Me interrompeu, perdi meu caminho
Não é culpa minha que
eu sou um maníaco
Não é mais engraçado,
não é não
Meu coração é como um
garanhão
Elas o amam ainda mais
quando ele está partido
(Fall Out Boy - Alone together)
Bill
Tinha uma garota nua na banheira. E tudo o que eu conseguia fazer era olhar para ela, atônito. E me olhava de volta, não muito diferente.
- Bill, eu acho que... - O Tom falou, andando até parar do meu lado e ver a garota. - Oi.
- Oi. - Ela respondeu, natural. Definitivamente, se era uma groupie (O que, cá entre nós, não parecia nem um pouco), era uma das mais... Estranhas.
- Tem algum motivo para você estar tomando banho aqui? - Meu irmão perguntou e ela riu.
- Tem. Este quarto foi reservado para as minhas amigas e eu. E, pelo visto, a pessoa encarregada de fazer as reservas devia estar de ressaca... Posso pedir para esperarem na sala um pouquinho enquanto me visto, por favor?
Meu irmão concordou e eu não conseguia me mover um único milímetro sequer. Ela era... Diferente e ao mesmo tempo, tão comum... Sua pele era branca, os cabelos escuros e os olhos eram castanhos. No entanto, o que mais chamava a atenção nela era a boca: Carnuda e naturalmente vermelha. Não sabia dizer se era alta. Mas vi que era magra, principalmente pelo seu braço fino que descansava sobre a borda da banheira.
- Bill. - O Tom me chamou, finalmente conseguindo me tirar do transe em que eu estava. Pisquei algumas vezes e, pedindo licença, fechei a porta do banheiro ao passar. Em seguida, fui até a saleta e meu irmão se sentou no sofá, fazendo um barulho de estalo com a boca. De repente, a garota passou, usando um roupão branco e entrou num dos quartos. Passados alguns poucos minutos, a porta se abriu e vi que mais duas meninas entraram, sendo que a que vinha na frente era a mais diferente das três, com pele mais bronzeada, cabelos castanhos, cheios e ondulados e mais alta. Sem falar no detalhe mais assustador sobre ela: A garota era magra, mas muito magra mesmo. A ponto de me fazer pensar se ela não sofria de algum distúrbio, como anorexia.
Assim que a viu, o Tom se endireitou no sofá e perguntou:
- Ora, ora, ora... Quem diria que nos encontraríamos novamente?
Olhei para ele e a garota, que estava com cara de poucos amigos.
- Ah, só pode estar brincando comigo! - Disse, com um sotaque meio estranho; Era um pouco britânico, mas ao mesmo tempo, era diferente.
Voltei meu olhar para meu irmão, que sorria daquela maneira maliciosa.
- Estou falando seríssimo... - Respondeu. - Quem diria que iríamos nos encontrar de novo e justamente aqui, no meu quarto?
Ela arqueou a sobrancelha, dando um meio sorriso, e disse:
- Seu quarto? Você realmente é muito sonhador mesmo, hein?
Ele sorriu e respondeu:
- Não sou sonhador. Este quarto é meu e do meu irmão.
Ela deu um riso de escárnio e só então, notei a garota que estava mais atrás. Era meio difícil de não vê-la, uma vez que era tão branca quanto a que estava na banheira. O diferencial eram seus cabelos vermelhos e os olhos claros. Era magra, mas não tanto quanto a que estava sendo provocada pelo meu irmão.
Percebendo o clima de hostilidade ali, a ruiva puxou a amiga para o mesmo quarto que a da banheira havia entrado. E quase imediatamente, as três saíram. A morena da banheira nos chamou e fomos com elas para fora do quarto. Enquanto estávamos no elevador, perguntei para o Tom, em alemão:
- De onde você as conhece?
- Não está se lembrando delas?
Olhei para as duas e neguei com a cabeça. A garota da banheira nos olhava, com certo interesse.
- Quando estávamos em Londres, fomos à um bar. Lembra que houve toda aquela... Excitação a respeito das dançarinas?
Parei para pensar e concordei, me lembrando das meninas. Olhei para a ruiva e a magra e concordei. A morena deu um meio sorriso e vi que cutucou a ruiva, disfarçando. As duas se olharam e trocaram um sorrisinho enigmático.
- Eu estava pensando... - Falei, atraindo a atenção das meninas. - Com toda essa confusão, acabamos não nos apresentando...
As meninas se olharam de novo, dando o mesmo sorrisinho enigmático mais uma vez.
- Sou Nadine - A magra disse. - Ela é a Nicola e aquela ali é a Luiza. - Indicou, respectivamente, a ruiva e a morena. - E sabemos muito bem quem vocês são. Mesmo não querendo...
Percebi que meu irmão estava se segurando para não provoca-la. Assim que chegamos ao térreo, falei:
- Deixa que eu resolvo isso.
Fui andando até o balcão e, quando o recepcionista me olhou, avisei:
- Escuta, eu estou com um pequeno problema e espero que, para o bem do hotel, seja resolvido. Tenho contatos, inclusive, na imprensa e, se eu falar um “A” que seja, pode apostar que o Bellagio não vai mais ser tão famoso assim. Acontece que aquelas três moças ali estão com reserva para o mesmo quarto que o meu e o do meu irmão. Ou você e o gerente encontram uma solução, no mínimo, satisfatória ou então, serei obrigado a fazer ligações para alguns... Contatos que eu tenho. E não são só aqui nos Estados Unidos, mas em vários lugares da Europa.
O rapaz engoliu em seco e tentou se explicar:
- Senhor, eu realmente sinto muito por toda essa confusão. Acontece que o sistema sofreu uma pane há alguns dias e provavelmente foi por isso que o mesmo quarto foi reservado para dois grupos distintos. Vou coloca-los em outro quarto. A menos que prefira que a transferência seja das moças, que estão aqui desde ontem...
- Não... Vamos fazer o seguinte então. Encontra um quarto como o delas que está bom.
Assentiu e, em poucos minutos, a transferência de quarto foi feita. Assim que voltei para o grupinho, avisei e a morena foi andando até o balcão, sem dizer mais nada. Se debruçou sobre o tampo e começou a conversar com o recepcionista, que engolia em seco, ainda mais nervoso do que havia feito quando fui falar com ele. As suas amigas riam disfarçadamente e perguntei:
- Do que estão rindo?
As duas me olharam e a Nicola respondeu:
- Estamos rindo de uma coisa absurda que a Luiza falou. Depois pergunta para ela...
Só então, me dei conta que ela já estava voltando e com expressão desconsolada.
- O que foi?- A Nadine perguntou à amiga, que suspirou e disse:
- Pois é. Tentei pedir uma compensação por toda essa bagunça e... - Só então vi que estava com as mãos nas costas. Ergueu os braços e continuou: - Ai, minha nossa! Vamos ter de fazer um grande sacrifício de usar isso aqui!
Tinha conseguido um bom número de passes para os casinos e acho que tinha até o que parecia ser flyers promocionais de boates. Deu um pouco para o meu irmão, que agradeceu. Depois dali, fomos até o elevador e, enquanto esperávamos, ele tentou puxar conversa com as meninas:
- E então? Por que estão em Las Vegas?
A Nadine deu um estalo impaciente com a língua e vi que as amigas a cutucaram discretamente.
- Vocês respondam primeiro. - A Luiza disse.
- Vim para cá obrigado pelo Tom e mais dois amigos. - Respondi.
- Senão, aposto que à uma hora dessas, estaria naquela rotina de ir para o estúdio, ficar enfurnado lá o dia inteiro e voltar para a casa para continuar trabalhando. - Meu irmão disse e dei uma olhada feia para ele.
- Estamos aqui porque a Di faz aniversário daqui a três dias. - A Nicola respondeu. Notei que a Luiza ficou quieta e naquele instante, o elevador chegou. Entramos e, assim como antes, as três ficaram de um lado e nós de outro. Ficamos em silêncio e não consegui desviar o olhar da morena um único instante sequer. À parte a história da banheira. Só sei que não sabia por que não parava de olhá-la. E, por mais que estivesse se sentindo incomodada, não retribuía meu olhar; Decidia encarar o indicador dos andares. Assim que chegamos ao andar (Já que o quarto delas e o nosso era perto um do outro), elas saíram praticamente ao mesmo tempo e nós fomos mais atrás.
