quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 38º capítulo


38. But I don't know where it is that you've been hiding...But I need you tonight

Porque estou me apegando ao céu
As luzes se apagam, mas não vou deixá-las
Oh, estou me apegando ao céu
Quando eu respiro e é só você

(Foxes - Holding onto heaven)

Bill

A visão que eu tinha não podia ser melhor. Estava sentado num dos pufes do quarto da minha mulher, depois de ela terminar de lavar a louça, enquanto ela mexia em alguma coisa no maleiro. Estava na ponta dos pés e, só para deixar tudo ainda mais crítico, adivinha a roupa que ela usava? Claro que era a combinação de short e camiseta. Uma das coisas que eu não nego que reparei primeiro nela foram as pernas. Quer dizer, não que a Nadine e a Nicola tivessem as pernas feias, mas as da Luiza eram diferentes. E eram ainda mais hipnotizantes quando ela as cruzava. Fui tirado pelos meus devaneios quando ela me chamou. Ao parar na porta do closet, me estendia uma caixa repleta de adesivos e perguntei:

- O que tem aqui?

- Olha, ué. Pode ficar tranquilo que eu acho que você vai gostar.

Pus a caixa sobre a ilha e tirei a tampa. Dentro, estavam várias fotos dela. Principalmente da infância. Havia uma em particular que eu tive que rir quando vi: Ela ainda era bebê, não devia ter um ano e estava no berço, com uma touca que parecia ser azul-clara com um pompom branco no topo e estava com várias cobertas.

- Você não mudou nada! - Comentei enquanto olhava outras fotos. Ela sorriu e continuou a vascular o maleiro. De repente, achei uma foto dela, que parecia ser de pouco tempo depois, e ela estava em pé, na frente de uma parede branca, com chão avermelhado. Detalhe: Estava sem fralda ou qualquer roupa.

- E você ainda disse que não teria coragem de tirar foto pelada...

Se virou, fazendo expressão de confusão e me viu colocar a foto no bolso da calça. Desceu do banco e veio andando até onde eu estava.

- Me deixa ver a foto, Kaulitz, por favor. - Estendeu a mão e, hesitante, dei a foto. Olhou e disse: - Típico... Acho que todo mundo da família materna tem uma foto assim. E eu não sou a única exibicionista.

- Ah não?

Negou. Continuei a olhar as fotos enquanto ela continuava sua busca. Achei uma que ela era tão bebê quanto na foto do berço e estava na piscina, dentro de uma boia e um senhor estava atrás dela, que fazia uma cara engraçada. Perguntei, mostrando a foto:

- Quem é?

Se virou para olhar e respondeu:

- Meu avô.

Pelo jeito que falou, dando a entender que não queria prolongar o assunto, achei melhor tentar descobrir o que raios estava fazendo:

- O que você quer aí?

Abriu mais uma caixa e finalmente encontrou o que queria: Uma corrente. Só quando me entregou é que notei que tinha um medalhão, não muito grande, com um negócio que parecia ser de prata e lembravam duas ondas.

- Isso é para você nunca esquecer que foi casado comigo.

Olhei para ela e falei:

- Eu não preciso de um medalhão numa corrente para me lembrar.

- Kaulitz, deixa de ser chato? - Perguntou, rindo fraco. - E outra: Que isso te sirva também para te lembrar de não se meter com outra aquariana.

Finalmente a ficha caiu.

- Ah, quanto à isso, pode ter certeza que não vou me esquecer nunca. Povo mais chato esse do seu signo, hein?

Riu fraco e falei:

- Tudo bem que eu preferia essa foto aqui. - Peguei uma das várias dela bebê e sem fralda.

- Ah, não senhor! Foi um custo convencer a minha mãe a me deixar trazer a foto para cá...

Conseguiu pegar a foto de volta e a guardou na caixa com as outras. Perguntei:

- Sente falta dela, não é?

Pôs a tampa na caixa e encarou um ponto à sua frente.

- Todo santo dia. - Respondeu. - Sempre fomos nós duas e a minha avó e agora que estou por conta própria, acho estranho não ter nenhuma delas por perto.

Estiquei a mão e acariciei seu braço. Ela logo se aproximou de mim e me abraçou pela cintura.

Um tempo depois, estávamos deitados na minha cama e em silêncio. Foi quando me ocorreu uma coisa e falei:

- A gente não fez uma coisa quando fomos em Londres.

Senti que ergueu o rosto para me observar e falei:

- Não comemos fish & chips.

Riu e disse:

- Bom, daqui a uns dois meses... Nada impede de a gente aproveitar.

- A gente podia era aproveitar o casamento da Nicola e viajar por algumas cidades, não só da Inglaterra, mas da Europa. Podíamos ir para Helsinque, Copenhagen, Bucareste, Paris...

Se apoiou num dos cotovelos e me olhou.

- Em todos anos que morei lá, não fui para Paris uma única vez. Nicola quase me arrastou pelos cabelos quando teve a semana de moda e, por sorte, a Frankie pôde ir com ela. E até hoje ela secretamente me odeia por isso.

- E por que você nunca foi à Paris?

- Porque eu não sou como todo mundo, que sonha em ir ver a Torre Eiffel, comer croissant e se meter a falar fazendo biquinho. Paris é um dos poucos lugares da Europa que eu não tenho a mínima vontade de conhecer. Aliás... Nesse tempo todo, fui em quase todas as cidades que eu queria ir. Inclusive Bucareste.

- Você em Bucareste?

Assentiu.

- Tenho até foto no castelo do Drácula.

A olhei e não segurei o riso.

- Um dos lugares mais legais que eu já conheci.

- Vou te levar para Mônaco.

- Olha bem para a minha cara e diz se você acha mesmo que eu ia ter vontade de ir para Mônaco?

- Mônaco não é Paris.

- Mas é na França do mesmo jeito! Daí troca seis por meia dúzia e olha que bela porcaria que fica!

Suspirei e perguntei:

- Tem algum lugar que você quer ir e não conhece?

Pareceu pensar e disse:

- Santorini.

- Algum outro?

- Atenas. Pompeia. Firenze.

Olhei para ela, que perguntou:

- O que foi?

- Não me odeie pelo que vou te perguntar, mas... - Me olhava. - Você sabe falar italiano?

Gargalhou e disse:

- Mamma è italiana e da piccola ho ascoltato quando lei e nonna parlavano. Allora, penso che è un pò difficile che non sapevo almeno qualche cosa.

Eu estava em choque. Ela riu e perguntou:

- Entendeu alguma coisa?

- Acho que sim. Sua mãe é italiana e você pequena escutava quando ela e a sua avó faziam sei lá o quê. E que você acha um pouco difícil que... Alguma coisa.

Riu e explicou:

- Falei que minha mãe é italiana e desde pequena que escuto a conversa dela com a minha avó. Então, acho que era um pouco difícil não saber qualquer coisa, por menor que seja.

- Faz sentido.

Riu e parei para olhá-la. Retribuiu e estiquei a mão até tocar seu rosto. Acariciei sua bochecha e ela foi lentamente fechando os olhos. Me aproximei da Luiza e, no instante seguinte, a beijei. De início, foi calmo. Logo, não deu mais para continuar daquele jeito e, por fim, passei a ponta da língua sobre o seu lábio superior, pedindo para intensificarmos o beijo. Assim que abriu um pouco mais a boca, fiquei por cima dela e, logo dei um jeito de aumentar o contato entre os corpos. Como sempre, a Luiza não demorou tanto assim a começar a arranhar a minha nuca e a puxar, de leve, os cabelos daquela região. Deixei a sua boca para começar a traçar um caminho pela linha do seu maxilar e, não resistindo, mordi de leve seu queixo. Desci pelo pescoço e a senti estremecer quando beijei um ponto específico, perto da orelha. Não resistindo, mordi o lóbulo e ela gemeu, mas de um jeito que costumava fazer quando ficava agoniada com alguma coisa.

- É tão ruim assim? - Perguntei, com a boca próxima ao seu ouvido. Respirou fundo e disse:

- Não. É... Dá um pouco de agonia. Só um pouco.

Sorri e continuei com o caminho que fazia. Não muito tempo depois, ela pediu para que fôssemos para o quarto e não saímos de lá até a manhã seguinte.

Conforme o combinado, no dia seguinte, fomos almoçar na casa do Tom e a Nadine tinha feito tudo. Desde as entradas até a sobremesa.

Estava indo tudo muito bem até que, do nada, a Nadine e meu irmão se olharam de um jeito muito suspeito e começaram a cochichar.

- Ei... No Brasil a gente costuma dizer que, quem cochicha, o rabo espicha! - A Luiza chamou a atenção dos dois, que riram e a Nadine falou, como quem não quer nada:

- Bill... Você vai ganhar um sobrinho.

A Luiza quase quebrou o prato ao largar a colher sobre ele.

- Estão falando sério? - A Nicola perguntou, desconfiada.

- Seríssimo. - A Nadine respondeu. - Originalmente, esse almoço era para avisar que a gente estava namorando. Só que na sexta-feira saiu o resultado do exame de sangue que eu fiz e... Deu positivo. Um mês exatamente.

Passado o choque inicial, cumprimentamos os dois e a Luiza parecia realmente feliz pela Nadine.

Alguns dias depois, estávamos combinando de dar uma festa surpresa para o Georg, que viria no final do mês.

- Eu tenho uma ideia! - A Nicola falou. - A montanha não precisa vir até Maomé.

- Lola... Fala explicitamente, filha. - A Luiza pediu e a ruiva continuou:

- A gente vai até o Georg ao invés de ele vir até Los Angeles. É até bom que aí a gente olha mais coisas do casamento.

- Deixa ele saber que você está indo por causa do casamento... - O Tom comentou e ela sorriu.

- Apesar de tudo... Eu acho que é uma boa ideia. - A Luiza falou. - Tirando a parte que muito interessa à Nicola... Tem vergonha na cara não, Ruivão?

- Tenho não, Faro Fino.

Eu e o Tom olhamos para elas, sem entender absolutamente nada daquilo.

- Vamos fazer o seguinte: Se não houverem oposições, a gente dá uma boa esticada em Londres até o casamento da Lola. E apesar de ser muito em cima, a gente deixa para olhar esses detalhes que ficaram por último depois do aniversário do Georg. - A Nadine propôs.

Claro que a Nicola não concordou de primeira. Mas depois de ouvir os argumentos das amigas, ela acabou aceitando. Logo, demos um jeito de ir começando a armar tudo e, inclusive, olhar as passagens. Liguei para o J.J. e a Claire, pedindo para cuidarem do estúdio enquanto eu estivesse fora.

No meio da semana seguinte, viajamos para a Alemanha (Embora só a Nicola tivesse ficado em Londres, mas ia para Hamburgo a tempo) e minha mãe quase surtou quando soube que ia ter o primeiro neto.

No final das contas, deu tudo certo, o Georg fez a cara mais impagável de todas quando descobriu a surpresa e a festa foi ótima. E ele e o Gustav acabaram indo para Londres com a gente para poder ajudar com o casamento da Nicola.

Todo dia, as meninas passavam o dia inteiro fora e eu ficava com os caras trancado no estúdio, trabalhando para valer nas músicas. Todo mundo sempre tomava café da manhã junto e, vez ou outra, a gente chegava e elas estavam dormindo. Mesmo assim, a gente sempre dava um jeitinho de passar um tempo durante o final de semana.

Luiza

No dia do aniversário do Alex, liguei para ele, para dar os parabéns e a galinha de macumba depenada da Lydia atendeu. Foi estranhamente simpática comigo e, por fim, disse:

- A propósito... Não sei se você sabe, mas, o Bill ligou para o Alex pouco tempo depois que você foi para Los Angeles.

- Como assim?

- Ele ligou para a empresa e falou com duas pessoas. Uma eu sei que é o assessor de imprensa. Já a outra... Achei que soubesse...

