quinta-feira, 29 de agosto de 2013

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 3º capítulo



Bem, algumas noites, eu queria que tudo isso acabasse
Porque eu poderia estar com amigos para variar
E algumas noites,
Tenho medo de que você me esquecerá de novo
Algumas noites, eu sempre ganho (eu sempre ganho)

(Fun. - Some nights)

Bill

Dois anos. Esse era o tempo que havia se passado desde aquela fatídica noite e até hoje não consegui me recuperar totalmente daquele trauma. Uma das coisas que mais fazia minha vida valer a pena, que era a banda, já não existia. As fãs, claro, ficaram decepcionadas e com raiva e não tirava a razão delas. O meu relacionamento com meus amigos havia melhorado um pouco, ainda que não fosse mais o mesmo. Agora, era mais introspectivo e soturno que antes. Dificilmente sorria espontaneamente e aprendi a viver sozinho e isolado do mundo. Nesses dois anos, não consegui sucumbir ao álcool e isso, sinceramente, era um mistério para mim.

Numa tentativa desesperada de tentar me recuperar, mudei de casa, vendendo a que morava e, depois de passar um tempo com o Tom, finalmente consegui achar um lugar que parecia perfeito, em Beverly Hills mesmo, mas numa parte mais alta. A área da piscina tinha uma vista enorme da cidade e, muitas vezes, ficava lá à noite, só observando as luzes espalhadas até chegarem ao horizonte enquanto fumava e pensava em várias coisas.

O que me salvou de uma depressão foi justamente a oportunidade de trabalhar com música. Agora, era produtor e mexia mais com demos, principalmente de bandas desconhecidas. E graças aos contatos que tinha, conseguia ajudar essas bandas. Todo santo dia, saía cedo de casa, ficava o dia inteiro enfurnado no estúdio, trabalhando, e muitas vezes, chegava tarde da noite, quase com o sol nascendo para tirar um cochilo e recomeçar a rotina.

Outra coisa que havia mudado significativamente era que, agora, estava mais parecido com o Tom, até um pouco antes de namorar a Ria. Costumava ir às boates e ia para a cama com garotas totalmente desconhecidas até a casa delas e saía antes de acordarem. Fazia isso mais para descontar a raiva que sentia da Lydia. Sem falar em todo o tempo que fiquei com ela e só na vontade.

As únicas pessoas com quem convivia mais, além do meu irmão, eram a Dani, que coincidentemente havia se mudado para a mesma rua, e a Rosa. Justamente pela Dani ser criança e não ter qualquer preocupação que não me importava que ela chegasse da escola e fosse direto lá para a casa, me pedindo ajuda com os deveres. Ainda continuava com aquele arzinho inocente, apesar de estar cada vez mais e mais esperta.

E foi justamente numa sexta-feira em que não estava me sentindo muito bem e decidi ficar em casa, que ela apareceu.

          - O que foi? - Perguntei ao notar seu ar de preocupação.

          - A professora passou um trabalho e não sei o que fazer.

          - Trabalho sobre o quê?
          
          - Ela pediu que escolhêssemos uma pessoa, que não fizesse parte da nossa família e escrevesse uma redação sobre ela.

Suspirei e disse:

          - Estou à sua disposição.

Me olhou, curiosa e disse:

          - Perguntei para a professora se podia fazer a redação com você e ela me lembrou que não vale, porque já te usei como tema de outro trabalho.

          - E que trabalho foi esse?

          - Ah... Um parecido. E você precisava ter visto as meninas da minha sala... Ficaram doidas para te conhecer. O engraçado foi a Camille, que até debocha de mim e, do nada, perguntou se podia vir aqui em casa um dia desses... Isso nem é desculpa para me convencer a trazê-la aqui, não é?

Ri e falei:

          - Eu não me incomodo.

          - Mas eu sim. - Avisou. - Prefiro ter amigos de verdade, que nem sabem quem você é do que amigos falsos que vão me visitar por sua causa.