Logo que chegamos ao nosso novo quarto, o meu irmão não podia perder a oportunidade:
- Você bem que gostou daquela branquinha de cabelo escuro, hein?
Dei um estalo impaciente com a língua, fazendo-o rir e avisei:
- Não começa.
Riu e disse:
- Escuta, se quiser ficar com ela, tem todo meu apoio, sabe disso...
Revirei os olhos e perguntei:
- O que fez àquela garota para ela ter tanto ódio de você?
- Por que acha que fiz alguma coisa para ela?
- Talvez porque te conheço e sei que você não recebe tanto ódio assim gratuitamente?
Suspirou e admitiu, finalmente:
- Fiquei bêbado naquela noite e acabei fazendo o que não devia.
- E o que foi?
- Roubei um beijo dela. E falei uma coisa que ela não gostou. Só te digo que mereci o tapa que levei.
Olhei para ele, surpreso.
- Ela te bateu? - Perguntei, não conseguindo segurar o riso. Suspirou, impaciente e concordou.
Mais tarde, quando descemos para comer alguma coisa, não havia sequer sinal das meninas. E justamente por essa minha... Inquietação que os caras perceberam que tinha alguma coisa estranha acontecendo comigo.
- O que foi?- O Georg perguntou.
- Então. A gente chegou no quarto e, logo de cara, vimos que já tinha alguém ali, principalmente porque tinha um sutiã rosa sobre o braço do sofá. Aí, nisso, a gente escuta uma menina gritando que estava na banheira. - Meu irmão contava.
- Groupie? - O Gustav quis saber.
- A gente até achou que era. O Bill foi na frente e, quando cheguei lá... Realmente ela estava na banheira e tomando banho.
- E o que mais ela estaria fazendo numa banheira? - Perguntei, meio sem pensar e o meu irmão respondeu:
- Então. Ela podia estar com um cara e esperando uma terceira pessoa. Ou podia... Sei lá, estar se divertindo sozinha. E a única utilidade de uma banheira não é a de tomar banho. Você sabe tão bem disso quanto eu.
Suspirei e continuei a me concentrar na comida.
- E aí? - O Georg perguntou, todo entusiasmado.
- Aí que ela foi trocar de roupa e, quando a gente estava esperando, adivinha quem apareceu? - O Tom continuou a contar. Os dois olharam para meu irmão, sem entender e meu irmão questionou: - Vai dizer que não se lembram daquelas meninas que trabalhavam naquele pub de Londres?
Os dois fizeram cara de quem entenderam.
- E aquela do sorriso encantador ainda trabalha lá? - O Georg quis saber. Meu irmão crispou a boca e suspirou.
- Ela e a ruiva. - Respondi e o Georg ficou todo animadinho.
- E aí? Descobriram o que elas vão fazer aqui? - O Gustav quis saber e falei:
- Comemorar o aniversário da Nadine, a do sorriso.
- Aposto que você vai querer dar os parabéns pessoalmente para ela, não é? - O Georg provocou meu irmão e ganhou um dedo do meio como resposta.
- Mas a da banheira é bonita? - O mais velho do grupo quis saber. Sabia que o Tom estava me olhando, só esperando para fazer um dos seus comentários típicos. Respirei fundo e assenti, encarando meu próprio prato.
- E já sabem o nome dela? - Ouvi o Gustav perguntar e o Tom respondeu:
- Na realidade... Não consegui guardar...
- Luiza. - Respondi.
- Ih, acho que essa Luiza pegou o Bill de jeito... - O Georg debochou e falei:
- Ela é parecida com a Lydia, pelo menos fisicamente. E nós sabemos muito bem que a última coisa de que eu preciso é outra pessoa que ferre com minha vida uma segunda vez.
Levantei, sem mais e nem menos, fui andando na direção da saída do restaurante e, quando estava no elevador, ouvi um grito e segurei as portas até que vi a Luiza estava correndo naquela direção. Quando entrou, murmurou um agradecimento enquanto ia até o painel com os botões dos andares e parou ao ver que eu já tinha apertado o que ela queria. Ficou encostada na parede oposta à que eu estava e prestava atenção ao indicador luminoso. Foi nesse instante, que vi a sua camiseta. Era daquelas com “Keep calm &...”. O estranho era o final da frase: “Don’t blink.”. Bem acima, o que parecia ser uma daquelas cabines telefônicas típicas de Londres. Inevitavelmente, fiquei olhando, imaginando o que significava aquilo e ela cruzou os braços, pensando, talvez, que eu estivesse olhando seu busto. As portas se abriram e, em silêncio, ela saiu, sendo seguida por mim. Ela entrou no quarto e continuei, com a frase em mente. Chegando à minha suíte, liguei o computador e digitei a frase no Google. A pesquisa mostrava, basicamente, sites de lojas que vendiam camisetas. Abri a pesquisa de imagem em outra guia e me deparei com um link que era o mais útil ali, sobre algo chamado “Doctor Who”. Fiz uma nova busca com esse nome e descobri que era uma série inglesa. O site, inclusive, era da BBC e tinha outro nome, “Weeping Angel.”. Fiz a busca e descobri a foto de uma estátua de anjo que cobria os olhos. Logo ao lado, de uma criatura idêntica, mas com cara de demônio mesmo, de boca aberta e exibindo dentes pontiagudos, além de manter os braços para cima, em posição ameaçadora. De repente, tomei um susto com o Tom perguntando:
- Que porra é essa?
Uma vez recuperado, depois de alguns breves instantes, expliquei:
- Quando vim para cá, a Luiza pegou o mesmo elevador que eu. E ela estava usando uma daquelas camisetas com a frase “Keep calm”. - Ele assentiu. - E a continuação me deixou curioso e descobri que é de uma série que tem isso aqui. - Apontei para a tela.
- E ela gosta disso?
- Prefiro acreditar que gosta da série.
Riu fraco e avisou que ia tomar banho. Continuei olhando mais coisas da série. E me surpreendi ao descobrir que era de ficção científica. O mais engraçado é que a Luiza não parecia ser nem um pouco geek...
Três dias depois, em pleno sábado, me vi parado em frente ao espelho do banheiro, encarando meu próprio reflexo e me perguntando o que diabos estava fazendo. Apesar disso, não tinha a sensação que estava fazendo algo de errado, muito pelo contrário.
Quando estava pronto, fui encontrar meu irmão e meus amigos e, assim que saímos do hotel, tentamos encontrar um táxi, já que tínhamos decidido ir à um casino e boate na “The Strip”. No entanto, não pudemos deixar de notar três figuras mais à frente, entrando numa limusine. A última, no entanto, parou no meio do caminho e nos olhou. Se debruçou e o Georg perguntou, finalmente a notando ali:
- É aquela ali?
- Em carne e osso. - O Tom respondeu. Era engraçado vê-la usando um vestido preto curto, saltos e maquiada daquele jeito e lembrar que era a mesma pessoa com camisa geek que pegou o elevador comigo. Ela se endireitou e veio andando na nossa direção e perguntou:
- Como estão tentando, sem sucesso, conseguir uma carona... Aceitam a nossa oferta? - Indicou o carro. - Tem lugar mais que suficiente para vocês. E não acho que vão desviar tanto assim do nosso caminho, já que estamos indo para a Strip...
Olhei para os outros e eles deram de ombros, aceitando a oferta. A seguimos até o carro e, depois que ela entrou, deixei os outros se acomodarem. E, apesar de tudo, um dos lugares vagos era exatamente ao seu lado. Respirei fundo e tentei não olhar para o meu irmão, porque sabia muito bem que ele ia acabar falando alguma coisa. Acabei percebendo o cheiro de um perfume floral. Não precisei pensar muito para descobrir que era da Luiza.
