quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 2º capítulo


I like the way that it saves me

O relógio tem girado rápido, rápido esta noite
Esqueça o futuro e o passado
Vou fazer você se sentir bem
E sua aparência é perfeita e eu
Eu estou girando
Estou muito longe do chão esta noite

(A friend in London & Carly Rae Jepsen - Rest from the streets)

Luiza

À meia-noite, quando o DJ finalmente assumiu, pudemos parar de dançar e descansar um pouco. Fomos até a área VIP do bar. Isto é... As meninas foram; Eu fui interceptada pelo Stephen. Tive de ir até seu escritório. Assim que fechei a porta, me indicou a cadeira de frente para sua escrivaninha. Apoiou as mãos sobre o tampo da mesa e me fixou, pensativo.

- Hã... Tem algum motivo especial para você ter me chamado aqui?

- Você vai ter um novo pupilo.

Franzi as sobrancelhas e, justo naquela hora, bateram na porta. O Stephen mandou entra-rem e não resisti, me virando para olhar. Ao ver quem era, não me controlei:

- Você só pode estar de sacanagem comigo!

- Não, não estou. Sabe muito bem que não costumo sacanear as pessoas, Luiza. - O Stephen falou e me controlar para não reagir. - Acho que as apresentações são desnecessárias, uma vez que vocês já se conhecem e muito bem.

Olhei para o meu chefe, que me ignorou. Indicou a cadeira ao meu lado. Assim que esta foi ocupada, o Stephen falou:

- Bom... Bill, já te expliquei como funciona esse período de avaliação dos lobinhos... -
Me recusava terminantemente a olhar para o lado, embora sentisse que ele não fazia o mesmo. -... E de início, pensei em deixar vocês na área VIP - Ergui o olhar para o meu chefe. - justamente para não dar confusão por sua causa, Bill. Enfim. A Luiza vai avaliar tudo: Desde a preparação dos drinks, o atendimento aos clientes, a postura...

- As meninas falaram que eu teria de dançar... - Ouvi o Bill dizer.

- Se quiser... - O Stephen falou e tive que me intrometer:

- “Se quiser”? Stephen, nem a Claire, que é sua namorada, tem tratamento diferenciado. Se o Bill vai ser treinado e avaliado como qualquer outro lobinho, não acho que seja justo que ele seja tratado de maneira especial.

Senti o olhar do Bill em cima de mim.

- Me responde uma coisa? Você é a dona do bar? - Meu chefe perguntou em tom irritado. Neguei. - Então, se eu quiser tratar o Bill de maneira diferente... Eu vou tratar. Alguma objeção quanto à isso?

Sim. Mas como eu amava demais trabalhar no Coyote... Fiquei quieta e só neguei com a cabeça.

- Na realidade, se você não se importa, eu gostaria de ficar lá embaixo. E não me importo se tiver de dançar. Quer dizer... Não tendo que tirar a roupa... - O Bill falou e me segurei para não dar um riso de escárnio.

Meu chefe riu e negou com a cabeça.

- Tudo bem. Bom, tem como você esperar lá fora um instante? Daqui a pouco te chamo para explicar algumas coisas...

Assim que fiquei sozinha com o Stephen, me disse:

- Aposto que está querendo voar no meu pescoço agora.

- Se eu pensar em castração, a Claire me mata. - Respondi, azeda. - O que tinha para me falar além da bronca?

- Você sabe que tem carta branca para avaliar os candidatos, mas se por um acaso, eu perceber que o pessoal está ultrapassando a barreira do profissional, revogo esse privilégio no mesmo instante, entendeu?

Assenti e ele me liberou. Mas, antes mesmo que eu pudesse até mesmo abrir a porta, o Stephen me pediu para chamar o Bill. Mesmo contrariada, tive que fazê-lo. Encontrei a peste ali perto, mexendo no celular e encostado na parede. Duas meninas, quase bêbadas e rindo até do ar que respiravam, estavam indo até o banheiro, mas viram o Bill. E ele viu as duas. Uma delas, que tinha os cabelos cor-de-rosa, tomou a iniciativa:

- Oi... Você é novo aqui?

