usando calça por baixo.

Deu um estalo com a língua e voltou para o closet. Saiu alguns minutos depois, com outra roupa. Era uma calça e um corpete pretos e havia um único detalhe dourado na lateral da calça.

          - Melhorou. - A provoquei e fechou a cara.

          - Queria ver se fosse uma roupa como a da Nicola ou a da Claire.

          - E como são?

          - No dia você vai ver. - Resmungou, voltando ao closet.

          - São só essas duas roupas? - Perguntei.

          - Não. Tem mais uma que a gente vai saber na hora.

          - Como assim?

          - Coisa da Claire. Não quis dizer como vai ser. O que a gente sabe é que, por causa dos namorados, vão ser comportadas também. Bobear, até mais que essas duas.

          - Quer que eu tente descobrir?- Perguntei e ela saiu do closet.

          - Não. Bom, a gente sabe que cabe justamente porque a Nicola passou as medidas de cada uma e, para garantir, fizeram um manequim a partir do molde dos nossos corpos. Lembra daquele dia que saí com elas e acabamos demorando? Pois é.

          - Acho que nem a CIA faz coisas tão secretas.

Riu e bati no colchão ao meu lado. Estreitou os olhos e falei:

          - Não mordo. A menos que você queira.

          - Realmente não tem um pingo de vergonha nessa sua cara, não é?

Sorri e garanti:

          - Só... Quero ficar com você um pouco. No máximo, te beijar. Não necessariamente precisa envolver sexo e sabe disso.

          - Sei... Mas ao que tudo indica... Você realmente não vai querer ficar só abraçado comigo. Estou te conheço, Kaulitz. Sei muito bem quando você está com as piores intenções possíveis...

          - Você está blefando.

          - Você acha? - Perguntou, cruzando os braços.

          - Acho.

          - Vou te provar então. Senta aqui e vamos ver o que acontece.

Mesmo desconfiada, veio andando e se sentou ao meu lado. Peguei sua mão e comecei a desenhar círculos na sua pele com o meu polegar.

          - Eu estava pensando uma coisa. - Disse. - Tem algum lugar que você sabe onde a gente pode ensaiar?

          - Na realidade... Tem. No estúdio mesmo. Tem uma sala vazia que acho que nunca foi usada e tem um espaço até razoável.

Sorriu e algum tempo depois, consegui convencê-la a dormir comigo na minha cama.

Na manhã seguinte, aproveitei uma folga em que estava mais tranquilo para ir até a sala onde eu sabia que elas estavam ensaiando. Tinha um vidro, tipo aqueles de sala de interrogatório que elas não me viam, mas eu as via e fiquei observando. A única que não falava alto era a Nicola.

Depois de um bom tempo, começou uma música que aparentemente era calma e elas estavam todas alinhadas, lado a lado, até que, num determinado momento, as duplas ficaram numa posição: A Claire e a Nadine ficaram retas. Já a Luiza e a Nicola se curvaram um pouco para a frente, com um braço dobrado. E era a minha mulher quem cantava. (Realmente, sem dublar a música, nem nada.) De início, só ela se mexia, mas parecia um robô, com os movimentos bem... Limitados, se movendo só da cintura para cima. De repente, as outras se mexeram, da mesma maneira e com menos intervalos. Houve tipo uma marcação de tempo e, justo quando iam começar a cantar, senti meu celular tremendo dentro do bolso da minha calça e tive que ir atender.

          - Oi. - Falei, já na minha sala e bem longe de onde as meninas estavam ensaiando.

          - Bill? Oi, aqui é o Stephen, chefe da Luiza no bar... Tudo bem?

          - Tudo. E você?

          - Também. Escuta, eu queria te pedir um favor.

          - Claro, pode falar. - Respondi e ele continuou. Depois de me fazer a oferta, falei: - Olha... Se quiser, posso te passar o telefone dos caras. Por mim, não tem problema.

          - Ah é? Só... Um minuto que já vou anotar.

Poucos segundos depois, passei os telefones de cada um e ele agradeceu. Em seguida, quis saber:

          - E então? Está conseguindo lidar melhor com a Luiza?

          - É... Tem horas que não é fácil, vou te ser sincero.

Riu e disse:

          - Depois que você consegue a confiança dela, aprende que não é tão difícil assim dobrá-la. Sempre achei que a pior coisa dela é a teimosia.

          - E como ela é teimosa! - Reclamei e ele riu mais uma vez. - Sério, nunca vi alguém tão cabeça-dura como ela! Sem falar que ela não aceita de jeito nenhum que mandem nela. Como você conseguia?

          - E quem disse que eu conseguia? Até hoje, só sei de duas pessoas que conseguiam. A mãe dela e o Alex. Ela até cede com as meninas, mas é difícil.

Continuei conversando com ele por alguns minutos. Mantive na cabeça a história de o Alex conseguir mandar nela e, quando estava justamente pensando nisso, a própria Luiza apareceu.

          - E então? O que achou do ensaio?

Olhei para ela, que disse:

          - Não acredito que você estava esperando que aquele espelho de sala de interrogatório ia nos enganar...

          - E como você descobriu?

          - Além do óbvio? Bom, tem um truque que eu sinto muito, mas não vou revelar.

          - Está brincando, não é?

Negou, sorrindo.

          - Bom, do pouco que eu vi... Gostei. Apesar de achar que vocês estão rebolando demais.

Deu um estalo impaciente com a língua e disse:

          - Nem vem que nós estamos até bem comportadas. No dia-a-dia do bar era pior.

De repente, ela pareceu perceber que aquilo não me agradou muito e, se inclinando sobre a mesa, me falou:

          - Apesar de tudo... Só você conseguiu me fazer dançar em cima de um balcão e tirar a roupa.

          - Se arrependeu? - Perguntei e ela me fixou, inexpressiva.

          - Vai fazer alguma diferença?

          - Pode.

Deu um meio sorriso e, se inclinando na minha direção, disse:

          - Em nenhum segundo. Se você se comportar... Quem sabe não rola uma reprise?

E simplesmente saiu da sala.

Naquela noite, enquanto ela fazia o jantar, eu estava sentado à bancada, olhando as passagens para a Alemanha.

          - Deveria era ter comprado essas passagens ó... - Estalou os dedos.

          - Estava esperando alguma promoção, por isso que deixei para comprar agora.

O telefone tocou e ela foi atender:

          - Manda.

Houve uma pausa e disse:

          - Está. Olhando as passagens para a Alemanha.

Olhei para ela, fazendo sinais para que me dissesse quem era. Me ignorou completamente e continuou a conversar:

          - Estou fazendo uma lasagna. Se quiser pegar barranco...

Franzi as sobrancelhas.

          - Não! Se estou te chamando é assim... Por nada! Óbvio que é para você vir! Mas ó... Não demora senão o Bill não deixa nem sombra de respingo de molho.

Olhei para ela e fiz uma careta, que teve uma língua como resposta.

          - Tá. Mas vem, entendido?

Se despediu e perguntei:

          - Quem era?

          - Tom. - Respondeu, começando a mexer o molho.

          - Achei uma aqui. - Avisei e ela, depois de alguns instantes, parou ao meu lado. Olhou para a tela e disse:

          - Razoável. Lembre-se que são três pessoas.

          - Ah é. Tem que comprar passagem para a Vivi.

          - Não. Deixa que a passagem dela eu compro. Mas tem a do Tom, lembrou?

          - Aí... Fica falando de mim, mas ele também deixou para a última hora. Aliás, estamos até com sorte que encontramos...

Me deu uma olhada feia enquanto voltava para perto do fogão.

Não muito tempo depois, meu irmão chegou e perguntei para a Luiza:

          - Corredor ou janela?

          - Janela, uai. - Respondeu e o Tom a olhou.

          - Sabe quando a Nadine vai para a casa dos pais dela?

          - Dia 12. A Lola vai no dia 17. Aliás... Liebe, não me deixa esquecer que no dia 17 tenho que ligar às três da tarde para a minha mãe.