Ergui a sobrancelha e falei:

          - Mas você é abusada, hein?

Sorriu e avisou:

          - Ah! Ontem ouvi meu pai comentando sobre uma reunião da associação de moradores.

Suspirei e a Dani disse:

          - É, ele também fez assim.

De repente, ouvi a campainha e a Rosa, que deveria estar ali perto, foi atender. Quase imediatamente, o Tom apareceu, seguido de perto pelo Georg e o Gustav e, ao notarem a Dani ali, a cumprimentaram, sendo que o Georg a fez sentar-se no seu colo. Ele, inclusive, era com quem ela mais simpatizava depois de mim.

          - O que houve para essa visita repentina? - Perguntei e eles disseram, simplesmente:

          - Temos uma proposta para te fazer. - O meu irmão anunciou. - Vamos para Vegas e você vai com a gente.

          - Mas não era uma proposta? - Indaguei e eles deram de ombros. E, obviamente, a Dani foi se intrometer:

          - Eu acho que você tem mais que ir com eles.

          - Menores de idade... Bico fechado. - Falei e o Georg a defendeu, claro:

          - A tampinha tem razão. E você precisa mais é sair dessa casa, espairecer por uns dias... Anda, não vai doer nada e ainda tem aquela máxima de “O que acontece em Vegas, fica em Vegas.”.

Respirei fundo e o Tom falou:

          - Você sabe que a gente tem razão. E você sabe que precisa disso.

Suspirei e avisei:

          - Vocês são insuportáveis quando ficam insistindo.

Os quatro riram e a Dani pediu:

          - Quero lembrança!

Rimos e concordamos.

Então, durante o mês seguinte, conseguimos preparar tudo para a viagem à Las Vegas. Estranhamente, eu estava animado para ir.

Enquanto estava arrumando as malas para passar uma semana lá, a Dani me observava, deitada na minha cama de barriga para baixo e fazendo o dever. Perguntei, pegando umas camisetas:

          - Que interesse todo é esse enquanto estou fazendo a mala?

          - Estou pensando, só isso. Bem que você poderia arrumar uma namorada bem legal lá em Las Vegas.

          - Quê? Ah, não... Não estou querendo saber de namorada.

          - Deveria. Quer dizer, você tem mais que arrumar alguém que realmente valha a pena.

          - Ô tampinha! Você tinha que estar se preocupando com bonecas e a escola do que com a minha vida!

          - Eu sei. Mas só estou dando minha opinião.

Devo ter feito uma cara não muito satisfeita e falei:

          - Olha, eu sei que você gosta muito de mim e é recíproco. Mas não acho que ainda é hora de pensar em uma namorada.

          - Você é um bundão, Bill.

Ri e terminei de arrumar as minhas coisas. Assim que fechei a mala, perguntei enquanto a colocava no chão:

          - Então... Já decidiu o que vai querer que eu te traga de Las Vegas?

          - Eu estava brincando!

A olhei e admitiu:

          - Tá. Pedi uma boneca da Monster High que vi na loja outro dia. É uma de lobisomem que uiva e fecha o olho.

Estranhei e perguntei:

          - Ela tem um nome para ajudar?

          - Clawdeen.

Assenti e a ajudei a terminar o dever. Em seguida, a acompanhei até em casa. Porém, antes de entrar, disse:

          - Sinceramente? Queria era que você voltasse com uma namorada.

Suspirei, me dando por vencido:

          - Vamos ver o que dá para fazer.

Sorriu e veio correndo me abraçar e desejou boa viagem. Naquela noite, fui dormir com a estranha sensação que algo iria acontecer exatamente quando chegássemos à cidade...

Londres
08 de maio

Luiza
          - Ah, Stephen! - Choraminguei. Tinha o apoio das meninas e ele se manteve irredutível. - Você já fez a gente tirar foto na semana passada!


