quarta-feira, 30 de setembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 27º capítulo - Interativa









27. I can't stop it when there's chemicals keeping us together

Eles dizem que tenho um parafuso a menos, bem
Só quando estou sentindo sua falta
E é isso aí, sou um cara, garota, viciado em você

(Fall out boy & Big Sean - The mighty fall)



O rádio do carro estava ligado e tocava uma música pop, mas mais calma. Eu estava sentado no banco do passageiro e a dirigia, cantando baixo a música. Passávamos pela avenida beira-mar em Malibu em pleno domingo à tarde e a ideia da volta de carro foi dela. Até que era bem tranquila ao dirigir e andava numa velocidade dentro do limite, só xingando vez ou outra algum motorista que pudesse cortar a frente. Quando estávamos parados num sinal, a olhei e estava distraída com alguma coisa. Não podia tirar meu olhar dela, que usava uma roupa simples, só camiseta com a estampa da Debbie Harry, shorts jeans e sapatilha. Sem falar no rabo-de-cavalo e os óculos Wayfarer escuros. A pulseira que jamais saía do seu braço esquerdo conseguia se destacar, mesmo no meio das outras de contas grandes e transparentes, combinando com a roupa.

De repente, começou a tocar “3” da Britney e pude perceber que ela ficou um pouco tensa.

- Eu estava pensando... - Comecei a dizer e percebi que ela agarrou o volante.

- Já até sei o que você vai dizer. Ou vai querer saber se já fiz ménage ou se eu toparia. - Respondeu, sem nem me olhar.

- E então? - Perguntei e ela respirou fundo. Finalmente me olhou e disse:

- Já. E não repetiria a experiência.

- Por quê?

- Não gostei.

- E foi... Com mais um cara ou com uma menina?

Ergueu a sobrancelha e disse:

- O que você acha?

- Não tenho ideia. Pela lógica, podia dizer que foi com um cara. Mas do jeito que você é... Pode ter sido com uma garota.

- Como você está tão curioso... Foi realmente com outra garota. Perdi uma aposta.

- Que aposta foi essa?

- Quer mesmo saber?

Concordei. Respirou fundo e disse:

- Foi no ano passado. Eu apostei com o que ele não ia conseguir ir à uma festa e não ficar com ninguém.

- E o que ele ia ter de fazer, caso perdesse?

- Seria amarrado e vendado à cama dele. E eu podia fazer o que quisesse com ele.

- E por que você não gostou?

- Senti ciúme. E não daria certo se nós tentássemos porque eu sei que sairia no tapa com a garota.

Olhei para ela e sorri, não conseguindo evitar de me sentir um pouco convencido. Bateu na minha coxa e disse:

- Menos. Não pensa que está com essa bola toda. Acontece que sinto ciúmes de você por ser o meu marido.

- Achei que gostasse de mim... Mesmo que fosse só um pouquinho...

- Pois é. Só estou interessada no seu corpo mesmo. - Respondeu, caindo na risada em seguinte. - Claro que eu gosto de você. Senão, no dia seguinte à audiência, teria ido a outro juiz e pedido o divórcio.

Olhei para ela. O sinal abriu e ela voltou a prestar atenção ao trânsito. Meu celular começou a tocar e, quando peguei o aparelho, vi que era mais uma das mensagens anônimas:

No dia de ano-novo... Entenda que é o trabalho dela. Mesmo porque... Ela pode fazer um show particular para você.

Olhei para a , que resmungou, depois que um carro deu uma fechada:

- Filho de uma barata descascada e estrebuchada!

Não teve como não rir e nem ela resistiu.

Quando chegamos em casa, um tempo depois, perguntei, assim que ela acionou o alarme do carro:

- As roupas que vocês vão usar em Londres já estão prontas?

Me olhou e mordeu o lábio.

- Olha... Já te aviso que, como já está tudo pronto... Não tem espaço para ataques de ciúme, viu? E eu tentei deixar comportadas ao máximo.

Concordei. Fui com ela até o quarto. Esperei pacientemente até que colocasse a primeira roupa. Era a com preto, prata, branco e azul. Por baixo do collant, usava uma legging preta.

- E então?

- Só gostei porque você está usando calça por baixo.

Deu um estalo com a língua e voltou para o closet. Saiu alguns minutos depois, com outra roupa. Era uma calça e um corpete pretos e havia um único detalhe dourado na lateral da calça.

- Melhorou. - A provoquei e fechou a cara.

- Queria ver se fosse uma roupa como a da Nicola ou a da Claire.

- E como são?

- No dia você vai ver. - Resmungou, voltando ao closet.

- São só essas duas roupas? - Perguntei.

- Não. Tem mais uma que a gente vai saber na hora.

- Como assim?

