quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 3º capítulo


I knew that you would come, I thought I'd be afraid

Medos esquecidos
Eu jogaria fora toda a preocupação no vento
Minha alma está sedenta
E eu continuo sonhando com você, saia da minha mente

(Lacuna Coil - Not enough)

Luiza

Eu sabia, verdade fosse dita. Sabia que o Bill estava hospedado na casa da Nicola e a Nadine ainda deixou escapar que tinham ido ver um apartamento para ele ficar. O pior era que eu sabia que toda aquela palhaçada que ele tinha inventado era por minha causa, mesmo sem que tivesse me dito uma única palavra; Estava óbvio. Eu tentava me manter longe, mas quem disse que eu conseguia? Eu estava com muita raiva dele principalmente por causa da história de ficar galinhando sem o menor pudor. Nada, absolutamente nada, me tirava da cabeça que aquela era uma provocação gratuita, só para me chamar a atenção. E isso era uma das coisas que contribuía e muito para a raiva que eu sentia dele.

No dia do aniversário do Gustav, liguei para ele e conversamos um pouco:

- Eu soube que o Bill está trabalhando no bar... Como ele está se saindo?

- Para um principiante... Está se saindo bem. - Respondi, vagamente.

- O Tom me falou que você também não sabia que ele estava em Londres...

- Então. Quando a Nicola foi para Los Angeles, eu falei com ele. Esse... Gengibre de salto alto fez o favor de não ligar para dizer que estava bem. A gente conversou um pouco e ele me disse que queria falar comigo e fazer as pazes. Beleza. Eu não imaginava que seria tão... Imediato. E ele está me dando nos nervos.

Riu do outro lado da linha e quis saber o que estava acontecendo. Contei o que o Bill havia aprontado desde que chegara à Londres.

- E o Alex?

- Demorou a cair a ficha, para falar a verdade. Mas até agora, não sei o que ele está achando disso tudo. Já as meninas estão adorando. Estão numa puxação de saco do Bill que só vendo.

Riu de novo e perguntei:

- E você? Quando vem? E veja se convence aquela... Coisa do Hagen a vir junto! Só faltam vocês dois aqui para completar a bagunça.

- Não se preocupe, porque assim que der... A gente vai.

Sorri e continuamos conversando por um bom tempo.

Quinze dias depois, eu sabia que o Bill já tinha ido para a própria casa. Como estava passando mais tempo com o Alex, nem sabia para onde o Bill havia se mudado. O que eu sabia era que as meninas tinham ido ajuda-lo a arrumar a casa, inclusive, indo com ele às lojas de móveis.

Na manhã do primeiro sábado depois da mudança, eu estava em casa quando o Alex me ligou. Assim que atendi, me avisou:

- Semana que vem, na sexta-feira, tem um jantar e eu quero que você vá comigo. Não se preocupe quanto à roupa porque já cuidei de tudo.

Suspirei e perguntei:

- À que horas?

- Sete e meia. Mandei entregarem as coisas aí na sua casa. E já estou mandando os horários vagos daquele salão de Mayfair.

- Mandou por onde?

- Celular.

- Ok. Vou ligar e dar uma olhada. Não se preocupe porque vou ter tempo de sobra.

- Tá.

E bem na hora, ouvi o sinal de chamada em espera.

- Alex, tem outra chamada. Daqui a pouco eu te ligo de novo.

- Só uma última coisa. Quer almoçar comigo hoje?

Concordei e nos despedimos rapidamente.

Assim que consegui “pescar” a outra chamada, ouvi do outro lado da linha:

- Seguinte: Sexta-feira que vem, temos um lugar para ir e você está intimada a ir. Se você não aceitar, a Nadine e eu vamos te arrastar pelos cabelos.

- Lola... Eu vou à um jantar com o Alex. Justamente na sexta-feira.

Ouvi a Nicola bufando do outro lado da linha e falei:

- No domingo a gente faz um almoço aqui em casa, ok?

- Vai chamar o Bill?

Tentei respirar fundo sem fazer muito barulho e respondi:

- É, pode ser.

Sabia que estava sorrindo.

- Então, no domingo vai ter almoço aí, combinado?

- Combinado. Quem quiser vir, que venha, quem não puder, paciência.

Captou a mensagem sobre o Charlie e avisou que ia falar com ele. Além de, claro, me garantir que o convite para a saída ainda estava de pé. Nos despedimos um tempinho depois e decidi ir ao mercado, começar a olhar as coisas para o almoço. Fiz uma lista, inclusive, dando uma olhada numa receita em potencial e anotei tudo o que ia precisar. Corri para o banheiro, depois, e tomei banho. Assim que saí, peguei a primeira roupa que consegui encontrar e, sem me arrumar tanto, saí.