- Não... Eu não sabia. - Respondi.

- Bom, de qualquer jeito, eu vou avisar ao Alex que você ligou.

Nos despedimos e aquilo ficou martelando na minha cabeça.

Naquela noite, estava dormindo abraçada ao Bill quando, de repente, ouvimos um vozerio e acordei.

- Bill. - Chamei e ele nem se mexeu.

Acordou depois de tomar um tapa e, de repente, o Georg entrou no quarto:

- A Nadine está passando mal.

Me levantei de um salto e fui correndo até o quarto da minha amiga, que estava em posição fetal em cima da cama, com a cabeça no colo da Lola e o Tom, desnorteado, com o telefone colado na orelha. Me ajoelhei em frente à Di e perguntei:

- Diney, fala comigo. O que você está sentindo?

- Muita dor. Eu estou perdendo o meu bebê, Izzy. - Falou, chorando e eu e a Lola logo demos um jeito de acalmá-la. O Tom perdeu a paciência e desligou o telefone, resmungando alguma coisa em alemão para o Georg. O Gustav e o Bill estavam perto da porta e, no instante seguinte, só sei que todo mundo deu um jeito de trocar as roupas pela combinação de camiseta e jeans (No caso da Lola, vestido) e saímos correndo para o hospital.

Depois de várias horas na sala de espera e o Tom andando de um lado para o outro e inquieto. Não dava para tirar sua razão e, de repente, o médico apareceu, avisando que a Di teve um aborto espontâneo, que era comum nos primeiros meses de gravidez. Eu e a Lola (Principalmente a Lola) ficamos com o coração miudinho. Enquanto o Tom estava com a Di, fui atrás do médico e perguntei:

- Ela está bem?

- Estamos só esperando o resultado dos exames para ter uma confirmação. Mas neste momento... O que ela mais vai precisar é do apoio da família e dos amigos. - Assenti. - Se tudo correr conforme o esperado, ela vai ser liberada logo.

- Eu... Posso pedir um favor? - Perguntei e ele assentiu. - Ela vai poder engravidar de novo depois, não é?

- Se não tiver nada de errado...

- Quando sair o resultado, será que você poderia falar com ela e o meu cunhado que eles podem tentar de novo?

Sorriu fraco e concordou.

Depois que ela chegou em casa, ficou no quarto o tempo inteiro. Naquela noite, enquanto ela e o Tom ainda não davam sinal de vida, eu, a Lola e os meninos estávamos tentando comer alguma coisa e em silêncio.

- Sabe o que eu não entendo? - O Georg falou, atraindo nossa atenção. - Não é para ser insensível, nem nada, mas... Eles não podem tentar de novo daqui a um tempinho?

Concordamos.

- É, mas esse ia ser o primeiro filho. - A Lola falou. - Não acho que dá nem para imaginar a dor que a Di está sentindo.

Sem saber direito o que fazer ou falar, terminamos de comer, cada um foi para seu canto. Na manhã seguinte, quando a Lola e eu acordamos, a Di estava de pé, nem parecendo que tinha acontecido... Bom, o que tinha acontecido. Estava fazendo o café da manhã e, assim que nos viu, sorriu da mesma maneira luminosa de sempre. Quando nós três estávamos tomando o café, a Lola, claro, perguntou como a Nadine estava e a resposta foi:

- Acho que vai ser pior se eu ficar deitada na cama o tempo inteiro. O melhor que eu tenho a fazer é ocupar a minha cabeça e não me deixar abalar quando alguém perguntar se estou bem.

Eu e a Lola tivemos a mesma ideia ao mesmo tempo: Abraçarmos a Di de lado (Já que ela estava entre nós) e ela riu.

- Tem uma coisa. - Falei. - Se não foi agora... É por que não era para ser.

- Pois é... Vai ver nós três estamos destinadas a engravidarmos ao mesmo tempo... - A Lola falou e rimos.

-... E como alguém está determinada a não receber a visita da cegonha de jeito nenhum... - A Di retrucou, apertando minha cintura e, por muito pouco, não caí da cadeira.

- Não se preocupem porque, quando for a hora...

- É... - Ela respondeu, mais tristonha.

- Me dei conta de uma coisa. - A Nicola falou. Olhamos para ela ao mesmo tempo. - E a minha despedida de solteira?

Rimos e, brincando, falei:

- Se quiser, olho um bombeiro para apagar esse seu fogo...

- Nah... Prefiro um policial, que vai me revistar. - Respondeu e ainda completou: - Vem não que eu sei muito bem o que você e o Alex aprontaram ano retrasado... Ele, com farda, algemas e nem menciono o cassetete.

Eu e a Di gargalhamos e quase engasguei com o café.

- Ê Luiza, você, hein? - A Lola falou e olhei para ela. - Primeiro cassetete, depois um salsichão... O que vai vir depois? Um pescador?

- Nicola! - Chamei sua atenção em meio às risadas.

- Eu acho que vai ser é um agricultor. Reparou como a Iza é obcecada com cenoura, berinjela, pepino e, principalmente: Alho porró? - A Di resolveu entrar na brincadeira.

- Ih, Coyle, vem não que eu não sou a única com salsichão, viu?- A provoquei e continuamos brincando. Até que vimos que o Bill estava encostado no batente, só ouvindo as besteiras. Sibilei para as duas:

- Vocês que me aguardem.

As duas sorriram e ouvi o Bill perguntar:

- Então... O que vão fazer hoje?

- A princípio... Nos manter nessa rotina de ir olhar as coisas do casamento. Por quê? - A Lola perguntou e ele quis saber:

- De curiosidade. Vai deixar para saber o sexo do bebê só na hora do parto?

- Então. A consulta está marcada para o final da semana. - Ela respondeu.

- Sabe o que eu acho que a gente devia fazer? - A Di falou. - Um chá de bebê. E eu te digo ainda mais: Você e o Charlie não falam nada com ninguém. Deixam para contar só na hora.

- Eu vi uma coisa parecida, mas nem os pais sabiam. - Comentei. - Aí, o jeito de contar era através do recheio do bolo.

- Vai dizer que colocavam o ultrassom no bolo? - A Lola perguntou e neguei com a cabeça, fazendo uma careta.

- A cor do recheio. Se fosse menina... Recheio rosa. Se fosse menino, recheio azul.

- Taí... Gostei. - A Lola falou. - E se a gente fizesse antes do casamento? Afinal de contas, pelos meus cálculos, já dá para saber se é menino ou menina. E acho que vou seguir a sua sugestão, Di. Só eu, o Charlie e a médica saberemos. - Pôs as mãos como o Sr. Burns dos Simpsons, com as pontas dos dedos se tocando e fez cara de má. Quer dizer, tentou.

- E vocês vão aguentar? - O Bill perguntou enquanto se servia de um pouco de café. - A Luiza é curiosa demais e eu sei que você, Nadine, não fica muito atrás. E eu duvido que a Nicola vá conseguir guardar esse segredo.

Nós três erguemos as sobrancelhas.

- Veremos então! - Respondi.

Logo, começamos a planejar também, o chá de bebê. Por causa do casamento, decidimos deixar nas mãos de uma cerimonialista ou seja lá o que fizesse esse tipo de reunião.

Quinze dias depois, quase tudo do casamento já estava pronto e, durante um sábado à tarde, fomos até um salão de festas perto da casa da mãe dela. A cerimonialista tinha escolhido um tema inspirado na guerra dos sexos. Logo na entrada, tinha um banner gigante anunciando que o jogo tinha começado e de que lado cada convidado estaria. Tinham bonequinhos, parecidos com aqueles de placa de banheiro (Que a Lola não me ouvisse...), sendo que a bonequinha era rosa-choque e o bonequinho era azul. Embaixo, a contagem dos palpites. Sobre uma mesinha longa, dois potes de vidro redondos com buttons para os palpites. O Bill, o Georg e o Gustav pegaram, cada um, um azul enquanto eu peguei um rosa. Logo atrás de nós, estavam a Nadine e o Tom, que fizeram a mesma escolha que eu.

Quando entramos, já tinham alguns parentes da Nicola e do Charlie ali, além da pilha de presentes para o bebê, que só fazia aumentar. Tivemos uma ideia, inspirada na brincadeira de amigo oculto, que cada presente tinha que ter uma etiqueta com uma dica de quem havia dado. Por exemplo: Eu pus que era ambidestra e tinha cabelo escuro. A Di, escreveu na dela que era magra e tinha cabelo castanho. E por aí vai. Nos sentamos à uma mesa e, de repente, vi os avós da Lola. Perguntei para o Tom:

- Me empresta a Di um pouquinho?

Ele concordou e saí puxando minha amiga para a outra mesa. Assim que cumprimentamos a avó da Lola, ela disse:

- Acho que a gente tinha mais é que confiar no palpite da Luiza. E falando nisso... Eu fiquei sabendo que você se casou...

- É. - Respondi. - Só que, por enquanto... Nada de bebês para a gente.

- Por quê? - Ela quis saber e dei um jeito de desconversar.

Depois que todo mundo chegou, tinha mais gente apostando que seria um menino do que uma menina.

A Lola e o Charlie aprontaram uma surpresa com todo mundo e, de repente, a minha amiga falou:

- Ok. Para deixar tudo mais divertido... Decidimos fazer uma brincadeirinha com vocês. Por favor, não nos levem a mal.

A cerimonialista levou um prato de vidro cheio de papeizinhos e uma das funcionárias do salão trazia um carrinho com vários potinhos.

- Ai meu Deus... - Falei, já entendendo tudo. A Di me cutucou e indiquei a Lola.

- A brincadeira é a seguinte: A gente sorteia um nome, que vai ter de adivinhar o sabor da papinha. Se acertar de primeira... Ganha um docinho. Senão, vai ter de pagar uma prenda.

- Estamos ferrados. - Sibilei para a Di e os meninos. A Lola sorteou o primeiro papel e falou, depois de ler:

- Clayton!

A Di e eu ficamos morrendo de dó do irmão caçula da Lola. Foi se sentar na cadeira que havia posto entre os “grávidos” e deram um potinho para ele. Hesitante, o garoto pegou uma colherada e pôs na boca, fazendo uma careta hilária quase instantaneamente.

- E aí? - A ruiva quis saber.

- Banana. - Ele respondeu, rindo e o Bill perguntou:

- Ele não gosta?

Dei um estalo com a língua e falei:

- Estava era fazendo hora!

Logo, aos poucos, todo mundo era sorteado, alguns faziam uma careta hilária, outros erravam... Quando chegou a minha vez, experimentei uma papinha e, quando reconheci o gosto, devo ter feito a pior cara dali, principalmente porque era uma coisa que eu ODIAVA. Perguntei para a Lola:

- Vai ter mesmo coragem de dar essa papinha de rabanete para a coitada da criança?

Ela riu e acabei acertando. Quando voltei para a mesa, já estava devorando o doce que tinha ganhado.

- Era tão ruim assim?- O Tom quis saber.

- Odeio rabanete. - Respondi. Ele fez uma expressão de entendimento e a brincadeira continuou. Depois, foi a vez de eles adivinharem quem tinha dado os presentes e, claro, acertaram boa parte dali.

No final, íamos descobrir o sexo através daqueles pop cakes, que eram bolo no palito (Tipo pirulito) e, aos poucos, todo mundo ia mordendo. Quando olhei a cor do recheio, sorri, toda satisfeita. A Di falou:

- Mas não erra uma!

Ri fraco e o resto do chá de bebê foi ótimo. Os presentes foram levados para a casa do Charlie e, como a Lola ia dormir lá, então, pudemos vir embora.

Mais tarde, quando a Di e o Tom saíram, o Georg me perguntou, enquanto assistíamos à TV:

- Como você sabia que era menina?