          - Por que dia 17 e por que às três da tarde? - Meu irmão quis saber.

          - Porque dia 17 é aniversário dela e por causa do fuso horário. São sete horas de diferença daqui para o Brasil e, sendo assim, ela já vai ter chegado em casa.

Olhei para o Tom e na mesma hora soubemos o que o outro estava pensando.

          - E vocês dois já deveriam ter se acostumado às minhas esquisitices. Do mesmo jeito que sou obrigada a ver essa... Conversa telepática de gêmeos.

          - Como se você não fizesse o mesmo com as meninas... - O Tom retrucou e ela o olhou.

          - A diferença é que nem sempre as duas me entendem, apesar de me conhecerem tão bem quanto você conhece o Bill.

Enquanto a lasagna estava no forno, o Tom conversava com a Luiza perto da piscina. E eu fiquei na cozinha, olhando alguns e-mails. De repente, me ocorreu uma coisa e, de curiosidade, fiz uma busca com o nome dela. Havia vários links com imagens de paparazzi e todas as fotos eram bem... comuns: Foram tiradas quando saíamos do estúdio. Encontrei até um site de fofocas que reclamava da nossa vida supostamente pacata.

          - Ê mas homem fofoqueiro é o fim mesmo! - A Luiza disse, passando atrás de mim sem que eu percebesse.

          - Que fofoqueiro o quê! Estou vendo é o cúmulo do ridículo. - Falei e comecei a ler a matéria. Quando terminei, ela disse:

          - Ah tá. E eles estão esperando que vaze material íntimo, tipo sex tape? Olha, eu realmente não sinto, mas, não sou muito chegada nesse tipo de coisa.

          - Nem em sexting? - Perguntei, realmente curioso.

          - Não. Vai que tem algum hacker malicioso, só esperando a oportunidade para invadir o seu celular e encontra esse tipo de coisa? Aí sim suas fãs vão ter motivo para me odiar.

          - Eu realmente não consigo entender como uma garota aceita fazer sexo com um cara e outra garota mas não concorda em fazer sexting com o próprio marido!

          - A diferença é que, em primeiro lugar, o ménage aconteceu num lugar discreto. Não foi nem na casa dele, muito menos num hotel. Em segundo: Nos certificamos que não ia ter câmeras nem de segurança e ainda fizemos a garota assinar um documento, garantindo que não ia vazar nenhuma informação. - Wow... - E em terceiro... Não tinha chance de alguém invadir o quarto e filmar tudo.

          - Eu estou realmente curioso a respeito de onde aconteceu esse ménage.

Hesitou por um instante e disse:

          - Se eu te contar... Vou ter de te abandonar. Sem deixar rastro.

          - Não foi... Na casa de algum mafioso, foi?

Riu e respondeu:

          - Não. Gostamos de correr alguns riscos, mas não à esse ponto.

          - Que tipo de riscos vocês gostam de correr? - Perguntei e ela se limitou a dizer:

          - Um pouco mais... Selvagens que sexo num lugar público, como a cabine de provas de uma loja de roupas, mas ao mesmo tempo... Tomando o máximo de cuidado.

A olhei, avaliando, e disse:

          - O que foi?

          - Engraçado, porque, por mais que diga que já fez ménage, já fez sexo em público e tal... A única coisa que realmente me surpreenderia seria se você me dissesse que teve um único namorado na vida.

          - Já te falei que...

          - Eu sei. Mas não consigo acreditar que você fez tudo isso.

Arqueou a sobrancelha e perguntou:

          - Está me chamando de mentirosa?

          - Não. Só estou dizendo que não consigo acreditar.

          - E por que não?

          - Porque você dá a impressão de ser inocente.

          - Você viu o quanto eu sou... - Senti que estava parada atrás de mim. Passou seus braços por baixo dos meus e, sem a menor cerimônia, pôs a mão bem onde você está pensando. Para completar, ainda mordeu o lóbulo da minha orelha. Não satisfeita, o arranhou com os dentes, mas muito de leve. - Inocente. - Praticamente gemeu a palavra e falei:

          - Tem uma sorte de precisar vigiar a lasagna... Senão juro que te pegava de jeito aqui mesmo na cozinha.

          - E o Tom?

          - Como se ele nunca tivesse feito algo parecido comigo... Quantas vezes ele simplesmente levou a garota para o quarto, ignorando completamente que não estava sozinho?

          - Então... - Disse, tentando mudar de assunto, e me fez rir fraco. - Vou te fazer acreditar no que eu digo.

          - Quero só ver...

          - Isso é um desafio, Herr Kaulitz?

Sorri torto e concordei.

          - Se quiser ver dessa maneira...

Sorriu também e foi ver a quantas andava a lasagna.

Uns dias depois, quando estávamos nos preparando para a viagem, dei as instruções para a Claire, que me garantiu que ia cuidar de tudo e que eu não precisaria me preocupar. Aproveitando a deixa, perguntei:

          - E você está muito nervosa para se apresentar no bar com as meninas?

          - Um pouco. Elas me garantiram que não é nenhum bicho de sete cabeças, mas mesmo assim... Dá um bocado de medo.

Sorri e falei:

          - Você vai se sair bem.

Fez uma careta e quis saber:

          - E falando em se sair bem... Como estão as coisas com a Luiza?

          - Bem melhores que no começo do mês. - Respondi. - A propósito, quero que você faça um enorme favor para mim.

Como sempre, ela se prontificou e já começou a fazer o que pedi.

Quando voltei à minha sala, a Luiza estava mexendo no celular e perguntei, me sentando na sua frente:

          - Já pensou no que vai querer de Natal?

Desviou o olhar para mim e disse, em tom ameaçador:

          - Não ouse gastar mais que cinquenta dólares, entendido?

          - E se eu quiser gastar mais?

          - Simples: Não aceito o presente. E sim, sou capaz de fazer essa desfeita.

Suspirei e resmunguei:

          - Você é impossível!

          - Uai, mas o que você quer que eu faça se não quero que fique gastando dinheiro com... - Se freou.

          - O que foi?

          - Eu tenho uma ideia. Já que você quer tanto gastar uma fortuna... Me dá uma coisa de presente? - Perguntou e concordei. Se levantou e foi até o computador. Parei ao lado dela e vi que estava abrindo o site da UNICEF.

          - Já entendi. - Falei e se virou de frente para mim.

          - Estou te pedindo isso e não pode negar.

          - Quem diria que você era filantropa...

Deu um meio sorriso e respondi:

          - Tudo bem. Já que quer tanto...

Seu sorriso se alargou e se levantou, me abraçando.

          - Obrigada. De verdade.

A envolvi com os meus braços e por um instante, não quis soltá-la por nada no mundo; Queria mantê-la ali comigo.

          - Posso te pedir uma coisa? - Perguntou e afrouxei o abraço um pouco. Me olhou e disse: - Quero que você não desista. Não importa o quanto eu teime. Se quiser realmente tentar depois que esse... Prazo do juiz acabar, me vence pelo cansaço. Ah! E sou do tipo que ainda acredita que o romantismo não morreu.

Sorri e a beijei. 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 26º capítulo - Interativa








26. Say I'm still the soldier in your eyes

Eu posso não ter o toque mais suave
Posso não dizer as palavras mais suaves
Eu sei que eu não me encaixo tão bem
Mas eu sou seu

(The Script - I'm yours)



Na manhã de segunda-feira, assim que cheguei ao restaurante que tinha combinado de almoçar com as meninas para discutirmos sobre as roupas da apresentação em Londres, a Lola logo comentou:

- ... É impressão minha ou você está andando um pouco... Troncha?

A olhei feio e falei:

- Vamos... Sentar, sim?

Depois que fomos guiadas à mesa, fizemos os pedidos e, enquanto esperávamos, a Lola mostrou novos croquis e trouxe miniaturas das roupas, como se fossem de Barbie.

- Ai que bonitinhas! - A Nadine disse, olhando a miniatura da própria.