Tinha acabado de pegar tudo e estava indo para o caixa quando me distraí um instante e, de repente, bateram no meu carrinho. Assim que ergui o olhar e ia pedir desculpa, vi quem era e falei:

- Sabia que estou começando a achar que você está virando um stalker? Sério, se eu for até Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch você vai estar lá!

- Onde? - Perguntou, franzindo as sobrancelhas.

- No País de Gales! - Falei, exasperada. Fez que tinha entendido e disse:

- Acredite se quiser, mas eu não estou te seguindo. Moro aqui perto e aposto que você não fica dando chilique quando encontra as meninas nas lojas aqui perto, não é?

- Principalmente porque elas não batem no meu carrinho. - Provoquei. Deu um estalo com a língua e me segurei para não esboçar qualquer reação.

- Quer ajuda? - Ofereceu, indicando o carrinho e tentando mudar de assunto.

- Eu dou conta.

- Continua teimosa, não é? - Perguntou, começando a me seguir pelos corredores. Ergui a sobrancelha e perdi a paciência:

- Tá. Agora me diz o que você quer comigo. De verdade.

- Eu já te falei. Quero, pelo menos, a sua amizade, já que além disso, não vai rolar...

- É. Não vai rolar mesmo. Ainda mais que eu tenho um namorado.

- Namorado esse que te arrasta para jantares insuportáveis de negócios, com caras que têm idade para ser seus avós e que não sabem falar sobre outra coisa além de finanças. Ah, espera. Eles sabem. Falam sobre política. E, por mais que levem as mulheres, elas não falam de outra coisa a não ser coisas como semanas de modas europeias, a de Nova Iorque, além de fofocarem sobre as outras mulheres da alta sociedade inglesa. Parece... Interessante. E se eu me lembro, você se divertiu e muito dando aquela lição no Paul quando fomos àquele jantar lá em Los Angeles.

- O que você está insinuando? - Me virei de frente para ele.

- Não estou insinuando nada. Estou dizendo explicitamente que esse estilo de vida está longe de combinar com você. Eu passei um ano inteiro morando com você. Se você quase me espancou no meio do shopping por comprar um vestido e uma sandália de marcas, imagino o que você deve estar passando com toda a... Ostentação opressiva.

- Ah, claro... Desenvolvi uma claustrofobia que nem te conto só por estar dentro da Ferrari que ganhei numa aposta com o Alex. Sem falar no sentimento de culpa por ter um closet inteiro só de sapatos do Louboutin, Manolo Blahnik, Jimmy Choo e Sophia Webster, só para citar alguns. As joias da Bulgari e da Tiffany pesam uma tonelada por causa da culpa. - Respondi, com o sarcasmo ligado no máximo. - Ah! Ia me esquecendo. Minha acrofobia anda pior desde que me mudei para a cobertura com vista para o Hyde Park. Sem falar que estou sofrendo com uma insônia daquelas quando tento dormir no lençol egípcio de mil fios. Um horror...

Deu um sorriso e disse:

- Quase tinha esquecido do seu sarcasmo.

Sorri tam-bém, mas sem mostrar os dentes.

- Bom, se você não tem mais nada para fazer além de me stalkear, eu tenho. Eu queria até dizer que a conversa está boa, mas estaria mentindo. Bom dia.

E fui até o caixa, sabendo que ele estava atrás de mim. Para minha sorte, cada um foi para um lado depois que pagamos as compras. Depois dali, não o vi mais. Ainda bem...

Na sexta-feira seguinte, eu estava no salão, tendo meu cabelo melecado com um creme que eu sabia de duas coisas a respeito: 1) O cheiro era muito bom mesmo. 2) Com certeza era caro, por causa dos ingredientes exóticos. Ao mesmo tempo em que fazia praticamente tudo com meu cabelo, tinha uma manicure E uma pedicure cuidando das minhas unhas.

Depois que terminou toda a sessão de beleza, pude ir para a casa e, nem bem tinha começado a tomar um copo de água quando tocaram o interfone. Como sempre, a Vivi saiu correndo do seu esconderijo e apertei o botão do intercomunicador:

- Pois não?

- Entrega do Sr. Alex Ireland.