Olhei para ele e sorri.

- Tenho palpites. Quase sempre consigo acertar.

- Quase sempre?- O Bill perguntou. - Quando foi que você errou?

Fingi parar para pensar e depois eu ri.

Não muito tempo depois, fomos dormir.

Na semana seguinte, quando fiquei sozinha no apartamento com o Bill, aproveitei para colocar todo o lugar em ordem. E sim. Estava falando de faxina monstro.

Quando estava quase acabando de arrumar a sala, ouvi o Bill me chamar e, quando olhei para o lado, ele perguntou:

- Quer que eu dê um jeito na cozinha?

- Hã... - Falei. - Faz o seguinte: Se você pudesse dar esse jeito no meu quarto, eu te agradeço imensamente.

Sorriu e foi fazer o que eu pedi. Assim que acabei de arrumar a sala, fui até a cozinha e, a primeira coisa que fiz foi dar uma geral na geladeira. Sabia que tinha um bocado de coisas ali que deveriam estar estragando ou até mesmo passando da data de validade e fui colocando tudo em cima do balcão. Achei um queijo que deu vontade de chorar por causa do estado em que estava.

- Iza. - O Bill me chamou. Quando fui olhar, ele estava ali, na minha frente.

- Diga.

- Tem certeza que você realmente nunca quis se separar de mim? - Perguntou e franzi as sobrancelhas.

- Por que essa pergunta agora?

Me mostrou um cartão de um advogado de Roma. Ai, merda.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 37º capítulo - Interativa









You make my earth quake

Me libertei, vi uma estrada aberta
Os passos me guiaram até sua alma
Agora eu corro com um lar para ir
Nunca pensei que seria tão feliz
Se você está perguntando, sim, você me tem
Como você mudou meus pensamentos, você nunca vai saber

(Jessie J - Thunder)



Na segunda-feira mesmo, já combinei com a Nadine de começarmos a olhar as coisas para ajudar no casamento da Nicola. O Charlie havia dito no dia anterior que já tinham decidido uma data, mas como a Lola ia estar gigante, conseguimos usar os argumentos certos para convencê-la a não esperar tanto. Quando estávamos com ela em uma loja de noivas, me avisou, aproveitando que a Di tinha se afastado um pouco:

- De antemão, quero deixar bem claro que você e o serão dois dos nossos padrinhos, entendido?

Olhei para ela e falei:

- Não achei que...

- Ah, pelo amor de Deus! Até parece que ter uma fila de padrinhos é exclusividade dos brasileiros!

Ri fraco e ela perguntou:

- Eu te conheço muito bem. O que você acha que vai ser? - Pôs a mão na barriga. A olhei, estreitando os olhos.

- Menina.

Sorriu largamente, sabendo que as chances de eu acertar eram altas. Tudo bem que eu tinha 50% de chances de acertar e 50% de errar. Mas geralmente, era batata. Principalmente quando alguma mulher estava esperando um menino.

- E então? Já decidiu as cores da decoração?- Perguntei e ela disse:

- Acho que verde claro e lilás. Andei pensando nisso e você e a Nadine podem incluir um ramo de lavanda cada uma quando se casarem.

- Ok. - Respondi, anotando no celular. - Flores?

- Lavanda e... Tem alguma flor verde clara?

Dei de ombros.

- Nicola Maria! - Falei, afobada. Arregalou os olhos.

- Que foi?

- Tem gente que tinge rosas na cor que a gente quiser. Já ouvi a Claire falando disso um dia e o melhor de tudo: São corantes naturais.

Se animou e, imediatamente, disquei o número da Claire. Mas, antes de apertar o botão para chamar, a ruiva me interrompeu:

- Se esqueceu que vou me casar em Londres e não aqui em Los Angeles?

Mordi o lábio inferior.

- Corante alimentício! - Exclamei.

- ... Não tomou café com energético, tomou? - A Di perguntou, voltando a se aproximar de nós. Fiz língua enquanto ela se sentava no sofá branco ao meu lado.

- Será que corante alimentício estraga as flores? Só o que faltava, né?- A Lola se perguntou e, logo, estávamos as três pesquisando sobre o assunto. Logo, a vendedora magrela e simpática da loja voltou, trazendo vários modelos. Que a Lola não gostou. Disse:

- Então. Apesar de tudo, acho que quando acontecer a festa, já vou estar enorme e a última coisa que eu preciso é parecer um repolho que vai se casar.

Olhei para a Di e ela também segurava o riso.

- Sei. Bom, e as madrinhas?

As madrinhas iam bater na magrela, definitivamente. Ela trouxe cada croqui pior que o outro. Os vestidos eram parecidos com aqueles mais espalhafatosos dos anos 80, com mangas bufantes, coloridos e que com certeza, não iam combinar em nada com cada uma das madrinhas. A Lola, por fim, avisou que ia pensar melhor e depois voltaria.

- Pense pelo lado positivo. - A Di falou, do banco do carona enquanto eu dirigia de volta para a casa. - Se a gente não tiver opção e termos de comprar aquelas... Coisas, pelo menos não vai gastar dinheiro com a banda. Tenho certeza que a gente vai poder fazer cover da Madonna cantando - Imitou a voz e até mexeu a cabeça. - Like a virgin... Touched for the very first time... Like a vi-i-i-irgin...

Como sempre, dei um ronco leve antes de cair na gargalhada.

- Mesmo porque... Nós três sabemos muito bem que Like a virgin seria a última música a ser cantada por qualquer uma de nós três. - A Lola falou, do banco de trás. Decidi provoca-la:

- Lola, cuidado onde põe a mão aí... Outro dia a tentação foi tanta que eu acho que tem resquícios de fluídos aí...

Ela ficou branca. Quer dizer, mais ainda.

- Não me diz que tem resto de esperma do aqui. - Pediu e falei:

- Então... O carro é dele...

- Ai que nojo! - Guinchou e a Nadine quase chorava de rir. - Pior é que eu imagino vocês dois. Devem ser tipo um par de gatos, com a espancando o depois de tudo.

Tive que rir e falei:

- Então, pela lógica, se ele tivesse espinhos... Lá, ia apanhar com certeza. Mas como não tem... Apanha do mesmo jeito.

A careta da Nicola foi hilária.

- Ok. Decidido. Você nunca vai ficar sozinha com a minha filha! - Reclamou e, quando paramos no sinal, me virei para olhá-la e perguntei:

- Sinceramente. Você, que sabe muito bem do que acontece comigo nos últimos três, quase quatro anos, acha mesmo que eu ia transar com o no banco de trás do carro e te deixar sentar aí, caso realmente tivesse alguma coisa?

Negou.

- Então. Se eu nunca levei nem o lá em casa... Por que eu faria uma coisa dessas?

- Talvez porque desde que você casou com o não tem sido racional? - Perguntou, sem expressar qualquer emoção, fosse no rosto, fosse na voz.

- Eu nunca fui racional. - Pisquei e voltei a prestar atenção ao trânsito.

Assim que cheguei em casa, pus as chaves no aparador perto da porta e avisei:

- Sweetie, cheguei!

- Estou na cozinha! - O ouvi dizer. Fui até lá e, quando o vi de frente para o fogão, mexendo numa panela, passei meus braços pela sua cintura e encostei a cabeça nele. Perguntou: - E aí? Como foi?

- Além da Lola falar que não queria se parecer um repolho? Vimos os croquis de vestidos de dama de honra mais... Medonhos que você puder imaginar. Com babados coloridos, mangas bufantes e faltou só o cabelo com permanente e sombra e batom rosa-choque.

Riu fraco e disse:

- Se quiser... Posso ajudar.

Me endireitei e, parei ao seu lado, o observando.

- Acho bom você ter um bom argumento para usar com, não só uma noiva, mas seis damas de honra.

- Seis?

Assenti.

- Di, eu, Frankie, uma prima da Lola, uma irmã do Charlie e a “cúpida” dos dois.

- Frankie?

- Irmã da Nicola.

Ergueu as sobrancelhas e, se mostrando todo interessado, perguntou:

- Como ela é?

- Comprometida. Assim como você comigo. - Bati no seu braço e ele riu.

- Todas estão na Inglaterra?

- Quase. Duas estão aqui em Los Angeles, sendo que uma está falando com você neste exato momento.

- Por que você está mais rabugenta que de costume?

Respirei fundo e disse:

- Porque eu quero que o casamento da Nicola seja o mais perfeito imaginável e tenho medo de não conseguir lidar com a pressão. Afinal de contas, organizar uma festa do outro lado do oceano não é mole.

- Ah, mas você vai, tenha certeza. Não só a Nicola, mas eu confio em você.

Dei um sorriso tímido e, por um instante, quase não me segurei.

- O que foi? - Perguntou, percebendo.

- Eu descobri uma coisa, mas fui proibida de te contar. Mas domingo você descobre.

Franziu as sobrancelhas e disse:

- Por que só domingo?

- Porque é quando vai ter o almoço na casa do . Ele pediu para a Di para me avisar. E automaticamente, transmitir a mensagem para você.

Piscou algumas vezes e falei:

- É, eu sei. Confuso. Basicamente: O convidou a gente para ir almoçar lá domingo. Lola e Charlie vão também.

Concordou, voltando a dar atenção àquilo que cozinhava.

- O que, exatamente, você está cozinhando? - Perguntei. - E isso é...?

- Algo que você vai descobrir quando comer. Não se preocupa porque, do mesmo jeito que você faz comigo, eu tomo o cuidado de não fazer coisas que eu sei que você não gosta.

Ainda ressabiada, fiquei o observando, sentada à bancada e o ajudando como podia. Do nada, me perguntou:

- Sabe fazer macarrão alho e óleo?

Tive que rir por causa da surpresa da pergunta.

- Nasci num estado que é bastante comum e sou filha de uma italiana. Logo, seria impossível não saber fazer. - Respondi.

- Um dia desses... - Começou a dizer e já entendi o que queria.

- Eu faço, não se preocupe. - Respondi.

Depois de algum tempo, finalmente ficou pronto e ele me serviu. Encarei o prato e olhava para o .

- Com medo? - Perguntou e assumi uma postura diferente.

- Ao contrário de uns e outros... - Peguei uma garfada. - Não tenho medo de experimentar.

E enfiei a porção na boca. Comecei a mastigar e identifiquei o gosto e falei, depois de engolir:

- Eu não acredito que você fez esse mistério todo por conta de um macarrão, !

Riu e perguntou:

- Gostou?

- Até parece que não vou, né? - Perguntei, comendo outra garfada. Nesse instante, meu celular tocou ao mesmo tempo que o telefone fixo. O atendeu este enquanto eu pegava o aparelho que estava ao meu lado e tocava uma música pop que eu sabia que a Lola gostava. Apertei o botão para atender e, logo, ouvi sua voz:

- Mudança de planos. Estava falando com a Frankie e a Di e decidiram, com consenso com as outras damas a cor do vestido. Bom, dos vestidos.

- Como assim “Dos vestidos”?

- Então... Para a cerimônia vai ser um longo. E para a festa, para vocês poderem ficar mais confortáveis e aproveitar mais... Vai ser um mais curto. As meninas tinham pensado num na altura do joelho.

- Cores? - Perguntei.

- Então... Não me odeie. Mudamos o esquema de lilás e verde claro para roxo e magenta. Quer dizer, ainda vamos manter o branco em toda a decoração e só alguns detalhes nessas duas novas cores.

- E como ficou o esquema das cores que cada dama vai usar? - Só então percebi o olhar do na minha direção. Ainda segurava o telefone e falei: - Lola, pera. - Tampei o bocal e perguntei para ele: - O que foi?

- Tem uma garota querendo falar com você. Disse que se chama Francesca.

Franzi a sobrancelha e falei com a Lola:

- Ruivão, telefone fixo para mim. Daqui a pouco te ligo, ok?