- Coisa da Claire. Não quis dizer como vai ser. O que a gente sabe é que, por causa dos namorados, vão ser comportadas também. Bobear, até mais que essas duas.

- Quer que eu tente descobrir?- Perguntei e ela saiu do closet.

- Não. Bom, a gente sabe que cabe justamente porque a Nicola passou as medidas de cada uma e, para garantir, fizeram um manequim a partir do molde dos nossos corpos. Lembra daquele dia que saí com elas e acabamos demorando? Pois é.

- Acho que nem a CIA faz coisas tão secretas.

Riu e bati no colchão ao meu lado. Estreitou os olhos e falei:

- Não mordo. A menos que você queira.

- Realmente não tem um pingo de vergonha nessa sua cara, não é?

Sorri e garanti:

- Só... Quero ficar com você um pouco. No máximo, te beijar. Não necessariamente precisa envolver sexo e sabe disso.

- Sei... Mas ao que tudo indica... Você realmente não vai querer ficar só abraçado comigo. Estou te conheço, . Sei muito bem quando você está com as piores intenções possíveis...

- Você está blefando.

- Você acha? - Perguntou, cruzando os braços.

- Acho.

- Vou te provar então. Senta aqui e vamos ver o que acontece.

Mesmo desconfiada, veio andando e se sentou ao meu lado. Peguei sua mão e comecei a desenhar círculos na sua pele com o meu polegar.

- Eu estava pensando uma coisa. - Disse. - Tem algum lugar que você sabe onde a gente pode ensaiar?

- Na realidade... Tem. No estúdio mesmo. Tem uma sala vazia que acho que nunca foi usada e tem um espaço até razoável.

Sorriu e algum tempo depois, consegui convencê-la a dormir comigo na minha cama.

Na manhã seguinte, aproveitei uma folga em que estava mais tranquilo para ir até a sala onde eu sabia que elas estavam ensaiando. Tinha um vidro, tipo aqueles de sala de interrogatório que elas não me viam, mas eu as via e fiquei observando. A única que não falava alto era a Nicola.

Depois de um bom tempo, começou uma música que aparentemente era calma e elas estavam todas alinhadas, lado a lado, até que, num determinado momento, as duplas ficaram numa posição: A Claire e a Nadine ficaram retas. Já a e a Nicola se curvaram um pouco para a frente, com um braço dobrado. E era a minha mulher quem cantava. (Realmente, sem dublar a música, nem nada.) De início, só ela se mexia, mas parecia um robô, com os movimentos bem... Limitados, se movendo só da cintura para cima. De repente, as outras se mexeram, da mesma maneira e com menos intervalos. Houve tipo uma marcação de tempo e, justo quando iam começar a cantar, senti meu celular tremendo dentro do bolso da minha calça e tive que ir atender.

- Oi. - Falei, já na minha sala e bem longe de onde as meninas estavam ensaiando.

- ? Oi, aqui é o Stephen, chefe da no bar... Tudo bem?

- Tudo. E você?

- Também. Escuta, eu queria te pedir um favor.

- Claro, pode falar. - Respondi e ele continuou. Depois de me fazer a oferta, falei: - Olha... Se quiser, posso te passar o telefone dos caras. Por mim, não tem problema.

- Ah é? Só... Um minuto que já vou anotar.

Poucos segundos depois, passei os telefones de cada um e ele agradeceu. Em seguida, quis saber:

- E então? Está conseguindo lidar melhor com a ?

- É... Tem horas que não é fácil, vou te ser sincero.

Riu e disse:

- Depois que você consegue a confiança dela, aprende que não é tão difícil assim dobrá-la. Sempre achei que a pior coisa dela é a teimosia.

- E como ela é teimosa! - Reclamei e ele riu mais uma vez. - Sério, nunca vi alguém tão cabeça-dura como ela! Sem falar que ela não aceita de jeito nenhum que mandem nela. Como você conseguia?

- E quem disse que eu conseguia? Até hoje, só sei de duas pessoas que conseguiam. A mãe dela e o . Ela até cede com as meninas, mas é difícil.

Continuei conversando com ele por alguns minutos. Mantive na cabeça a história de o conseguir mandar nela e, quando estava justamente pensando nisso, a própria apareceu.

- E então? O que achou do ensaio?

Olhei para ela, que disse:

- Não acredito que você estava esperando que aquele espelho de sala de interrogatório ia nos enganar...

- E como você descobriu?

- Além do óbvio? Bom, tem um truque que eu sinto muito, mas não vou revelar.

- Está brincando, não é?

Negou, sorrindo.

- Bom, do pouco que eu vi... Gostei. Apesar de achar que vocês estão rebolando demais.