          - Acontece que o site vai ter cara nova e, para combinar, precisamos de fotos mais de acordo.

Revirei os olhos e acabamos concordando. Então, nos passou o endereço do estúdio onde as fotos seriam feitas e, tão logo fomos dispensadas (Afinal de contas, era nosso dia de folga), fomos andando até a estação de metrô. Tão logo passamos pelas catracas, a Nicola disse:

          - Alguma ideia de roupa?

          - Nenhuma. A gente podia aproveitar e ir ao brechó, dar uma olhada, o que vocês acham?

Di e eu demos de ombros, dando a entender que concordávamos e fomos para a casa. Assim que chegamos, aproveitei que a Di estava no banho para falar com a Nicola:

          - Escuta... Estava pensando uma coisa. E se a gente fosse passar o aniversário da Di em Las Vegas?

Me olhou e, depois de um tempinho, perguntou:

          - Surpresa?

Assenti.

          - Lembre-se: O que acontece em Vegas, fica em Vegas.

Sorri largamente e ela retribuiu.

Dois dias depois, quando chegamos ao estúdio do fotógrafo, a Nicola e eu fomos procurar o Stephen, aproveitando que a Di estava trocando de roupa. Assim que o encontramos, contamos do plano e ele disse:

          - Ó... Deixo ir desde que façam o favor de se divertirem horrores. Ah, sim. E que cada uma me traga uma lembrancinha.

          - Deixa com a gente. - A Lola falou, piscando e sorrindo.

Cada uma das fotos que elas fizeram foi bem... Sexy. Numa das que a Nadine tirou, ela se deitou sobre uma superfície coberta com um pano preto e o fotógrafo instruiu:

          - Quero que você olhe para o alto e mexa no cabelo.

Ela obedeceu e, enquanto o fotógrafo fazia as imagens, a Lola percebeu meu leve nervosismo e perguntou:

          - O que foi?

Respirei fundo e falei:

          - Uma coisa é dançar sobre o balcão e ser sexy sem saber. Outra bem diferente é ser sexy propositalmente.

Deu um meio sorriso e disse:

          - Quer uma dica? Imagina que o Alex está aqui e você quer seduzi-lo.

Dei um estalo com a língua e ela riu. De repente, seu celular começou a tocar e, vendo sua reação, falei:

          - Ó... Vê se não fica muito tempo, viu?

Ainda sorrindo, foi para o lado de fora do estúdio e falando ao telefone com o namorado. Tentei me acalmar enquanto vi a Di sair para trocar de roupa e o Stephen se aproximou de mim, querendo saber:

          - O que foi?

Respirei fundo e respondi:

          - Estou quase tendo um ataque aqui. Eu não sei ser sexy, Stephen.

Arqueou as sobrancelhas e disse:

          - Se o que você faz lá no bar não é sexy, Iza...

          - Sim, mas é que nem eu estava falando com a Lola. No bar é espontâneo. Não forçado, como em uma sessão de fotos...

Suspirou e quis saber:

          - Então você basicamente precisa de um incentivo como no bar, é isso?

Assenti.

          - Pelo menos uma música como as que tocam lá...

Concordou, mordendo o lábio e dizendo que ia tentar.

Depois de alguns minutos, foi a vez da Nicola e, em uma das fotos, ela parecia uma diva da Hollywood antiga. O cenário montado era de um clube de sinuca. Minha amiga se sentou sobre a mesa e foi seguindo as instruções do fotógrafo. Por fim, foi a minha vez. Parecia que minhas pernas tinham se transformado em gelatina e eu mal conseguia dar um único passo sequer. Respirei fundo e o Stephen me chamou. Quando olhei, ele deu um meio sorriso e me indicou um iPod conectado à um dock. Sorri e ele apertou o play, fazendo com que uma música que eu conhecia e muito bem começasse a tocar pelo lugar. Passei pela Nadine e a Nicola e resmunguei:

          - Isso é golpe baixo!