- Ai meu Deus... - Resmunguei baixo, mas o Bill escutou. Tive a confirmação ao ver seu sorriso de malícia e um olhar rápido na minha direção.

- É. Hoje é o meu primeiro dia no bar. - Respondeu, olhando fixamente para mim.

- Lobinho? - A amiga, de cabelos escuros, quis saber. Ele concordou, todo orgulhoso. Lutei para não esboçar qualquer reação.

- Escuta... - A de cabelo rosa começou. - Saindo daqui, a gente vai à festa de uns amigos. Se quiser ir... - Vi que ela entregou um cartão.

- Se quiser levar mais alguém, não tem problema. - A morena falou.

- Se quiser ir com alguma das coyotes, melhor ainda. - A outra disse. Trocou um olhar cúmplice com a amiga e as duas riram.

- O quê? - Ele perguntou.

- A Jo - A morena falou da amiga. - tem vontade de pegar uma das três mosquetei-ras.

Ai... O Bill continuava olhando para mim.

- Qual? - Ele quis saber.

- Tem a ruiva, não é? - Ele assentiu. - Daí tem outra, magrela, que o namorado... - A morena começou, mas a Jo a interrompeu:

- Você se parece um pouco com ele. Só que ele é moreno, tem menos piercings e tem jeito de ser antipático.

Ah, se ela soubesse como o Tom era... E que estava falando com o gêmeo dele... Não consegui evitar um sorriso.

- Enfim. - A morena cortou. - A Jo é a fim da que sobrou. Será que você não pode dar uma mãozinha?

Olhei para o Bill, como se o desafiasse.

- Então... Eu até conheço a Luiza e acho que rolaria. Se ela não estivesse namorando um coxinha aí...

A Jo desanimou um pouco, mas não desfez o convite para a festa. Depois que elas foram, avisei ao Bill:

- O Stephen quer falar com você.

E não esperei por uma resposta. Mas ela veio de qualquer maneira:

- Eu aposto que o Alex é cheio dessas frescuras, não é? Ele tem bem cara de ser o tipo que só transa numa única posição sempre, só ele ganha oral e, depois que goza, vira para o lado e dorme. Se você está rabugenta assim... Só pode ser isso.

Abri a boca para retrucar, mas o filho-da-mãe entrou no escritório do Stephen. Fui até a área VIP, procurei pelo Alex e, assim que o encontrei, percebeu minha inquietação e perguntou:

- O que foi?

- Adivinha quem o Stephen pôs para ser lobinho?

Deu de ombros.

- Bill. - Respondi.

- Bill?

- Kaulitz! - Exclamei, mas ele não entendeu a gravidade da situação. - Alexander!

- Quê?

- Quem é a única Coyote sem um lobinho para treinar?

- Você. - Respondeu, indiferente; Estava mexendo no celular e, além de tudo, me ignorava. Bufei, tomando o aparelho das suas mãos e falei:

- Eu estou quase surtando porque meu ex-marido está em Londres, ganhou a vaga de lobinho e vou ter de treiná-lo e fazer a avaliação. E você simplesmente fica nessa porcaria de celular!

- Izzy... Me escuta. - Olhei para ele. - Não é tão ruim quanto parece. Eu sei que você vai falar que não vai conseguir separar, mas eu sei que vai.

Suspirei.

- É impressão minha ou você está usando aquele conjunto que eu te dei?

Sorri maliciosa e respondi:

- Em casa você descobre. Pisquei e, de repente, me puxou pela cintura. - Alexan-der...

- Eu não estou fazendo nada! - Tentou se fazer de inocente.

- Ah não? E isso aqui, hein?- Movi o quadril contra o seu. Quase no mesmo instante, senti que ficou mais duro e aumentou um pouco mais de volume.

- Isso é culpa sua. É o jeito que você falou meu nome, além daquele... Bom, não pode ser chamado de short por ser tão curto... Enfim. Pelo jeito, parece que você está se comportando mal de propósito hoje. É impressão minha ou você quer repetir a dose de semana passada?