- Vai mesmo querer esconder essas pernas, ? - A Lola quis saber.

- Então... Querer esconder... Eu não quero. O problema é que não estou com tanta vontade assim de arrumar confusão com o .

As duas se entreolharam de maneira cúmplice e a ruiva quis saber:

- Então... Algum motivo especial para você estar mancando e andando toda torta?

- Ah, nada demais. Passei o domingo inteiro transando com o , só isso.

A cara de choque das duas foi hilária.

- Está brincando! - A Nadine disse. - Olha só! Você está rindo!

- Estou rindo é da reação de vocês duas. E estou falando sério. Finalmente acabou a abstinência. - Falei. - Até agora estou dolorida.

- Estou imaginando vocês como dois bichos no cio, se atracando. E a tipo uma gata depois de cruzar com o gato. - A Lola disse, rindo. - Sério, eu imagino as coisas que vocês não fizeram...

- Até que de posições não tiveram muitas variantes. - Comentei e as duas, claro começaram a insistir para que eu contasse como tinha sido. O assunto da apresentação no The Coyote foi relegado ao limbo, só para constar.

Depois de almoçarmos, só tive tempo de ir ao estúdio para ir encontrar o . Fomos ao terapeuta e, assim que me viu andando torta, perguntou:

- O que houve?

- O fim de uma abstinência de três meses, isso o que houve. - Resmunguei e o me ajudou a sentar no sofá.

- Então voltaram às boas? - O terapeuta quis saber e dei de ombros. Conversamos mais sobre como estavam as coisas entre o e eu e, ao final da consulta, pedi para conversar sozinha com o terapeuta. Assim que o saiu, o terapeuta quis saber:

- O que queria conversar comigo?

Respirei fundo e disse:

- Então... São duas coisas, na realidade. Uma delas é aquele problema da outra vez, o que acarretou na abstinência.

Assentiu.

- A suposta traição dele.

Concordei.

- Já falei com ele o quanto isso me chateou, mas... Mesmo que ele prometa que não vai mais deixar acontecer, ainda sim não consigo confiar cem por cento nele.

- Bom, é compreensível. - Disse. Me deu bons conselhos e, ao terminar, quis saber: - E a outra coisa?

- Queria marcar consultas separadas só para mim. Quero me preparar para... Quando precisar ir embora.

Entendeu e concordou. Pediu que depois eu ligasse para a secretária, marcando as consultas.

Assim que fui liberada, estava andando ao lado do , que quis saber:

- O que você falou com ele?

- Ah, revelei detalhes explícitos de ontem. - Respondi e ele me olhava com uma cara que não teve como não rir. - Estou te enchendo. Queria uns conselhos dele.

- Sobre...?

- Oi! Está ficando inconveniente de tão intrometido!

Sorriu e fiz língua.

- ... Olha que eu te digo o que fazer com essa língua...

Ergui rapidamente a sobrancelha e, quando entramos no carro, olhei em volta e me inclinei na sua direção. Aproximei a minha boca da sua orelha e falei:

- Não precisa me dizer o que fazer com a minha língua. Já tenho umas ideias, como passar a ponta em um... Determinado lugar... - Como tinha posto minha mão sobre a sua coxa, a deslizei um pouco mais e a pus, sem um pingo de vergonha, sobre o monte abaixo da fivela do seu cinto; Senti que começava a dar os primeiros sinais de endurecimento e perguntei:

- Quer dizer que basta eu só encostar que já endurece?

- ... - Falou em tom de aviso.

- Quando você fala com aquela voz rouca e baixa... Ah, ... Não tem ideia do que causa em mim...

Virou o rosto na minha direção e seu sorriso era levemente lascivo.

- Ah é? Me fala então... O que eu faço com você?

Percebi que a sua mão estava sobre a minha coxa, erguendo a saia do meu vestido.

- Tira meu ar... - Seus dedos avançaram sobre minha pele. - Faz meu coração bater mais rápido... - Começou a acariciar a parte interna da minha coxa. - Deixa... As minhas pernas bambas. - Se aproximava mais e mais da minha virilha.

- E o que mais? - Perguntou, dando um jeito de dar o troco, aproximando a boca da minha orelha. Mordeu o lóbulo e não consegui segurar um gemido. Engoli em seco quase que imediatamente e olhei para ver se não tinha ninguém vindo. Estávamos sozinhos em meio à um monte de carros e não haviam câmeras de segurança apontadas na nossa direção. Respirei fundo e pulei para o seu colo. O beijei, mordendo de leve os seus lábios sempre que conseguia e enterrei os dedos nos seus cabelos. Ele, em resposta, apertava a minha cintura com uma das mãos e a outra erguia a minha saia. Quando abandonou a minha boca e começou a beijar o meu colo, o ouvi dizer:

- Eu sei que é arriscado, mas... O que me diz?

Abri os olhos e o encarei. Estava em expectativa e não tinha como simplesmente dizer não. Respirei fundo e falei:

- Acho melhor a gente ir para a casa. Lá não tem o risco de flagra, seja do vigia do estacionamento, seja de um paparazzo, sem falar que a sua cama é mais confortável.

Sorriu malicioso e perguntou:

- Quer dizer que você acha a minha cama confortável? Mesmo depois de ontem?

Estreitei os olhos e respondi, brincando distraidamente com uma das suas correntes:

- Bom você ter mencionado ontem... Você ficou tão empolgado que não está dando para abusar muito. Tenta... Ser mais delicado, por favor.

Sorriu daquele jeito que eu amava e concordou.

Cerca de uma semana, eu estava bem melhor e, numa tarde de sábado em que a Nicola nos convocou para experimentarmos as roupas, a Lola aproveitou que a Di foi fumar e quis comentou:

- Estava pensando numa coisa.

- Que coisa?

- Já passou pela sua cabeça o que vai fazer se, por um acaso, você engravidar acidentalmente?

- Lola... Eu tomo o máximo de cuidado. Não tem como eu engravidar do por acidente.

- Ah não? E por um acaso vocês usaram camisinha no chuveiro?

- Não. Mas, além de eu tomar contraceptivo, ainda tomo a pílula do dia seguinte sempre que acontece quando não usamos camisinha. Apesar de tudo, não posso pensar nessa possibilidade.

- E por que não? Quer dizer, vocês são casados, nada te impede de tentar...

- Nicola! Que é isso? Sabe muito bem o que eu vou fazer depois que esse prazo do juiz acabar...

- E daí?

- Pensa um pouco. Vai que eu realmente engravido dele e cada um vai para um lado? Como eu vou fazer para criar uma criança sozinha?

- Além de ter à Di e à mim, ainda tem o Alex. Tudo bem que ele está lá com o Mumm-Ra de saia, mas enfim...

Olhei para ela e caímos na risada.

- Tecnicamente, o Mumm-Ra usa saia por ser tipo um faraó...

Deu um estalo com a língua e ri.

- Corrigindo: O Mumm-Ra sem pinto!

Gargalhei mesmo e ela me acompanhou. Disse, finalmente terminando de abrir a caixa onde estavam as roupas:

- E a coreografia? Como a gente vai fazer?

- Bom, a gente começa a ensaiar aqui e depois... Para quê existe Skype?

- Só você mesma para cismar de ensaiar via Skype. A Claire já te disse quando vai para Londres?

- Dia 26. Eu sei que ela tem família lá e, portanto, vai ficar hospedada com eles.

Assentiu.

- Então... Seremos seis pessoas, três homens e três mulheres, sob o mesmo teto?

- Isso quando você levar o Charlie lá para a casa. - Respondi, sem perceber e senti o olhar dela. - Nem vem que nunca deixou de ser minha casa.

Sorriu timidamente e fez algo inesperado:

- COYLE! APAGA ESSA PORCARIA DE CIGARRO E VEM LOGO!

- Desde quando, exatamente, você grita? - Perguntei e ela fez língua.

Não muito tempo depois, eu estava experimentando a roupa.