Concordou e nos despedimos. Peguei o aparelho que o me estendia e falei:

- Oi.

- ? Frankie. - Ouvi uma voz quase igual à que ouvi há poucos instantes. Olhei par ao , sorrindo e falei:

- Ei, tudo bem?

- Vou ser tia e cunhada tudo ao mesmo tempo. Mamãe quase surtou ontem.

Ri fraco e ela me contou basicamente a mesma coisa que a Lola. Assim que desliguei, depois de alguns poucos minutos e com a decisão de mantermos as cores, mas cada uma podia escolher os modelos, o perguntou, curioso:

- Quantas Francesca você conhece?

- Duas. A irmã da Lola e tenho uma prima com esse nome. - Respondi.

- Sério?

- E olha só: A Francesca, minha prima, é sobrinha do Francesco.

Me olhou, não acreditando.

- Te juro. Depois a gente entra no meu facebook e te mostro. Mas vai se acostumando. Nem eu sou exclusiva na família.

- Ah não? Mas que merda, hein? Achei que tinha encontrado uma agulha de ouro branco no meio do palheiro...

Olhei para ele e falei:

- Se te fazer sentir menos... Enganado - Ri e ele também. - Não acho que tem uma descendente da D. Maria.

- É de qual família? Paterna?

Neguei.

- Materna. Mas acho que era uma prima da minha avó ou algo assim...

Continuei contando da minha família e ele, querendo ou não, se mostrou bastante interessado. Me fez prometer que, um dia, iríamos à Itália e conheceria todo mundo.

Depois do jantar, o quis saber da história do vestido e expliquei:

- O que ficou decidido é que vão ser dois vestidos, um longo para a cerimônia e outro curto para a festa, e cada um de uma cor. A Frankie me ligou para avisar que, semana que vem, ela vai dar um jeito de reunir as outras madrinhas e todo mundo vai decidir quais as cores que cada uma vai usar. É basicamente isso.

- E você? Tem preferência?

Dei de ombros.

- As cores que elas escolheram combinam comigo e então tá tudo bem. Por mim, tanto faz.

- Ó... Nada de decote chamativo, viu?

Arqueei a sobrancelha e, só de provocação, respondi:

- Não seja por isso. Faço questão de escolher um vestido tipo aquele da Jennifer Lopez, que ia quase até a...

- Ah, mas não vai mesmo! - Me interrompeu e gargalhei. Claro que ele não demorou a começar a me torturar com cócegas. Claro que, depois de alguns minutos, eu não estava mais aguentando e pedi para que parasse. E ele, claro, tinha que fazer graça:

- Eu paro. Se disser que eu sou o cara mais lindo e inteligente que você conhece.

- Pausa, só para eu respirar e dizer isso, por favor! - Obedeceu e falei: - Ok. Você é o cara mais lindo que eu conheço. E o mais fodástico também. Agora quanto a inteligência... Aí é pedir demais para alguém que andou por uma passarela depois que ela acabou...

... E recomeçaram as cócegas. Fui salva pelo gongo, por sorte, que foi o telefone.

No dia seguinte, os preparativos para o casamento estavam a pleno vapor e a data foi remarcada, para meados de maio, justamente para termos mais tempo. A Lola ligou o foda-se por causa da barriga e a saída foi encontrar um vestido que fosse mais largo, com modelo tipo império. E cor de creme. Ela já havia contado para mais parentes e a reação da sua avó foi a de simplesmente chorar.

Organizávamos tudo simultaneamente, em Londres e Los Angeles. Quer dizer, a Frankie e o resto do povo do outro lado do oceano olhava coisas tipo o lugar para fazer a festa, bufê e outras coisas que podiam ser olhadas só lá. E eu, a Di e a Claire olhávamos coisas tipo convites, lembrancinhas e os vestidos das damas do lado de cá. Acabamos conseguindo os vestidos de modelos que todas gostaram e nas cores que a Lola queria.

Numa tarde de sexta-feira, estava com as meninas lá em casa, sendo que a Claire dividia as atenções entre o e eu. Justo quando ele estava no meu quarto, olhando algumas coisas com a Claire e, de repente, meu celular começou a tocar. Peguei o aparelho, sem ver quem era e pensando que podia ser a Frankie, e até pus no viva-voz:

- Diga. - Falei.

- ? - Ouvi o e imediatamente ergui o olhar para o , que também me fixava.

- Oi.

- Lola tá aí com você?

- Imagina se eu e a Di não estaríamos? - A ruiva disse. - Queria falar comigo?

- Queria. Já estou sabendo das boas novas e eu acho que você vai gostar do que eu consegui para você e o Charlie. Pode ser um dos presentes de casamento, se quiser.

Olhei para a Di, que deu de ombros. O ainda prestava atenção à conversa.

- O que é? - A Lola quis saber.

- Então. Falei com a Frankie ontem e ela disse que ainda não conseguiram um lugar para a cerimônia e a festa. Eu achei agora há pouco. Só estou esperando seu aval para poder assinar o contrato de locação.

- Que lugar é esse? - Ela insistiu.

- , vai logo ao que interessa, por obséquio? - Pedi, já impaciente.

- É uma mansão de meados do século XiX que fica perto de Londres. A uma meia hora do centro, mas, justamente por causa do tamanho, se quiser, dá para uma boa parte dos convidados ficar hospedada lá.

Vi que o travou o maxilar e a Lola, claro, acertou a oferta e entreguei o celular para ela, que desligou o viva-voz e continuou conversando com ele. Me levantei da cama e peguei o pelo braço, o levando até o seu quarto. Fechei a porta e falei:

- Se ficar com essa tromba...

- Eu vi o jeito que você ficou quando ouviu a voz dele.

- Ai, ! Só falta!

- O cara quer alugar uma propriedade para o casamento da Nicola só para chamar sua atenção.

Suspirei e falei:

- É, mas sabe com quem eu vou entrar na cerimônia? Você. E não ele. A Lola até me perguntou com quem eu queria entrar, se com ele ou você e acho que a resposta já está mais que óbvia, não é? Portanto... Para de ciúmes besta, entendido?

Ainda estava um pouco emburrado e, logo, comecei a fazer graça e consegui arrancar um sorriso, mesmo que tímido, dele.

- Para com essa insegurança, ok? - Pedi e ele acabou cedendo, finalmente. Antes de entrar no meu quarto, no entanto, ele me puxou e me pôs contra a parede. Roubou um beijo daqueles e, ainda deixando a boca próxima da minha, pediu:

- Vamos dar uma desculpa e mandar as meninas para a casa?

Sorri e falei:

- É uma ótima ideia... - Percebi que ele retribuía e deu até dó de desanimá-lo: - Só que você tem que trabalhar e eu tenho que ajudar a Lola e a Di a planejarem o casamento. Casamento esse que sai em menos de dois meses. Do outro lado do oceano.

Fingi que caiu a ficha e fiz uma careta de sofrimento. Ele riu e continuou me abraçando. Não muito tempo depois, voltamos a fazer as coisas e a Lola, contou animada, que o já ia assinar o contrato do aluguel da casa. Foi então que o , não conseguindo esconder o quanto estava mordido, falou, de repente:

- Quer saber? Deixa que eu pago a festa. Inclusive bufê e banda. E DJ.

Olhei para ele e perguntei:

- Vai mesmo querer fazer isso por puro orgulho?

- Não é orgulho. E além do mais... Por que ele pode alugar uma propriedade inteira e eu não posso pelo menos pagar a festa? Aliás, se quiser, deixa a decoração por minha conta também. - Disse para a Nicola, que assentiu, sem falar nada.

- Eu não acredito em você. - Falei com ele. As meninas pareciam ver uma partida de tênis. - Está óbvio que inventou isso agora só porque o vai alugar a casa.

- E se for? Vai me impedir? - Perguntou e empinei o nariz, estufando o peito.

- Crianças, vamos fazer uma coisa, sim? - A Lola interveio. - , deixa o pagar. E ... Nada de ficar medindo forças com o , entendido? Senão, faço a mesma coisa que a minha mãe costumava fazer quando o Clayton e o Harry brigavam, deixando os dois no mesmo quarto por uma hora inteira até fazerem as pazes.

Ele respirou fundo e tive que disfarçar um leve sorriso.

Na hora do jantar, depois que as meninas foram embora, o estava me ajudando a fazer as coisas e perguntou:

- Sabe por que sou inseguro quando o assunto é ?

Olhei para ele.

- Não é porque é herdeiro de um patrimônio monstruoso e eu vi que faz sucesso entre as inglesas. É porque, no meio de todas essas garotas, sendo algumas da mesma...

- Pode falar. Mesma classe social. E só para você saber... O mesmo padrão de vida que eu tenho em Londres é o que eu tinha no Brasil. Bom, um pouco mais sacrificado porque a libra consegue ser tão cara quanto o real, mas ainda sim... E a mãe dele sempre simpatizou comigo. Mesmo sabendo que eu rebolo em cima de um balcão de bar.

- É. Mas o que eu não entendo é por que você. Garanto que ele podia ter qualquer garota que quisesse assim - Estalou os dedos. - mas foi justamente atrás de uma que nem é inglesa, para começo de conversa.

- Eu te faço essa mesma pergunta. Quando a gente se conheceu, provavelmente tinham várias garotas que podiam ser mais interessantes e atraentes que eu. Mas mesmo assim... Ó só... - Mostrei a aliança.

- Não sei explicar. Não foi a sua visão na banheira.

Rimos.

- Acho que foi justamente porque você não parecia dar a mínima para o fato de eu ser .

- Ah, eu dou. Mas dou mais importância a quem você é longe dos palcos do que cantando para um bando de adolescentes histéricas de hormônios fervilhando por causa de uma calça justa.

Fez uma careta e falei:

- Nem vem que não tem e você sabe que é verdade. Não vem com mimimi de que “ninguém me ama, ninguém me quer” senão apanha de colher de pau. - A brandi e ele, claro, riu.

- Teria me dado bola mesmo se eu não fosse quem eu sou?

- Ia ficar te olhando de longe, para começo de conversa. E ia esperar uma reação sua.

-... E eu, crente que você era uma daquelas garotas que tomam atitude...

- Se tiver a liberdade... E vê se não dilacera o coitado do tomate, . Presta atenção no que está fazendo. - Chamei sua atenção e realmente funcionou.

Depois de comer, ele se aproveitou de que eu estava lavando a louça e me abraçou por trás. Segurando firme nos meus quadris, afastou meu cabelo para o lado e começou a beijar meu ombro. Sua respiração sobre a minha pele fazia com que eu não conseguisse refrear os arrepios.

- . - Falei, em tom de aviso. - Se eu quebrar alguma coisa...

- Não tem problema.

- Ah tem... Vai que eu me machuco?

- Eu cuido de você. - Passou a beijar meu pescoço. Respirei fundo e o empurrei de leve com o meu quadril e aquilo, claro, teve o resultado oposto. Ouvi sua risada baixa e rouca próxima à minha orelha e disse: - , não faz isso...

- Olho por olho... - Respondi. - Anda, me deixa terminar aqui. Depois você tem a minha atenção integral.

- Agora que eu não te largo...

Gemi, inconformada.

- ... Vou te molhar se não parar.

Não levou muita fé... E cumpri com minha palavra. Óbvio que ele revidou e, antes que a cozinha ficasse alagada, ele finalmente me deixou em paz e, assim que passei pelo seu quarto, vi que estava sem camisa e se secando com uma toalha. E com isso, ele dobrava um pouco o braço e contraía os músculos. Me segurei para não fazer qualquer barulho, só que ele me viu.

- Falou que eu ia ter sua atenção integral agora...

Respirei fundo e me aproximei dele, lentamente. Quando estava muito perto, comecei a tirar a camiseta que usava e parecia que seu olhar ia me queimar. Decidindo tortura-lo um pouco, soltei o pouco que havia levantado e falei:

- Quer saber? Acho melhor você fazer isso.

