quarta-feira, 27 de novembro de 2013

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 10º capítulo


Meus lábios estão secos, mas que precisa de uma bebida? (Cherry cola)
Sim, eu gosto de lamber os seus lábios quando estão rosa (cherry cola)
Sim, eu me delicio com seus beijos de açúcar (cherry cola)
OOh, eu sou um viciado e você é uma das minhas fixações (cherry cola)

(McFly - Cherry Cola)

Bill

No final das contas, a proposta do J.J. era a de as meninas ajudarem na promoção de uma boate que ia abrir. Elas, claro, aceitaram na mesma hora, apesar de eu ter percebido que a Luiza hesitou um pouco. Depois que todo mundo foi embora, fui até seu quarto e bati na porta.

          - Posso entrar? - Perguntei, ao vê-la tirando as sandálias que usava. Assentiu e sentei sobre sua cama, bem ao seu lado. - É impressão minha ou você não estava tão animada assim com a ideia de fazer a promoção?

          - Foi um custo até mesmo para o Stephen conseguir me convencer a ir tirar as fotos para o site do “The Coyote”... A Nadine, como você viu, é fácil de aceitar o convite para sessões de fotos. Nicola também.

          - Você não gosta?

Franziu o nariz, negando com a cabeça. 


          - Apesar do meu jeito espalhafatoso, prefiro a discrição. Detestava quando saía em Londres e tinha paparazzi à espreita. Não brigava e sempre era educada, mas ainda sim...

          - Você sabe que, por estar casada comigo, sua privacidade vai ser minada, não é?

Assentiu.

          - Bom... vou te deixar dormir. Até amanhã. - Falei, me levantando da sua cama e, por um instante, tive vontade de ir até lá e dar um beijo de boa noite. Mas me controlei.

Outra semana havia se passado e, durante dois dias, sumiu, sem dizer nada. E sempre arrastava a Claire com ela. Quando finalmente aparecia, era tarde da noite. O mais surpreendente era que, quando chegava em casa, estava sóbria. O que significava que não ia à boates. O que era bom, se for parar para pensar. Tentava descobrir aonde ela ia, não me contava de jeito nenhum e quase discutíamos.

A noite de domingo, provavelmente foi uma das piores. Para variar, tinha brigado com a minha mulher e estava numa das boates mais badaladas de Los Angeles, tive inúmeros pensamentos e não pude deixar de comparar a Lydia à Luiza. Quer dizer, as duas eram totalmente opostas. Uma tinha me levado ao fundo do poço, mudando completamente a minha vida em um buraco negro, que parecia sugar tudo que havia de melhor em mim. Tinha me transformado em alguém que eu não era. Sempre estava me sentindo desanimado para tudo, não querendo nem sorrir e, por um bom tempo, nem sair do quarto. E em contrapartida, a outra fazia o oposto: Por mais que tivessem as brigas, ela conseguia, aos poucos, trazer o antigo Bill de volta. Desde o primeiro instante, conseguia me sentir mais vivo do que nunca. Até mesmo mais do que quando eu comecei a namorar a Lydia. Muitas vezes, ficava pensando em como reagiria caso a visse de novo.

Tinha acabado de tomar mais um copo de uísque quando dei uma olhada geral no lugar: A maioria ali estava dançando e, suspeito que uma boa parcela, sob efeito de alguma droga. Aqui e ali tinham casais quase transando sem o menor pudor, se aproveitando da iluminação fraca daquele lugar. Estava resolvendo se ia ou não ao bar pedir mais uma dose de uísque quando a vi. De início, achei que era uma alucinação ou qualquer coisa do gênero. Mas não. Ela estava ali. Usando um vestido vermelho, em contraste com a pele branca e os cabelos escuros, longos e lisos. Pisquei algumas vezes para ver se aquilo era real e finalmente vi que não era a Luiza. Não podia ser. Mas que a garota era assustadoramente parecida com ela... Até a boca era carnuda e parecida!

          Percebeu que eu estava a olhando e deu um meio sorriso. Talvez por causa da bebida, acabei não tendo muita consciência do que estava fazendo. Me ajeitei no sofá em que estava sentado e ela, depois de pegar o drink, veio andando até onde eu estava. Perguntou:

          - Não te ensinaram que é falta de educação ficar encarando os outros?

          - Não estava te encarando.

          - Ah não?

Neguei com a cabeça.

          - Diria que estava te admirando.