No meio do caminho, a Nicola perguntou:
- E então? Onde vocês estão indo?
- A uma boate chamada XS. - O Georg respondeu. As três se entreolharam e a Luiza disse:
- É... Acho que realmente a carona veio muito a calhar. Estamos indo para lá também.
- Ah, está de sacanagem! - O Tom exclamou e a Nadine foi a única que ficou séria. Dava para ver o quanto ela estava detestando ficar ali, ao lado do meu irmão; Não conseguia entender o motivo desse ódio todo que sentia por ele.
Assim que chegamos, cada um foi para um lado, sendo que as meninas ficaram juntas e não demorou muito para que meu irmão sumisse, assim como nossos amigos. Fiquei sozinho em um canto, só observando tudo e, depois que vi a Nadine ir até a mesa do DJ, não resisti e procurei as outras duas com o olhar, sabendo muito bem que, onde uma estava, a outra também estaria.
Não demorou e as três estavam juntas de novo, dançando uma música que havia acabado de começar e eu sabia que era a que a Nadine provavelmente tinha pedido para o DJ tocar. Observei o trio dançar, prestando atenção a cada mínimo detalhe: Desde o jeito com que se moviam, atraindo a atenção de todos os caras dali, até os sorrisos que trocavam, claramente se divertindo. Pude perceber que a amizade que tinham era verdadeira e, por um instante, me ocorreu a hipótese de a Luiza ser a mais nova dali. Isso aconteceu quando vi um cara se aproximando dela, que tentou afastá-lo e, imediatamente, a Nadine interviu. Assim que a música acabou, a Luiza aproveitou para ir ao bar. Tomei o resto da minha bebida e fui até lá, me usando disso como álibi. Parei ao seu lado no balcão e perguntei:
- Cansou de dançar?
Deu um meio sorriso e quis saber:
- E você? Vai ficar só sentado naquele canto ali, bebendo e bancando a águia?
Ri e o barman entregou seu drink: Uma margarita rosa.
- Então... Aonde aprendeu a dançar desse jeito? - Indaguei e ela me olhou, curiosa.
- Por que está me perguntando uma coisa que já sabe?
- Então você trabalha no tal bar.
Assentiu.
- A Nadine conseguiu o emprego para mim. - Respondeu. - Depois que a ajudei e à Nicola.
- Vai querer voltar a dançar?
Negou com a cabeça.
- Pelo menos até eu terminar... - Ergueu a taça com a margarita. O barman me entregou o meu drink e, depois que o peguei, indiquei umas mesas altas que estavam a um canto e ela me acompanhou. Depois de se sentar ao meu lado, perguntei:
- E como você ajudou as duas?
- Elas estavam sendo assaltadas. Pulei em cima do ladrão, literalmente, e a gente começou a conversar na delegacia.
Olhei para ela, surpreso, e a Luiza apenas ria. Continuamos conversando, principalmente sobre a vida de cada um e, quando estávamos na sexta dose das bebidas, a inibição já tinha acabado quase que totalmente e eu a observava, contando sobre a primeira noite de trabalho no bar:
-... Aí, eis que o Stephen parece brotar sabe Deus de onde e fala comigo: “Sobe naquele balcão senão está na rua. Se quiser, pode tomar uma bebida.”.
- E o que você fez?
- Me servi de uma dose de tequila. E descobri que era uma das mais vagabundas de todas, já que na manhã seguinte, não conseguia levantar da cama.
Ria da sua narrativa, a acompanhei e ela disse:
- Mas falando sério... No início, eu realmente precisava de uma dose para poder subir em cima daquele balcão e conseguir dançar. Normalmente, evito ficar exagerando demais na bebida. Primeiro porque não gosto de ficar bêbada, passando mal e acordar com aquela ressaca monstro, já que não trabalho só no bar.
- E aonde mais você trabalha?
- Numa loja de produtos exotéricos. A dona vive pondo jogos de tarô para mim, falando cada coisa bisonha que nunca realiza.
Continuou contando das previsões da dona da loja e se divertia ao relembrar algumas. Num dado momento, alguns instantes depois, perguntei:
- E... Você tem alguém em Londres?
Me olhou, curiosa e devolveu a pergunta:
- Por quê?
- Curiosidade. Só isso.
Estreitou os olhos e disse:
- Mentiroso.
- Desculpe?
- Estou te chamando de mentiroso porque não acredito que é só uma curiosidade.
- E o que é?
Deu um sorriso misterioso e, depois de tomar um gole da sua bebida, respondeu:
- Interesse. Toda santa vez que você me encontra, não para de me olhar um segundo sequer. Foi assim quando você me pegou na banheira... - Parou de falar, olhando em um ponto qualquer e com cara de pensativa. - Isso não soou muito bem. Enfim. Me olhou no elevador...
- Eu estava olhando a camiseta.
Arqueou a sobrancelha e continuou, ignorando minha resposta:
- Fato é que você simplesmente não parou de me olhar a noite inteira. E, pelo pouco que sei, sua postura, com o corpo totalmente virado para mim e me tocando vez ou outra no braço, demonstra interesse.
Que diabos...?
- E agora... Com licença que eu adoro essa música. - Falou, tomando outro gole da bebida e indo até a pista de dança, onde as amigas estavam a chamando. Dançou e não olhou na minha direção por um único segundo sequer. Comecei a prestar atenção nos seus movimentos e era impossível não olhar para ela. Ainda mais que, assim como da outra vez em que estava com as amigas, sorria. De repente, a Nicola fez com que trocassem de lugar e a Luiza ficou virada de frente para mim. A ruiva disse algo para ela, que negou, franzindo o nariz um pouco e sorri ao vê-la fazendo aquele gesto. A amiga a incentivou e ela suspirou. A Nicola e a Nadine, então, se afastaram e parecia que só havíamos nós dois ali, apesar de ela continuar se recusando a me olhar. Rebolava, movimentando os quadris lentamente e, perto do refrão, jogou os cabelos para trás, finalmente me olhando e mordendo o lábio inferior. Engoli em seco, pegando o meu copo e tomando um gole generoso da minha bebida. Sem perceber, comecei a pensar que a Lydia nunca fazia algo daquele tipo, mesmo em particular. E o mais estranho era que, por mais que houvesse caras praticamente a comendo com o olhar, a Luiza fixou o seu somente em mim. Assim que a música acabou, veio andando de volta até a mesa e perguntei:
- Por um acaso você dança assim no bar?
Deu um sorriso enigmático, me espiando pela borda do copo e, quando o pôs de volta sobre a mesa, pegou a minha mão e disse:
- Já que está tão interessado... Vem que eu te mostro. Aproveita que não é todo dia que fico tão... Desinibida.
Quando ia argumentar que íamos perder a mesa ou que alguém podia colocar algo nas bebidas, notei que as meninas estavam sentadas ali. Ela não ia desistir tão cedo e por isso, cedi. Me levou até o centro da pista de dança e, de início, tentei não me aproximar, mas não teve jeito depois que ela veio na minha direção. Quase imediatamente, o álcool começou a fazer efeito e, quando dei por mim, já estava cedendo. Tanto que, não muito tempo depois, não resisti e, aproveitando a primeira oportunidade que tive, a beijei. Essa, inclusive, foi uma das últimas coisas de que tive consciência de fazer.
No dia seguinte, quando acordei, estava no quarto e gemi ao abrir os olhos e senti-los queimar com a claridade. Esperei uns poucos instantes até reunir coragem para me sentar e só então, percebi que estava sem roupa nenhuma. Olhei ao redor e o quarto inteiro estava uma bagunça. Respirei fundo, reunindo coragem para me levantar da cama e, depois que entrei no banheiro, abri a torneira e pus as mãos em concha. Esperei uns poucos segundos e joguei a água no rosto. Quando parei para olhar, notei um anel no dedo anelar esquerdo. Demorou meio minuto para a ficha finalmente cair. Resmunguei um palavrão, correndo para ir para me vestir e arrumar, saindo do quarto em seguida. Bati na porta mais à frente e não houve qualquer resposta. Desci até o primeiro andar e parecia que estava adivinhando aonde poderia encontrar a Luiza. E estava certo, já que estava colocando uma pilha de moedinhas numa máquina caça-níqueis e conversando com a Nadine. Assim que me viu, a segunda deu uma desculpa qualquer e foi embora. Quando me aproximei, pude ver que havia uma aliança idêntica à minha, só que mais fina no dedo anelar da Luiza. Respirei fundo e perguntei:
- Então... A gente se casou ontem.