Deu um estalo impaciente com a língua e disse:

- Nem vem que nós estamos até bem comportadas. No dia-a-dia do bar era pior.

De repente, ela pareceu perceber que aquilo não me agradou muito e, se inclinando sobre a mesa, me falou:

- Apesar de tudo... Só você conseguiu me fazer dançar em cima de um balcão e tirar a roupa.

- Se arrependeu? - Perguntei e ela me fixou, inexpressiva.

- Vai fazer alguma diferença?

- Pode.

Deu um meio sorriso e, se inclinando na minha direção, disse:

- Em nenhum segundo. Se você se comportar... Quem sabe não rola uma reprise?

E simplesmente saiu da sala.

Naquela noite, enquanto ela fazia o jantar, eu estava sentado à bancada, olhando as passagens para irmos até a casa da minha mãe.

- Deveria era ter comprado essas passagens ó... - Estalou os dedos.

- Estava esperando alguma promoção, por isso que deixei para comprar agora.

O telefone tocou e ela foi atender:

- Manda.

Houve uma pausa e disse:

- Está. Olhando as passagens.

Olhei para ela, fazendo sinais para que me dissesse quem era. Me ignorou completamente e continuou a conversar:

- Estou fazendo uma lasagna. Se quiser pegar barranco...

Franzi as sobrancelhas.

- Não! Se estou te chamando é assim... Por nada! Óbvio que é para você vir! Mas ó... Não demora senão o não deixa nem sombra de respingo de molho.

Olhei para ela e fiz uma careta, que teve uma língua como resposta.

- Tá. Mas vem, entendido?

Se despediu e perguntei:

- Quem era?

- . - Respondeu, começando a mexer o molho.

- Achei uma aqui. - Avisei e ela, depois de alguns instantes, parou ao meu lado. Olhou para a tela e disse:

- Razoável. Lembre-se que são três pessoas.

- Ah é. Tem que comprar passagem para a Vivi.

- Não. Deixa que a passagem dela eu compro. Mas tem a do , lembrou?

- Aí... Fica falando de mim, mas ele também deixou para a última hora. Aliás, estamos até com sorte que encontramos...

Me deu uma olhada feia enquanto voltava para perto do fogão.

Não muito tempo depois, meu melhor amigo chegou e perguntei para a :

- Corredor ou janela?

- Janela, uai. - Respondeu e o a olhou.

- Sabe quando a Nadine vai para a casa dos pais dela?

- Dia 12. A Lola vai no dia 17. Aliás... não me deixa esquecer que no dia 17 tenho que ligar às três da tarde para a minha mãe.

- Por que dia 17 e por que às três da tarde? - O quis saber.

- Porque dia 17 é aniversário dela e por causa do fuso horário. São sete horas de diferença daqui para o Brasil e, sendo assim, ela já vai ter chegado em casa.

Olhei para o e na mesma hora soubemos o que o outro estava pensando.

- E vocês dois já deveriam ter se acostumado às minhas esquisitices. Do mesmo jeito que sou obrigada a ver essa... Conversa telepática de vocês.

- Como se você não fizesse o mesmo com as meninas... - O retrucou e ela o olhou.

- A diferença é que nem sempre as duas me entendem, apesar de me conhecerem tão bem quanto você conhece o .

Enquanto a lasagna estava no forno, o conversava com a perto da piscina. E eu fiquei na cozinha, olhando alguns e-mails. De repente, me ocorreu uma coisa e, de curiosidade, fiz uma busca com o nome dela. Havia vários links com imagens de paparazzi e todas as fotos eram bem... comuns: Foram tiradas quando saíamos do estúdio. Encontrei até um site de fofocas que reclamava da nossa vida supostamente pacata.

- Ê mas homem fofoqueiro é o fim mesmo! - A disse, passando atrás de mim sem que eu percebesse.

- Que fofoqueiro o quê! Estou vendo é o cúmulo do ridículo. - Falei e comecei a ler a matéria. Quando terminei, ela disse:

- Ah tá. E eles estão esperando que vaze material íntimo, tipo sex tape? Olha, eu realmente não sinto, mas, não sou muito chegada nesse tipo de coisa.

- Nem em sexting? - Perguntei, realmente curioso.

- Não. Vai que tem algum hacker malicioso, só esperando a oportunidade para invadir o seu celular e encontra esse tipo de coisa? Aí sim suas fãs vão ter motivo para me odiar.

- Eu realmente não consigo entender como uma garota aceita fazer sexo com um cara e outra garota mas não concorda em fazer sexting com o próprio marido!

- A diferença é que, em primeiro lugar, o ménage aconteceu num lugar discreto. Não foi nem na casa dele, muito menos num hotel. Em segundo: Nos certificamos que não ia ter câmeras nem de segurança e ainda fizemos a garota assinar um documento, garantindo que não ia vazar nenhuma informação. - Wow... - E em terceiro... Não tinha chance de alguém invadir o quarto e filmar tudo.

