quarta-feira, 25 de maio de 2016

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 21º capítulo - Interativa









Porque eu e você somos superiores a isso
Oh, vou estar lá de braços abertos, yeah
Ooh, eles podem tentar nos separar
Vou brigar contra eles, vou proteger o seu coração
Sim, podemos brigar juntos, não podemos ser destruídos

(Cher Lloyd - Bind your love)



Já estávamos quase no fim do mês e eu nem tinha visto o , que passara esse tempo inteiro viajando de uma cidade à outra e nenhuma era na Inglaterra; Quase todas eram do outro lado do oceano. Eu já tinha quase tudo pronto para o casamento, graças à um cerimonialista que a contratou de surpresa (E que eu consegui convencê-lo - Com uma mãozinha financeira, inclusive - a não falar nada do que estava fazendo) e aquilo foi realmente uma mão na roda. Ele cuidou de praticamente tudo o que ainda faltava e, no final das contas, pude relaxar um pouco. Ainda mais que não demorou muito para a sentir falta do filho e ir viajar atrás do . Ou seja? Eu ia ser uma das noivas mais relaxadas de todas.

No entanto, quem estava acabando com o meu sossego... Era o . Primeiro que, toda santa vez que a Seren estava no mesmo ambiente que nós, ele ficava de agarramento com ela. Até mesmo durante o expediente. Por mais que estivesse torcendo para que ficassem juntos, ainda sim, eu era a gerente do bar e tinha que chamar a atenção deles para esse tipo de coisa. E também... Cá entre nós, estava com uma pontinha quase insignificante de ciúmes. Principalmente porque dava para ver que ele estava cada vez mais encantado com a nova Seren, que se parecia e muito comigo, apesar de tudo.

No dia que fomos experimentar os vestidos e a Sophia estava junto, a gente tinha decidido irritar minha futura sogra um pouco. Pegamos um vestido mais antigo da Sophia e a Deborah, mãe da Nicola, fez uma pequena reforma de modo que ficou idêntico ao modelo que a escolheu para a Sophia usar no casamento. Por isso, quando a Sophia começou a correr para lá e para cá, engatinhar, sentar no chão e fazer tudo o que tinha direito, a vendedora (Que estava a par disso tudo) estava fingindo preocupação enquanto a quase surtava.

Em um dado momento, quando a agarrou o braço da Sophia e começou a xingar a menina, eu não consegui me controlar:

- , ela é uma criança. Se estragar o vestido, eu pago, não só o prejuízo, mas também a costureira. Pode soltar, por favor.

Ela não se mexeu e, de repente, a Sophia deu um chute daqueles na sua canela e ela finalmente estava livre.

- Sua bruxa! - A Sophia xingou e saiu correndo na direção da Lola.

Assim que ficamos sozinhas, a falou:

- Faço questão de pagar o melhor internato para garantir que os meus netos sejam extremamente educados.

Era em horas como essas que eu agradecia os raros momentos em que o cérebro era mais rápido que a língua. E capaz que eu ia concordar com aquilo, de mandar meus filhos para um internato!

Na tarde seguinte, aproveitamos que estávamos todas de folga para ensaiar um pouco e estávamos bolando alguns passos. Quando deu um momento de folga, deixamos o rádio ligado e começou a tocar só músicas dos anos 90.

- Ai meu Deus... - A Claire falou. - Eu dançava isso com as minhas amigas no meu quarto...

Rimos e, logo, estávamos cantando as músicas. Tínhamos nos esquecido por um instante que estávamos no bar (É... Longa história) e o Stephen estava ali. De repente, começou a tocar uma música e não teve como a gente não dançar e cantar, naquela empolgação:

Oh my God we're back again
(Ai meu Deus, nós estamos de volta mais uma vez)
Brothers and sisters, everybody sing
(Irmãos e irmãs, todo mundo cantando)
We're gonna bring you the flavor show you how
(Nós vamos trazer o tempero, te mostrar como)
I've got a question for
(Eu tenho uma pergunta)
Better answer now
(Melhor responder agora)