- Ok. Já estou descendo. - Respondi. Dando um jeito de a Vivi não fugir, consegui sair do apartamento e fui até a portaria. Havia uma caixa enorme, fina e comprida, além de duas sacolas, sendo uma enorme e outra da Tiffany’s. Agradeci ao entregador e, depois de assinar o recibo, voltei para a casa. A Vivi, na hora que viu as sacolas e a caixa quase enlouqueceu. Tirei o que tinha dentro da sacola maior e ela foi logo se enfiar ali dentro. Abri a caixa preta de sapatos e encontrei um par de sandálias prateadas da Jimmy Choo do meu modelo preferido, Lang. Dentro da sacola da Tiffany, havia um conjunto de brincos, anel e pulseira de prata e o anel tinha detalhes com brilhantes. O design era de um ramo de folhas. Simples, mas exatamente como eu gostava. A Vivi se mexeu e percebi que havia mais alguma coisa dentro da sacola onde estavam as sandálias. Segurei a gata e encontrei uma clutch que combinava com as sandálias. Decidi olhar o que tinha dentro da caixa maior. Desfazendo o laço de fita caprichado (E com um pouco de remorso por isso) e encontrando um vestido vermelho de seda. Era de alças e não tinha decote. Isso era o que eu pensava até vesti-lo e perceber o decote amplo que ia até a metade das costas. Consegui encontrar um xale que pudesse me esquentar um pouco, apesar da aparência frágil. Uma vez que estava pronta, recebi uma mensagem do Alex, avisando que já estava a caminho. Esperei só uns cinco minutos e, depois de verificar se tudo estava trancado, saí.

Assim que entrei no carro, nos cumprimentamos com um selinho mais demorado e não demorou a começar a dirigir. Eu aproveitava toda oportunidade que tinha para ficar olhando para ele, que estava um pecado de smoking. Perguntei, quando entramos em Mayfair:

- Me fala a verdade. Onde, exatamente, estamos indo?

Sorriu, misterioso e perguntou:

- Confia em mim?

- Não. - Respondi, rindo. - Justamente porque eu sei que você é capaz de qualquer coisa...

- O que eu posso te dizer é que estamos realmente indo à um jantar.

Depois de vinte minutos, chegamos à uma mansão suntuosa e vários manobristas estavam à porta, guardando os carros dos convidados. Assim que levaram o carro do Alex, ele me deu o braço e fomos andando até a entrada e tive que passar por um red carpet. Quase fiquei cega com os flashes dos fotógrafos e, quando eles finalmente sossegaram, uma repórter perguntou, se aproveitando que havíamos nos aproximado:

- Alex! Uma pergunta!

- Até dez! - Ele respondeu, sorrindo, todo charmoso.

- Vocês se conhecem há tanto tempo e estão namorando há dois anos. Será que tem chances de um casamento num futuro não tão distante? - Ela quis saber e ele abriu a boca para responder, mas fui mais rápida:

- Quem sabe? Quer dizer, a gente não é só um casal de namorados. O Alex é o meu melhor amigo e, justamente por ter quase dez anos de amizade... Acho que se aparecesse a oportunidade de darmos um passo desse tamanho... Eu acho que iria aproveitá-la.

- E já tem planos para filhos?- Ela quis saber e nós dois rimos.

- A gente nem casou ainda e já começou a cobrança para os filhos? - Ele reclamou, se fingindo de chateado. - Mas eu não acharia ruim. - Falou, mais baixo e bati de leve no seu ombro. A repórter riu e, quando um segurança veio pedir para que continuássemos andando.

Assim que estávamos dentro do enorme salão com várias mesas redondas com toalhas brancas e decoradas com coisas douradas, mas de ótimo gosto. Quase todos os homens ali estavam de smoking, alguns com a gravata preta, como a do Alex, outros com gravata branca. E as mulheres estavam todas de vestido longo e exibiam as joias. Vendo minha reação, o Alex perguntou:

- O que foi?

- Muito luxo. - Respondi. Vi uma mulher com a maior pose de esnobe do universo inteiro conversando com um cara e olhava as outras convidadas de cima a baixo com desprezo. Respirei fundo e falei, a indicando: - Imagino o que ela faria se me visse com as roupas do dia-a-dia...

Riu e disse:

- Ela provavelmente acha Doctor Who hediondo.

- Não sabe o que está perdendo. - Resmunguei, estalando a língua. Um garçom passou por nós, oferecendo espumante e recusei, ao contrário do Alex. Assim que o rapaz se afastou, vi que o meu namorado fez uma careta e perguntei: - O que foi?