As duas riram e fui andando até o cenário que havia sido montado enquanto trocava de roupa. Era de um bar também, mas, ao mesmo tempo, diferente. O fotógrafo me mandou subir no balcão e obedeci, com um pouco de dificuldade por causa do vestido justo. A primeira pose que escolhi foi a de pernas cruzadas, como o desenho de uma Pin-Up que havia visto. Dei um meio sorriso e a foto foi feita. Foi me dizendo o que fazer até que pediu:

          - Agora faz o seguinte: Olha para a câmera como se estivesse flertando com ela.

Tentei e não consegui. O fotógrafo ficou bem uns quinze minutos tirando um monte fotos minhas e nunca era a que ele queria. Por fim, ele tentou uma abordagem diferente, pedindo para que eu quase deitasse sobre o balcão, entre outras coisas. Obedeci e, de repente, vi o Alex ali, parado ao lado da Lola, que cobriu a boca com a mão e provavelmente cochichou algo em seu ouvido. Ele fez uma cara de tarado e vi que tocou a própria barriga, fazendo alguns gestos que não demorei muito para conseguir entender. Dei um meio sorriso e ele continuou a fazer caras, bocas e gestos. O fotógrafo, claro, adorou.

Fui trocar de roupa para as próximas fotos que, sem dúvida, seriam as mais legais de todas, já que estaríamos dançando enquanto as fotos seriam tiradas. O vestido era de paetês, prateado e, para ajudar, o Stephen colocou músicas que cada uma de nós gostava.

Quando chegou a minha vez, respirei fundo ao mesmo tempo em que comecei a ouvir uma das minhas músicas preferidas. Como tinha uma batida excelente, não demorou muito para que eu começasse a dançar, conforme o fotógrafo ia registrando os meus movimentos. Sem perceber, me soltei e acho que até um pouco demais. A prova foi que, quando a música terminou, praticamente todo mundo ali me olhava boquiaberto. Acho que o Alex era o único que estava com um sorriso lascivo.

No fim, cada uma teve de ir escolher as melhores, junto do Stephen. E, como eu tinha pedido para ser uma das últimas, então, deu tempo de ir correndo trocar de roupa e ficar um pouco com o Alex. O encontrei do lado de fora do estúdio, como sempre, encostado no carro e mexendo no celular. Fui até ele e tomei o aparelho das suas mãos, o colocando no bolso frontal do jeans que usava e, mordendo o lábio além de dar um meio sorriso, disse:

          - Depois vou pedir para o Stephen falar com o responsável que quero aquele vestido.

Arqueei a sobrancelha e falei:

          - Oi! Aquele vestido é feito com um espartilho e aperta... Tudo - Gesticulei e ele riu. - Sem falar que foi um custo sentar em cima daquele balcão usando aquela coisa.

          - É sexy, Iza. Vale o sacrifício, vai por mim.

Devo ter feito uma cara não tão satisfeita e ele perguntou:

          - E aí? Já decidiu quando vão para Las Vegas?

Neguei com a cabeça, passando os braços em torno do seu pescoço.

          - O que foi? - Perguntou e respirei fundo. - Ei... Fala comigo. Aconteceu alguma coisa?

Tomei a iniciativa e o beijei. De repente, ouvi a voz da Nicola:

          - I'm your biggest fan I'll follow you until you love me...Papa-paparazzi...

Nos separamos e olhei para ela, que indicou um ponto específico com o queixo. Me virei na direção e vi um cara com uma câmera. Suspirei e minha amiga ruiva avisou:

          - O Stephen mandou te chamar para escolher as fotos.

Assenti.

          - Quer ajudar? - Me virei para o Alex, que deu de ombros. Entrou no estúdio comigo e me ajudou a escolher as fotos. Perguntou ao meu chefe, quando apareceu a série do balcão:

          - Essa aqui pode ser a que aparece no perfil dela?