Am I original? (yeah)
(Eu sou original? (Sim))
Am I the only one? (yeah)
(Eu sou o único? (Sim))
Am I sexual? (yeah)
(Eu sou sexual? (Sim))
Am I everything you need?
(Eu sou tudo aquilo de que você precisa? (Sim))
You better rock your body now
(É melhor você mexer seu corpo agora)

No refrão, não nos aguentamos e estávamos quase gritando:

Everybody
(Todo mundo)
Rock your body
(Mexe o corpo)
Everybody
(Todo mundo)
Rock your body right
(Mexe bem o corpo)
Backstreet's back alright
(Backstreet está de volta, sim)

A gente gargalhou ao ver a cara do Stephen. Era choque, simplesmente. Ainda mais ao descobrir que a Claire era uma das mais empolgadas. Mas nem assim, a gente parou.

- Eu estava pensando numa coisa. - Ele comentou, quando a música (e a farra) acabou. - E se a gente fizesse uma festa com tema dos anos 90?

- Está pensando em voltar com as festas temáticas? - A Nicola perguntou. Ele coçou a sobrancelha e entendemos na mesma hora.

- Eu voto por uma com o tema de cabaré. - Falei. - Se quiser, organizo tudo. Inclusive figurinos e até decoração.

Ele avaliou por um instante e assentiu.

- A gente pode reunir todo o time depois e fazer uma votação. - Ele respondeu e concordei. - E agora... Que histeria coletiva foi aquela?

Rimos e ele acabou ficando ali e observando o ensaio.

Dois dias depois, o Stephen cismou com uma coisa e convocou todo mundo. Até os lobinhos. Todo mundo estava espalhado pelo bar e as meninas e eu estávamos sentadas no balcão em que costumávamos dançar. O chefe anunciou:

- Bom, no final de semana nós começamos a discutir a ideia de voltarmos com as festas temáticas e eu estava considerando seriamente em começarmos com uma ao estilo das discotecas dos anos 70. Podemos até usar o tema do Studio 54. Sem as drogas, claro.

Preciso dizer que eu fui a única que riu ao entender a piada? E que depois, ao sentir o olhar de todo mundo, quis o famoso buraco se abrindo sob meus pés?

- Continuando... - O Stephen falou. - Sem sexo gratuito também, por favor. Mas eu estava realmente pensando nisso. Usem e abusem das plataformas, das roupas de lurex, calças com boca-de-sino e, quem tiver a oportunidade, black power. Alguma dúvida?

Ergui a mão. Ele apontou para mim e perguntei:

- E as danças? Vamos ter um professor especial?

- Sim. Afinal de contas, eu sou o único aqui que viveu naquela época. E não se preocupem porque não sou eu quem vai ensinar vocês a dançarem.

Uma das coyotes levantou a mão.

- Sim? - O Stephen perguntou.

- Quando vai ser a festa?

- Em duas semanas.

Claro que tiveram protestos e eu consegui me sobrepor àquela confusão:

- Vamos fazer uma coisa: Vou conseguir algumas peças de roupa que possam servir. Mas que fique claro uma coisa: Não vou fornecer figurino completo para ninguém.

Outra das coyotes lembrou que tinha uma prima que trabalhava na produção de peças teatrais na parte dos figurinos, mais especificamente, e garantiu que podia conversar com ela e ver o que podia ser emprestado.

Assim que fomos liberados, as meninas e eu saímos. Notei que o e a Seren saíram juntos e com um pouco de pressa demais para o meu gosto. A Lola perguntou:

- Sabe aquele penteado da Farrah Fawcett nas panteras? Eu estava pensando em fazer ele.

- Considerando que era bem a marca da época... Eu te apoio. - Falei.

- Será que a gente consegue alguma coisa à lá Abba? - A Di quis saber e respondi:

- Eu acho que é difícil não conseguir alguma coisa que seja remotamente parecida.

Rimos e decidimos ir à um brechó. Lá, conseguimos encontrar algumas coisas bem interessantes. Quando a Di estava experimentando um macacão, a Lola comentou:

- Estou começando a achar que nasci na década errada.

- Eu tenho certeza. Eu tinha era que ter nascido em, no mínimo, 1850!