Arqueei a sobrancelha e não sei bem por que, mas desviei o olhar um instante. O Bill nos encarava a certa distância, com o maxilar travado e expressão nada amistosa. Dando um sorriso malicioso, me virei para o Alex e respondi:

- O que você acha?

Retribuiu o sorriso à altura e roubei um beijo daqueles. Logo, fiquei sem fôlego ao mesmo tempo em que as mãos bobas começavam. Justo quando estava começando a perder o controle, ouvi o maldito sino do Stephen, que indicava que tínhamos que ir para o balcão. Interrompendo o beijo, mas sem nos separar, falei com a boca colada na sua:

- Um dia desses, a gente ainda rouba e derrete esse sino maldito!

O Alex riu e depois de roubar um selinho demorado, disse;

- Vai lá. O dever chama.

Suspirei e tive que ir. E nem bem tinha saído da área VIP quando dei de cara com o Bill. Claro que a oportunidade de me provocar era boa demais para ser desperdiçada...

- Engraçado... Achei que o Stephen não gostasse muito que as coyotes fiquem agarrando os namorados aqui no bar... Aliás, eu acho que chefe nenhum gosta desse tipo de coisa durante o expediente.

Me aproximei dele.

- Em primeiro lugar, eu estava fazendo uma pausa. Em segundo: Você está sendo testado para ser lobinho, não fiscal de coyotes. Em terceiro: Você, mesmo em período de avaliação, é meu subordinado. O que significa que, a menos que queira desperdiçar meu tempo e paciência, sem falar na chance que o Stephen está te dando, não vai mais se intrometer no que eu faço ou deixo de fazer durante as minhas pausas, fui clara?

Concordou.

- E apesar de não ser da sua conta, as meninas e eu temos permissão para ficar com os namorados durante as pausas.

- Sei... E sexo está incluso nessa permissão?

Estreitei os olhos e avisei:

- Cuidado, Kaulitz. Se você continuar testando minha paciência, não vai nem começar a trabalhar aqui.

Mesmo com um ar presunçoso, finalmente abaixou a cabeça e me seguiu até o balcão do bar. Aos poucos, o Bill foi pegando o jeito.

Depois de cerca de vinte minutos servindo vários drinks, começou a tocar uma música animada que eu até gostava e não consegui me controlar. De repente, ouvi o sino que o Stephen tinha arrumado para avisar quando era hora de subir no balcão e o cliente que eu estava atendendo, percebeu a cara de poucos amigos que eu devia ter ficado e perguntou:

- O que houve?

- O dono do bar é uma criança com um sino daqueles de navio. É isso o que houve.

Riu fraco e perguntou:

- Escuta... Que horas você costuma sair?

- Então... - Comecei a dizer, mas um ser muito do intrometido que atendia pelo nome de Bill Kaulitz, me interrompeu:

- Ela já tem namorado.

- É você? - O cliente quis saber e o Kaulitz, só para piorar a própria situação, falou:

- Ah, não... Não tive esse azar. Vai por mim: Vai me agradecer por isso.

O cliente, claro, aceitou a bebida e, depois de pagá-la, sumiu na multidão. Falei:

- Di, preciso de cobertura por uns instantes.

- Ok. - Ela respondeu.

- Kaulitz, comigo. Agora. - Avisei e ele fingiu que não ouviu. Impaciente, tomei o copo das suas mãos e avisei ao cliente que ele atendia que outro lobinho ia atendê-lo. Claro que aquilo atraiu a atenção do Bill, que acabou tendo que me seguir até um canto onde os clientes não podiam nos ver.

- Eu realmente estou a um passo de ligar o foda-se e te escorraçar daqui! - Quase gritei. Por sorte, a música estava alta e ninguém que estivesse do outro lado do balcão ia nos ouvir. - A minha vida particular não interessa a nenhum dos clientes e muito menos à você. Da próxima vez que abrir essa boca enorme para fazer algo parecido, eu mesma vou cuidar para que você nunca mais entre nesse bar, entendido?

Não respondeu. Já ia andando para longe dele quando me perguntou:

- Você ama o Alex?

Parei e olhei para trás.

- Como eu acabei de falar... Não te interessa.