- Definitivamente uma das bebidas que eu mais odeio. Será que não tem whisky?

- Pode falar o que quiser, mas eu não acho que você deveria beber. Afinal de contas, eu sei que você não vai me deixar dirigir de volta...

- Eu acho que vou abrir uma exceção. - Respondeu, me surpreendendo.

- Ah é? - Perguntei, me aproximando dele. - Bom, neste caso, eu acho que hoje à noite alguém vai receber uma... Recompensa por ser tão bonzinho.

Respirou fundo e disse:

- Estamos em público, Luiza.

- E...? Não estou fazendo nada demais! - Respondi, sem querer parecer falsamente inocente. Me olhou e dei um estalo com a língua. - Eu vou ver se acho algum garçom que está servindo refrigerante. Já volto.

Fui andando pelo salão e procurando uma bandeja com, pelo menos, um copo de Coca-Cola, mas parecia que só havia bebidas alcoólicas ali. Bufei irritada e, quando estava quase desistindo, ouvi:

- Já está de saco cheio da festa?

Fechei os olhos, me controlando para não perder a pose e me virei para o Bill:

- Mas será o Benedito que você não me deixa em paz?

- Eu te deixei... A semana inteira, ou não percebeu?

Travei o maxilar e perguntei:

- O que você está fazendo aqui, afinal?

- Eu vim por causa do leilão... E eu tenho convite, antes que você me acuse de ser penetra.

Estreitei os olhos e ele comentou:

- A propósito... Gostei do vestido. Principalmente do decote.

Franzi as sobrancelhas, me esquecendo de um detalhe importante.

- O Alex quem comprou. - Respondi.

- Sério? Eu jurava que ele ia te obrigar a usar uma burca daquelas que têm só uma rede nos olhos...

A minha impaciência deve ter se refletido na minha expressão.

- Aliás... Eu estou curioso. Como ele sobreviveu depois de comprar o vestido para você? - Me provocou e falei:

- Talvez porque ele me conheça tempo o suficiente para saber como não arranjar confusão comigo...

- Imagino como ele conseguiu te dobrar... - Disse, me olhando fixamente. Só então, notei que as pessoas que passavam por nós estavam nos olhando de maneira estranha. Isso obviamente não o impediu de se aproximar mais de mim e se inclinar na minha direção. Aproximando a boca da minha orelha e apoiando a mão nas minhas costas, bem acima do final do decote, disse: - Acho que ele deve ter se esforçado e muito para conseguir o que eu não demorava nem cinco segundos para fazer.

Fechei as mãos em punho e respirei fundo.

- E, o que, exatamente, você acha que fazia em menos de cinco segundos?

Percebi que sorriu e enrijeci.

- Já que você perguntou... Eu não acho. Eu sei que, assim como está acontecendo agora, você está com o coração disparado. Estou sentindo que sua temperatura está aumentando. E que você está controlando a respiração justamente para não me deixar perceber que estou mexendo com você. Está tentando manter a pose de durona, não porque estamos num salão lotado de gente. Mas porque é teimosa. Não quer admitir que, só de eu estar tocando em você, é capaz de simplesmente jogar tudo para o alto e me agarrar.

Ergui a sobrancelha, fazendo a burrada de virar minha cabeça na sua direção. Meu olhar se fixou no seu e falei:

- Tem razão. Eu realmente estou louca de vontade...

Sorriu, triunfante e continuei:

-... De te atirar naquele chafariz lá fora. Baixa a sua bola que você não está com tudo isso, Kaulitz.

E, terminando de dizer isso, afastei sua mão e comecei a andar na direção do bar. Não continuei simplesmente porque ele me impediu. Segurou o meu pulso e me deu um senhor puxão que eu não sei como não caímos quando fui de encontro ao seu corpo.

- Só uma última coisa. - Disse. - Sou paciente até certo ponto. A hora em que eu encher o saco, pode apostar que não vai ser o Alex e nem ninguém quem vai me impedir de conseguir o que eu quero.

E me soltou. Em seguida, foi andando na direção de uma loira que mais parecia uma das coelhinhas da Playboy americana. Respirando fundo e tentando me manter calma, fui até o bar e pedi:

- Um whisky e uma dose caprichada de vodca.

O barman prontamente me atendeu e, logo que encontrei o Alex, entreguei o whisky para ele e tomei a vodca num único gole. Me olhando, perguntou:

- O que foi?

- Me deu vontade. - Respondi, sorrindo forçada.