- E você ia muito conseguir baixar a cabeça se seu pai te mandasse casar com um velho banguela, babão e caquético, não é?

- Não ia. Me rebelaria e fugiria de casa. Ou, na pior das hipóteses, tentaria a sorte num convento, torcendo para as freiras não me expulsarem.

Ela riu e a Di apareceu.

- Não! - Exclamei e a Lola franziu o nariz.

- Por quê? - A Di perguntou.

- Francamente, ficou péssimo. Anda, vai lá trocar se não a gente te compra um par de crocs de cada cor.

Ela fez língua e trocou; Acabou comprando uma blusa preta cheia de miçangas, de alça e ela comentou, quando saímos:

- Eu tenho uma calça com a boca mais larga que vai ficar perfeita. Mesmo não sendo a boca de sino característica.

- Eu tenho uma foto da Donna Summer, senão me engano, no Studio 54. Vocês, que estão generalizando demais as roupas dos anos 70 vão tomar um belo susto. - Comentei.

- Olha, a coisa mais chocante dos anos 70 para mim eram os homens usando aquelas plataformas gigantes. - A Lola falou e propus:

- Por que a gente não discute isso naquele restaurante de Chinatown, aproveitando que estamos perto?

Não houve oposição de nenhuma das duas. E assim, em pouco tempo, cada uma comia um prato diferente enquanto discutíamos as ideias de roupas.

Na sexta-feira, o voltou de viagem e tivemos uma discussão daquelas. Chegou ao ponto que eu estava tremendo de tanta raiva que sentia dele, que falou alguns muitos absurdos. Por muito pouco mesmo, não bati nele.

No sábado, eu já estava uma pilha de nervos graças à briga com o , e, para completar, qualquer coisinha me tirava do sério e eu perdia a paciência. A gota d’água foi quando eu fiz uma pausa e aproveitei para ir falar uma coisa com o Stephen quando encontrei o e a Seren quase se engolindo, numa confusão daquelas. Chamei a atenção dos dois por estarem num lugar que os clientes passavam e aquilo acabou virando uma discussão daquelas e só o Stephen quem conseguiu acabar com a briga. Me mandou entrar no seu escritório e repreendeu os dois por estarem ali, se agarrando, no meio do expediente. Assim que entrou e fechou a porta, o meu chefe foi diretamente ao seu bar particular e me serviu um drink. Depois, se sentou à sua cadeira, de frente para mim e perguntou:

- Desde o instante em que você pôs os pés aqui, deu para ver que não está bem. O que houve?

- O voltou de viagem ontem. E a gente discutiu feio.

- Chegaram a acabar com o noivado?- Ele quis saber e neguei.

- Bem que ele merecia, depois de tudo o que me disse. E sei que não tinha nada que misturar vida particular com o trabalho, mas... Está difícil. Está tudo virando uma bola de neve, que só faz crescer a cada instante e não é só mais a intromissão irritante da . É tudo.

Ele acariciou o meu braço e disse:

- E você ainda é do tipo que engole tudo... Sabe que não te faz bem.

Assenti.

- E... Pelo jeito que você estava discutindo com o ... Nem era com a Seren, eu acho que não foi só o fato de eles estarem se agarrando no meio da passagem dos clientes, estou certo?

- De repente, ele se afastou de mim. Se eu ligo, dá uma desculpa qualquer e me dispensa logo. Estou sentindo falta da companhia dele.

Me olhou, descrente e estalei a língua.

- Estou falando sério!

- Eu acredito. Só que, se todo mundo ao seu redor te questiona sobre o casamento com o ... É por que tem motivo, não concorda? E não é só porque ele não vai com a cara de ninguém.

- Ok, doutor Stephen Freud. - Brinquei e ele riu. - O que é, então?

- Está óbvio que você estava quase avançando no porque estava com ciúmes. Está mais cristalino que as águas do Caribe - Eu ri e ele me cutucou. - Não ri. Mas é óbvio que você, mesmo teimando em falar que ele é só um amigo... Não é só isso. E não me venha com a ladainha que é porque vocês foram casados e tal. Já está cansada de ouvir Deus e o mundo te dizendo que, se você ficou um ano inteiro em Los Angeles, sem contestar a decisão do juiz... É porque quis. Ou estou errado?