Sorriu, tímida, igualzinho à Luiza. Porra. Tinha que parar de ficar pensando nela.

          - Eliza.

          - Bill.

          - E então... Está sozinho?

Assenti.

          - E você?

Deu de ombros.

          - Vim com as minhas amigas, mas elas sumiram.

Sorri.

E no instante seguinte, já estávamos entrando no banheiro e as poucas meninas que estavam ali iam saindo para nos dar privacidade. Beijei a sua boca e, por melhor que ela beijasse, ainda sim, parecia que tinha algo que não era certo. Insisti, mesmo assim, e retribuía. Seus dedos se entrelaçavam nos meus cabelos, o puxando com a intensidade perfeita e eu apertava suas coxas com a mesma força, conseguindo alguns gemidos como resposta. Assim que nos separamos para tentarmos respirar um pouco, me propôs:

           - Escuta... Eu sei que você não vai querer, provavelmente, mas e se a gente fosse para outro lugar?

Pouco tempo depois, acabei indo com ela até sua casa, que ficava em Malibu. Era uma mansão mesmo, com vista para o Pacífico. Assim que terminou de trancar a porta, perguntou:

          - Posso te oferecer alguma coisa?

          - Pode ser água.

Concordou, indo até a cozinha e, depois que me deu o copo, indicou dois sofás que tinham ali e me sentei em um. E ficou ao meu lado, me observando.

          - O que foi?

          - Nada. Estava só... Reparando no quanto você é bonito.

          - Obrigada, mas eu discordo. - Respondi, sorrindo. - Me acho um cara comum.

Retribuiu o sorriso e se aproximou mais de mim. Quando vi, estava me beijando e quase subindo no meu colo. Depois de alguns minutos, aprofundei o beijo e entrelacei meus dedos nos seus cabelos, puxando sua cabeça um pouco para trás, mas sem realmente usar a força. Abandonei sua boca para partir em direção ao pescoço e, quando inspirei, senti o cheiro estranhamente familiar do seu perfume. Era floral e conseguia sentir, bem no fundo, o cheiro de jasmim. Não conseguia lembrar de onde, mas tinha certeza que já tinha sentido aquele perfume em algum lugar...

Quando dei por mim, estava só com a minha calça e o vestido dela estava jogado em um canto qualquer. Aos poucos, ela foi desacelerando o beijo até conseguir se separar da minha boca, indo na direção do meu pescoço, descendo pelo peito, não deixando nenhum milímetro passar intocado e a barriga. Àquelas alturas, não via a hora em que finalmente poderia me ver livre da jeans que eu estava usando e poder finalmente acabar com a abstinência em que estava. Começou a me arranhar muito de leve e, percebendo o que ia fazer, tombei a cabeça para trás, fechando os olhos e aproveitando cada sensação que tinha. Lentamente, senti seus dedos ágeis abrindo o botão e descendo o zíper da minha calça. Em seguida, deu um jeito de puxar o jeans para baixo, levando a minha boxer junto. Assim que senti seus dedos longos envolvendo meu pênis e começando a me masturbar lentamente. Conforme ia aumentando a velocidade com que movia sua mão, minha respiração ia ficando cada vez mais acelerada e pesada. Quando a situação começou a ficar insuportável, senti sua boca macia e morna cobrindo, primeiro a glande e depois, quase tudo. Senti sua língua deslizando lentamente por toda a extensão e, sempre que chegava no final, sugava. Estava quase no meu limite quando, de repente, ela parou. Me endireitei, a fixando e perguntou:

          - Do que você me chamou?

          - De nada. Devo ter gemido...

          - E quem é Luiza?

Estranhei.

          - Eu falei Luiza?

          - Falou. - Respondeu, com cara de poucos amigos. - Quem é ela?

Respirei fundo e passei as mãos no rosto.

          - Ela... É a minha mulher.

A Eliza ergueu as sobrancelhas em surpresa e se levantou.

          - Você é casado? Ai, meu Deus!

          - O casamento é só de fachada. - Tentei explicar e ela disse, começando a juntar as roupas:

          - Não interessa! Sai já da minha casa! E eu sinceramente espero que sua mulher te devolva na mesma moeda!

Me recompus e fui embora, quase apanhando dela.