Deu um sorriso torto e, logo, cada um se ocupou com alguma coisa.

Alguns minutos depois, consegui evitar uma tragédia graças à Lola, que me chamou bem na hora; Quando fui olhar para minha amiga, vi o Bill tentando girar uma garrafa em pleno ar. Suspirei, me preparando para mais um esculacho...

Bill

- Mas que mania! Todo lobinho que passa por aqui quer logo sair fazendo malabarismos com as garrafas! - A Luiza reclamou, vindo até onde eu estava e tomou a garrafa das minhas mãos. Me olhando com impaciência, disse: - Um passo de cada vez. Se eu te pegar tentando girar as garrafas de novo, vai ser ponto negativo na sua avaliação. Se teimar e quebrar, além do ponto, vou falar com o Stephen que você é desobediente, entendido?

Tive que concordar.

Só que, antes mesmo de eu começar a servir os drinks, as meninas tinham armado tudo e até conseguiram um bolo. Assim que o Tom me viu ali, veio andando na minha direção e até me bateu.

- Por que você não me disse que vinha? - Reclamou e a Nadine veio em minha defesa:

- Porque a gente quis fazer uma surpresa para você. A gente sabia que essa surpresa você ia gostar.

Algum tempo depois, no final do expediente e depois de toda a comemoração, começaram a falar em dar uma esticada, mas a Luiza foi a única que não animou. As meninas até tentaram convencê-la, mas, sem sucesso. Aproveitando um instante que consegui ficar a sós com ela, perguntei:

- Eu sei o que você vai falar, mas... recusou a ideia da boate por minha causa?

Se virou de frente para mim e, cruzando os braços na altura do estômago, disse:

- Se já sabia o que eu ia falar, então por que me perguntou?

Dei de ombros.

- Não é você quem tem mania de querer sempre surpreender todo mundo?

Bateu a porta do armário e, cruzando os braços na altura do estômago, perguntou:

- Beleza. Falando francamente. Por que toda essa palhaçada de ser lobinho?

- Não é palhaçada. Apesar das danças que uns caras fizeram...

- Bill! - Chamou a minha atenção.

- Ei... Estamos fazendo um progresso aqui... Me chamou pelo nome ao invés do sobrenome... Gostei.

Respirou fundo e insistiu:

- Agora fala a verdade. Por que veio para Londres e está com essa ideia fixa dos lobinhos, hein?

- O Tom é um dos motivos. Estava com saudade dele e vice-versa. Sem falar que eu não conhecia a Sophia.

Estreitou os olhos. Respirei fundo e falei:

- Quer saber? Foi por sua causa também. Não conseguia mais aguentar ficar longe e, ainda por cima, continuar com essa briga.

Estava desconfiada, isso era claro.

- E você saiu de Los Angeles, enfrentou mais de dez horas de voo e veio para cá só para acabar com a briga? - Perguntou, erguendo uma das sobrancelhas.

- Por que é tão estranho assim?

- Simplesmente porque você decidiu de uma hora para outra, depois de passar dois anos em silêncio. E, de repente, ainda vem com a história de ser lobinho. - Respondeu, ainda com os braços cruzados.

- O que mais você quer que eu diga, hein?

- A verdade! Eu sei que tem mais além dessa coisa de só querer fazer as pazes comigo. Não ia cruzar um oceano inteiro e passar por tudo isso só porque queria acabar com a nossa briga. E, apesar de tudo, a parte do Tom não me convenceu totalmente.

Suspirei.

- Quer saber o real motivo então? - Assentiu. - Eu não consegui te esquecer, mesmo depois de todo esse tempo e de tudo o que aconteceu. Não teve um único segundo durante esses dois anos que eu não me arrependa de ter brigado com você.

- Então você veio atrás de mim porque queria uma chance, é isso?

Me aproximei dela e imediatamente, sua respiração começou a acelerar.

- A chance é só uma pequena parte. Eu cansei de só ter notícias suas através da imprensa e de ligações dos outros. Mesmo que tenha demorado, ainda sim, percebi que não consigo mais viver longe de você. Mesmo que não aconteça nada entre a gente, só de ter você por perto já é o suficiente, ainda que não seja o que eu quero de verdade.