Neguei.

- Pois é. E se eu fosse você, francamente, terminaria tudo com o enquanto ainda é tempo e dá para manter a amizade com ele. Se você levar tudo isso adiante, além de ser tarde demais, os dois vão sair magoados e pior: Você vai ter uma vida de luxo.

Eu ri e ele, mantendo a postura séria, falou:

- Sempre achei que você era mais incompatível com o do que com o .

- Como se o morasse debaixo da ponte. Stephen, ele dirige um BMW. Morava em uma mansão perto de Bel-Air. Tem várias roupas de marca.

- Mas ele é mais simples que o , que gosta de ostentar que tem dinheiro.

Suspirei.

- Tem uma coisa. Ele está com a Seren.

- Nem é namoro. É só... Como é mesmo que vocês falam? Ah, pegação!

Tive que gargalhar vendo o Stephen falando aquilo. Quer dizer, ele não era tão velho assim, mas...

Depois que o expediente acabou, eu estava saindo do bar, flanqueada pelas meninas, quando a Di falou:

- Hã... Nós... Vamos. A gente se fala mais tarde.

E saiu puxando a Lola, que estava tão confusa quanto eu. Olhei na mesma direção que a Di e encontrei o . De terno. Encostado no carro. Com as mãos no bolso. E cabelo bagunçado acompanhado daquele sorriso torto irresistível. Ô praga!

Fui andando até onde ele estava e falei:

- Sua sorte é que eu não consigo ficar com raiva por muito tempo. Mas que é golpe baixo tu me aparecer aqui de terno e cabelo bagunçado...

Riu e pediu:

- Eu reconheço que fui um idiota e que merecia que você nem olhasse mais na minha cara. Mas eu te amo demais, ... Me desculpa?

Suspirando, me adiantei e passei os braços pelo seu pescoço, sentindo que ele envolvia minha cintura com os seus.

- Da próxima... - Falei, aproximando a boca do seu ouvido. - Juro que te dou uma chicotada para você aprender.

Ele riu e, logo, me puxou para um beijo daqueles. Antes mesmo de nos separarmos, eu sentia o olhar fixo em cima de mim. Não precisava nem olhar para o lado para saber que o estava nos olhando. E o ignorei de propósito.

Claro que naquela noite, o e eu nos reconciliamos, se é que me entende. E eu simplesmente não conseguia dormir, ao contrário dele, que só sabia que estava vivo graças ao seu peito, que subia e descia tranquilamente. Peguei a sua camisa e a vesti e fui até a cozinha, querendo tomar um copo de água (E com alguma sorte, encontraria o remédio que tomava quando sofria com as insônias) e, no instante em que pisei no chão frio... Meu olhar foi atraído para a janela da frente, onde o estava. Com a Seren. Foi a conta de olhar para os dois que ele parecia ter sentido que eu estava ali, embora não tivesse acendido a luz e me devolveu o olhar, fixo e intenso. Travei o maxilar e não me demorei outro segundo antes de pegar o copo, encher de água e tomar tudo numa sentada. Saí da cozinha e fui para o quarto, morta de raiva. E se antes já estava difícil de dormir, depois daquilo então... Foi impossível!

No dia da festa, eu estava me arrumando quando o entrou no meu quarto e perguntei:

- E então? O que você acha?

- Você sabe que, por mim... Nem iria à essa festa.

Suspirei e ele logo se aproximou, oferecendo o pescoço. Resmunguei:

- É incrível que até hoje, você não perde essa mania de, quando está comigo, me pedir para dar nó em gravata!

Ele riu e falei:

- Não fica bravo por causa da festa lá no bar.

- Ah, eu fico. A festa lá no Coyote vai ser infinitamente mais animada que o jantar beneficente que a minha mãe vai oferecer...

- Nada te impede de, quando ela se distrair, você fugir do jantar e ir lá para o Co-yote...

- O que me impede é o sermão que eu vou ter de ouvir depois.

- Se quiser, te ligo, dando uma desculpa qualquer para você ir embora...