Na volta para a casa, caiu a ficha do que eu estava prestes a fazer. Mas o pior disso tudo não foi só o fato de ter quase transado com aquela menina e sim, por ter gemido o nome da Luiza. Não conseguia entender o motivo daquilo. Quer dizer, até poderia ser porque já tinha pensado nela em algumas situações bem... Enfim. Nada que não fosse tão fora do comum, ainda mais para um homem. E eu supostamente a tolerava. Não era para ficar pensando aquelas coisas.

Parei em um sinal, tão logo entrei na Sunset Boulevard e fiquei pensando naquilo. E inevitavelmente, me surgiu uma curiosidade de descobrir se a Luiza seria tão boa quanto a Eliza. Foi então que percebi que, apesar de tudo, não foi tão bom assim. À parte a bebedeira, mas a mesma sensação que tive quando a beijei foi a mesma de quando ela fez oral em mim.

Assim que cheguei em casa, fui direto para o estúdio. Fiquei por um bom tempo ali, só pensando em tudo o que tinha acontecido. Eu simplesmente não conseguia entender por que diabos fui gemer o nome da Luiza. Dei uma olhada rápida no horário e o relógio do celular marcava quatro e quinze da manhã. Suspirei e fui até a cozinha, indo tomar um copo de água. Encarei a vista que tinha de Los Angeles e fiquei pensando em várias coisas. Minha mente divagou tanto que, quando vi, imaginava a Luiza no lugar da garota da boate, ajoelhada no chão, sem roupa nenhuma e eu, sentado no sofá, recebendo o melhor oral da minha vida. Percebendo que a situação não estava nem um pouco favorável para mim, decidi voltar ao estúdio. Quando entrei lá, não resisti e acabei indo até o banheiro que tinha ali. Depois, fui para o quarto, tomei um banho e só então fui dormir.

No dia seguinte, quando acordei, a Luiza estava na cozinha, fazendo algo que soltava muito vapor. Me olhou rapidamente e, sem qualquer aviso, se aproximou, fazendo com que eu me virasse de frente para ela. Segurou meu queixo e perguntou:

          - Por que você está com essa cara de mal comido com ressaca?

Justamente por estar sem um pingo de paciência, com a cabeça doendo e mal conseguindo me manter de pé, falei:

          - Porque é exatamente assim que eu estou: De ressaca e mal comido. Cheguei até a ir para a casa de uma garota ontem, mas não saiu como esperado.

          - Que foi? Não deu conta do recado? - Perguntou enquanto pegava uma xícara para mim. - Ah, que é isso, Kaulitz! Um... Rockstar mal acostumado como você, dividindo a cama com todo tipo de groupies...

          - Você quer mesmo arranjar briga comigo, é isso? - Questionei, já irritado. - Justo hoje, que estou com uma ressaca daquelas, com a cabeça quase estourando e...

          -... E broxou com a menina.

Olhei feio para ela, que fingiu nem notar. Se virou de costas e falei:

          - Engraçado você cismar com quem eu transo ou deixo de transar. Afinal de contas, pelo que entendi, esse era um casamento aberto...

Continuei falando e não percebi que havia alguma coisa de errado até que notei um movimento seu, indicando que estava vacilando.

          - Luiza? - Chamei e ela abaixou a cabeça, se agarrando à beirada do balcão. Rapidamente, me levantei e fui até ela. Justo quando consegui segurá-la, senti que amoleceu e, não fosse justamente eu ter chegado na hora, teria caído no chão. Assim que a coloquei sobre o sofá (Já que a sala era a mais próxima), já estava indo buscar o telefone quando a ouvi me chamar. A olhei e, me ajoelhando no chão e na sua frente, percebi o quanto estava pálida. Era realmente assustador.

          - Só... Me arruma uma coisa bem doce, para ajudar a subir minha glicose. E um copo de água também, por favor.

Imediatamente, fui até a cozinha e comecei a revirar os armários atrás de uma bala que fosse. Assim que finalmente encontrei, fui atrás do copo de água e, quando voltei para a sala, notei que ela suava frio.

          - O que aconteceu?- Perguntei, ainda preocupado.

          - Queda de pressão, só isso. - Respondeu, depois de tomar metade da água. - Obrigada.

          - Se quiser, te levo no hospital.

          - Kaulitz, é sério. Estou bem.

          - Já se olhou no espelho? Luiza, você está pálida. Sua boca está branca!

Me olhou e pegou a bala. Passado algum tempo, foi ficando menos pálida, mas ainda sim, não deixei de me preocupar com ela.