- Em algum momento entre o instante em que me beijou e que tive consciência de voltar para o quarto. - Respondeu, sem me olhar. Só quando viu que não ia ganhar nada é que finalmente me deu atenção.
- Olha, quando você quiser, a gente pode ir tentar se divorciar. - Falei e ela arqueou a sobrancelha.
- Aí que está. Não vai dar.
- Por quê?
- Ouvi várias pessoas falando que deu um problema no sistema do juizado e ninguém conseguiu ser atendido e dizem que tem um aviso pregado na porta, dizendo que não há previsão para que tudo se normalize. Ou seja? Ainda vamos ficar casados, querendo ou não.
- Escuta, se você quiser, eu posso te reembolsar com a passagem até a gente conseguir o divórcio.
Riu meio sarcástica e disse:
- Acontece que eu consegui uma semana de folga. Amanhã, no máximo, temos que voltar à Londres. Não tem como eu simplesmente ligar para os meus chefes e falar que não consegui me divorciar e estou indo para Los Angeles! - Respirou fundo, claramente tentando manter a calma. - Para um rockstar aposentado é fácil. Se quiser, você pode alugar um jatinho e ir para Los Angeles ainda hoje. Não tem compromisso e precisar cruzar o oceano e ficar quase um dia inteiro sentado na porcaria de uma poltrona dura de avião...
- Você realmente acha que é a única que não quer acabar logo com tudo isso para poder voltar à própria vida?
- E desde quando passar o dia inteiro indo do estúdio para a casa e da casa para o estúdio é vida?
- Do mesmo jeito que ficar virando a noite enchendo a cara e acordando todo santo dia de ressaca...
- É, mas pelo menos eu me divirto, saio com as minhas amigas, não fico remoendo um relacionamento que não deu certo...
Abri a boca para responder, mas não consegui dizer nada.
- Touché, monsieur Kaulitz.
Ignorei totalmente o fato que ela falou francês da maneira mais... Bonitinha. Mesmo que fossem só duas palavras. Nem falo nada sobre ela ter dito meu sobrenome. E muito menos ainda sobre a alfinetada que me deu.
- Enfim. Acho que você tem que concordar comigo que a gente tem que resolver toda essa situação para que cada um possa continuar a viver à sua própria maneira. - Falei e ela deu de ombros. Bufei, irritado e, só de birra, peguei uma das moedas e coloquei na máquina. Saí andando sem nem ver o resultado e sabia que estava vindo atrás de mim, provavelmente para insistir na discussão. Só que ouvimos um barulho bem específico e, quando nos demos conta... Os funcionários do casino estavam à nossa volta e não entendi direito o que tinha acontecido até que olhei para a máquina: Era uma daquelas que, para se ganhar o prêmio, tinha que fazer uma combinação de três figuras iguais. Em meio àquela confusão toda, só consegui entender que tinha ganhado U$ 6.000.000. Quase imediatamente, ouvi a voz da Luiza, dizendo que a moeda usada era dela. Acabei concordando e, quando saí do meio daquela confusão, fui direto para o elevador. E ela também. Disse:
- Você sabe que o justo seria 50% do dinheiro para cada um, não é?
- Sim. Mas nada me impede de entrar na justiça e ficar com tudo.
- Ah, você não ousaria! A moeda que você usou era minha.
- Te faço uma proposta então. Te dou a metade desse dinheiro em espécie se ficar aqui só até conseguirmos o divórcio. Depois disso, você pode pegar o avião de volta para Londres e continuar sua vida festeira e bebum do outro lado do oceano, bem longe de mim.
- Se usando de chantagem?
- Não. Não usaria uma palavra tão... Pesada. É mais algo como... Um estímulo.
Riu e disse:
- Não está se lembrando daquela expressão... O que acontece em Vegas, fica em Vegas?
- É. Mas eu garanto que, o dia que você quiser se casar de verdade, não vai poder porque já é a minha mulher.
Por que aquilo soou estranho demais? E por que teve aquele silêncio terrivelmente incômodo?
Ela pigarreou e disse:
- Por mim... Como você disse, vou estar do outro lado do oceano. Se quiser aprontar, não precisa ficar com remorso. O que os olhos não veem, o coração não sente. - Piscou, dando um meio sorrisinho.
- Eu não apronto.
- Estou vendo... Ainda mais depois da bebedeira de ontem... - Riu e antes que pudesse me frear, perguntei:
- Por um acaso, você sabe se... Aconteceu alguma coisa ontem?
- Pois é. Ia até te perguntar se, por um acaso, você achou minha calcinha...
A olhei, imaginando que ela deveria ser como meu irmão, há alguns anos: Nem perguntava o nome do cara e já pulava em cima do coitado. Os dois, logo em seguida, corriam para um lugar reservado. E o irônico era que ela não parecia ser desse tipo...
- Você não é... Prostituta, é?
Me olhou, de cima a baixo, fazendo uma careta e disse:
- Se fosse, pode ter certeza que eu não estaria aqui já há algum tempo e você estaria alguns dólares mais pobre.
Chegamos ao andar em que ela e as amigas estavam e as portas se abriram. Ia sair quando deu meia volta e se aproximou de mim. Disse:
- A propósito...
Me deu aquele tapa estalado e ardido no rosto.
- Isso é por me fazer uma pergunta tão absurda.
E saiu, me deixando ali, atônito. As portas se fecharam e, quando cheguei ao meu quarto, o Tom estava ali, junto dos nossos amigos.
- O que aconteceu? - Ele perguntou, notando a marca vermelha no meu rosto.
- Digamos apenas que mereci. - Respondi.
- O que você fez? - O Gustav quis saber.
- Falei algumas coisas que não devia com a Luiza.
- O quê, exatamente? Anda, Bill. Fala. - O meu irmão disse e acabei contando, quase apanhando deles também.
- Onde já se viu perguntar essas coisas para uma mulher? - O meu irmão me repreendeu.
- Sei lá. Na hora que vi, já tinha saído.
- Tem horas que eu sinceramente questiono se somos irmãos.
Revirei os olhos e saí, avisando que ia até o banheiro. Só conseguia pensar em uma única coisa: O quanto eu queria voltar para a casa e imaginar que tudo aquilo era um sonho. Ou melhor, um pesadelo.
(Fall Out Boy - Alone together)
Bill
Tinha uma garota nua na banheira. E tudo o que eu conseguia fazer era olhar para ela, atônito. E me olhava de volta, não muito diferente.
- Bill, eu acho que... - O Tom falou, andando até parar do meu lado e ver a garota. - Oi.
- Oi. - Ela respondeu, natural. Definitivamente, se era uma groupie (O que, cá entre nós, não parecia nem um pouco), era uma das mais... Estranhas.
- Tem algum motivo para você estar tomando banho aqui? - Meu irmão perguntou e ela riu.
- Tem. Este quarto foi reservado para as minhas amigas e eu. E, pelo visto, a pessoa encarregada de fazer as reservas devia estar de ressaca... Posso pedir para esperarem na sala um pouquinho enquanto me visto, por favor?
Meu irmão concordou e eu não conseguia me mover um único milímetro sequer. Ela era... Diferente e ao mesmo tempo, tão comum... Sua pele era branca, os cabelos escuros e os olhos eram castanhos. No entanto, o que mais chamava a atenção nela era a boca: Carnuda e naturalmente vermelha. Não sabia dizer se era alta. Mas vi que era magra, principalmente pelo seu braço fino que descansava sobre a borda da banheira.