Se desencostou do armário e disse:

- Você falou certo. Demorou. E eu segui em frente.

- E ele te faz tão feliz quanto você foi em Los Angeles? Sim, porque, mesmo com toda aquela resistência e teimosia sua, você estava feliz enquanto foi casada comigo. Qualquer um podia ver e, se não for o bastante, pode perguntar para as meninas.

Travou o maxilar e avisou:

- Pode ser que um dia, num futuro próximo, eu consiga te perdoar pelo que me falou durante a briga. Mas é melhor não criar expectativas sobre uma segunda chance. Estou com o Alex agora e não importa o que você fale, mas eu estou feliz com ele.

- Agora. Mas quem sabe o dia de amanhã?

Estreitou os olhos de novo.

- Pelo menos, ele nunca me abandonou na manhã seguinte. - Disse.

- Mesmo porque, quem fazia isso era você, não é mesmo? Lembra de Nova Iorque? No dia seguinte, você brigou comigo. Você.

Percebi que estava tentando se controlar ao máximo do que podia.

- Nova Iorque foi um erro. E ninguém é capaz de me convencer do contrário.

- Foi um erro, é? - Perguntei, assim que ela me deu as costas, depois de pegar as suas coisas no armário.- Não me pareceu quando você gemeu o meu nome quando eu te fiz ter um orgasmo daqueles. E nem vem falar que fingiu porque era impossível.

Parou à porta e, de repente, se virou e veio andando tão rápido na minha direção que realmente fui pego de surpresa. Me pôs contra os armários e, segurando o meu colarinho, disse:

- Se você tocar nesse assunto de novo, eu juro que, desta vez, você vai se arrepender amargamente. E não estou brincando.

Dava para ver isso no seu olhar.

- Eu não tenho medo de você. - Respondi. - Pode fazer o que quiser, mas eu nunca vou esquecer de tudo o que aconteceu entre a gente. Seja em Nova Iorque, Roma ou até mesmo de quando você tirou a roupa para mim.

Por um instante, eu achei que ela ia me socar. Considerando sua raiva, tinha certeza que não ia demorar muito para aquilo acontecer. Só que, ao invés do meu rosto, ela acertou a porta ao meu lado.

- Eu te odeio. - Falou. Esperei até estar perto o suficiente da porta para dizer:

- Ich liebe dich.

Parou por um instante, mas logo, continuou andando e sem nem olhar para trás. Quase cinco minutos depois, a Nadine e a Nicola apareceram ali e a ruiva logo quis saber:

- Por que estou com a intuição que a Luiza puta da vida é culpa sua?

- Ela não aguenta algumas verdades. Vocês sabem disso... - Respondi. As duas se entreolharam e a Nadine perguntou:

- Aconteceu alguma coisa?

- Ah, nada além do esperado: Ameaças, ela teimando que está feliz com o Alex e que não tem planos de se separar dele... - Contei.

- Sabe o que eu acho que você tinha que fazer? - A Nicola perguntou e fiz sinal para que ela continuasse: - Esperar a poeira baixar. Mas na sua. Acho até que devia dar um gelo na Luiza. Ela não suporta e é certeza que vai funcionar.

- Por que você acha isso? - Perguntei.

- A Luiza é mimada. Se a gente ignora, mesmo sem querer, ela quase morre. - A Lola explicou. - Eu acho que você realmente tinha que mudar a postura com ela. Ao invés de ficar correndo atrás, fazendo com que ela se lembre de determinadas coisas... Trata com indiferença. Finge que ela não é tão importante assim. Vai ver como vai dar resultado...

Era estranho, mas... O que eu tinha a perder?

Naquela noite, a Nicola insistiu para que eu fosse dormir na casa dela. Não tendo alternativa, aceitei a imposição.

Quando acordei, um pouco depois do almoço, encontrei a Nadine na cozinha e perguntei:

- Sabia que eu quase tinha esquecido que vocês parecem siamesas às vezes?