- Qual desculpa seria essa?

Dei de ombros.

- Não se preocupa que na hora eu invento. - Respondi, roubando um selinho demorado. Não muito tempo depois, ele me deu uma carona até o bar.

Logo que entrei, vi que o Stephen realmente queria fazer com que todo mundo ali se sentisse no próprio Studio 54. Sem a parte do sexo e das drogas, obviamente.

Depois da primeira hora, a Lola mal aguentava a plataforma e decidiu se arriscar, ficando descalça. Quer dizer, como a gente saía de detrás do balcão para ir dançar sobre ele... E quem acabou fazendo o penteado igual à Farrah Fawcett foi a Claire.

Na hora em que começou a tocar YMCA... Fui a primeira a subir no balcão. As outras me acompanharam, ainda mais a Di, que sempre dançava comigo, sempre brincando. Até tinha sugerido ao Stephen de botar alguns lobinhos imitando o Village People, mas ele não conseguiu candidatos dispostos àquilo. As meninas e eu até tentamos a sorte, nos oferecendo para nos vestirmos como a banda, mas o Stephen não achou nem um pouco boa a ideia da Claire se vestir de índia. No final, nós estávamos nos divertindo, principalmente porque acabamos brincando e rindo das próprias palhaçadas.

Depois da meia-noite, durante a minha pausa, recebi uma mensagem do , avisando que não ia dar para vir ao bar. Suspirei enquanto mandava uma resposta e logo que apertei o botão para enviar, ouvi a porta abrir. Nem precisei pensar para entender (E sentir) quem era.

- Me deixa adivinhar. - Falou. - O avisou que não vai vir.

Me virei para olhá-lo e perguntei, com a voz transbordando sarcasmo:

- Gente... Finalmente descobriu que eu ainda existo...

Claro que ele deu aquele sorriso torto que sempre me fazia xingá-lo de, no mínimo, safado.

- Isso tudo é ciúmes porque eu estou andando mais com a Seren?

- Antes fosse um ciuminho besta por causa de Seren. Estou é... Irritada por ter sido ignorada quando eu te pedi ajuda. Mas, agora, quando já está tudo resolvido, não preciso mais. Mas não vou desfazer o convite para padrinho.

Me analisava com o olhar.

- Você tem só um defeito.

Franzi as sobrancelhas.

- É teimosa demais. - Respondeu. - Era muito mais fácil se você admitisse, não só a verdade, mas o que sente.

Suspirei.

- Estou te falando que não estou com ciúmes. Estou irritada por ter sido ignorada nesses dias, justamente quando mais precisei de você! - Reclamei. - E agora me dá licença que tenho que voltar ao trabalho. E deveria fazer o mesmo, já que é lobinho, não se esqueça.

Consegui sair dali e voltei para trás do balcão, ignorando o sempre que podia.

Quando finalmente fomos liberados, o sol já tinha nascido e a Lola me deu uma carona até em casa. Claro que, durante o caminho, quis saber:

- Eu estava percebendo que você e o se estranharam mais uma vez hoje.

- Estou puta com ele. Quer dizer, fui deixada de lado quando mais precisava dele. Não desfiz o convite e nem vou pedir para ele deixar de ser padrinho. Ainda ficou tei-mando que eu estava com ciúmes.

- E não está?

Olhei feio para ela.

- Não tanto quanto ele imagina. - Admiti. - Acho que eu estou mais irritada por ele ter sido tão... Por ter me tratado com tanto descaso.

A Lola concordou e não muito tempo depois, chegamos. Antes que eu saísse do carro, porém, me disse:

- Escuta... A Sophia vai fazer uma apresentação na escola na sexta-feira...

- Não precisa dizer mais nada. - Respondi, sorrindo. - Quer dizer, precisa só me falar a hora.

Ela riu e avisou que a gente ia combinar melhor depois. Nos despedimos e finalmente pude entrar em casa. Estava morta de cansaço, mas não estava com o mínimo de sono. Então, decidi tomar um banho, trocar de roupa e ficar mofando no sofá, enquanto recarregava as minhas energias. Acabei pegando no sono e, quando acordei, algumas horas depois, o canal tinha sido trocado graças à Vivi, que pisou no controle, e passava um daqueles programas de fofocas. Suspirei e já ia desligar quando os apresentadores linguarudos começaram a falar:

- E falando em casamentos com uma história bem bizarra...