- Bill. - O Tom me chamou, finalmente conseguindo me tirar do transe em que eu estava. Pisquei algumas vezes e, pedindo licença, fechei a porta do banheiro ao passar. Em seguida, fui até a saleta e meu irmão se sentou no sofá, fazendo um barulho de estalo com a boca. De repente, a garota passou, usando um roupão branco e entrou num dos quartos. Passados alguns poucos minutos, a porta se abriu e vi que mais duas meninas entraram, sendo que a que vinha na frente era a mais diferente das três, com pele mais bronzeada, cabelos castanhos, cheios e ondulados e mais alta. Sem falar no detalhe mais assustador sobre ela: A garota era magra, mas muito magra mesmo. A ponto de me fazer pensar se ela não sofria de algum distúrbio, como anorexia.
Assim que a viu, o Tom se endireitou no sofá e perguntou:
- Ora, ora, ora... Quem diria que nos encontraríamos novamente?
Olhei para ele e a garota, que estava com cara de poucos amigos.
- Ah, só pode estar brincando comigo! - Disse, com um sotaque meio estranho; Era um pouco britânico, mas ao mesmo tempo, era diferente.
Voltei meu olhar para meu irmão, que sorria daquela maneira maliciosa.
- Estou falando seríssimo... - Respondeu. - Quem diria que iríamos nos encontrar de novo e justamente aqui, no meu quarto?
Ela arqueou a sobrancelha, dando um meio sorriso, e disse:
- Seu quarto? Você realmente é muito sonhador mesmo, hein?
Ele sorriu e respondeu:
- Não sou sonhador. Este quarto é meu e do meu irmão.
Ela deu um riso de escárnio e só então, notei a garota que estava mais atrás. Era meio difícil de não vê-la, uma vez que era tão branca quanto a que estava na banheira. O diferencial eram seus cabelos vermelhos e os olhos claros. Era magra, mas não tanto quanto a que estava sendo provocada pelo meu irmão.
Percebendo o clima de hostilidade ali, a ruiva puxou a amiga para o mesmo quarto que a da banheira havia entrado. E quase imediatamente, as três saíram. A morena da banheira nos chamou e fomos com elas para fora do quarto. Enquanto estávamos no elevador, perguntei para o Tom, em alemão:
- De onde você as conhece?
- Não está se lembrando delas?
Olhei para as duas e neguei com a cabeça. A garota da banheira nos olhava, com certo interesse.
- Quando estávamos em Londres, fomos à um bar. Lembra que houve toda aquela... Excitação a respeito das dançarinas?
Parei para pensar e concordei, me lembrando das meninas. Olhei para a ruiva e a magra e concordei. A morena deu um meio sorriso e vi que cutucou a ruiva, disfarçando. As duas se olharam e trocaram um sorrisinho enigmático.
- Eu estava pensando... - Falei, atraindo a atenção das meninas. - Com toda essa confusão, acabamos não nos apresentando...
As meninas se olharam de novo, dando o mesmo sorrisinho enigmático mais uma vez.
- Sou Nadine - A magra disse. - Ela é a Nicola e aquela ali é a Luiza. - Indicou, respectivamente, a ruiva e a morena. - E sabemos muito bem quem vocês são. Mesmo não querendo...
Percebi que meu irmão estava se segurando para não provoca-la. Assim que chegamos ao térreo, falei:
- Deixa que eu resolvo isso.
Fui andando até o balcão e, quando o recepcionista me olhou, avisei:
- Escuta, eu estou com um pequeno problema e espero que, para o bem do hotel, seja resolvido. Tenho contatos, inclusive, na imprensa e, se eu falar um “A” que seja, pode apostar que o Bellagio não vai mais ser tão famoso assim. Acontece que aquelas três moças ali estão com reserva para o mesmo quarto que o meu e o do meu irmão. Ou você e o gerente encontram uma solução, no mínimo, satisfatória ou então, serei obrigado a fazer ligações para alguns... Contatos que eu tenho. E não são só aqui nos Estados Unidos, mas em vários lugares da Europa.
O rapaz engoliu em seco e tentou se explicar:
- Senhor, eu realmente sinto muito por toda essa confusão. Acontece que o sistema sofreu uma pane há alguns dias e provavelmente foi por isso que o mesmo quarto foi reservado para dois grupos distintos. Vou coloca-los em outro quarto. A menos que prefira que a transferência seja das moças, que estão aqui desde ontem...
- Não... Vamos fazer o seguinte então. Encontra um quarto como o delas que está bom.
Assentiu e, em poucos minutos, a transferência de quarto foi feita. Assim que voltei para o grupinho, avisei e a morena foi andando até o balcão, sem dizer mais nada. Se debruçou sobre o tampo e começou a conversar com o recepcionista, que engolia em seco, ainda mais nervoso do que havia feito quando fui falar com ele. As suas amigas riam disfarçadamente e perguntei:
- Do que estão rindo?
As duas me olharam e a Nicola respondeu:
- Estamos rindo de uma coisa absurda que a Luiza falou. Depois pergunta para ela...
Só então, me dei conta que ela já estava voltando e com expressão desconsolada.
- O que foi?- A Nadine perguntou à amiga, que suspirou e disse:
- Pois é. Tentei pedir uma compensação por toda essa bagunça e... - Só então vi que estava com as mãos nas costas. Ergueu os braços e continuou: - Ai, minha nossa! Vamos ter de fazer um grande sacrifício de usar isso aqui!
Tinha conseguido um bom número de passes para os casinos e acho que tinha até o que parecia ser flyers promocionais de boates. Deu um pouco para o meu irmão, que agradeceu. Depois dali, fomos até o elevador e, enquanto esperávamos, ele tentou puxar conversa com as meninas:
- E então? Por que estão em Las Vegas?
A Nadine deu um estalo impaciente com a língua e vi que as amigas a cutucaram discretamente.
- Vocês respondam primeiro. - A Luiza disse.
- Vim para cá obrigado pelo Tom e mais dois amigos. - Respondi.
- Senão, aposto que à uma hora dessas, estaria naquela rotina de ir para o estúdio, ficar enfurnado lá o dia inteiro e voltar para a casa para continuar trabalhando. - Meu irmão disse e dei uma olhada feia para ele.
- Estamos aqui porque a Di faz aniversário daqui a três dias. - A Nicola respondeu. Notei que a Luiza ficou quieta e naquele instante, o elevador chegou. Entramos e, assim como antes, as três ficaram de um lado e nós de outro. Ficamos em silêncio e não consegui desviar o olhar da morena um único instante sequer. À parte a história da banheira. Só sei que não sabia por que não parava de olhá-la. E, por mais que estivesse se sentindo incomodada, não retribuía meu olhar; Decidia encarar o indicador dos andares. Assim que chegamos ao andar (Já que o quarto delas e o nosso era perto um do outro), elas saíram praticamente ao mesmo tempo e nós fomos mais atrás.
Logo que chegamos ao nosso novo quarto, o meu irmão não podia perder a oportunidade:
- Você bem que gostou daquela branquinha de cabelo escuro, hein?
Dei um estalo impaciente com a língua, fazendo-o rir e avisei:
- Não começa.
Riu e disse:
- Escuta, se quiser ficar com ela, tem todo meu apoio, sabe disso...
Revirei os olhos e perguntei:
- O que fez àquela garota para ela ter tanto ódio de você?
- Por que acha que fiz alguma coisa para ela?
- Talvez porque te conheço e sei que você não recebe tanto ódio assim gratuitamente?
Suspirou e admitiu, finalmente:
- Fiquei bêbado naquela noite e acabei fazendo o que não devia.
- E o que foi?
- Roubei um beijo dela. E falei uma coisa que ela não gostou. Só te digo que mereci o tapa que levei.
Olhei para ele, surpreso.
- Ela te bateu? - Perguntei, não conseguindo segurar o riso. Suspirou, impaciente e concordou.
Mais tarde, quando descemos para comer alguma coisa, não havia sequer sinal das meninas. E justamente por essa minha... Inquietação que os caras perceberam que tinha alguma coisa estranha acontecendo comigo.