- Eu estou realmente curioso a respeito de onde aconteceu esse ménage.

Hesitou por um instante e disse:

- Se eu te contar... Vou ter de te abandonar. Sem deixar rastro.

- Não foi... Na casa de algum mafioso, foi?

Riu e respondeu:

- Não. Gostamos de correr alguns riscos, mas não à esse ponto.

- Que tipo de riscos vocês gostam de correr? - Perguntei e ela se limitou a dizer:

- Um pouco mais... Selvagens que sexo num lugar público, como a cabine de provas de uma loja de roupas, mas ao mesmo tempo... Tomando o máximo de cuidado.

A olhei, avaliando, e disse:

- O que foi?

- Engraçado, porque, por mais que diga que já fez ménage, já fez sexo em público e tal... A única coisa que realmente me surpreenderia seria se você me dissesse que teve um único namorado na vida.

- Já te falei que...

- Eu sei. Mas não consigo acreditar que você fez tudo isso.

Arqueou a sobrancelha e perguntou:

- Está me chamando de mentirosa?

- Não. Só estou dizendo que não consigo acreditar.

- E por que não?

- Porque você dá a impressão de ser inocente.

- Você viu o quanto eu sou... - Senti que estava parada atrás de mim. Passou seus braços por baixo dos meus e, sem a menor cerimônia, pôs a mão bem onde você está pensando. Para completar, ainda mordeu o lóbulo da minha orelha. Não satisfeita, o arranhou com os dentes, mas muito de leve. - Inocente. - Praticamente gemeu a palavra e falei:

- Tem uma sorte de precisar vigiar a lasagna... Senão juro que te pegava de jeito aqui mesmo na cozinha.

- E o ?

- Como se ele nunca tivesse feito algo parecido comigo... Quantas vezes ele simplesmente levou a garota para o quarto, ignorando completamente que não estava sozinho?

- Então... - Disse, tentando mudar de assunto, e me fez rir fraco. - Vou te fazer acreditar no que eu digo.

- Quero só ver...

- Isso é um desafio, ?

Sorri torto e concordei.

- Se quiser ver dessa maneira...

Sorriu também e foi ver a quantas andava a lasagna.

Uns dias depois, quando estávamos nos preparando para a viagem, dei as instruções para a Claire, que me garantiu que ia cuidar de tudo e que eu não precisaria me preocupar. Aproveitando a deixa, perguntei:

- E você está muito nervosa para se apresentar no bar com as meninas?

- Um pouco. Elas me garantiram que não é nenhum bicho de sete cabeças, mas mesmo assim... Dá um bocado de medo.

Sorri e falei:

- Você vai se sair bem.

Fez uma careta e quis saber:

- E falando em se sair bem... Como estão as coisas com a ?

- Bem melhores que no começo do mês. - Respondi. - A propósito, quero que você faça um enorme favor para mim.

Como sempre, ela se prontificou e já começou a fazer o que pedi.

Quando voltei à minha sala, a estava mexendo no celular e perguntei, me sentando na sua frente:

- Já pensou no que vai querer de Natal?

Desviou o olhar para mim e disse, em tom ameaçador:

- Não ouse gastar mais que cinquenta dólares, entendido?

- E se eu quiser gastar mais?

- Simples: Não aceito o presente. E sim, sou capaz de fazer essa desfeita.

Suspirei e resmunguei:

- Você é impossível!

- Uai, mas o que você quer que eu faça se não quero que fique gastando dinheiro com... - Se freou.

- O que foi?

- Eu tenho uma ideia. Já que você quer tanto gastar uma fortuna... Me dá uma coisa de presente? - Perguntou e concordei. Se levantou e foi até o computador. Parei ao lado dela e vi que estava abrindo o site da UNICEF.

- Já entendi. - Falei e se virou de frente para mim.

- Estou te pedindo isso e não pode negar.

- Quem diria que você era filantropa...

Deu um meio sorriso e respondi:

- Tudo bem. Já que quer tanto...

Seu sorriso se alargou e se levantou, me abraçando.

- Obrigada. De verdade.

A envolvi com os meus braços e por um instante, não quis soltá-la por nada no mundo; Queria mantê-la ali comigo.

- Posso te pedir uma coisa? - Perguntou e afrouxei o abraço um pouco. Me olhou e disse: - Quero que você não desista. Não importa o quanto eu teime. Se quiser realmente tentar depois que esse... Prazo do juiz acabar, me vence pelo cansaço. Ah! E sou do tipo que ainda acredita que o romantismo não morreu.

Sorri e a beijei.

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