          - Não falhei com a menina. - Admiti.

          - Não?

          - Não.

          - E o que você fez então?

          - Uma besteira. E quase faço outra. Me desculpe. Não seria nem um pouco... Respeitoso fazer uma coisa dessas com você.

De repente, pôs sua mão sobre a minha e, me olhando, disse:

          - Não faz mais, por favor.

Assenti. Ela já tinha recuperado boa parte da cor, o que me tranquilizou um pouco mais.

Depois de um tempo, quando estava ligando para Claire, avisando que não iríamos ao estúdio, a Luiza apareceu ao meu lado, tentando tomar o telefone e, por fim, conseguiu e avisou que iríamos, de um jeito ou de outro.

Quando vi, já estávamos lá e ela, como sempre, comendo alguma coisa. Naquele momento, era uma fatia (Sem falar nas duas taças de doce que estavam no frigobar - Sim, eu estava em choque por isso) de cheesecake de maracujá. Aliás, outra coisa que realmente estava surpreso era com a paixão dela por certas coisas, como o próprio maracujá. Inevitavelmente, lembrei que era uma das frutas que a Lydia mais odiava. Achava azeda demais. Preferia as frutas mais doces.

Depois de alguns minutos, logo que acabou a fatia de cheesecake, tirou, sabe-se lá de onde, um pacote de M&M’s. Olhei para ela, que nem pareceu perceber. Só para provoca-la, falei:

          - Uma vez li uma coisa interessante sobre o jeito que as mulheres comem...

Continuou a comer os confeitos, como se eu não tivesse dito nada.

          - Dizia que bastava prestar atenção ao jeito que a mulher come para saber como ela é na cama. E eu tenho que dizer que, prestando atenção em você, concluí uma coisa.

Finalmente me olhou, inexpressiva.

          - Você é indecifrável.

Sorriu.

          - Por quê?

          - Comida normal... Você come normalmente, sem voracidade nenhuma. E parece que estou almoçando com alguém como... Uma princesa.

Arqueou a sobrancelha.

          - É sério.

          - É? Me leva para comer um pastel ou um hambúrguer para ver a princesa Fiona...

Ri e continuei:

          - Em compensação... Você é realmente gulosa quando come algum doce. Estava pensando o que aconteceria se, por um acaso...

Estiquei minha mão até o pacote dos M&M’s. Ficou me olhando.

          - Não vai fazer nada? - Perguntei.

          - Eu deveria?

          - Não sei... Tinha a impressão que você ia arrancar minha mão às dentadas.

          - Kaulitz, você realmente acha que ia fazer isso por causa de alguns M&M’s?

          - Como eu já te falei... Nunca sei o que esperar de você. Não sei do que vai ser capaz.

De repente, segurou meu pulso, virando minha mão para cima e pegou o pacote, virando-o e despejando um bocado de confeitos na minha palma.

          - Acho que isso é ainda mais surpreendente que as dentadas. - Falei e ela riu.

          - As dentadas só virão se você tomar alguma coisa. Ou se você se recusar a me dar um doce.

A olhei, tentando entender aquilo e falhando miseravelmente.

Mais tarde, quando estava na casa do Tom, com o Georg e o Gustav, estávamos os quatro conversando e tomando cerveja, sendo que eu era o único que não fumava ali. O assunto, claro, era a Luiza. Especificamente sobre seus sumiços:

          - Mas será mesmo que ela está aprontando alguma? - O Tom perguntou.

          - E por que não? - Devolvi. - Posso esperar qualquer coisa da Luiza.

          - E se você a seguisse um dia? - O Gustav sugeriu e olhei para ele.

          - A Luiza tem todo o jeito de ser barraqueira. E a última coisa que eu preciso é que ela dê um escândalo daqueles.

Os três ficaram quietos.

          - Será que ela não descobriu sobre aquela história de você ligar na empresa do tal Ireland? - O Georg perguntou e falei:

          - Acho que não... Se tivesse, já teria armado a maior confusão. E ela está quieta.

          - Vai ver é justamente isso. Está quieta porque está armando o bote. - Meu irmão disse e olhei para ele.

          - Será?

          - Ela parece ser desse tipo. - Ele respondeu. - Se eu fosse você... Ia me preparando para o pior.

Suspirei antes de tomar mais um gole de cerveja.

          - Ela me impôs uma condição para ir àquela festa de outro dia.