E não é que começaram a falar de mim e do ? O pior foi quando a loira siliconada, que só fazia dar risada enquanto o fofoqueiro ao seu lado (E que me lembrou muito o Perez Hilton, não só fisicamente, mas no jeito também) dava todos os mínimos detalhes possíveis, assumiu o controle:

- Atualmente, sabemos que a está noiva do empresário e o casamento está marcado para Agosto. Agora a pergunta que não quer calar: Será que foi con-vidado?

Enquanto começava uma matéria, mostrando fotos recentes de paparazzi minhas com o em momentos comuns, em que não acontecia absolutamente nada de especial a não ser tomarmos café na Starbucks aqui perto, saindo do bufê naquele dia que experimentamos os salgadinhos e etc., a voz da loira, em voiceover, narrava:

- Até um mês atrás, e eram vistos sempre juntos, sempre fazendo coisas banais e foram poucas as vezes em que estavam sozinhos. Além dele, a noiva tinha a com-panhia das suas melhores amigas, Nadine Coyle e Nicola Roberts, que descobrimos que serão madrinhas.

Continuaram falando tanta besteira que não aguentei e desliguei a TV, irritada. De repente, tocaram a campainha e fui atender. Não me surpreendi ao encontrar a Nadine do outro lado. A deixei entrar e, enquanto tomávamos chá, não aguentei e contei para ela do flagra:

-... E aí eu vim aqui na cozinha para tomar um copo de água e, quando olho... Tão os dois. Ela em cima do balcão e ele, na frente dela. Não sei como não dava para ouvir o escândalo da Seren.

Ela ouvia à tudo atentamente, com uma expressão incrédula estampada no rosto.

- Mas... Dava para ver alguma coisa?

- Não. Quer dizer, o que dava para ver é que os dois estavam sem roupa e deu para entender perfeitamente o que estava acontecendo ali.

Ela me pareceu bem mais nervosa do que deveria e não falei nada.

- Mas sabe o que foi o pior?

- O quê?

- Ele olhou para mim. Eu ainda não tinha acendido a luz e mesmo assim, pareceu que conseguiu sentir que eu estava aqui.

Ela disfarçou e deu para ver aquilo. E, de novo, não falei nada.

Mas aquilo não saiu da minha cabeça pelo resto do dia. O , mais para o final da tarde, apareceu e claro que notou que eu estava mais distraída que de costume.

- O que foi?

Olhei para ele, acordando do transe em que eu estava e ele riu da minha confusão.

- Você estava com o pensamento longe. O que foi?

- Estava preocupada com a festa. - Menti. Não sei por que não contei a verdade para ele; Preferi falar outra coisa justamente para evitar a briga que eu sabia que ia acontecer.

- A de casamento? - Concordei. - O que tem?

- Eu estava pensando que, se a gente for fazer como sua mãe falou... Vai ser exata-mente o oposto do que eu queria. Ainda mais que boa parte dos convidados extra são amigos dela. Não nossos.

- É... Você não deixa de ter razão. E eu sei que minha mãe está se intrometendo muito.

Tive que concordar, mortificada.

- Devia ter me falado, .

- Fiquei com medo de magoá-la, ela ficar com raiva de mim e você também, além de brigar comigo. Afinal de contas... É sua mãe. Se fosse o contrário, ia reagir também.

- Eu sei. Falando nisso... Já conversou com a sua mãe?

Concordei.

- E aí?

- Ela vai vir. E vamos precisar de um tradutor, afinal, eu não vou poder dar a assis-tência o tempo todo.

- É justamente por isso que eu voltei a fazer aulas de italiano.

Olhei para ele, surpresa.

- Sério?

Concordou. Não me segurei e pulei em cima dele, o abraçando e beijando enquanto ele se divertia com a minha reação. Eu estava genuinamente feliz que ele estava fazendo aquilo por mim.

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