- E então? - A Nicola quis saber quando voltei à sala e já usando o collant preto com detalhes em azul, branco e prata.

- Extremamente confortável. E como o legging é elástico...

- Melhor ainda. - Ela respondeu sorrindo. Por fim, decidimos usar uma outra roupa na “abertura” e a Nadine perguntou:

- Será que não vamos ter um marido ciumento dando ataque?

- Vai ter. Mas ele que não ouse atrapalhar.

- Senão...? - A Lola perguntou.

- Digamos apenas que o mais light que vou fazer é amarrá-lo à cama e usar e abusar dele.

As duas riram e, não muito tempo depois...

- Foi só falar no diabo que já mostra o rabo. - A Nicola resmungou e ri, apertando o botão para atender à chamada.

- Fala, .

- Estou precisando da sua ajuda aqui. Vai demorar muito ainda?

- Ajuda no quê, exatamente? - Perguntei e a Nadine escreveu num bilhete. Olhei feio para ela, que riu.

- Numa coisa.

- Se continuar com esse mistério todo e não falar logo, não saio daqui nem que você me peça de joelhos. E pelado.

As meninas me olharam surpresas, rindo em seguida.

- Você está sóbria?

Olhei disfarçadamente para a taça de vinho tinto à minha frente.

- Talvez...

Ouvi seu suspiro e disse:

- Estou indo aí te buscar. E não adianta espernear que vai ser pior.

- Uh, quero só ver o que você vai fazer...

As duas me olharam e ele só disse um “tchau” seco.

- O que foi? - A Lola perguntou ao me ver guardando o celular na bolsa e a pondo no ombro.

- Estou sendo requisitada em casa. Vou lá antes que ele me busque. Aí depois a gente se fala e começa a ensaiar, entendido? - Perguntei para as duas, que concordaram, indo comigo até a porta. O telefone tocou antes mesmo que chegássemos no portão e a Lola correu para atender. A Di aproveitou a oportunidade para dizer:

- Charlie me ligou ontem à noite, enquanto a Lola estava no banho.

- Ah é?

Concordou.

- Ele quer a nossa ajuda para uma coisa muito importante. Ele vai pedir a Lola em casamento em pleno Coyote. E quer a nossa ajuda para organizar todo casamento. Queria até ver com o se ele te libera para ficar um pouco mais em Londres...

- Quer ir comigo e aí você já fala com ele?

Deu de ombros.

Justo quando ela abriu o portão, ele estava do outro lado, apoiando um dos braços ao lado da entrada e tomamos um breve susto.

- Eu estava indo mesmo falar com você. - A Di falou e ele disse para irmos até em casa. Dito e feito. Assim que estávamos na sala de estar, ela explicou sobre o pedido do Charlie e ele disse:

- Então... Eu tenho que contar uma coisa para vocês.

Olhei para ele.

- Vamos ter de esticar a estada em Londres até, pelo menos, o meio de fevereiro.

- Por quê? - Perguntei.

- Pensamos em começar as gravações por lá e estamos olhando se a gente consegue o estúdio da Abbey Road. Se por um acaso vocês não puderem nos hospedar... A gente pode olhar um lugar para ficar.

- Sem problemas. Quer dizer, a gente tem um apartamento de três quartos e dois sofás extremamente confortáveis, sendo que um deles é sofá-cama. - A Di falou. - Se vocês não se importarem... Só não dá para o praticar porque não tem espaço e nós moramos num prédio cheio de gente mais de idade e eles podem encrencar com a bateria.

- Tudo bem. Vou falar com eles. - O respondeu. - Ah! Quero que vocês duas me deem uma opinião sincera. Venham cá.

Nós duas o seguimos até o estúdio e, depois que ele religou o computador e a minha foto apareceu de plano de fundo, senti a Di me cutucando e fiz uma careta. Depois de mexer um pouco, ele pôs uma música para tocar e, assim que começaram a cantar, quase bati nele.

- Como conseguiu? - Perguntei e o , dando de ombros, respondeu:

- Quem é a única pessoa que vocês conhecem que tem essa música?

- Stephen. Mas ele não sai... - A Di começou a dizer. - Você pediu para ele.

O concordou, sorrindo.

- Agora é sério. Vocês realmente deveriam pensar na possibilidade de montarem um grupo... Ia ser bem-sucedido por lá.

- O problema é que não é todo mundo que está com toda essa disposição. - A Di retrucou, me olhando. Dei um estalo com a língua e perguntei:

- Não entendi uma coisa. Você ficou nesse fogo todo para mostrar uma música que a gente cansou de ouvir?

- Então... - Ele disse. Girou na cadeira e mexeu em algo e começou a tocar uma música que era mais...

- É bem... Nossa, melhorou. - A Di falou e ele me olhou, em expectativa. Perguntei:

- Isso é obra sua?

Concordou, sorridente.

- Para te ser sincera, nunca gostei desse primeiro arranjo que fizeram e... Não fica se achando, mas concordo com a Di.

Seu sorriso se alargou e, de repente, o celular da Nadine tocou.

- Agora quem está sendo requisitada sou eu. Deixa eu ir para a casa que a Lola quer fazer uns ajustes na minha roupa.

- Te levo até a porta. - Falei e fui com ela. Antes que eu abrisse a porta, disse:

- Vê com o se ele pode fazer outras modificações em algumas das músicas...

- E eu? Se esqueceu que eu estou fazendo exatamente o mesmo trabalho que ele?

De repente, seu olhar ficou fixo em um ponto atrás de mim e falei, estalando os dedos a poucos milímetros do seu nariz:

- Nadine!

Piscou algumas vezes e disse:

- Já sei qual música você vai produzir. E nós vamos gravar. Ou melhor, regravar. Mas ó... Segredo, hein?

Concordei, estranhando.

Quando voltei ao estúdio, ele bateu a mão no próprio colo e fui até lá. Beijou meu ombro e perguntei:

- Por que você deixou essa foto de plano de fundo? Eu estou terrível!

Riu fraco e disse:

- Deixei porque foi espontânea. E você não está terrível. Pelo contrário. Está linda.

- Sinto muito, mas não acredito em você. Mesmo que eu estivesse com uma máscara verde-abacate na cara, com um par de pepinos nos olhos, com bobs nos cabelos... Ia dizer que eu estou linda.

- Aí nem tanto. Creme verde-abacate enfeia qualquer um.

Ri fraco.

Mais tarde, quando estávamos na sala, vendo TV, passava um daqueles programas de quiz e, antes que eu pudesse me controlar, respondia à todas as perguntas que o apresentador fazia. Algumas, antes mesmo de ele terminar de ler, uma vez que aparecia na tela. Pude sentir o olhar do , que estava mexendo no computador, em cima de mim. Quando um dos participantes escolheu uma opção errada para uma pergunta e xinguei:

- Pelo amor de Deus! Ô besta, é a resposta da letra A! Ô bicho burro!

Ouvi o rindo e falei:

- Tem um programa lá na Inglaterra que eu desafiava as meninas. Perdi pouquíssimas vezes. E não é de pergunta e resposta. São várias caixas com valores diversos em cada uma e a pessoa que está lá, tem que ir escolhendo uma por uma. E tem um valor para atingir, senão perde.

- Acho que já vi uma coisa parecida.

- Pois é. O fato é que as meninas quase sempre escolhiam as caixas erradas. E eu sempre tinha os palpites certos. Imagina a briga que era?

Manteve o sorriso torto e voltei a prestar atenção na TV. O cara tinha sido eliminado e eu realmente acertei a resposta.

- Nunca pensou em participar de um programa desses?

- Ah não. Não sei lidar muito bem com a pressão e vai que me dá um branco na hora? Nem... Perder uma quantia absurda de dinheiro...

Um tempo depois, quando ele desligou o computador e o pôs sobre a mesa de centro, começou a zapear pelos canais e, quando parou num filme, aparentemente, não tinha nada demais. Só que, numa hora, apareceu uma daquelas cenas mais... Sanguinolentas e nojentas de assassinato e imediatamente tomei o controle das suas mãos, desligando a TV.