Me aproximei lentamente dele, que me olhava. Parei na sua frente e, antes de me beijar, realmente tirou a camiseta. Em seguida, me puxou pela cintura e não demorou tanto tempo assim para que ele me pegasse nos braços e me levasse até a cama.

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 37º capítulo

37. You make my earth quake

Me libertei, vi uma estrada aberta
Os passos me guiaram até sua alma
Agora eu corro com um lar para ir
Nunca pensei que seria tão feliz
Se você está perguntando, sim, você me tem
Como você mudou meus pensamentos, você nunca vai saber

(Jessie J - Thunder)

Luiza

Na segunda-feira mesmo, já combinei com a Nadine de começarmos a olhar as coisas para ajudar no casamento da Nicola. O Charlie havia dito no dia anterior que já tinham decidido uma data, mas como a Lola ia estar gigante, conseguimos usar os argumentos certos para convencê-la a não esperar tanto. Quando estávamos com ela em uma loja de noivas, me avisou, aproveitando que a Di tinha se afastado um pouco:

- De antemão, quero deixar bem claro que você e o Bill serão dois dos nossos padrinhos, entendido?

Olhei para ela e falei:

- Não achei que...

- Ah, pelo amor de Deus! Até parece que ter uma fila de padrinhos é exclusividade dos brasileiros!

Ri fraco e ela perguntou:

- Eu te conheço muito bem. O que você acha que vai ser? - Pôs a mão na barriga. A olhei, estreitando os olhos.

- Menina.

Sorriu largamente, sabendo que as chances de eu acertar eram altas. Tudo bem que eu tinha 50% de chances de acertar e 50% de errar. Mas geralmente, era batata. Principalmente quando alguma mulher estava esperando um menino.

- E então? Já decidiu as cores da decoração?- Perguntei e ela disse:

- Acho que verde claro e lilás. Andei pensando nisso e você e a Nadine podem incluir um ramo de lavanda cada uma quando se casarem.

- Ok. - Respondi, anotando no celular. - Flores?

- Lavanda e... Tem alguma flor verde clara?

Dei de ombros.

- Nicola Maria! - Falei, afobada. Arregalou os olhos.

- Que foi?

- Tem gente que tinge rosas na cor que a gente quiser. Já ouvi a Claire falando disso um dia e o melhor de tudo: São corantes naturais.

Se animou e, imediatamente, disquei o número da Claire. Mas, antes de apertar o botão para chamar, a ruiva me interrompeu:

- Se esqueceu que vou me casar em Londres e não aqui em Los Angeles?

Mordi o lábio inferior.

- Corante alimentício! - Exclamei.

- Izzy... Não tomou café com energético, tomou? - A Di perguntou, voltando a se aproximar de nós. Fiz língua enquanto ela se sentava no sofá branco ao meu lado.

- Será que corante alimentício estraga as flores? Só o que faltava, né?- A Lola se perguntou e, logo, estávamos as três pesquisando sobre o assunto. Logo, a vendedora magrela e simpática da loja voltou, trazendo vários modelos. Que a Lola não gostou. Disse:

- Então. Apesar de tudo, acho que quando acontecer a festa, já vou estar enorme e a última coisa que eu preciso é parecer um repolho que vai se casar.

Olhei para a Di e ela também segurava o riso.

- Sei. Bom, e as madrinhas?

As madrinhas iam bater na magrela, definitivamente. Ela trouxe cada croqui pior que o outro. Os vestidos eram parecidos com aqueles mais espalhafatosos dos anos 80, com mangas bufantes, coloridos e que com certeza, não iam combinar em nada com cada uma das madrinhas. A Lola, por fim, avisou que ia pensar melhor e depois voltaria.

- Pense pelo lado positivo. - A Di falou, do banco do carona enquanto eu dirigia de volta para a casa. - Se a gente não tiver opção e termos de comprar aquelas... Coisas, pelo menos não vai gastar dinheiro com a banda. Tenho certeza que a gente vai poder fazer cover da Madonna cantando - Imitou a voz e até mexeu a cabeça. - Like a virgin... Touched for the very first time... Like a vi-i-i-irgin...

Como sempre, dei um ronco leve antes de cair na gargalhada.

- Mesmo porque... Nós três sabemos muito bem que Like a virgin seria a última música a ser cantada por qualquer uma de nós três. - A Lola falou, do banco de trás. Decidi provoca-la:

- Lola, cuidado onde põe a mão aí... Outro dia a tentação foi tanta que eu acho que tem resquícios de fluídos aí...

Ela ficou branca. Quer dizer, mais ainda.

- Não me diz que tem resto de esperma do Bill aqui. - Pediu e falei:

- Então... O carro é dele...

- Ai que nojo! - Guinchou e a Nadine quase chorava de rir. - Pior é que eu imagino vocês dois. Devem ser tipo um par de gatos, com a Iza espancando o Bill depois de tudo.

Tive que rir e falei:

- Então, pela lógica, se ele tivesse espinhos... Lá, ia apanhar com certeza. Mas como não tem... Apanha do mesmo jeito.

A careta da Nicola foi hilária.

- Ok. Decidido. Você nunca vai ficar sozinha com a minha filha! - Reclamou e, quando paramos no sinal, me virei para olhá-la e perguntei:

- Sinceramente. Você, que sabe muito bem do que acontece comigo nos últimos três, quase quatro anos, acha mesmo que eu ia transar com o Bill no banco de trás do carro e te deixar sentar aí, caso realmente tivesse alguma coisa?

Negou.

- Então. Se eu nunca levei nem o Alex lá em casa... Por que eu faria uma coisa dessas?

- Talvez porque desde que você casou com o Bill não tem sido racional? - Perguntou, sem expressar qualquer emoção, fosse no rosto, fosse na voz.

- Eu nunca fui racional. - Pisquei e voltei a prestar atenção ao trânsito.

Assim que cheguei em casa, pus as chaves no aparador perto da porta e avisei:

- Sweetie, cheguei!

- Estou na cozinha! - O ouvi dizer. Fui até lá e, quando o vi de frente para o fogão, mexendo numa panela, passei meus braços pela sua cintura e encostei a cabeça nele. Perguntou: - E aí? Como foi?

- Além da Lola falar que não queria se parecer um repolho? Vimos os croquis de vestidos de dama de honra mais... Medonhos que você puder imaginar. Com babados coloridos, mangas bufantes e faltou só o cabelo com permanente e sombra e batom rosa-choque.

Riu fraco e disse:

- Se quiser... Posso ajudar.

Me endireitei e, parei ao seu lado, o observando.

- Acho bom você ter um bom argumento para usar com, não só uma noiva, mas seis damas de honra.

- Seis?

Assenti.

- Di, eu, Frankie, uma prima da Lola, uma irmã do Charlie e a “cúpida” dos dois.

- Frankie?

- Irmã da Nicola.

Ergueu as sobrancelhas e, se mostrando todo interessado, perguntou:

- Como ela é?

- Comprometida. Assim como você comigo. - Bati no seu braço e ele riu.

- Todas estão na Inglaterra?

- Quase. Duas estão aqui em Los Angeles, sendo que uma está falando com você neste exato momento.

- Por que você está mais rabugenta que de costume?

Respirei fundo e disse:

- Porque eu quero que o casamento da Nicola seja o mais perfeito imaginável e tenho medo de não conseguir lidar com a pressão. Afinal de contas, organizar uma festa do outro lado do oceano não é mole.

- Ah, mas você vai, tenha certeza. Não só a Nicola, mas eu confio em você.

Dei um sorriso tímido e, por um instante, quase não me segurei.

- O que foi? - Perguntou, percebendo.

- Eu descobri uma coisa, mas fui proibida de te contar. Mas domingo você descobre.

Franziu as sobrancelhas e disse:

- Por que só domingo?

- Porque é quando vai ter o almoço na casa do Tom. Ele pediu para a Di para me avisar. E automaticamente, transmitir a mensagem para você.

Piscou algumas vezes e falei:

- É, eu sei. Confuso. Basicamente: O Tom convidou a gente para ir almoçar lá domingo. Lola e Charlie vão também.

Concordou, voltando a dar atenção àquilo que cozinhava.

- O que, exatamente, você está cozinhando? - Perguntei e ele respondeu em alemão. - E isso é...?

- Algo que você vai descobrir quando comer. Não se preocupa porque, do mesmo jeito que você faz comigo, eu tomo o cuidado de não fazer coisas que eu sei que você não gosta.

Ainda ressabiada, fiquei o observando, sentada à bancada e o ajudando como podia. Do nada, me perguntou:

- Sabe fazer macarrão alho e óleo?

Tive que rir por causa da surpresa da pergunta.

- Nasci num estado que é bastante comum e sou filha de uma italiana. Logo, seria impossível não saber fazer. - Respondi.

- Um dia desses... - Começou a dizer e já entendi o que queria.

- Eu faço, não se preocupe. - Respondi.

Depois de algum tempo, finalmente ficou pronto e ele me serviu. Encarei o prato e olhava para o Bill.

- Com medo? - Perguntou e assumi uma postura diferente.

- Ao contrário de uns e outros... - Peguei uma garfada. - Não tenho medo de experimentar.

E enfiei a porção na boca. Comecei a mastigar e identifiquei o gosto e falei, depois de engolir:

- Eu não acredito que você fez esse mistério todo por conta de um macarrão, Kaulitz!

Riu e perguntou:

- Gostou?

- Até parece que não vou, né? - Perguntei, comendo outra garfada. Nesse instante, meu celular tocou ao mesmo tempo que o telefone fixo. O Bill atendeu este enquanto eu pegava o aparelho que estava ao meu lado e tocava uma música pop que eu sabia que a Lola gostava. Apertei o botão para atender e, logo, ouvi sua voz:

- Mudança de planos. Estava falando com a Frankie e a Di e decidiram, com consenso com as outras damas a cor do vestido. Bom, dos vestidos.

- Como assim “Dos vestidos”?

- Então... Para a cerimônia vai ser um longo. E para a festa, para vocês poderem ficar mais confortáveis e aproveitar mais... Vai ser um mais curto. As meninas tinham pensado num na altura do joelho.

- Cores? - Perguntei.

- Então... Não me odeie. Mudamos o esquema de lilás e verde claro para roxo e magenta. Quer dizer, ainda vamos manter o branco em toda a decoração e só alguns detalhes nessas duas novas cores.

- E como ficou o esquema das cores que cada dama vai usar? - Só então percebi o olhar do Bill na minha direção. Ainda segurava o telefone e falei: - Lola, pera. - Tampei o bocal e perguntei para ele: - O que foi?

- Tem uma garota querendo falar com você. Disse que se chama Francesca.

Franzi a sobrancelha e falei com a Lola:

- Ruivão, telefone fixo para mim. Daqui a pouco te ligo, ok?

Concordou e nos despedimos. Peguei o aparelho que o Bill me estendia e falei:

- Oi.

- Izzy? Frankie. - Ouvi uma voz quase igual à que ouvi há poucos instantes. Olhei par ao Bill, sorrindo e falei:

- Ei, tudo bem?

- Vou ser tia e cunhada tudo ao mesmo tempo. Mamãe quase surtou ontem.

Ri fraco e ela me contou basicamente a mesma coisa que a Lola. Assim que desliguei, depois de alguns poucos minutos e com a decisão de mantermos as cores, mas cada uma podia escolher os modelos, o Bill perguntou, curioso:

- Quantas Francesca você conhece?

- Duas. A irmã da Lola e tenho uma prima com esse nome. - Respondi.

- Sério?

- E olha só: A Francesca, minha prima, é sobrinha do Francesco.

Me olhou, não acreditando.