          - Aquela que tivemos uma amostra grátis do que faz no pub? - O Tom quis saber e assenti.

          - E que condição é essa? - O Georg perguntou.

          - Que a gente volte com a banda. - Falei. Houve um silêncio desconfortável e foi justamente o Listing quem falou primeiro:

          - Gostei mais ainda dela.

Eu, o Tom e o Gustav olhamos para ele em perfeita sincronia.

          - Quê? Vai dizer que vocês dois - Indicou meu irmão e o nosso amigo. - também não pensam isso?

          - Sem ofensa Bill, mas ainda não consegui confiar cem por cento nela. - O Gustav disse.

          - Só por que ela se casou comigo durante uma bebedeira?

          - É. Também. Mas o que te garante que, depois que esse prazo do juiz acabar, ela não vai te deixar com uma mão na frente e outra atrás?

          - Talvez por que até hoje ela só me deixa pagar por comida? - Perguntei. - Quase apanhei quando comprei aquele vestido da festa.

          - Sério? - Meu irmão perguntou, achando graça e assenti.  - E veja pelo lado positivo... Se ela te deixa só pagar pela comida, então não gasta nada!

Ri fraco e o Georg perguntou:

          - Ela come, falando nisso? Lembro de ver é a Sorrisinho comendo e parece que nunca viu comida na vida...

          - Sorrisinho? - Indaguei.

          - É, aquela que o Tom tinha gostado. - Ele respondeu. - Esqueci o nome dela agora.

          - Nadine. - Falei e ele assentiu. O Tom mandou o dedo do meio para o Georg e claro que a oportunidade era boa demais para ser desperdiçada...

          - Com a voracidade que ela come... Acho que se você for para a cama com ela, não vai se arrepender... - O Georg o provocou.

Fiz uma careta e eles perceberam.

          - O que foi? - O meu irmão quis saber.

          - Estava provocando a Luiza com isso hoje mesmo.

          - E aí? A informação procede?  - O Tom quis saber e falei, amargurado:

          - Quem deve saber é o Ireland.

          - Tá de sacanagem! - Ele respondeu e assenti.

          - Estou falando sério. Até hoje nada.

          - Você é o único entre nós quatro que está casado e pode muito bem transar quando quiser. - O meu irmão disse, com sua sutileza de sempre.

          - É verdade. - O Georg concordou e suspirei.

          - E você? - Perguntei para o Gustav. - Não vai falar nada?

          - Eu não. Você que se resolva com a Luiza antes de ficar irritante por causa da abstinência.

          - Agora falando sério... - O Georg disse. - O que está acontecendo?

          - Nada! E é ela quem não quer.

          - E pelo visto você também não. - O Tom me provocou e, além de dar aquela olhada feia na sua direção, mandei o dedo do meio para ele. - Nem vem que, se quisesse mesmo, já teria pegado a Luiza.

          - E o que você me sugere que eu faça? - Perguntei, ficando irritado, e ele respondeu, quase imediatamente:

          - Vocês não se casaram depois de uma bebedeira? - Assenti. - Então. O que te impede de se usar desse artifício para transar com ela?

          - Você realmente está me sugerindo de embebedar a Luiza só para transar com ela?

          - E qual é o problema? - Perguntou. - Ela é sua mulher e você tem todo o direito.

          - Mas eu não quero que seja desse jeito!

Suspiramos ao mesmo tempo e o Georg perguntou:

          - Se quiser, posso intervir.

Olhei para ele.

          - Como?

          - Confia em mim?

          - Claro que confio. O problema é o que você vai fazer. - Respondi e ele, sorrindo, disse:

          - Pode ficar tranquilo. Se tudo sair conforme o planejado, o Ireland vai ficar sozinho e a Luiza não sai mais do seu lado.

          - Georg, o que você está pensando em fazer? - Insisti e logo desconversou. 

Mais tarde, quando cheguei em casa, a Luiza já estava lá e, assim que parei na porta do seu closet, vi que havia um gato ali.

          - Que gato é esse? - Perguntei, me aproximando dela.

          - Gata. É minha. - Respondeu. - Estava em Londres e as meninas trouxeram para cá.

          - Tem nome?

          - Claro que tem. Vivi.

Olhei para a felina, que estava me observando daquele jeito típico, que te faz pensar que, a qualquer minuto, vai dar o bote.

          - É mansa?

Deu de ombros e disse:

          - Tira a prova...