          - Alguma oposição, Luiza? - O Stephen quis saber e neguei com a cabeça. Realmente, era uma das mais sexies.

Depois que fomos liberados, as meninas foram para a casa e saí com o Alex. Fiquei com ele a tarde inteira e, enquanto estávamos deitados na sua cama, vez ou outra só nos beijando, me olhou, sério, e insistiu:

          - Você está melancólica. O que houve?

Respirei fundo e admiti:

          - Se não fosse o aniversário da Di, não acho que teria tanta vontade assim de ir para Las Vegas. Estou com um pressentimento meio estranho. Não chega a ser exatamente ruim, mas ainda sim... Estou um pouco cismada.

Sorriu e me tranquilizou:

          - Não se preocupa. Mesmo que você fique bêbada lá e se case com o primeiro que te aparecer na frente, ainda tem o divórcio.

Fiz uma careta e ele riu.

          - Agora falando sério. Percebeu que a gente sempre acaba voltando para o outro?

Assenti e ele acariciou minha bochecha.

          - Relaxa, Iza. - Pediu.

          - Ah... Já estava me esquecendo... Não vamos quebrar a tradição... Ou vamos?

Sorriu e negou com a cabeça.

          - Só que deixa para a gente cumprir quando estiver mais perto, feito?

Fiz bico e ele, rindo, roubou um beijo. Quando tive a oportunidade, perguntei:

          - Beleza. Mas nada impede de a gente... Fazer antes, não é?

Riu e falou:

          - Claro que não... Aliás...

Seu sorriso mudou para um lascivo e, quando vi, estava começando a erguer a camisa que eu usava, expondo minha barriga, acariciando a pele que ia aparecendo. Disse:

          - Já te falei o quanto adoro essa sua pele branquinha?

Dei um meio sorriso e respondi:

          - Só umas... Duzentas vezes por dia desde que a gente se conheceu.

Riu fraco e ficou por cima de mim.

          - Quero que você me prometa uma coisa quando for para Las Vegas.

          - Vou trazer alguma coisa para você, mesmo que sejam os dados.

          - Não... Não quero dados de cassino e nem nada. O que eu quero é outra coisa. Quero que você pense em uma coisa que... Quero te pedir há um bom tempo.

O olhei, enquanto desfazia o nó da sua gravata prateada. Já falei o quão terrivelmente gostoso ele ficava de terno? E, para minar com meu juízo, estava com barba por fazer.

          - Sabe muito bem que o que eu sinto por você não é mais só um enorme carinho, não é?

Assenti.

          - Então... O que eu quero te pedir é que pense muito bem se aceita a minha proposta de... Levarmos o que a gente tem para um... Nível, digamos, de mais seriedade.

          - Era muito mais fácil perguntar se quero namorar com você ao invés de ficar nessa coisa toda rebuscada.

Riu de novo e disse:

          - E como sempre... Entendeu de primeira. Mas quero que pense muito bem a respeito disso. Todo mundo que te vê comigo acha que é minha namorada e pergunta. E fico meio sem jeito de dizer que é a amiga com quem eu transo.

Arqueei as sobrancelhas e perguntei:

          - Ah, então isso tudo é porque você fica sem jeito de falar que sou a amiga com quem você transa?

          - Não, claro que não. É uma parte, muito inferior. O que importa é que sou louco por você, Iza. Quero poder te apresentar como a minha namorada principalmente porque eu...

Pus meu indicador sobre seus lábios e falei:

          - O que combinamos? Que só diria isso para mim quando tivesse certeza mais que absoluta que é o que realmente sente.

Suspirou e assentiu.

Claro que, não muito tempo depois, a conversa foi encerrada e, mais uma vez, acabamos transando. Talvez por saber que eu estava prestes a ir para o outro lado do oceano, ainda que fosse só por uma semana, ainda sim, aconteceu algo extraordinário: Ele me deixou comandar tudo. Normalmente, era um pouco submissa e eram raras as vezes em que não ficava por baixo dele.