Ela sorriu e quis saber:

- Ainda vai querer ficar aqui em Londres?

Assenti, agradecendo à Nicola quando ela me passou uma xícara de café.

- Eu sei de um lugar que você pode ficar sem precisar de frescura de incomodar os outros. - Avisou.

Foi o tempo de eu comer alguma coisa e trocar de roupa para sairmos. Ela e a Nicola me levaram até um prédio ali perto (Fomos a pé) e logo encontramos o corretor. Nos cumprimentou e, depois de entrarmos no prédio, ele foi logo enumerando as qualidades do apartamento que ia nos mostrar:

- A vizinhança é bastante tranquila. Você vai ver que o apartamento é perfeito: Am-plo, bem iluminado, os antigos donos fizeram isolamento acústico...

Assim que chegamos ao último andar, achei que era cobertura, mas me enganei. O apartamento era realmente tudo aquilo que o corretor dissera e mais um pouco. Tinha quatro quartos, sendo um uma suíte com um banheiro gigante, a sala e a cozinha proporcionais e o aluguel nem era tão caro assim, apesar da área e o tamanho do apartamento. Pedi para pensar um pouco e, em no máximo, uma semana daria a resposta. Na volta para a casa da Nicola, ela e a Nadine tentaram de todas as maneiras me convencerem a alugar o apartamento e por muito pouco mesmo não gritei com as duas.

No final da tarde, saí com o Tom e fomos até um pub. Enquanto estávamos comendo, conversávamos e ele contava um pouco sobre a vida com a Nadine:

-... A gente briga, claro. Mas não dá para ficar com raiva dela.

Sorri fraco e perguntei:

- Você acha que ela é a certa?

Concordou.

- Eu realmente não sei se devo ou não dar um passo mais...

Entendi na mesma hora o que ele queria falar.

- Vocês dois estão juntos há quase quatro anos. Se você tem certeza de que é com ela que você quer ficar... Vai em frente.

Depois daquilo, ficou pensativo.

- E como você consegue comer isso?- Perguntei, indicando uma espécie de ensopado que não me era nem um pouco atraente. Riu e enfiou uma colherada cheia na boca.

Mais tarde, quando estava deitado, tentando dormir, não conseguia parar de pensar em várias coisas, mas principalmente, na Luiza. Fiquei imaginando se ela realmente estava tão feliz com o Alex quanto teimava em dizer.

Quando acordei, na manhã seguinte, encontrei a Lola tentando fazer com que a Sophia comesse um prato com frutas amassadas. Me sentei à mesa e ela pediu:

- Me faz um favor? Vê se consegue fazer essa... Teimosa comer?

Rindo, me sentei de frente para a Sophia e, enquanto a Nicola fazia o café para mim, eu falava com a menininha:

- Sabia que, se você não comer, vai ficar doente?

Negou com a cabeça. E tampou a boca com as mãozinhas. Suspirei e perguntei para a Nicola:

- Ela é sempre assim?

- É. A única pessoa que consegue fazer ela comer nessas horas é a... Claro! - Res-mungou, indo buscar o telefone. Assim que voltou, já estava fazendo a ligação e dizia: - Não, não quer comer de jeito nenhum. O que eu faço?

Pausa.

- Ok.

Se despediu e, em seguida, desligou. Perguntei:

- O que foi?

- Estou pedindo reforços. - Respondeu, rindo.

Cerca de dez minutos depois, ouvimos o interfone e, enquanto a Nicola ia atender, falei com a Sophia:

- É... Ferrou agora.

A menininha riu e, logo, ouvi que a Lola abria a porta. Em menos de cinco minutos, ouvi a voz da Luiza:

- Cadê aquela mini-sem-vergonha?

E entrou na cozinha, parando rapidamente ao me ver.

- Oi. - Falei e ela simplesmente baixou a cabeça quase imperceptivelmente.

- Agora, senhorita! - Disse à Sophia. Me levantei para dar lugar à Luiza e, aproveitan-do que as duas estavam distraídas, fiz um sinal para a Nicola e, quando a segui até a sala, avisei:

- Eu estava pensando... Acho que vou alugar aquele apartamento.

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