- O que foi?- O Georg perguntou.
- Então. A gente chegou no quarto e, logo de cara, vimos que já tinha alguém ali, principalmente porque tinha um sutiã rosa sobre o braço do sofá. Aí, nisso, a gente escuta uma menina gritando que estava na banheira. - Meu irmão contava.
- Groupie? - O Gustav quis saber.
- A gente até achou que era. O Bill foi na frente e, quando cheguei lá... Realmente ela estava na banheira e tomando banho.
- E o que mais ela estaria fazendo numa banheira? - Perguntei, meio sem pensar e o meu irmão respondeu:
- Então. Ela podia estar com um cara e esperando uma terceira pessoa. Ou podia... Sei lá, estar se divertindo sozinha. E a única utilidade de uma banheira não é a de tomar banho. Você sabe tão bem disso quanto eu.
Suspirei e continuei a me concentrar na comida.
- E aí? - O Georg perguntou, todo entusiasmado.
- Aí que ela foi trocar de roupa e, quando a gente estava esperando, adivinha quem apareceu? - O Tom continuou a contar. Os dois olharam para meu irmão, sem entender e meu irmão questionou: - Vai dizer que não se lembram daquelas meninas que trabalhavam naquele pub de Londres?
Os dois fizeram cara de quem entenderam.
- E aquela do sorriso encantador ainda trabalha lá? - O Georg quis saber. Meu irmão crispou a boca e suspirou.
- Ela e a ruiva. - Respondi e o Georg ficou todo animadinho.
- E aí? Descobriram o que elas vão fazer aqui? - O Gustav quis saber e falei:
- Comemorar o aniversário da Nadine, a do sorriso.
- Aposto que você vai querer dar os parabéns pessoalmente para ela, não é? - O Georg provocou meu irmão e ganhou um dedo do meio como resposta.
- Mas a da banheira é bonita? - O mais velho do grupo quis saber. Sabia que o Tom estava me olhando, só esperando para fazer um dos seus comentários típicos. Respirei fundo e assenti, encarando meu próprio prato.
- E já sabem o nome dela? - Ouvi o Gustav perguntar e o Tom respondeu:
- Na realidade... Não consegui guardar...
- Luiza. - Respondi.
- Ih, acho que essa Luiza pegou o Bill de jeito... - O Georg debochou e falei:
- Ela é parecida com a Lydia, pelo menos fisicamente. E nós sabemos muito bem que a última coisa de que eu preciso é outra pessoa que ferre com minha vida uma segunda vez.
Levantei, sem mais e nem menos, fui andando na direção da saída do restaurante e, quando estava no elevador, ouvi um grito e segurei as portas até que vi a Luiza estava correndo naquela direção. Quando entrou, murmurou um agradecimento enquanto ia até o painel com os botões dos andares e parou ao ver que eu já tinha apertado o que ela queria. Ficou encostada na parede oposta à que eu estava e prestava atenção ao indicador luminoso. Foi nesse instante, que vi a sua camiseta. Era daquelas com “Keep calm &...”. O estranho era o final da frase: “Don’t blink.”. Bem acima, o que parecia ser uma daquelas cabines telefônicas típicas de Londres. Inevitavelmente, fiquei olhando, imaginando o que significava aquilo e ela cruzou os braços, pensando, talvez, que eu estivesse olhando seu busto. As portas se abriram e, em silêncio, ela saiu, sendo seguida por mim. Ela entrou no quarto e continuei, com a frase em mente. Chegando à minha suíte, liguei o computador e digitei a frase no Google. A pesquisa mostrava, basicamente, sites de lojas que vendiam camisetas. Abri a pesquisa de imagem em outra guia e me deparei com um link que era o mais útil ali, sobre algo chamado “Doctor Who”. Fiz uma nova busca com esse nome e descobri que era uma série inglesa. O site, inclusive, era da BBC e tinha outro nome, “Weeping Angel.”. Fiz a busca e descobri a foto de uma estátua de anjo que cobria os olhos. Logo ao lado, de uma criatura idêntica, mas com cara de demônio mesmo, de boca aberta e exibindo dentes pontiagudos, além de manter os braços para cima, em posição ameaçadora. De repente, tomei um susto com o Tom perguntando:
- Que porra é essa?
Uma vez recuperado, depois de alguns breves instantes, expliquei:
- Quando vim para cá, a Luiza pegou o mesmo elevador que eu. E ela estava usando uma daquelas camisetas com a frase “Keep calm”. - Ele assentiu. - E a continuação me deixou curioso e descobri que é de uma série que tem isso aqui. - Apontei para a tela.
- E ela gosta disso?
- Prefiro acreditar que gosta da série.
Riu fraco e avisou que ia tomar banho. Continuei olhando mais coisas da série. E me surpreendi ao descobrir que era de ficção científica. O mais engraçado é que a Luiza não parecia ser nem um pouco geek...
Três dias depois, em pleno sábado, me vi parado em frente ao espelho do banheiro, encarando meu próprio reflexo e me perguntando o que diabos estava fazendo. Apesar disso, não tinha a sensação que estava fazendo algo de errado, muito pelo contrário.
Quando estava pronto, fui encontrar meu irmão e meus amigos e, assim que saímos do hotel, tentamos encontrar um táxi, já que tínhamos decidido ir à um casino e boate na “The Strip”. No entanto, não pudemos deixar de notar três figuras mais à frente, entrando numa limusine. A última, no entanto, parou no meio do caminho e nos olhou. Se debruçou e o Georg perguntou, finalmente a notando ali:
- É aquela ali?
- Em carne e osso. - O Tom respondeu. Era engraçado vê-la usando um vestido preto curto, saltos e maquiada daquele jeito e lembrar que era a mesma pessoa com camisa geek que pegou o elevador comigo. Ela se endireitou e veio andando na nossa direção e perguntou:
- Como estão tentando, sem sucesso, conseguir uma carona... Aceitam a nossa oferta? - Indicou o carro. - Tem lugar mais que suficiente para vocês. E não acho que vão desviar tanto assim do nosso caminho, já que estamos indo para a Strip...
Olhei para os outros e eles deram de ombros, aceitando a oferta. A seguimos até o carro e, depois que ela entrou, deixei os outros se acomodarem. E, apesar de tudo, um dos lugares vagos era exatamente ao seu lado. Respirei fundo e tentei não olhar para o meu irmão, porque sabia muito bem que ele ia acabar falando alguma coisa. Acabei percebendo o cheiro de um perfume floral. Não precisei pensar muito para descobrir que era da Luiza.
No meio do caminho, a Nicola perguntou:
- E então? Onde vocês estão indo?
- A uma boate chamada XS. - O Georg respondeu. As três se entreolharam e a Luiza disse:
- É... Acho que realmente a carona veio muito a calhar. Estamos indo para lá também.
- Ah, está de sacanagem! - O Tom exclamou e a Nadine foi a única que ficou séria. Dava para ver o quanto ela estava detestando ficar ali, ao lado do meu irmão; Não conseguia entender o motivo desse ódio todo que sentia por ele.
Assim que chegamos, cada um foi para um lado, sendo que as meninas ficaram juntas e não demorou muito para que meu irmão sumisse, assim como nossos amigos. Fiquei sozinho em um canto, só observando tudo e, depois que vi a Nadine ir até a mesa do DJ, não resisti e procurei as outras duas com o olhar, sabendo muito bem que, onde uma estava, a outra também estaria.
Não demorou e as três estavam juntas de novo, dançando uma música que havia acabado de começar e eu sabia que era a que a Nadine provavelmente tinha pedido para o DJ tocar. Observei o trio dançar, prestando atenção a cada mínimo detalhe: Desde o jeito com que se moviam, atraindo a atenção de todos os caras dali, até os sorrisos que trocavam, claramente se divertindo. Pude perceber que a amizade que tinham era verdadeira e, por um instante, me ocorreu a hipótese de a Luiza ser a mais nova dali. Isso aconteceu quando vi um cara se aproximando dela, que tentou afastá-lo e, imediatamente, a Nadine interviu. Assim que a música acabou, a Luiza aproveitou para ir ao bar. Tomei o resto da minha bebida e fui até lá, me usando disso como álibi. Parei ao seu lado no balcão e perguntei:
- Cansou de dançar?