- Te juro. Depois a gente entra no meu facebook e te mostro. Mas vai se acostumando. Nem eu sou exclusiva na família.

- Ah não? Mas que merda, hein? Achei que tinha encontrado uma agulha de ouro branco no meio do palheiro...

Olhei para ele e falei:

- Se te fazer sentir menos... Enganado - Ri e ele também. - Não acho que tem uma Luiza descendente da D. Maria.

- É de qual família? Paterna?

Neguei.

- Materna. Mas acho que era uma prima da minha avó ou algo assim...

Continuei contando da minha família e ele, querendo ou não, se mostrou bastante interessado. Me fez prometer que, um dia, iríamos à Itália e conheceria todo mundo.

Depois do jantar, o Bill quis saber da história do vestido e expliquei:

- O que ficou decidido é que vão ser dois vestidos, um longo para a cerimônia e outro curto para a festa, e cada um de uma cor. A Frankie me ligou para avisar que, semana que vem, ela vai dar um jeito de reunir as outras madrinhas e todo mundo vai decidir quais as cores que cada uma vai usar. É basicamente isso.

- E você? Tem preferência?

Dei de ombros.

- As cores que elas escolheram combinam comigo e então tá tudo bem. Por mim, tanto faz.

- Ó... Nada de decote chamativo, viu?

Arqueei a sobrancelha e, só de provocação, respondi:

- Não seja por isso. Faço questão de escolher um vestido tipo aquele da Jennifer Lopez, que ia quase até a...

- Ah, mas não vai mesmo! - Me interrompeu e gargalhei. Claro que ele não demorou a começar a me torturar com cócegas. Claro que, depois de alguns minutos, eu não estava mais aguentando e pedi para que parasse. E ele, claro, tinha que fazer graça:

- Eu paro. Se disser que eu sou o cara mais lindo e inteligente que você conhece.

- Pausa, só para eu respirar e dizer isso, por favor! - Obedeceu e falei: - Ok. Você é o cara mais lindo que eu conheço. E o mais fodástico também. Agora quanto a inteligência... Aí é pedir demais para alguém que andou por uma passarela depois que ela acabou...

... E recomeçaram as cócegas. Fui salva pelo gongo, por sorte, que foi o telefone.

No dia seguinte, os preparativos para o casamento estavam a pleno vapor e a data foi remarcada, para meados de maio, justamente para termos mais tempo. A Lola ligou o foda-se por causa da barriga e a saída foi encontrar um vestido que fosse mais largo, com modelo tipo império. E cor de creme. Ela já havia contado para mais parentes e a reação da sua avó foi a de simplesmente chorar.

Organizávamos tudo simultaneamente, em Londres e Los Angeles. Quer dizer, a Frankie e o resto do povo do outro lado do oceano olhava coisas tipo o lugar para fazer a festa, bufê e outras coisas que podiam ser olhadas só lá. E eu, a Di e a Claire olhávamos coisas tipo convites, lembrancinhas e os vestidos das damas do lado de cá. Acabamos conseguindo os vestidos de modelos que todas gostaram e nas cores que a Lola queria.

Numa tarde de sexta-feira, estava com as meninas lá em casa, sendo que a Claire dividia as atenções entre o Bill e eu. Justo quando ele estava no meu quarto, olhando algumas coisas com a Claire e, de repente, meu celular começou a tocar. Peguei o aparelho, sem ver quem era e pensando que podia ser a Frankie, e até pus no viva-voz:

- Diga. - Falei.

- Izzy? - Ouvi o Alex e imediatamente ergui o olhar para o Bill, que também me fixava.

- Oi.

- Lola tá aí com você?

- Imagina se eu e a Di não estaríamos? - A ruiva disse. - Queria falar comigo?

- Queria. Já estou sabendo das boas novas e eu acho que você vai gostar do que eu consegui para você e o Charlie. Pode ser um dos presentes de casamento, se quiser.

Olhei para a Di, que deu de ombros. O Bill ainda prestava atenção à conversa.

- O que é? - A Lola quis saber.

- Então. Falei com a Frankie ontem e ela disse que ainda não conseguiram um lugar para a cerimônia e a festa. Eu achei agora há pouco. Só estou esperando seu aval para poder assinar o contrato de locação.

- Que lugar é esse? - Ela insistiu.

- Ireland, vai logo ao que interessa, por obséquio? - Pedi, já impaciente.

- É uma mansão de meados do século XiX que fica perto de Londres. A uma meia hora do centro, mas, justamente por causa do tamanho, se quiser, dá para uma boa parte dos convidados ficar hospedada lá.

Vi que o Bill travou o maxilar e a Lola, claro, acertou a oferta e entreguei o celular para ela, que desligou o viva-voz e continuou conversando com ele. Me levantei da cama e peguei o Bill pelo braço, o levando até o seu quarto. Fechei a porta e falei:

- Se ficar com essa tromba...

- Eu vi o jeito que você ficou quando ouviu a voz dele.

- Ai, Kaulitz! Só falta!

- O cara quer alugar uma propriedade para o casamento da Nicola só para chamar sua atenção.

Suspirei e falei:

- É, mas sabe com quem eu vou entrar na cerimônia? Você. E não ele. A Lola até me perguntou com quem eu queria entrar, se com ele ou você e acho que a resposta já está mais que óbvia, não é? Portanto... Para de ciúmes besta, entendido?

Ainda estava um pouco emburrado e, logo, comecei a fazer graça e consegui arrancar um sorriso, mesmo que tímido, dele.

- Para com essa insegurança, ok? - Pedi e ele acabou cedendo, finalmente. Antes de entrar no meu quarto, no entanto, ele me puxou e me pôs contra a parede. Roubou um beijo daqueles e, ainda deixando a boca próxima da minha, pediu:

- Vamos dar uma desculpa e mandar as meninas para a casa?

Sorri e falei:

- É uma ótima ideia... - Percebi que ele retribuía e deu até dó de desanimá-lo: - Só que você tem que trabalhar e eu tenho que ajudar a Lola e a Di a planejarem o casamento. Casamento esse que sai em menos de dois meses. Do outro lado do oceano.

Fingi que caiu a ficha e fiz uma careta de sofrimento. Ele riu e continuou me abraçando. Não muito tempo depois, voltamos a fazer as coisas e a Lola, contou animada, que o Alex já ia assinar o contrato do aluguel da casa. Foi então que o Bill, não conseguindo esconder o quanto estava mordido, falou, de repente:

- Quer saber? Deixa que eu pago a festa. Inclusive bufê e banda. E DJ.

Olhei para ele e perguntei:

- Vai mesmo querer fazer isso por puro orgulho?

- Não é orgulho. E além do mais... Por que ele pode alugar uma propriedade inteira e eu não posso pelo menos pagar a festa? Aliás, se quiser, deixa a decoração por minha conta também. - Disse para a Nicola, que assentiu, sem falar nada.

- Eu não acredito em você. - Falei com ele. As meninas pareciam ver uma partida de tênis. - Está óbvio que inventou isso agora só porque o Alex vai alugar a casa.

- E se for? Vai me impedir? - Perguntou e empinei o nariz, estufando o peito.

- Crianças, vamos fazer uma coisa, sim? - A Lola interveio. - Izzy, deixa o Bill pagar. E Bill... Nada de ficar medindo forças com o Alex, entendido? Senão, faço a mesma coisa que a minha mãe costumava fazer quando o Clayton e o Harry brigavam, deixando os dois no mesmo quarto por uma hora inteira até fazerem as pazes.

Ele respirou fundo e tive que disfarçar um leve sorriso.

Na hora do jantar, depois que as meninas foram embora, o Bill estava me ajudando a fazer as coisas e perguntou:

- Sabe por que sou inseguro quando o assunto é Alex?

Olhei para ele.

- Não é porque é herdeiro de um patrimônio monstruoso e eu vi que faz sucesso entre as inglesas. É porque, no meio de todas essas garotas, sendo algumas da mesma...

- Pode falar. Mesma classe social. E só para você saber... O mesmo padrão de vida que eu tenho em Londres é o que eu tinha no Brasil. Bom, um pouco mais sacrificado porque a libra consegue ser tão cara quanto o real, mas ainda sim... E a mãe dele sempre simpatizou comigo. Mesmo sabendo que eu rebolo em cima de um balcão de bar.

- É. Mas o que eu não entendo é por que você. Garanto que ele podia ter qualquer garota que quisesse assim - Estalou os dedos. - mas foi justamente atrás de uma que nem é inglesa, para começo de conversa.

- Eu te faço essa mesma pergunta. Quando a gente se conheceu, provavelmente tinham várias garotas que podiam ser mais interessantes e atraentes que eu. Mas mesmo assim... Ó só... - Mostrei a aliança.

- Não sei explicar. Não foi a sua visão na banheira.

Rimos.

- Acho que foi justamente porque você não parecia dar a mínima para o fato de eu ser Bill Kaulitz.

- Ah, eu dou. Mas dou mais importância a quem você é longe dos palcos do que cantando para um bando de adolescentes histéricas de hormônios fervilhando por causa de uma calça justa.

Fez uma careta e falei:

- Nem vem que não tem e você sabe que é verdade. Não vem com mimimi de que “ninguém me ama, ninguém me quer” senão apanha de colher de pau. - A brandi e ele, claro, riu.

- Teria me dado bola mesmo se eu não fosse quem eu sou?

- Ia ficar te olhando de longe, para começo de conversa. E ia esperar uma reação sua.

-... E eu, crente que você era uma daquelas garotas que tomam atitude...

- Se tiver a liberdade... E vê se não dilacera o coitado do tomate, Kaulitz. Presta atenção no que está fazendo. - Chamei sua atenção e realmente funcionou.

Depois de comer, ele se aproveitou de que eu estava lavando a louça e me abraçou por trás. Segurando firme nos meus quadris, afastou meu cabelo para o lado e começou a beijar meu ombro. Sua respiração sobre a minha pele fazia com que eu não conseguisse refrear os arrepios.

- Bill. - Falei, em tom de aviso. - Se eu quebrar alguma coisa...

- Não tem problema.

- Ah tem... Vai que eu me machuco?

- Eu cuido de você. - Passou a beijar meu pescoço. Respirei fundo e o empurrei de leve com o meu quadril e aquilo, claro, teve o resultado oposto. Ouvi sua risada baixa e rouca próxima à minha orelha e disse: - Luiza, não faz isso...

- Olho por olho... - Respondi. - Anda, me deixa terminar aqui. Depois você tem a minha atenção integral.

- Agora que eu não te largo...

Gemi, inconformada.

- Kaulitz... Vou te molhar se não parar.

Não levou muita fé... E cumpri com minha palavra. Óbvio que ele revidou e, antes que a cozinha ficasse alagada, ele finalmente me deixou em paz e, assim que passei pelo seu quarto, vi que estava sem camisa e se secando com uma toalha. E com isso, ele dobrava um pouco o braço e contraía os músculos. Me segurei para não fazer qualquer barulho, só que ele me viu.

- Falou que eu ia ter sua atenção integral agora...

Respirei fundo e me aproximei dele, lentamente. Quando estava muito perto, comecei a tirar a camiseta que usava e parecia que seu olhar ia me queimar. Decidindo tortura-lo um pouco, soltei o pouco que havia levantado e falei:

- Quer saber? Acho melhor você fazer isso.

Me aproximei lentamente dele, que me olhava. Parei na sua frente e, antes de me beijar, realmente tirou a camiseta. Em seguida, me puxou pela cintura e não demorou tanto tempo assim para que ele me pegasse nos braços e me levasse até a cama.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 36º capítulo


I was lost and broken, they all lead straight to you

Eu sou toda menina apanhada num mundo mortal
Você pode me reconstruir, me dar um lar
Você pode me consertar
Conserte-me, beije-me, quebre-me, acabe comigo
Abrace-me, ame-me, remende-me, dê-me seu coração

(Nicola Roberts - Fix me)

Nicola

Eu estava em pânico. Tanto que, antes da primeira consulta, na segunda-feira de manhã, liguei para a Iza, implorando que fosse comigo e a Di. Resultado: A cara da médica foi de choque ao ver três mulheres ali.