Depois que se largou ao meu lado, poucos instantes depois de atingir o clímax, me puxou para perto e ficou abraçado comigo. Dormi quase instantaneamente.

Durante todos os dias que se seguiram, dávamos um jeito de aproveitar as chances que tínhamos e até fui ao escritório dele, depois de receber uma mensagem, avisando que estava sentindo minha falta. Não sei explicar o motivo de ter pego minhas coisas e aparecido lá, usando o vestido justo da sessão de fotos, meias 7/8 e ligas, além de um par de Louboutins vermelhos e sobretudo preto. Ah! Sem falar no coque e a pose séria que assumi. No final, ele pareceu perceber alguma coisa e comentou:

          - Tá vendo o que esse vestido faz comigo? Esqueci que a mesa tem tampo de mármore!

Só consegui rir depois daquilo. O tranquilizei, dizendo que nem estava sentindo a temperatura da pedra sob minhas costas.

Cerca de quinze dias depois, as passagens para Las Vegas estavam compradas, bem como a reserva feita no hotel (Inclusive, gentileza do Stephen) e nós estávamos arrumando as malas. A da Di era feita em segredo, aproveitando toda e qualquer oportunidade que aparecia. Por sorte, a Bertha aceitou cuidar da Vivi enquanto estávamos fora.

Quando o grande dia chegou, passamos a maior conversa na Nadine, que estava desconfiada que planejávamos alguma coisa, mas não falou nada. Conseguimos fazer com que ela entrasse no táxi, rumo ao aeroporto, vendada e ouvindo música em fones de ouvido para não suspeitar de absolutamente nada. Estava saindo tudo conforme o planejado.

Depois de quase um dia inteiro de viagem, finalmente chegamos ao aeroporto de Las Vegas e mantínhamos segredo da nossa amiga, que até tentou descobrir, levantando a venda, mas eu, com meu reflexo de gato, bati na sua mão quase imediatamente. Esperamos até chegarmos no hotel e abrir a porta da suíte para finalmente revelarmos aonde estávamos. A cara que ela fez foi impagável. A Lola filmava tudo e ria da Nadine, que não sabia se gritava, sorria, nos xingava, nos batia...

          - Suas pragas! Não acredito que conseguiram me trazer até Las Vegas e não me falarem nada!

Rimos e ouvimos a campainha. Fui atender e o gerente estava do outro lado. Disse, todo sorridente:

          - Bem-vindas à Las Vegas e ao Bellagio.

Fez todo um discurso, ressaltando as coisas que haviam no hotel, inclusive, o casino e avisou que, como era aniversário da Nadine, tinham preparado umas coisas especiais, como as refeições e até mesmo disponibilizaram um guia para nos mostrar a cidade. Agradecemos e, tão logo ficamos sozinhas, a Di nos abraçou ao mesmo tempo e agradeceu à surpresa. Avisou:

          - Ó... A partir de amanhã, a gente toca o terror aqui, hein? Hoje estou morta de cansaço e tenho que recarregar as baterias.

Sorrimos e, como a suíte era com dois quartos (Um maior, com uma cama de casal e o outro com duas de solteiro), avisamos à Di que ela dormiria sozinha enquanto eu e a Lola dividiríamos o outro quarto. Enquanto trocava de roupa, ouvi a ruiva dizer, do banheiro:

          - O que a Bertha disse sobre a viagem?

          - Me desejou boa sorte, uai... - Respondi.

Ela saiu do banheiro, estranhando, e com o fio dental na mão:

          - Boa sorte, Iza?

Assenti.

          - Vamos combinar que a Bertha nunca foi cem por cento certa, né? E ainda fica botando carta de tarô para mim praticamente o tempo inteiro...

          - E o que ela falou desta vez?