Deu um meio sorriso e quis saber:
- E você? Vai ficar só sentado naquele canto ali, bebendo e bancando a águia?
Ri e o barman entregou seu drink: Uma margarita rosa.
- Então... Aonde aprendeu a dançar desse jeito? - Indaguei e ela me olhou, curiosa.
- Por que está me perguntando uma coisa que já sabe?
- Então você trabalha no tal bar.
Assentiu.
- A Nadine conseguiu o emprego para mim. - Respondeu. - Depois que a ajudei e à Nicola.
- Vai querer voltar a dançar?
Negou com a cabeça.
- Pelo menos até eu terminar... - Ergueu a taça com a margarita. O barman me entregou o meu drink e, depois que o peguei, indiquei umas mesas altas que estavam a um canto e ela me acompanhou. Depois de se sentar ao meu lado, perguntei:
- E como você ajudou as duas?
- Elas estavam sendo assaltadas. Pulei em cima do ladrão, literalmente, e a gente começou a conversar na delegacia.
Olhei para ela, surpreso, e a Luiza apenas ria. Continuamos conversando, principalmente sobre a vida de cada um e, quando estávamos na sexta dose das bebidas, a inibição já tinha acabado quase que totalmente e eu a observava, contando sobre a primeira noite de trabalho no bar:
-... Aí, eis que o Stephen parece brotar sabe Deus de onde e fala comigo: “Sobe naquele balcão senão está na rua. Se quiser, pode tomar uma bebida.”.
- E o que você fez?
- Me servi de uma dose de tequila. E descobri que era uma das mais vagabundas de todas, já que na manhã seguinte, não conseguia levantar da cama.
Ria da sua narrativa, a acompanhei e ela disse:
- Mas falando sério... No início, eu realmente precisava de uma dose para poder subir em cima daquele balcão e conseguir dançar. Normalmente, evito ficar exagerando demais na bebida. Primeiro porque não gosto de ficar bêbada, passando mal e acordar com aquela ressaca monstro, já que não trabalho só no bar.
- E aonde mais você trabalha?
- Numa loja de produtos exotéricos. A dona vive pondo jogos de tarô para mim, falando cada coisa bisonha que nunca realiza.
Continuou contando das previsões da dona da loja e se divertia ao relembrar algumas. Num dado momento, alguns instantes depois, perguntei:
- E... Você tem alguém em Londres?
Me olhou, curiosa e devolveu a pergunta:
- Por quê?
- Curiosidade. Só isso.
Estreitou os olhos e disse:
- Mentiroso.
- Desculpe?
- Estou te chamando de mentiroso porque não acredito que é só uma curiosidade.
- E o que é?
Deu um sorriso misterioso e, depois de tomar um gole da sua bebida, respondeu:
- Interesse. Toda santa vez que você me encontra, não para de me olhar um segundo sequer. Foi assim quando você me pegou na banheira... - Parou de falar, olhando em um ponto qualquer e com cara de pensativa. - Isso não soou muito bem. Enfim. Me olhou no elevador...
- Eu estava olhando a camiseta.
Arqueou a sobrancelha e continuou, ignorando minha resposta:
- Fato é que você simplesmente não parou de me olhar a noite inteira. E, pelo pouco que sei, sua postura, com o corpo totalmente virado para mim e me tocando vez ou outra no braço, demonstra interesse.
Que diabos...?
- E agora... Com licença que eu adoro essa música. - Falou, tomando outro gole da bebida e indo até a pista de dança, onde as amigas estavam a chamando. Dançou e não olhou na minha direção por um único segundo sequer. Comecei a prestar atenção nos seus movimentos e era impossível não olhar para ela. Ainda mais que, assim como da outra vez em que estava com as amigas, sorria. De repente, a Nicola fez com que trocassem de lugar e a Luiza ficou virada de frente para mim. A ruiva disse algo para ela, que negou, franzindo o nariz um pouco e sorri ao vê-la fazendo aquele gesto. A amiga a incentivou e ela suspirou. A Nicola e a Nadine, então, se afastaram e parecia que só havíamos nós dois ali, apesar de ela continuar se recusando a me olhar. Rebolava, movimentando os quadris lentamente e, perto do refrão, jogou os cabelos para trás, finalmente me olhando e mordendo o lábio inferior. Engoli em seco, pegando o meu copo e tomando um gole generoso da minha bebida. Sem perceber, comecei a pensar que a Lydia nunca fazia algo daquele tipo, mesmo em particular. E o mais estranho era que, por mais que houvesse caras praticamente a comendo com o olhar, a Luiza fixou o seu somente em mim. Assim que a música acabou, veio andando de volta até a mesa e perguntei:
- Por um acaso você dança assim no bar?
Deu um sorriso enigmático, me espiando pela borda do copo e, quando o pôs de volta sobre a mesa, pegou a minha mão e disse:
- Já que está tão interessado... Vem que eu te mostro. Aproveita que não é todo dia que fico tão... Desinibida.
Quando ia argumentar que íamos perder a mesa ou que alguém podia colocar algo nas bebidas, notei que as meninas estavam sentadas ali. Ela não ia desistir tão cedo e por isso, cedi. Me levou até o centro da pista de dança e, de início, tentei não me aproximar, mas não teve jeito depois que ela veio na minha direção. Quase imediatamente, o álcool começou a fazer efeito e, quando dei por mim, já estava cedendo. Tanto que, não muito tempo depois, não resisti e, aproveitando a primeira oportunidade que tive, a beijei. Essa, inclusive, foi uma das últimas coisas de que tive consciência de fazer.
No dia seguinte, quando acordei, estava no quarto e gemi ao abrir os olhos e senti-los queimar com a claridade. Esperei uns poucos instantes até reunir coragem para me sentar e só então, percebi que estava sem roupa nenhuma. Olhei ao redor e o quarto inteiro estava uma bagunça. Respirei fundo, reunindo coragem para me levantar da cama e, depois que entrei no banheiro, abri a torneira e pus as mãos em concha. Esperei uns poucos segundos e joguei a água no rosto. Quando parei para olhar, notei um anel no dedo anelar esquerdo. Demorou meio minuto para a ficha finalmente cair. Resmunguei um palavrão, correndo para ir para me vestir e arrumar, saindo do quarto em seguida. Bati na porta mais à frente e não houve qualquer resposta. Desci até o primeiro andar e parecia que estava adivinhando aonde poderia encontrar a Luiza. E estava certo, já que estava colocando uma pilha de moedinhas numa máquina caça-níqueis e conversando com a Nadine. Assim que me viu, a segunda deu uma desculpa qualquer e foi embora. Quando me aproximei, pude ver que havia uma aliança idêntica à minha, só que mais fina no dedo anelar da Luiza. Respirei fundo e perguntei:
- Então... A gente se casou ontem.
- Em algum momento entre o instante em que me beijou e que tive consciência de voltar para o quarto. - Respondeu, sem me olhar. Só quando viu que não ia ganhar nada é que finalmente me deu atenção.
- Olha, quando você quiser, a gente pode ir tentar se divorciar. - Falei e ela arqueou a sobrancelha.
- Aí que está. Não vai dar.
- Por quê?
- Ouvi várias pessoas falando que deu um problema no sistema do juizado e ninguém conseguiu ser atendido e dizem que tem um aviso pregado na porta, dizendo que não há previsão para que tudo se normalize. Ou seja? Ainda vamos ficar casados, querendo ou não.
- Escuta, se você quiser, eu posso te reembolsar com a passagem até a gente conseguir o divórcio.