          - Certo... Quem é a futura mamãe?

Ergui a mão e ela me mandou trocar de roupa para poder me examinar. Enquanto isso, só uma única coisa ecoava na minha cabeça: Como eu ia contar para o Charlie? Eu sei que ele sempre quis ter filhos, mas fazia questão de que fosse depois de nos casarmos e estivéssemos estabilizados, financeira e emocionalmente. Não podia nem imaginar o que seria se ele não aceitasse a notícia...

Depois de me examinar e fazer aquelas perguntas clássicas e tal... A médica disse:

          - Então Nicola... Pelo que você me falou, está com seis semanas, não é isso?

Concordei. Quer dizer, tinha feito os cálculos, então...

          - Eu vou pedir alguns exames, passar algumas vitaminas e ácido fólico.

Passou mais algumas orientações e a Nadine, claro, garantiu que eu ia tomar tudo direitinho. Ao sair do hospital, provoquei as duas:

          - Achei que a minha mãe estivesse na Inglaterra, não aqui. E fosse uma só!

As duas riram e a Iza, como sempre, passou um “sermão”:

          - Seguinte: Queremos esse feijãozinho aí saudável para, quando nascer, ficar todo pimpão, correndo por aí e se divertindo horrores. Portanto, nada de álcool e pode deixar comigo que dou um esculacho em três alemães fumantes.

          - Falando nisso... O Bill parou com o cigarro? - A Di perguntou e a Iza assentiu.

          - Você é outra que tinha que largar essa porcaria. - Reclamei com a Nadine e ela resmungou que era fácil falar.

          - Fácil falar uma ova! Querendo, a gente para de fumar, emagrece e até faz sexo quando tá puta com o marido! - A Luiza protestou e é óbvio que a gente olhou para ela. - Quê? Ah, vocês duas! - Rimos e ela continuou: - Em primeiro lugar: Eu tenho um marido gostoso para cacete. Tenho mais é que aproveitar enquanto ainda posso. Em segundo: Não é como se eu nunca tivesse transado com o Bill. E em terceiro... Por que, com essa... Coisa de raiva é tão excitante?

Nós rimos e falei:

          - A questão não é se você transa ou deixa de transar com o Bill. Mas é o jeito que você falou.

          - É. Parece até que você faz aquilo, de “tacar na parede e chamar de lagartixa”. - A Di comentou e fomos até o carro. Detalhe 1: A Luiza era a motorista. Detalhe 2: O carro era do Bill. Quando estávamos na metade do caminho para o restaurante onde iríamos almoçar, a Di me perguntou:

          - E aí? Ainda negativa a respeito de contar para o Charlie?

          - É. - Resmunguei. - Não sei como vou fazer se ele simplesmente sair andando ou até me xingar, acusando de ter engravidado de propósito...

          - E por que ele faria isso? - A Iza questionou. - Quer dizer, ele gosta de crianças e eu sinceramente acho que você não deveria ser tão pessimista. Deveria pensar é que vai dar tudo certo e que vocês vão ser felizes juntos.

          - Isso me lembra uma coisa. É praga sua, Luiza!

Ela me olhou pelo espelho retrovisor e riu.

          - Quem manda você e o Charlie serem perfeitos? Casais como vocês têm mais é que se casarem, terem uma penca de filhos e serem felizes pelo resto da eternidade. Não como nos contos de fada, porque perfeição é uma merda que só fode a vida da gente.

Olhamos para ela.

          - Luzinha da minha vida. - A Di falou. - Se você falou dois palavrões na mesma frase é porque tem alguma coisa te irritando. O que é?

Ela respirou fundo antes de responder:

          - O Bill se declarou há dois dias. E está... Fazendo tudo para me conquistar. Quando digo tudo, falo literalmente. Desde coisas como... Me dar nem que seja uma rosa por dia, passando por abrir a porta para mim e até em não falar... Safadezas.

Olhamos para ela.

          - Ok. - A Di falou. - Quem é você e o que fez com a Luiza? Aquela Luiza que corava só de ouvir certas coisas e não achava ruim de ter esses gestos mais... Românticos?

          - Sou a mesma Luiza. A diferença é que... Bom, eu simplesmente casei com um alemão que é safado até o último fio de cabelo. E, paralelamente, ele é uma das pessoas mais românticas que eu conheço. Ganha em disparada até do Alex. - Disse, pensativa. O sinal abriu e o motorista do carro de trás buzinou. E a Iza logo reclamou: - Vai, anta magra bronzeada! Passa por cima!

Assim: Uma coisa que sempre reparamos é que a Iza, apesar de não ter o sangue exatamente frio, xingava os outros motoristas mais para si mesma do que descer do carro e ir bater boca. E ela SEMPRE usava os xingamentos mais engraçados.

Logo, ela colocou o carro para andar e me perguntou:

          - Lola... Eu estava pensando uma coisa, de curiosidade.

          - Que coisa?

          - Lembra daquele dia que a gente ficou falando na decoração do casamento de cada uma de nós?

Concordei, mexendo na minha bolsa e tentando achar o meu celular, que havia apitado.

          - Ainda mantém a sua ideia? - Ela perguntou e vi que era uma mensagem do Charlie, avisando que ia chegar no próximo sábado.

          - Sim. Por quê? - Devolvi a pergunta.

          - Curiosidade. Quer dizer, eu estava pensando em mudar algumas coisas com o meu e queria saber, para evitar casamentos iguais. - Respondeu.

          - Tive uma ideia. - A Di falou. - E se a gente propositalmente incluísse um elemento dos casamentos das outras? Tipo, a Lola queria a decoração com lírios. Já eu, prefiro que tenham elementos em tons pastéis de verde e amarelo. E a Iza...

          - Rosas brancas e vermelhas. - Repeti, em tom entediado.

          - Pois é. Se, por exemplo, a Iza decidir casar com o Bill de novo, ela podia colocar um lírio e alguma coisa amarela ou verde. Do mesmo jeito que eu colocaria o lírio e as rosas... - A Di explicou e pareceu uma boa ideia.

          - Seria tipo um pacto nosso? - Perguntei e a Iza disse:

          - Pacto a gente já tem com as pulseiras, lembra?

Sorrimos ao mesmo tempo, claramente nos lembrando...

[Flashback]

No dia em que fizemos dois anos de amizade, fomos à joalheria e montamos as pulseiras. Só quando chegamos em casa, fizemos esse pacto:

          - Nunca vamos abandonar uma à outra, não importa o que aconteça. - A Iza disse.

          - Vamos sempre apoiar a outra quando for preciso. E também, se necessário, vamos dar uns xingos. - A Di falou e rimos.

          - Nunca vamos deixar de resolver as discussões e brigas que possam vir. Sempre vamos falar quando algo de errado ou que desagrade esteja incomodando. E nunca vamos dormir sem antes pedir desculpas e nos acertarmos. - Falei. Em seguida, cada uma pôs as pulseiras e parecia que, ao fechar o mosquetão, estávamos interligadas pelo resto da vida.

[/Flashback]

          - Vamos fazer uma promessa então. As outras sempre serão as madrinhas da noiva. - Sugeri e a Iza falou:

          - Vocês já cumpriram com a sua parte...

          - Da próxima, as madrinhas estarão sóbrias. - A Di comentou e rimos. Assim que chegamos, a Iza saiu do carro e deu uma olhada em casa. Franziu as sobrancelhas, estranhando alguma coisa e perguntei:

          - O que houve?

          - Ele está aprontando alguma. - Disse. - Estou até com medo de descobrir...

          - Se precisar... Estamos aqui. - A Nadine se prontificou e falei:

          - O que me diz de se distrair um pouco, me ajudando a bolar o cardápio do jantar?

A Iza sorriu.

Acabamos de resolver toda a questão do jantar quase à meia-noite e, tão logo terminamos, ouvimos a campainha e na mesma hora soubemos que era o Bill. A Iza foi embora e, depois que tranquei a porta, perguntei para a Di:

          - Aceita uma aposta?

          - Valendo o quê?

          - Um par de Louboutin.

Assentiu.

          - Eu aposto que a Iza vai deixar para a última hora para finalmente aceitar que gosta do Bill.

          - Eu aposto que, em no máximo dois meses, ela desiste do divórcio. - Disse e aceitei a aposta. A selamos apertando as mãos.

No sábado de manhã, tive a ajuda de praticamente todo mundo (As meninas, Claire e os gêmeos) para organizar o jantar. Enquanto elas foram ao mercado, eu ajudava os dois com a decoração. Quer dizer, eles haviam levado uma mesa até a área externa, perto da piscina e eu não conseguia deixar de sentir medo da reação do Charlie. Depois que terminaram, o Bill entrou enquanto o Tom continuou ali comigo. Perguntou:

        - Você sabe que ficar ansiosa desse jeito só atrapalha, não é?

Assenti.

          - Estou com medo.

          - De...?

          - Ele não aceitar a ideia de que estou grávida.

          - Se isso acontecer, pode me ligar que venho na mesma hora para fazer ele mudar de ideia.

Ri fraco e perguntei:

          - E se fosse a Di? O que faria?

Olhou fixamente para um ponto à sua frente e respondeu, depois de um tempo:

          - Assumiria. E ia pedir para ela se casar comigo. Quer dizer, é o mínimo, não é?

Assenti.

          - Sabe o que eu estava pensando? - Me olhou. - A gente bem que podia dar um empurrãozinho com a Iza e o Bill, hein? Fazer com que eles desistam da ideia absurda do divórcio...

          - Ajuda não vai faltar. Quer dizer, não conta para ela e nem para ele, mas o Georg já deu um jeito de fazer com que os dois se acertem. O Gustav vai ajudar se a gente pedir. Comigo... Bom, já está óbvio que vou ajudar. E a Nadine?

          - Que vergonha, Kaulitz... Você está... Como posso definir, exatamente, o relacionamento de vocês?

          - Então... - Disse, hesitante. - Ainda não pedi ela em namoro, apesar de querer e muito.

Ergui a sobrancelha em sinal de entendimento.

Logo, ouvimos as vozes das meninas e elas apareceram, querendo mostrar as coisas que haviam comprado. Acabou que elas ajudaram a fazer quase tudo e, para não deixar os meninos sem fazer nada, pedi que ajudassem com coisas tipo... Descascar batatas e mexer molho, por exemplo.

Assim, quando estava quase na hora, eles foram para a casa do Bill enquanto eu me arrumei sem pressa e com capricho. Todos me desejaram boa sorte e, antes de ir, a Iza pediu:

          - Se tudo sair nos conformes... Amarra aquele lenço rosa na janela. Senão, amarra uma camiseta vermelha.

          - E se ele aceitar a gravidez?

          - Então. Para isso que é o lenço rosa.

Assenti e ela me abraçou, me desejando boa sorte mais uma vez antes de correr para alcançar os outros.

Quando estava sob o chuveiro, fiquei pensando em como contaria para o Charlie que estava esperando um filho. Ao sair do banho, me arrumei sem pressa, fazendo um coque alto nos cabelos e uma maquiagem neutra, só dando destaque aos olhos. Em seguida, fui até a sala, já que estava tudo pronto e era só esquentar as coisas, e fiquei esperando. Cerca de cinco minutos depois, ouvi o barulho do táxi. Respirei fundo e quase imediatamente, a campainha foi tocada. Abri o portão e destranquei a porta. Assim que me viu, o Charlie sorriu largamente e não tive como não retribuir. Veio andando na minha direção e, parando na minha frente, me beijou, me levantando do chão.