- Molenga. - Resmungou e me sentei no seu colo, virada de frente para ele e apoiei as mãos sobre os seus ombros. Me inclinei na sua direção e o beijei, assim, sem mais nem menos. Claro que suas mãos foram imediatamente para a minha cintura e a apertaram. Arranhei sua nuca de leve e me apertou com um pouco mais de força, apesar de não chegar a realmente me machucar. Começou a erguer a saia do meu vestido e, já sentia sua mão deslizando pela parte interna da minha coxa. Segurei seu pulso e interrompi o beijo. Falei:

- Não.

- Quer ir lá para cima? - Perguntou e neguei.

- Quero outra coisa. - Respondi. Ou melhor, tentei, já que ele não parava de roubar alguns selinhos.

- O que você quer? - Quis saber. Estava com aquela voz baixa, sexy e rouca de novo. Respirei fundo.

- Fecha os olhos. - Obedeceu. - Agora imagina que eu estou sem roupa nenhuma.

Tocou a minha cintura e disse:

- Ia ajudar muito mais se você tirasse, pelo menos, o vestido.

Bati no seu ombro e ele abriu os olhos.

- Faz o que eu estou pedindo, por favor? - Pedi, docemente. E ele fechou os olhos de novo. Consegui tirar o vestido e o pus ali perto. Continuei o provocando e, quando percebi que já estava começando a perder o controle, pus a mão sobre o seu pênis, mesmo coberto pela calça jeans.

- Imagina que você está entrando no quarto... Eu estou sobre a sua cama, sem roupa nenhuma... - Pelo canto do olho, pude ver que passou a ponta da língua sobre o lábio. Peguei seu pulso e o guiei. - Virada para você... Com as pernas separadas... - Pude sentir que seu pênis ficou ainda mais duro. Movi meu quadril contra o seu e o ouvi gemer fraco. - Me tocando. E... - Parei para respirar fundo, já que aquilo tudo mexia comigo também. Engoli em seco e continuei. - Gemendo seu nome...

Desceu uma das mãos da minha cintura até a minha bunda e a apertou, empurrando meu quadril contra o seu.

- E... O que mais? - Perguntou, começando a atacar meu pescoço, o mordendo de leve, sugando minha pele vez ou outra. Já não conseguia mais respirar direito e, sem que pudesse me controlar, me esfregava nele. Quando me dei conta disso, sacudi de leve a cabeça e falei:

- Você está do jeito que eu quero. Não se mexe.

Consegui me levantar e peguei uma almofada, a colocando no chão, entre seus pés. Me observava o tempo inteiro e provavelmente já tinha entendido o que eu queria fazer.

- Por que essa... Surpresa? - Perguntou, quando fiz com que ficasse um pouco mais deitado no sofá.

- Já reclamei com você um monte de vezes, mas não deu jeito. Todas as vezes que a gente transa, você nunca me deixa fazer muita coisa além de te masturbar. E não acho isso justo.

Comecei a desafivelar seu cinto e baixei o zíper quando ele segurou as minhas mãos. Me olhando fixamente, disse:

- Tira.

De início não entendi muito bem, mas, não precisei pensar muito para perceber que ele falava da calcinha e do sutiã que eu usava.

- Se eu não tirar? Vai fazer o quê?

Me olhando com um meio sorriso nos lábios, fechou o zíper. Arqueei a sobrancelha e falei:

- Vai mesmo dispensar um oral daqueles por causa de uma calcinha e um sutiã?

- Anda, .

Suspirei e fiz que ia abrir o sutiã, vendo o sorriso satisfeito dele, mas me ajoelhei sobre a almofada e, me aproximando da sua boca, falei:

- Agora quem manda aqui sou eu.

Rapidamente, baixei o zíper da sua jeans e puxei a calça para baixo, levando a cueca junto. Ele até tentou me impedir, mas não conseguiu.

- Se quiser... Pode segurar meu cabelo. Mas nada de empurrar a minha cabeça.

- Mandona.

Sorri torto e pedi, daquele jeito doce:

- Será que você poderia, por favor, me fazer um enorme favor?

Suspirou e concordou.

- Senta ereto, por favor.

Fez uma cara de malícia e disse:

- Acho que tem outra coisa ereta...

Dei um estalo com a língua enquanto tirava a sua camiseta. A joguei na ponta oposta do sofá e fiz com que voltasse a se encostar no sofá. Me debrucei sobre ele e comecei a beijar o seu peito. Passei pela barriga e fiz questão de fazer todo o contorno com a ponta da língua. Sem pensar muito, quando estava me ajeitando, comentei:

- Provavelmente você já sabe, mas... Acho essas linhas - Deslizei a ponta da unha sobre aquelas linhas em V do seu quadril. - sexies...

Sorriu e perguntei:

- Sabe o que me deixa louco?

Olhei para ele.

- Sua nuca e aquela curvinha da sua bunda que aparece quando você usa um short mais curto.

Arqueei a sobrancelha e perguntei:

- A curva da bunda é compreensível. Mas a nuca?

- É. Principalmente quando você joga o cabelo por cima do ombro e fica um pouco descoberta...

Sorri fraco e falei:

- Muito bem... Respira fundo.

Mesmo sem entender, obedeceu. Quando soltou o ar, me debrucei sobre ele e, segurei o seu pênis com uma das mãos enquanto a outra estava só apoiada sobre a sua coxa. O cobri com a boca, tomando o cuidado de proteger os dentes. Ao mesmo tempo em que comecei a masturba-lo, usei a língua para ajudar no estímulo e dei um jeito de fazer com que a ponta encostasse na minha bochecha. Mantive meu olhar fixo no seu rosto o tempo inteiro e, assim que ele tombou a cabeça para trás, fechando os olhos e deslizando a ponta da língua sobre o lábio, tirei a mão da sua coxa e comecei a traçar aquela linha do quadril que havia falado. Só que continuei até chegar nos testículos e “brinquei” um pouco. Quando tirei o seu pênis da boca, mas continuei com a masturbação, não resisti e comecei a passar a língua por toda a sua extensão. Sua respiração, àquelas alturas, já tinha se tornado ofegante e ele gemia fraco. Sem querer, acabei arranhando um ponto específico e já senti o gosto do pré-gozo quando cheguei à glande. Não resistindo, a cobri com a boca e comecei a suga-la. Depois de poucos minutos em que tinha voltado a colocar quase todo o seu pênis na boca, ele não resistiu.

Quando o soltei e fiquei só o observando se recuperar, disse:

- Vai se preparando porque não vou conseguir aguentar até chegarmos no quarto...

- Beleza. Já venho. - Respondi, me levantando e saindo da sala. Quando fui até o meu quarto, pegar uma camisinha, recebi uma mensagem no celular. Peguei o aparelho e vi que era de número privado. Dizia:

Pare de bancar a boa moça. Vive criticando a ex do seu marido, mas vai fazer muito pior que ela...

Apaguei a SMS e desliguei o celular. Voltei para a sala, tentando não demonstrar a preocupação que senti e, quando o percebeu que eu trazia um único pacote de camisinha, disse:

- E você ainda acha que vamos usar só essa camisinha?

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 26º capítulo


26. Say I'm still the soldier in your eyes

Eu posso não ter o toque mais suave
Posso não dizer as palavras mais suaves
Eu sei que eu não me encaixo tão bem
Mas eu sou seu


(The Script - I'm yours)

Luiza

Na manhã de segunda-feira, assim que cheguei ao restaurante que tinha combinado de almoçar com as meninas para discutirmos sobre as roupas da apresentação em Londres, a Lola logo comentou:

          - Izzy... É impressão minha ou você está andando um pouco... Troncha?

A olhei feio e falei:

          - Vamos... Sentar, sim?

Depois que fomos guiadas à mesa, fizemos os pedidos e, enquanto esperávamos, a Lola mostrou novos croquis e trouxe miniaturas das roupas, como se fossem de Barbie.