Respirei fundo e tentei me lembrar:

          - Disse que uma mudança grande estava para acontecer e envolvia um homem. Pela lógica, deve acontecer depois que a gente voltar para Londres.

          - Por quê?

          - Ah... Sabe como é, né? Fui pedida em namoro e estou decidida a aceitar.

Sua expressão de choque foi tão engraçada quanto a da Nadine.

          - Está de sacanagem!

Neguei com a cabeça, rindo.

          - Finalmente! - Praticamente gritou, pulando em cima de mim.

          - Engraçadinha. - Resmunguei, quando ela me deixou respirar depois de alguns minutos quase me esmagando.

          - Mas o que te fez tomar essa decisão tão... - Perguntou, gesticulando e fazendo círculos com as mãos. - Repentina?

          - São quase dois anos que estou com o Alex... Acho que já está mais que na hora de, como ele disse, levar a um nível de mais seriedade.

         - Ah, mentira que ele falou isso?

Assenti e continuamos rindo e conversando até pegarmos no sono.

Na manhã seguinte, quando acordamos, descobrimos a Di dormindo no chão, sobre o edredom estirado entre as camas. Olhei para a Lola, que também ficou com dó de acordá-la. Então, demos um tempinho e, quando a Di levantou, perguntamos para ela o que tinha acontecido e a resposta foi a seguinte:

          - A gente já dorme separadas em Londres. Aí, quando viemos para cá... Vocês ficam juntas e eu isolada? Justo eu?

Não resistimos e a abraçamos, combinando de levar os colchões até a suíte para podermos ficar mais próximas uma da outra.

Quando estávamos tomando o café da manhã, combinamos de darmos uma volta, mais à tardinha e deixar para ir aos casinos e boates à noite. Aproveitamos também para começar a planejar como seria a saída no dia do aniversário da Di. Ela, claro, já tinha a resposta pronta e até mesmo avisou que queria ir a uma boate e concordamos. Combinamos de, durante o almoço, dar uma pesquisada na internet a respeito dos melhores lugares para podermos ir.

Por volta de duas da tarde, as meninas decidiram ir para a piscina eu voltei para o quarto, tomar banho e aproveitei para dar uma olhada nos meus e-mails. Aproveitei que tinha uma hidromassagem lá e fiquei de molho por um bom tempo. Ouvi o barulho da porta e, pensando que era uma das duas (Ou até mesmo as duas), avisei:

          - Estou na banheira!

Continuei a tomar banho, lavando minha perna esquerda e a esticando e, quando a pus sob a água novamente, a porta se abriu. Distraída, comecei a falar:

          - Por favor, me lembre de, quando voltarmos à Londres, agradecer ao Stephen pela gentileza de nos arrumar essa suíte divina.

Houve um silêncio estranho e, quando olhei para a porta, a minha primeira reação foi a de gritar. De imediato, demorou um pouco para cair a ficha que o Bill Kaulitz estava parado na porta do banheiro, me olhando, com expressão de choque.


2 comentários:

  1. Bertha e suas previsões kkkkkkk'
    Niver da Di, logo em Vegas.... quer mais alguma coisa da vida?
    Será que ela vai mesmo aceitar o pedido do Alex? Acho que coisas acontecerão, Bertha concorda comigo =P
    Bill Kaulitz na porta do banheiro... Isso mata qualquer guria do coração kkkkkkkkkkkkkkk'

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    1. Oie!
      Pois é. Não é à toa que a Bertha tem uma loja esotérica, bota tarô e outros métodos de adivinhação.
      Eu pessoalmente acredito em destino e acho que, quando é para ser... Acontece.
      Um pouco mais para a frente, você vai ver se esse pedido do Alex vai ser aceito ou não.
      Acho que pior é ele entrar bem no meio do banho. Se fosse de verdade, eu gritava e mergulhava na água. xD
      Obrigada pelo comentário e até a próxima ;*

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