A noite teria sido ótima não fosse o fato de que estávamos sentados à mesma mesa que o Bill e a sua... Acompanhante. Até mesmo um leigo podia dizer, com certeza, que ela era um silicone ambulante. Os peitos eram exagerados demais, com certeza tinha feito preenchimento labial e era óbvio que tingia (Ou melhor, descoloria) os cabelos. Sem falar no reboco que ela chamava de maquiagem. Um pouco antes de o leilão começar, a mulher com pose de esnobe que havia visto logo que entramos se aproximou do Alex e de mim. Perguntou:

- Alexander, posso pegar a sua namorada emprestada por um instante?

- Ah... Claro. Desde que ela esteja de volta antes de começarem...

- Fique tranquilo que ela vai. - Respondeu, me olhando e sorrindo com simpatia. Nem parecia que era a mesma pessoa de antes. Me levantei, sobre dois olhares atentos e segui a mulher, que descobri se chamar Beatrice. Me apresentou a um grupo de mulheres, de diferentes idades, e à medida que ia falando o nome de cada uma, me dizia de quem eram parentes. Ou mulheres. Uma das convidadas me olhou de cima a baixo com expressão de nojo e fingi que ela nem existia.

Já de volta à mesa, o Alex quis saber o que a Beatrice queria e falei:

- Quando a gente chegar em casa, eu te conto tudo.

Me sentei ao seu lado e imediatamente pegou na minha mão. Eu me recusava terminantemente a olhar para a esquerda.

Logo, o leilão começou e os primeiros lotes eram mais de obras de arte, como esculturas e pinturas. Quando eu já estava começando a perder a paciência, o leiloeiro avisou:

- Vamos abrir agora o lote quinze.

Eu já tinha me informado e sabia que dali para a frente, seriam joias de uma condessa logo nos primeiros lotes e sabia que eram um bocado. As primeiras a serem leiloadas eram bonitas, mas não faziam muito meu estilo. Porém...

- A próxima peça em leilão é uma pulseira de diamantes e platina. Tem um motivo estilizado como guirlanda, centrando quatro diamantes antigos com corte europeu de aproximadamente 1,75 quilates...

Continuou falando dos quilates, dos detalhes minúsculos e me interessou de verdade quando falou que a pulseira tinha sido feita por volta de 1.905. Começaram os lances e, quando o Alex notou que eu estava entusiasmada, fez um lance. Falei baixo para que só ele ouvisse:

- Se ultrapassar £ 15.000, você deixa para lá.

Sorriu e sabia que não ia sossegar até arrematar a bendita. Outras pessoas fizeram lance e, quando o leiloeiro estava prestes a bater o martelo, pela visão periférica, vi a mão do Bill se erguer. Filho da mãe! Ah, se ele ia arrematar aquela pulseira para aquela coelhinha de playboy inflada...

O Alex pareceu ter lido meus pensamentos e ergueu o braço de novo. O Bill simplesmente deu um sorriso convencido e ofereceu um valor realmente... Inesperado:

- £ 100.000.

O leiloeiro quase teve um treco. Houve aquele silêncio em que ninguém mais ousou fazer qualquer lance e, depois de fazer o clássico anúncio... Bateu o martelo. Não consegui esconder que estava amuada. Por fim, o Alex conseguiu arrematar um broche de sapinho, de brilhantes, e um anel.

- Eu sei que você queria a pulseira, mas... - Ele disse, depois que o Bill se levantou e a coelhinha foi ao banheiro. - Se quiser, peço uma cópia da foto e mando fazer para você.

Dei um sorriso fraco e seu celular começou a tocar. Teve de ir atender e, quando fiquei sozinha por um instante, passei o dedo pela borda do meu copo de Coca-Cola (O Alex havia conseguido um garçom que, de tempos em tempos, vinha colocar o refrigerante para mim) e notei que alguém ocupou a cadeira vazia do meu namorado. Me virei para avisar que já tinha uma pessoa sentada ali quando vi quem era.

- O que você quer? - Perguntei, começando a ficar realmente irritada.

- Ele te deixou sozinha, então é a oportunidade perfeita.

Franzi as sobrancelhas e ele só esticou a mão para mim. Vendo que eu não ia aceitar, disse:

- Uma única dança, vai... Aproveita que eu estou disposto.

Suspirei e me levantei da mesa, mas sem pegar na sua mão. Fui andando sozinha até a pista de dança, sabendo que ele estava me seguindo. Justamente quando me virei de frente para ele, começou a tocar uma música lenta e tentei não esboçar qualquer reação; Falhei miseravelmente.