Riu meio sarcástica e disse:
- Acontece que eu consegui uma semana de folga. Amanhã, no máximo, temos que voltar à Londres. Não tem como eu simplesmente ligar para os meus chefes e falar que não consegui me divorciar e estou indo para Los Angeles! - Respirou fundo, claramente tentando manter a calma. - Para um rockstar aposentado é fácil. Se quiser, você pode alugar um jatinho e ir para Los Angeles ainda hoje. Não tem compromisso e precisar cruzar o oceano e ficar quase um dia inteiro sentado na porcaria de uma poltrona dura de avião...
- Você realmente acha que é a única que não quer acabar logo com tudo isso para poder voltar à própria vida?
- E desde quando passar o dia inteiro indo do estúdio para a casa e da casa para o estúdio é vida?
- Do mesmo jeito que ficar virando a noite enchendo a cara e acordando todo santo dia de ressaca...
- É, mas pelo menos eu me divirto, saio com as minhas amigas, não fico remoendo um relacionamento que não deu certo...
Abri a boca para responder, mas não consegui dizer nada.
- Touché, monsieur Kaulitz.
Ignorei totalmente o fato que ela falou francês da maneira mais... Bonitinha. Mesmo que fossem só duas palavras. Nem falo nada sobre ela ter dito meu sobrenome. E muito menos ainda sobre a alfinetada que me deu.
- Enfim. Acho que você tem que concordar comigo que a gente tem que resolver toda essa situação para que cada um possa continuar a viver à sua própria maneira. - Falei e ela deu de ombros. Bufei, irritado e, só de birra, peguei uma das moedas e coloquei na máquina. Saí andando sem nem ver o resultado e sabia que estava vindo atrás de mim, provavelmente para insistir na discussão. Só que ouvimos um barulho bem específico e, quando nos demos conta... Os funcionários do casino estavam à nossa volta e não entendi direito o que tinha acontecido até que olhei para a máquina: Era uma daquelas que, para se ganhar o prêmio, tinha que fazer uma combinação de três figuras iguais. Em meio àquela confusão toda, só consegui entender que tinha ganhado U$ 6.000.000. Quase imediatamente, ouvi a voz da Luiza, dizendo que a moeda usada era dela. Acabei concordando e, quando saí do meio daquela confusão, fui direto para o elevador. E ela também. Disse:
- Você sabe que o justo seria 50% do dinheiro para cada um, não é?
- Sim. Mas nada me impede de entrar na justiça e ficar com tudo.
- Ah, você não ousaria! A moeda que você usou era minha.
- Te faço uma proposta então. Te dou a metade desse dinheiro em espécie se ficar aqui só até conseguirmos o divórcio. Depois disso, você pode pegar o avião de volta para Londres e continuar sua vida festeira e bebum do outro lado do oceano, bem longe de mim.
- Se usando de chantagem?
- Não. Não usaria uma palavra tão... Pesada. É mais algo como... Um estímulo.
Riu e disse:
- Não está se lembrando daquela expressão... O que acontece em Vegas, fica em Vegas?
- É. Mas eu garanto que, o dia que você quiser se casar de verdade, não vai poder porque já é a minha mulher.
Por que aquilo soou estranho demais? E por que teve aquele silêncio terrivelmente incômodo?
Ela pigarreou e disse:
- Por mim... Como você disse, vou estar do outro lado do oceano. Se quiser aprontar, não precisa ficar com remorso. O que os olhos não veem, o coração não sente. - Piscou, dando um meio sorrisinho.
- Eu não apronto.
- Estou vendo... Ainda mais depois da bebedeira de ontem... - Riu e antes que pudesse me frear, perguntei:
- Por um acaso, você sabe se... Aconteceu alguma coisa ontem?
- Pois é. Ia até te perguntar se, por um acaso, você achou minha calcinha...
A olhei, imaginando que ela deveria ser como meu irmão, há alguns anos: Nem perguntava o nome do cara e já pulava em cima do coitado. Os dois, logo em seguida, corriam para um lugar reservado. E o irônico era que ela não parecia ser desse tipo...
- Você não é... Prostituta, é?
Me olhou, de cima a baixo, fazendo uma careta e disse:
- Se fosse, pode ter certeza que eu não estaria aqui já há algum tempo e você estaria alguns dólares mais pobre.
Chegamos ao andar em que ela e as amigas estavam e as portas se abriram. Ia sair quando deu meia volta e se aproximou de mim. Disse:
- A propósito...
Me deu aquele tapa estalado e ardido no rosto.
- Isso é por me fazer uma pergunta tão absurda.
E saiu, me deixando ali, atônito. As portas se fecharam e, quando cheguei ao meu quarto, o Tom estava ali, junto dos nossos amigos.
- O que aconteceu? - Ele perguntou, notando a marca vermelha no meu rosto.
- Digamos apenas que mereci. - Respondi.
- O que você fez? - O Gustav quis saber.
- Falei algumas coisas que não devia com a Luiza.
- O quê, exatamente? Anda, Bill. Fala. - O meu irmão disse e acabei contando, quase apanhando deles também.
- Onde já se viu perguntar essas coisas para uma mulher? - O meu irmão me repreendeu.
- Sei lá. Na hora que vi, já tinha saído.
- Tem horas que eu sinceramente questiono se somos irmãos.
Revirei os olhos e saí, avisando que ia até o banheiro. Só conseguia pensar em uma única coisa: O quanto eu queria voltar para a casa e imaginar que tudo aquilo era um sonho. Ou melhor, um pesadelo.
Ooi (:
ResponderExcluirE cá estou eu novamente, atrasada, eu sei, poré o importante é que estou aqui HUEHUEUEHU
Ah, finalmente o capítulo em que todos se encontram e a história começa pra valer <33
" Quase imediatamente, o álcool começou a fazer efeito e, quando dei por mim, já estava cedendo." Eu juro que de primeira eu li 'descendo'. Eu pensei que ele disse que o álcool fez efeito e quando percebeu estava descendo até o chão HEUHEUEHUEHUEHUE Eu imaginei a cena, e cara, não foi nada sexy HAUSHAUHSUAHSUAHSUAHSUAHSHUAH
Eu amo de paixão a parte que o Bill leva um tapa no elevador HAUSHAUSHUASHUA xD Ainda bem que esta cena permaneceu *-*
Estou mega ansiosa para o próximo capítulo, ainda mais agora que a fic vai começar a esquentar *----*
Não se preocupe, não vou sumir xD E parabéns pelo capítulo, ficou ótimo :D
Até o próximo, xoxo
Oie!
ExcluirEntão... Por causa do que me falou via facebook... Não se preocupa com a fic, mas sim, em tirar nota boa ;)
Então... consideremos: 1) Peguei a época daquelas coisas obscenas dos anos 90, tipo boquinha da garrafa (E me arrependo!). 2) Tem umas descidinhas até o chão que são sexy. Te mandei um vídeo no facebook com uma que eu acho que não é tensa, justamente por ser rápida. A hora em que você pisca... Já passou.
Então... Provavelmente essa não vai ser a única cena que vai permanecer.
Ó... A próxima atualização está programada para o dia 14. Postei um guia na fanpage, então, qualquer coisa é só olhar ;)
Ih... Não se preocupe com sumiços. Estranhei porque foi tão... Súbito.
Danke :)
Até o próximo ;*
E se casaram kkkkkk' Quero ver o que vai sair desse "casamento". A Dani tinha razão, mas o Bill não voltará com uma namorada e sim com uma esposa.
ResponderExcluirQue noitada em? Dona Luiza nem ficou saidinha com a bebida e Bill nem se aproveitou, já tascou um beijo na pista de dança... se bem que, ele até que demorou...
Tom é o castigo na vida da Di uHAuhuAHUHAUHAUHAUHA
Oie!
ExcluirVamos começar pelo final, seguindo a frase da música do capítulo xD: A Nadine é cismada com o Tom e vai ser dura na queda. Tanto que até estou começando a reconsiderar o óbvio, que é ela ficar com o Tom no final.
Pois é. O encontro com a Dani vai ser curioso, tenho que te dizer ;)
E o Bill é um bundão nessa fic. Logo se vê no primeiro capítulo xD
Obrigada pelo comentário :)
Beijinhos e até a próxima :*