          - Ela é uma fera. Por isso está me dizendo isso. - Falei e ela deu um meio sorriso.

          - Ah, Kaulitz... Que vergonha! Com medo de gato?

          - Justamente por existirem gatos arredios que é para ter medo.

Suspirou e me puxou pelo braço até a gata. Segurando meu pulso, segurou minha mão a poucos centímetros da gata, que farejou. Depois de alguns poucos segundos, começou a me lamber e tive o impulso de retrair minha mão ao sentir sua língua áspera. Quando a Luiza me soltou, perguntou:

          - Acabou o mundo?

A olhei, impaciente e ela sorriu, indo guardar uma caixa na parte onde estavam seus sapatos.

          - O que tem aí dentro?

          - Aquela planta que inibe os desejos dos padres. Experimenta olhar aqui dentro para ver se não faço um chá e você toma sem saber...

          - E o que te garante que vai dar certo?

          - Justamente porque posso colocar em qualquer bebida. - Respondeu. - Anda. Vai para o quarto que já acabei por aqui.

Pegou a gata nos braços e saiu.

          - Anda, Kaulitz!

Continuei onde estava. Ela pôs a gata sobre a cama e veio andando na minha direção. Parou atrás de mim e tentou me empurrar, sem sucesso, já que fiz corpo pesado. A ouvi grunhir e ri.

          - Estou perdendo minha paciência. Anda! - Disse e continuei não me mexendo. De repente, me deu um tapa na bunda e perguntei:

          - Que liberdade é essa?

          - Você é meu marido. Se quiser, te amarro na cama e te dou quantos quiser.

          - Quem diria que você tem um lado sádico...

          - Lado esse que você vai se arrepender de conhecer se não andar logo! Vai, praga!

Quando a senti se virando de costas para mim, numa tentativa de me empurrar, a tentação foi irresistível e me afastei, fazendo com que ela caísse no chão. Ao ouvir o baque, a gata se endireitou, tentando descobrir o que estava acontecendo. Então, tudo aconteceu muito rápido: Quando me virei para ver se a Luiza estava bem, ela pulou em cima de mim e me derrubou no chão.

          - Vai se arrepender disso! - Falou, antes de começar a me bater. Consegui segurar seus pulsos e inverti as posições, a deixando por baixo de mim. Segurei os braços acima da sua cabeça com uma das mãos, além de prender suas pernas com as minhas.

          - O que tem naquela caixa? - Perguntei e ela se debatia.

          - Não vou falar! - Gritou e avaliei as possibilidades. Eu era maior e estava por cima. Até que ela se levantasse e me alcançasse, tinha uma vantagem. Só que, enquanto eu estava distraído, ela se aproveitou da oportunidade e, quando vi, conseguiu erguer o rosto e beijava a minha bochecha, começando a traçar uma trilha pelo meu maxilar. Aos poucos, fui virando a cabeça e, quando minha boca mal encostava na dela, segurei seu rosto com a mão livre e falei:

          - Eu sei o que está tentando fazer. E não vai funcionar.

          - Tem certeza? - Perguntou, dando um meio sorriso. Nunca tive a chance de descobrir, já que o maldito do telefone tocou e tive de ir atender.

No dia seguinte, porém, na volta do estúdio, ligou seu mp3 no rádio e o carro era invadido pela música de John Mayer. A Luiza estava quieta e olhando pela janela. Puxei conversa, aproveitando que havíamos parado em um sinal:

          - Eu realmente espero que essa não tenha sido trilha sonora para nenhum momento especial seu.

Desviou o olhar para mim e disse:

          - Até que não. Para falar a verdade, nunca aconteceu com músicas românticas.

          - Sério?

Assentiu.

          - Numa das últimas vezes, foi Van Halen. Nada romântico.

Ela provavelmente sabia que aquilo ia despertar a minha curiosidade e talvez por isso, respondeu:

          - Era no rádio, durante um programa de músicas antigas.

          - Jump?

Assentiu, rindo fraco em seguida.

          - O que foi?

          - Nada, estava só... Lembrando de uma coisa aqui. Teve um dia que inventamos de ir à um daqueles bares de karaokê e o namorado da Nicola escolheu justamente essa. Fez caras e bocas...

          - A Nicola tem namorado?

          - Tem. Se chama Charlie. Os dois já estavam juntos quando os conheci.

          - E a Nadine?

          - Bom, éramos duas lobas solitárias até irmos à Las Vegas.