          - Ai que bonitinhas! - A Nadine disse, olhando a miniatura da própria.

          - Vai mesmo querer esconder essas pernas, Izzy? - A Lola quis saber.

          - Então... Querer esconder... Eu não quero. O problema é que não estou com tanta vontade assim de arrumar confusão com o Bill.

As duas se entreolharam de maneira cúmplice e a ruiva quis saber:

          - Então... Algum motivo especial para você estar mancando e andando toda torta?

          - Ah, nada demais. Passei o domingo inteiro transando com o Bill, só isso.

A cara de choque das duas foi hilária.

          - Está brincando! - A Nadine disse. - Olha só! Você está rindo!

          - Estou rindo é da reação de vocês duas. E estou falando sério. Finalmente acabou a abstinência. - Falei. - Até agora estou dolorida.

          - Estou imaginando vocês como dois bichos no cio, se atracando. E a Izzy tipo uma gata depois de cruzar com o gato. - A Lola disse, rindo. - Sério, eu imagino as coisas que vocês não fizeram...

          - Até que de posições não tiveram muitas variantes. - Comentei e as duas, claro começaram a insistir para que eu contasse como tinha sido. O assunto da apresentação no The Coyote foi relegado ao limbo, só para constar.

Depois de almoçarmos, só tive tempo de ir ao estúdio para ir encontrar o Bill. Fomos ao terapeuta e, assim que me viu andando torta, perguntou:

          - O que houve?

          - O fim de uma abstinência de três meses, isso o que houve. - Resmunguei e o Bill me ajudou a sentar no sofá.

          - Então voltaram às boas? - O terapeuta quis saber e dei de ombros. Conversamos mais sobre como estavam as coisas entre o Bill e eu e, ao final da consulta, pedi para conversar sozinha com o terapeuta. Assim que o Bill saiu, o terapeuta quis saber:

          - O que queria conversar comigo?

Respirei fundo e disse:

          - Então... São duas coisas, na realidade. Uma delas é aquele problema da outra vez, o que acarretou na abstinência.

Assentiu.

          - A suposta traição dele.

Concordei.

          - Já falei com ele o quanto isso me chateou, mas... Mesmo que ele prometa que não vai mais deixar acontecer, ainda sim não consigo confiar cem por cento nele.

          - Bom, é compreensível. - Disse. Me deu bons conselhos e, ao terminar, quis saber: - E a outra coisa?

          - Queria marcar consultas separadas só para mim. Quero me preparar para... Quando precisar ir embora.

Entendeu e concordou. Pediu que depois eu ligasse para a secretária, marcando as consultas.

Assim que fui liberada, estava andando ao lado do Bill, que quis saber:

          - O que você falou com ele?

          - Ah, revelei detalhes explícitos de ontem. - Respondi e ele me olhava com uma cara que não teve como não rir. - Estou te enchendo. Queria uns conselhos dele.

          - Sobre...?

          - Oi! Está ficando inconveniente de tão intrometido!

Sorriu e fiz língua.

          - Izzy... Olha que eu te digo o que fazer com essa língua...

Ergui rapidamente a sobrancelha e, quando entramos no carro, olhei em volta e me inclinei na sua direção. Aproximei a minha boca da sua orelha e falei:

          - Não precisa me dizer o que fazer com a minha língua. Já tenho umas ideias, como passar a ponta em um... Determinado lugar... - Como tinha posto minha mão sobre a sua coxa, a deslizei um pouco mais e a pus, sem um pingo de vergonha, sobre o monte abaixo da fivela do seu cinto; Senti que começava a dar os primeiros sinais de endurecimento e perguntei:

          - Quer dizer que basta eu só encostar que já endurece?

          - Izzy... - Falou em tom de aviso.

          - Quando você fala com aquela voz rouca e baixa... Ah, Bill... Não tem ideia do que causa em mim...

Virou o rosto na minha direção e seu sorriso era levemente lascivo.

          - Ah é? Me fala então... O que eu faço com você?

Percebi que a sua mão estava sobre a minha coxa, erguendo a saia do meu vestido.

          - Tira meu ar... - Seus dedos avançaram sobre minha pele. - Faz meu coração bater mais rápido... - Começou a acariciar a parte interna da minha coxa. - Deixa... As minhas pernas bambas. - Se aproximava mais e mais da minha virilha.

          - E o que mais? - Perguntou, dando um jeito de dar o troco, aproximando a boca da minha orelha. Mordeu o lóbulo e não consegui segurar um gemido. Engoli em seco quase que imediatamente e olhei para ver se não tinha ninguém vindo. Estávamos sozinhos em meio à um monte de carros e não haviam câmeras de segurança apontadas na nossa direção. Respirei fundo e pulei para o seu colo. O beijei, mordendo de leve os seus lábios sempre que conseguia e enterrei os dedos nos seus cabelos. Ele, em resposta, apertava a minha cintura com uma das mãos e a outra erguia a minha saia. Quando abandonou a minha boca e começou a beijar o meu colo, o ouvi dizer:

          - Eu sei que é arriscado, mas... O que me diz?

Abri os olhos e o encarei. Estava em expectativa e não tinha como simplesmente dizer não. Respirei fundo e falei:

          - Acho melhor a gente ir para a casa. Lá não tem o risco de flagra, seja do vigia do estacionamento, seja de um paparazzo, sem falar que a sua cama é mais confortável.

Sorriu malicioso e perguntou:

          - Quer dizer que você acha a minha cama confortável? Mesmo depois de ontem?

Estreitei os olhos e respondi, brincando distraidamente com uma das suas correntes:

          - Bom você ter mencionado ontem... Você ficou tão empolgado que não está dando para abusar muito. Tenta... Ser mais delicado, por favor.

Sorriu daquele jeito que eu amava e concordou.

Cerca de uma semana, eu estava bem melhor e, numa tarde de sábado em que a Nicola nos convocou para experimentarmos as roupas, a Lola aproveitou que a Di foi fumar e quis comentou:

          - Estava pensando numa coisa.

          - Que coisa?
         
          - Já passou pela sua cabeça o que vai fazer se, por um acaso, você engravidar acidentalmente?

          - Lola... Eu tomo o máximo de cuidado. Não tem como eu engravidar do Bill por acidente.

          - Ah não? E por um acaso vocês usaram camisinha no chuveiro?

         - Não. Mas, além de eu tomar contraceptivo, ainda tomo a pílula do dia seguinte sempre que acontece quando não usamos camisinha. Apesar de tudo, não posso pensar nessa possibilidade.

          - E por que não? Quer dizer, vocês são casados, nada te impede de tentar...

          - Nicola! Que é isso? Sabe muito bem o que eu vou fazer depois que esse prazo do juiz acabar...

          - E daí?

          - Pensa um pouco. Vai que eu realmente engravido dele e cada um vai para um lado? Como eu vou fazer para criar uma criança sozinha?

          - Além de ter à Di e à mim, ainda tem o Alex. Tudo bem que ele está lá com o Mumm-Ra de saia, mas enfim...

Olhei para ela e caímos na risada.

          - Tecnicamente, o Mumm-Ra usa saia por ser tipo um faraó...

Deu um estalo com a língua e ri.

          - Corrigindo: O Mumm-Ra sem pinto!

Gargalhei mesmo e ela me acompanhou. Disse, finalmente terminando de abrir a caixa onde estavam as roupas:

          - E a coreografia? Como a gente vai fazer?

          - Bom, a gente começa a ensaiar aqui e depois... Para quê existe Skype?

          - Só você mesma para cismar de ensaiar via Skype. A Claire já te disse quando vai para Londres?

          - Dia 26. Eu sei que ela tem família lá e, portanto, vai ficar hospedada com eles.

Assentiu.

          - Então... Seremos seis pessoas, três homens e três mulheres, sob o mesmo teto?

          - Isso quando você levar o Charlie lá para a casa. - Respondi, sem perceber e senti o olhar dela. - Nem vem que nunca deixou de ser minha casa.