- Eu vou me comportar, prometo. - Disse, com a boca próxima ao meu ouvido. Travei o maxilar e, logo, senti que, de novo, pôs a mão nas minhas costas enquanto segurava a outra. Começamos a dançar e eu tentava me manter impassível ao máximo. Para minha sorte, ele não tentava fazer nada além do necessário e sequer tentava puxar conversa.

Amoleci um pouco quando me rodopiou e não consegui segurar a risada, ainda mais que ele fez graça, estufando o peito e assumindo uma pose de convencido.

- Bobo. - Resmunguei e ele riu. Dali a alguns instantes, falou:

- Lembrei daquele baile de máscaras que a gente foi.

Engoli em seco e ele continuou:

- Você praticamente me arrastou para dançar com você.

Ergui o olhar para ele.

- Você dançou comigo por quase duas horas. - Falei.

- Pois é. E eu lembro que você disse que não estava com o pé doendo.

- Não estava. Depois que comecei a usar mais saltos por causa do bar... Acabei acostumando. Quer dizer, não sou que nem a Nicola, que vai até o mercadinho da esquina de salto. Deixo para só usar no trabalho e, mesmo assim, não é sempre, e... Em festas como essa.

Assentiu lentamente.

- Arrematou a pulseira para a coelhinha, foi? - Perguntei, antes que pudesse me controlar. Ergueu a sobrancelha, dando um meio sorriso e devolveu a pergunta:

- E se foi?

- Pegou cem mil libras esterlinas e jogou no lixo, se quiser saber!

- Sabe o que eu estou achando? Você está se roendo de ciúmes dela. Ou realmente achou que não ia notar que estava evitando me olhar de propósito?

Dei um estalo com a língua, tentando me afastar dele, que me segurou firme.

- E agindo desse jeito, só comprova o que eu estou falando.

- Ai, Kaulitz! - Resmunguei e ele riu.

- Bem clichê, mas... Sabia que você fica ainda mais... Irresistível brava desse jeito?

- Continua assim que eu já me decido entre te empurrar, pisar no seu pé ou uma joelhada caprichada em... Um determinado lugar.

Gargalhou e atraiu a atenção de algumas pessoas.

- Sabe que, conforme a força da joelhada, você pode não... Aproveitar completamente, não é?

Grunhi e falei:

- Eu te odeio!

Se inclinou na minha direção mais uma vez e, com a boca realmente perto da minha orelha, falou:

- E eu ainda te amo.

Controlei a respiração e, quando aquela porcaria de música finalmente acabou, ele me soltou e pude ir atrás do Alex. Assim que o encontrei, começou a perguntar o que havia de errado, mas o interrompi no meio do caminho, roubando aquele beijo.

- Vamos para a casa? Essa festa já deu o que tinha que dar e eu quero logo ficar sozinha com você. - Falei, quando nos separamos.

Antes de irmos, ele foi pagar e buscar as joias que havia comprado para mim e a coelhinha aproveitou a oportunidade para vir falar comigo:

- Só um conselho: Se eu fosse você, terminava com o Alex enquanto ainda é tempo. Vocês formam um casal legal, mas... Eu vi você dançando com o Bill. É diferente.

- Diferente como?

- Ah... Para ser mais explícita, além de a atração entre vocês ser quase palpável, dava para ver que o jeito que ele te olha é diferente. O Alex parece que está olhando para a irmã dele. Já o Bill... A hora que ele te viu, com esse vestido e o decote... Faltou muito pouco para ele ligar o foda-se e ir correndo até você.

Ela realmente conseguiu me dar algo em que pensar.

Durante todo o caminho de volta para a casa, a minha no caso, eu fiquei quieta e pensativa. O Alex, claro, percebeu e quis saber o que tinha acontecido. Neguei com a cabeça e, dizendo a primeira coisa que me veio à mente, menti:

- Estava pensando é no que eu vou fazer com você assim que chegarmos em casa...

Sorriu malicioso.

No meio da noite, eu não conseguia simplesmente dormir. Então, fiz uma xícara de chá de camomila e fui para a área aberta da cobertura. Fiquei ali um tempo, só pensando e observando o céu mudar de um azul-escuro para clarear até ficar cor-de-rosa. Logo, vi as luzes se acenderem na casa das meninas e, me levantando da espreguiçadeira, fui até uma lanterna em formato de TARDIS que o Alex havia me dado. Acendi a lâmpada que havia ali e voltei para dentro do apartamento.

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