Sorri e depois de um tempo, chegamos. Aproveitando a chance que tive, falei:

          - Engraçado, porque eu achei que, assim que as suas coisas chegassem de Londres, a primeira coisa que você ia fazer seria pular na piscina...

Parou por um instante e disse:

          - Boa lembrança... E se você se comportar...

Sorri e cada um foi para o quarto. Depois que coloquei a sunga, fui até a piscina e a Luiza ainda não tinha aparecido. Entrei na água e mergulhei. Quando emergi, vi que ela já estava ali e cruzou os braços, ao notar que eu estava a olhando.

          - Se afasta um pouco, por favor. Tem uma coisa que quero fazer desde que vi essa piscina pela primeira vez.

Fiz o que pediu e, em seguida, tomou distância e pulou na água. Essa era definitivamente uma das coisas que eu aprendi a gostar nela: O jeito meio de criança.

Assim que emergiu, a observei e veio até onde eu estava. Parando a poucos centímetros de mim, disse:

          - Ótima ideia, eu tenho que reconhecer.

Sorri fraco e claro que não demorou muito para que começássemos uma guerra de água e, decidindo provoca-la um pouco, num dado momento, fingi que havia entrado algo no meu olho e gemi, como se estivesse sentindo dor. Claro que ela caiu e ficou morrendo de preocupação. Até senti uma pontada de pena. Mas quase imediatamente, ela entendeu o que tinha feito e começou a bater no meu braço, me xingando. E eu só conseguia rir.

          - Ai que ódio! Deveria ter suspeitado logo de cara! - Resmungou e continuei rindo. - Vai ter troco quando você menos esperar, entendeu, peste? - Me deu um último tapa e justiça fosse feita: Vê-la irritada daquele jeito era engraçadinho.

Passados alguns minutos, ficamos sentados nas espreguiçadeira, só aproveitado a vista. Perguntei:

          - Qual era a coisa que você mais gostava de fazer quando trabalhava no bar?

Parou para pensar e disse:

          - Definitivamente... Os malabarismos com garrafas. Justamente por causa falta de prática, o Stephen fazia a gente treinar com as que estavam vazias e não tinham tanta importância se quebrávamos. Quer dizer, ele também enchia com água, para ficar com o peso ideal. Só depois que a gente terminava com praticamente todas as garrafas vazias - Ela ria e eu a acompanhava. - é que podíamos nos arriscar. Afora isso... Era servindo da maneira tradicional.

          - Eu jurava que era dançar sobre o balcão. Pelo menos pareceu na festa...

          - Então... Até gosto, mas sei lá. Até hoje tenho um pouco de vergonha.

          - Se fosse dançar daquele jeito só para mim, não me importaria nem um pouco...

Me olhou, arqueando a sobrancelha e disse:

          - Se tudo tivesse acontecido de outro jeito... Ia pedir para o Stephen emprestar o bar num dia que não funcionasse. Aí sim, você ia ter esse... Desejo realizado.

          - E o que te impede de realizar enquanto a gente ainda tem tempo?

Manteve seu olhar fixo em mim.

          - Muito mais do que uma aposta que pode ferrar com as nossas vidas, independente de quem ganhe. Apesar de saber que, assim que eu tiver de voltar para a Europa, já vai ser difícil para nós dois, o estrago vai ser menor se não existir nenhum outro tipo de relacionamento entre nós. Quer dizer, além do casamento de fachada.

          - Não acredito! Você está sendo pessimista?

Deu um estalo com a língua, me fazendo rir.

          - Acha que é assim, você se casa comigo em Las Vegas, passa um ano inteiro morando debaixo do meu teto, me obriga a voltar com a minha banda e vai simplesmente sumir no mundo? Não, senhora. Não quero e nem vou deixar isso acontecer.

Me olhava, curiosa.

          - Estou pagando para ver. - Disse.

          - Desafio aceito então. - Falei.


Um comentário:

  1. Se o Bill tivesse continuado, juro que entrava nessa fic e batia nele e na periguete. Bom que ela tem consciência e parou... Que coisa feia, Bill.
    Que isso sirva para vc ver que já está apaixonado pela Luiza sem saber. Mas espero realmente, que ela te dê um chá de cansaço só por causa disso.
    E não, o Bill não pode deixar ela ir embora depois que esse um ano passar. Eles tem que continuar casados e com filhos e a Vivi para sempre e sempre! <3

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