Sorriu timidamente e fez algo inesperado:

          - COYLE! APAGA ESSA PORCARIA DE CIGARRO E VEM LOGO!

          - Desde quando, exatamente, você grita? - Perguntei e ela fez língua.

Não muito tempo depois, eu estava experimentando a roupa.

          - E então? - A Nicola quis saber quando voltei à sala e já usando o collant preto com detalhes em azul, branco e prata.

          - Extremamente confortável. E como o legging é elástico...

          - Melhor ainda. - Ela respondeu sorrindo. Por fim, decidimos usar uma outra roupa na “abertura”  e a Nadine perguntou:

          - Será que não vamos ter um marido ciumento dando ataque?

          - Vai ter. Mas ele que não ouse atrapalhar.

          - Senão...? - A Lola perguntou.

          - Digamos apenas que o mais light que vou fazer é amarrá-lo à cama e usar e abusar dele.

As duas riram e, não muito tempo depois...

          - Foi só falar no diabo que já mostra o rabo. - A Nicola resmungou e ri, apertando o botão para atender à chamada.

          - Fala, Kaulitz.

          - Estou precisando da sua ajuda aqui. Vai demorar muito ainda?

          - Ajuda no quê, exatamente? - Perguntei e a Nadine escreveu num bilhete. Olhei feio para ela, que riu.

          - Numa coisa.

          - Se continuar com esse mistério todo e não falar logo, não saio daqui nem que você me peça de joelhos. E pelado.

As meninas me olharam surpresas, rindo em seguida.

          - Você está sóbria?

Olhei disfarçadamente para a taça de vinho tinto à minha frente.

          - Talvez...

Ouvi seu suspiro e disse:

          - Estou indo aí te buscar. E não adianta espernear que vai ser pior.

          - Uh, quero só ver o que você vai fazer...

As duas me olharam e ele só disse um “tchau” seco.

          - O que foi? - A Lola perguntou ao me ver guardando o celular na bolsa e a pondo no ombro.

          - Estou sendo requisitada em casa. Vou lá antes que ele me busque. Aí depois a gente se fala e começa a ensaiar, entendido? - Perguntei para as duas, que concordaram, indo comigo até a porta. O telefone tocou antes mesmo que chegássemos no portão e a Lola correu para atender. A Di aproveitou a oportunidade para dizer:

          - Charlie me ligou ontem à noite, enquanto a Lola estava no banho.

          - Ah é?

Concordou.

          - Ele quer a nossa ajuda para uma coisa muito importante. Ele vai pedir a Lola em casamento em pleno Coyote. E quer a nossa ajuda para organizar todo casamento. Queria até ver com o Bill se ele te libera para ficar um pouco mais em Londres...

          - Quer ir comigo e aí você já fala com ele?

Deu de ombros.

Justo quando ela abriu o portão, ele estava do outro lado, apoiando um dos braços ao lado da entrada e tomamos um breve susto.

          - Eu estava indo mesmo falar com você. - A Di falou e ele disse para irmos até em casa. Dito e feito. Assim que estávamos na sala de estar, ela explicou sobre o pedido do Charlie e ele disse:

          - Então... Eu tenho que contar uma coisa para vocês.

Olhei para ele.

          - Vamos ter de esticar a estada em Londres até, pelo menos, o meio de fevereiro.

          - Por quê? - Perguntei.

          - Pensamos em começar as gravações por lá e estamos olhando se a gente consegue o estúdio da Abbey Road. Se por um acaso vocês não puderem nos hospedar... A gente pode olhar um lugar para ficar.

          - Sem problemas. Quer dizer, a gente tem um apartamento de três quartos e dois sofás extremamente confortáveis, sendo que um deles é sofá-cama. - A Di falou. - Se vocês não se importarem... Só não dá para o Gustav praticar porque não tem espaço e nós moramos num prédio cheio de gente mais de idade e eles podem encrencar com a bateria.

          - Tudo bem. Vou falar com eles. - O Bill respondeu. - Ah! Quero que vocês duas me deem uma opinião sincera. Venham cá.

Nós duas o seguimos até o estúdio e, depois que ele religou o computador e a minha foto apareceu de plano de fundo, senti a Di me cutucando e fiz uma careta. Depois de mexer um pouco, ele pôs uma música para tocar e, assim que começaram a cantar, quase bati nele.

          - Como conseguiu? - Perguntei e o Bill, dando de ombros, respondeu:

          - Quem é a única pessoa que vocês conhecem que tem essa música?

          - Stephen. Mas ele não sai... - A Di começou a dizer. - Você pediu para ele.

O Bill concordou, sorrindo.

          - Agora é sério. Vocês realmente deveriam pensar na possibilidade de montarem um grupo... Ia ser bem-sucedido por lá.

          - O problema é que não é todo mundo que está com toda essa disposição. - A Di retrucou, me olhando. Dei um estalo com a língua e perguntei:

          - Não entendi uma coisa. Você ficou nesse fogo todo para mostrar uma música que a gente cansou de ouvir?

          - Então... - Ele disse. Girou na cadeira e mexeu em algo e começou a tocar uma música que era mais...

          - É bem... Nossa, melhorou. - A Di falou e ele me olhou, em expectativa. Perguntei:

          - Isso é obra sua?

Concordou, sorridente.

          - Para te ser sincera, nunca gostei desse primeiro arranjo que fizeram e... Não fica se achando, mas concordo com a Di.

Seu sorriso se alargou e, de repente, o celular da Nadine tocou.
 
          - Agora quem está sendo requisitada sou eu. Deixa eu ir para a casa que a Lola quer fazer uns ajustes na minha roupa.

          - Te levo até a porta. - Falei e fui com ela. Antes que eu abrisse a porta, disse:

          - Vê com o Bill se ele pode fazer outras modificações em algumas das músicas...

          - E eu? Se esqueceu que eu estou fazendo exatamente o mesmo trabalho que ele?

De repente, seu olhar ficou fixo em um ponto atrás de mim e falei, estalando os dedos a poucos milímetros do seu nariz:

          - Nadine!

Piscou algumas vezes e disse:

          - Já sei qual música você vai produzir. E nós vamos gravar. Ou melhor, regravar. Mas ó... Segredo, hein?

Concordei, estranhando.

Quando voltei ao estúdio, ele bateu a mão no próprio colo e fui até lá. Beijou meu ombro e perguntei:

          - Por que você deixou essa foto de plano de fundo? Eu estou terrível!

Riu fraco e disse:

          - Deixei porque foi espontânea. E você não está terrível. Pelo contrário. Está linda.

          - Sinto muito, mas não acredito em você. Mesmo que eu estivesse com uma máscara verde-abacate na cara, com um par de pepinos nos olhos, com bobs nos cabelos... Ia dizer que eu estou linda.

          - Aí nem tanto. Creme verde-abacate enfeia qualquer um.

Ri fraco.

Mais tarde, quando estávamos na sala, vendo TV, passava um daqueles programas de quiz e, antes que eu pudesse me controlar, respondia à todas as perguntas que o apresentador fazia. Algumas, antes mesmo de ele terminar de ler, uma vez que aparecia na tela. Pude sentir o olhar do Bill, que estava mexendo no computador, em cima de mim. Quando um dos participantes escolheu uma opção errada para uma pergunta e xinguei:

          - Pelo amor de Deus! Ô besta, é a resposta da letra A! Ô bicho burro!

Ouvi o Bill rindo e falei:

          - Tem um programa lá na Inglaterra que eu desafiava as meninas. Perdi pouquíssimas vezes. E não é de pergunta e resposta. São várias caixas com valores diversos em cada uma e a pessoa que está lá, tem que ir escolhendo uma por uma. E tem um valor para atingir, senão perde.

          - Acho que já vi uma coisa parecida na Alemanha.

          - Pois é. O fato é que as meninas quase sempre escolhiam as caixas erradas. E eu sempre tinha os palpites certos. Imagina a briga que era?

Manteve o sorriso torto e voltei a prestar atenção na TV. O cara tinha sido eliminado e eu realmente acertei a resposta.

          - Nunca pensou em participar de um programa desses?

          - Ah não. Não sei lidar muito bem com a pressão e vai que me dá um branco na hora? Nem... Perder uma quantia absurda de dinheiro...

Um tempo depois, quando ele desligou o computador e o pôs sobre a mesa de centro, começou a zapear pelos canais e, quando parou num filme, aparentemente, não tinha nada demais. Só que, numa hora, apareceu uma daquelas cenas mais... Sanguinolentas e nojentas de assassinato e imediatamente tomei o controle das suas mãos, desligando a TV.

          - Molenga. - Resmungou e me sentei no seu colo, virada de frente para ele e apoiei as mãos sobre os seus ombros. Me inclinei na sua direção e o beijei, assim, sem mais nem menos. Claro que suas mãos foram imediatamente para a minha cintura e a apertaram. Arranhei sua nuca de leve e me apertou com um pouco mais de força, apesar de não chegar a realmente me machucar. Começou a erguer a saia do meu vestido e, já sentia sua mão deslizando pela parte interna da minha coxa. Segurei seu pulso e interrompi o beijo. Falei:

          - Não.

          - Quer ir lá para cima? - Perguntou e neguei.

          - Quero outra coisa. - Respondi. Ou melhor, tentei, já que ele não parava de roubar alguns selinhos.

          - O que você quer? - Quis saber. Estava com aquela voz baixa, sexy e rouca de novo. Respirei fundo.

          - Fecha os olhos. - Obedeceu. - Agora imagina que eu estou sem roupa nenhuma.

Tocou a minha cintura e disse:

          - Ia ajudar muito mais se você tirasse, pelo menos, o vestido.

Bati no seu ombro e ele abriu os olhos.

          - Faz o que eu estou pedindo, por favor? - Pedi, docemente. E ele fechou os olhos de novo. Consegui tirar o vestido e o pus ali perto. Continuei o provocando e, quando percebi que já estava começando a perder o controle, pus a mão sobre o seu pênis, mesmo coberto pela calça jeans.

          - Imagina que você está entrando no quarto... Eu estou sobre a sua cama, sem roupa nenhuma... - Pelo canto do olho, pude ver que passou a ponta da língua sobre o lábio. Peguei seu pulso e o guiei. - Virada para você... Com as pernas separadas... - Pude sentir que seu pênis ficou ainda mais duro. Movi meu quadril contra o seu e o ouvi gemer fraco. - Me tocando. E... - Parei para respirar fundo, já que aquilo tudo mexia comigo também. Engoli em seco e continuei. - Gemendo seu nome...

Desceu uma das mãos da minha cintura até a minha bunda e a apertou, empurrando meu quadril contra o seu.

          - E... O que mais? - Perguntou, começando a atacar meu pescoço, o mordendo de leve, sugando minha pele vez ou outra. Já não conseguia mais respirar direito e, sem que pudesse me controlar, me esfregava nele. Quando me dei conta disso, sacudi de leve a cabeça e falei:

          - Você está do jeito que eu quero. Não se mexe.

Consegui me levantar e peguei uma almofada, a colocando no chão, entre seus pés. Me observava o tempo inteiro e provavelmente já tinha entendido o que eu queria fazer.

          - Por que essa... Surpresa? - Perguntou, quando fiz com que ficasse um pouco mais deitado no sofá.

          - Já reclamei com você um monte de vezes, mas não deu jeito. Todas as vezes que a gente transa, você nunca me deixa fazer muita coisa além de te masturbar. E não acho isso justo.

Comecei a desafivelar seu cinto e baixei o zíper quando ele segurou as minhas mãos. Me olhando fixamente, disse:

          - Tira.

De início não entendi muito bem, mas, não precisei pensar muito para perceber que ele falava da calcinha e do sutiã que eu usava.

          - Se eu não tirar? Vai fazer o quê?

Me olhando com um meio sorriso nos lábios, fechou o zíper. Arqueei a sobrancelha e falei:

          - Vai mesmo dispensar um oral daqueles por causa de uma calcinha e um sutiã?

          - Anda, Luiza.

Suspirei e fiz que ia abrir o sutiã, vendo o sorriso satisfeito dele, mas me ajoelhei sobre a almofada e, me aproximando da sua boca, falei:

          - Agora quem manda aqui sou eu.

Rapidamente, baixei o zíper da sua jeans e puxei a calça para baixo, levando a cueca junto. Ele até tentou me impedir, mas não conseguiu.

          - Se quiser... Pode segurar meu cabelo. Mas nada de empurrar a minha cabeça.

          - Mandona.

Sorri torto e pedi, daquele jeito doce:

          - Será que você poderia, por favor, me fazer um enorme favor?

Suspirou e concordou.

          - Senta ereto, por favor.

Fez uma cara de malícia e disse:

          - Acho que tem outra coisa ereta...

Dei um estalo com a língua enquanto tirava a sua camiseta. A joguei na ponta oposta do sofá e fiz com que voltasse a se encostar no sofá. Me debrucei sobre ele e comecei a beijar o seu peito. Passei pela barriga e, quando cheguei à sua tatuagem de estrela, fiz questão de fazer todo o contorno com a ponta da língua. Sem pensar muito, quando estava me ajeitando, comentei:

          - Provavelmente você já sabe, mas... Acho essas linhas - Deslizei a ponta da unha sobre aquelas linhas em V do seu quadril. - sexies...

Sorriu e perguntei:

          - Sabe o que me deixa louco?

Olhei para ele.

          - Sua nuca e aquela curvinha da sua bunda que aparece quando você usa um short mais curto.

Arqueei a sobrancelha e perguntei:

          - A curva da bunda é compreensível. Mas a nuca?

          - É. Principalmente quando você joga o cabelo por cima do ombro e fica um pouco descoberta...

Sorri fraco e falei:

          - Muito bem... Respira fundo.

Mesmo sem entender, obedeceu. Quando soltou o ar, me debrucei sobre ele e, segurei o seu pênis com uma das mãos enquanto a outra estava só apoiada sobre a sua coxa. O cobri com a boca, tomando o cuidado de proteger os dentes. Ao mesmo tempo em que comecei a masturba-lo, usei a língua para ajudar no estímulo e dei um jeito de fazer com que a ponta encostasse na minha bochecha. Mantive meu olhar fixo no seu rosto o tempo inteiro e, assim que ele tombou a cabeça para trás, fechando os olhos e deslizando a ponta da língua sobre o lábio, tirei a mão da sua coxa e comecei a traçar aquela linha do quadril que havia falado. Só que continuei até chegar nos testículos e “brinquei” um pouco. Quando tirei o seu pênis da boca, mas continuei com a masturbação, não resisti e comecei a passar a língua por toda a sua extensão. Sua respiração, àquelas alturas, já tinha se tornado ofegante e ele gemia fraco. Sem querer, acabei arranhando um ponto específico e já senti o gosto do pré-gozo quando cheguei à glande. Não resistindo, a cobri com a boca e comecei a suga-la. Depois de poucos minutos em que tinha voltado a colocar quase todo o seu pênis na boca, ele não resistiu.

Quando o soltei e fiquei só o observando se recuperar, disse:

          - Vai se preparando porque não vou conseguir aguentar até chegarmos no quarto...

          - Beleza. Já venho. - Respondi, me levantando e saindo da sala. Quando fui até o meu quarto, pegar uma camisinha, recebi uma mensagem no celular. Peguei o aparelho e vi que era de número privado. Dizia:

Pare de bancar a boa moça. Vive criticando a ex do seu marido, mas vai fazer muito pior que ela...

Apaguei a SMS e desliguei o celular. Voltei para a sala, tentando não demonstrar a preocupação que senti e, quando o Bill percebeu que eu trazia um único pacote de camisinha, disse:

          - E você ainda acha que vamos usar só essa camisinha?