Um tempo depois, quando estávamos comendo, ele disse:

          - Parecia até que você estava adivinhando que um clima assim... Seria necessário.

Estranhei.

          - Charlie, eu tenho que te contar uma coisa. Não me interrompe até que eu termine, por favor. - Pedi e ele fez uma cara de medo. Respirei fundo e, fechei os olhos por um instante. - Lembra da noite de Natal, que a gente fugiu de toda a confusão e fomos para o meu antigo quarto?

Concordou lentamente.

          - Então... - Comecei a dizer.

          - Você está grávida. - Ele afirmou e, antes que eu pudesse conter as lágrimas, concordei.

          - Um mês e meio, mais ou menos. - Respondi e, no instante seguinte, ele havia se ajoelhado no chão e me abraçava pela cintura. De repente, percebi que estava chorando. Passado o choque inicial, ele se endireitou e disse:

          - Eu vim à Los Angeles com um propósito e quero deixar bem claro que isso não interfere em nada depois de descobrir que vamos ter um bebê.

Olhei para ele, que segurava uma caixinha preta de veludo. Voltou a se ajoelhar aos meus pés e perguntou:

          - Nicola Maria Roberts... Aceita se casar comigo?

Claro que a resposta não poderia ser outra.

Nadine

A Claire, a Luiza e eu estávamos sentadas no chão da sala de jantar enquanto o Bill e o Tom estavam na cozinha. Nós três estávamos prestando o máximo de atenção à casa em frente, esperando o menor sinal de um lenço rosa ou uma camiseta vermelha. Claro que torcíamos pelo lenço, mas enfim...

          - Folga de quinze minutos até que eu vá lá e descubra o que houve. - A Iza resmungou.

          - Tem coragem? - A Claire quis saber. - E se você estragar alguma coisa?

          - É... Tipo a Lola assassinando o Charlie. - Respondi, rindo da minha própria piada.

          - Coyle, que coisa mais... Macabra! Quem mata o namorado porque ele não quis assumir um filho?- A Luiza perguntou, franzindo as sobrancelhas.

          - Então. Tinha a prima da tia da sobrinha da cunhada da vizinha da minha tia-avó que fez isso. Bom, ela castrou o cara. Mas ainda sim... - Provoquei e ela caiu.

          - Me lembre de nunca ir com você para a Irlanda do Norte.

Ri e, de repente, os gêmeos apareceram. Como estávamos sentadas e meio escondidas (Para completar, num breu daqueles para não sermos flagradas), eles não nos viram de imediato.

          - Tem alguém aqui? - Ouvi o Bill perguntar e, do nada, a Iza jogou o próprio relógio para o ar, o pegando num reflexo impressionante. Eles vieram até onde estávamos e acabaram ficando curiosos também.

          - Ai meu Deus! - A Luiza disse, batendo no meu braço, ansiosa. Olhamos todos para a mesma direção que ela e vimos a Nicola amarrando o lenço. Em seguida, todos os celulares deram o aviso de mensagem.

Ela aceitou meu pedido - Dizia a do Charlie.

Tudo saiu nos conformes. - Dizia a da Lola.

          - Vai, surta. - Falei com a Iza, que estava que não se aguentava.

          - Nah... Vou surtar na frente da Lola... - Respondeu, depois de franzir o nariz.

          - Falando nisso... - A Claire falou. - Já tem algum pressentimento?

A Luiza estreitou os olhos, fazendo uma careta e, em seguida disse:

          - Um mês e meio ainda é cedo demais. Mas, arriscando meu palpite... Menina.

          - Anota aí. - Falei com a Claire, que já foi gravando no bloco de notas do celular. - Apesar de eu achar totalmente desnecessário, mas enfim...

Não muito tempo depois, viemos embora e, depois de deixar a Claire em casa, o Tom quis saber:

          - Vai querer ficar lá em casa hoje?

Dei de ombros.

          - Acho que lá em casa está transbordando tanto mel que é perigoso contrair diabetes por osmose.

Ele riu e, aproveitando que estava parado no sinal, quis saber:

          - Por que você fez aquilo com a Luiza?

          - O que?

          - A história do pressentimento?

          - Ah tá. É que ela tem isso. Sempre acerta. Principalmente quando é menino. Lembro de uma vez que ela foi até a casa da minha tia e uma prima minha estava grávida. Ninguém sabia de nada e a Iza sentiu tudo: Desde a gravidez até o sexo. Falou que era menina e dito e feito.

          - Ela já te disse alguma coisa?

          - Como assim?

          - Já te fez alguma previsão?

          - Disse que ia ser menino. - Respondi. Logo, teve que voltar a se concentrar no trânsito e, assim que chegamos à sua casa, me abraçou por trás e, já começando a beijar meu pescoço, disse:

          - Vamos lá para cima? Quero te mostrar uma coisa...

          - Que coisa?

          - É uma surpresa.

Franzi as sobrancelhas. Mas entrei no joguinho dele.

Um tempinho depois, estávamos no quarto dele e eu estava de pé e virada para a janela. Percebendo que eu estava estranhamente quieta demais, me perguntou:

          - O que foi?

          - Sabe uma coisa que eu gostei na sua casa, na do Bill e na minha?

Pelo canto do olho, notei sua expressão de estranhamento.

          - Não faço a mínima ideia.

          - A vista. Passo mais tempo do que deveria na varanda, só observando a cidade. A Lola não liga tanto assim para isso. A Iza eu sei que não se atreve nem a chegar numa janela de segundo andar.

          - Por quê?

          - Ela sofre de acrofobia. Medo de altura. Tem vertigem até de subir em bancos.

          - Sério?

Concordei.

          - Não parece.

Sorri e começou a beijar meu ombro. Foi partindo cada vez mais na direção do meu pescoço e eu ia tombando a cabeça para o lado. Quando senti sua barba me arranhando de leve, não consegui disfarçar um tremor e ele encarou aquela minha reação como um incentivo para continuar.  De repente, me fez virar de frente para ele, que começou a beijar a minha boca. Logo, foi me guiando até a cama. No meio do caminho, foi começando a tirar, não só as minhas roupas, mas as dele também. Depois que interrompemos o beijo para que ele tirasse as nossas camisetas, as jogando num canto qualquer do quarto. Em seguida, fez com que eu deitasse na cama e se livrou do meu sutiã, não esperando para cobrir um dos meus seios com a boca enquanto tocava o outro. Usava a ponta da língua para rodear o bico, sugando-o vez ou outra e, de repente, deixou uma das mãos escorregar até minha bunda, a apertando com vontade contra seu corpo. Cravei as unhas no seu ombro enquanto ele começou a beijar meu busto, principalmente o espaço entre os seios. Senti sua língua morna no que antes era apalpado e, naquelas alturas, o mínimo que eu podia fazer era arquear as costas um pouco, como se me oferecesse para ele, que não parou um único instante sequer. Arranhei as suas costas até onde conseguia alcançar. Passados alguns minutos, ele começou a beijar minha barriga, indo cada vez mais para baixo. Se livrou da minha jeans e, quando achei que não poderia ficar pior do que já estava... Ele começou a me provocar, beijando e deixando a barba arranhar a parte interna das minhas coxas. Quando me mordeu muito de leve, dei um gritinho, fazendo-o rir. De repente, tive uma ideia e, antes que pudesse controlar, já tinha saído:

          - Sabe o que seria realmente bom? Se você tirasse a minha calcinha usando os dentes...

Sorriu lascivo e, quando menos esperei, começou a se aproximar cada vez mais da minha virilha. Quando estava quase chegando onde eu queria, se afastava e, logo, voltava a se aproximar. Quando eu estava perdendo a paciência, ao invés de parar com aquela enrolação e ir logo para o que interessava... O telefone tocou. Sério.

Resmungando, ele fez que ia continuar de onde tinha parado, mas não deixei:

          - Atende. Pode ser alguma coisa importante.

Respirou fundo e pegou o aparelho de cima do criado mudo. Atendeu e deixou a pessoa falando. No final, respondeu:

          - Olha, na boa. Você não podia ter ligado em hora mais inconveniente. Estou quase transando com a minha namorada e você vem me fazer oferta de ligação?

Bati no seu braço e ele sorriu.

          - Não, não desculpo. O mínimo que você podia fazer é não me ligar. Seja em horário comercial ou não. Boa noite.

E desligou a chamada. Eu não conseguia acreditar naquilo. Porém...

          - Eu sou sua namorada? - Perguntei. Assim que se endireitou, depois de recolocar o telefone na base, me olhou.

          - Se quiser...

Sorri e, deixando meu indicador esquerdo deslizar pela sua barriga, perguntei:
      
          - Não acha que estou em desvantagem?

Manteve seu sorriso lascivo e, logo, se viu livre da calça. Voltou a me beijar e enrosquei os meus dedos nos seus cabelos, puxando seu rosto para mais perto, se é que aquilo era fisicamente possível. Quando dei por mim, estava com as pernas enroscadas em torno do seu quadril e ele deixava a mão passear livremente pelo meu corpo, passando pela coxa e refazendo o caminho todo de volta até a cintura. Depois de alguns minutos, abandonou a minha boca para recomeçar a beijar meu pescoço, colo e os seios. Desta vez, continuou até chegar na barriga, não deixando nenhum milímetro passar ileso e, quando estava perto do meu baixo-ventre, me olhou, se apoiando nos cotovelos.

          - O que foi?- Perguntei.

          - Acho que vou fazer o que me disse.

Franzi as sobrancelhas e, no instante seguinte, ele se inclinou e tirou a minha calcinha com os dentes, mantendo aquele olhar fixo e intenso na minha direção o tempo inteiro. Imediatamente senti como se meu sangue tivesse se transformado em lava, dando a sensação febril. Gentilmente, ele afastou as minhas pernas e, logo, senti sua língua tocando delicadamente o meu sexo. Deixei um longo suspiro escapar por meus lábios enquanto ele começava a usar o polegar para fazer círculos no meu clitóris. Logo, substituiu o dedo pela língua enquanto me masturbava. Rebolei, tentando fazer com que ele tocasse os pontos certos. Logo, comecei a ter aquela sensação prazerosa se espalhando por cada mínimo pedacinho do meu corpo e, quando cheguei ao meu limite, meus músculos se retesaram e relaxaram quase instantaneamente. Não havia me dado conta de que gemi até que ele sorriu, todo convencido.

          - É assim, é? - Perguntei, me fingindo de brava. - Vai ver só...

Manteve o sorriso irritante e, quando se aproximou de mim, inverti as posições, o deixando por baixo e, me inclinando sobre ele, comecei a beijar seu pescoço. Passei pelo peito, barriga e, quando cheguei onde interessava, brinquei com o elástico da sua cueca, distraída e tentando me fazer de inocente. Falei:

          - Esses dias estava me lembrando de quando te conheci lá no bar.

 Sua expressão se tornou neutra.

          - E...?- Quis saber.

          - E, depois que você me cantou daquele jeito mais... Cafajeste imaginável - Sorriu. - Pensei: “Ah... Não vale a pena.”

          - Viu como estava errada ao meu respeito?

          - Não, porque eu te vi agarrado com outra garota.

          - Então você sentiu ciúmes?

Sorri e respondi:

          - Não era exatamente ciúmes, porque eu nem te conhecia. Foi mais... - Me olhava com uma cara de sabe-tudo. - Tá, admito! Foi ciúmes mesmo!

Sorriu largamente e ele confessou:

          - Só fiquei com a garota porque você não me deu bola. Gostei de você desde antes mesmo de nos conhecermos.

Franzi as sobrancelhas e ele explicou:

          - Vi sua foto no site do bar. Por isso que eu quis te conhecer.

Não falei mais nada. Me inclinei na sua direção e o beijei. Quando me afastei dele, não refiz a trilha de beijos pelo seu peito e barriga e fui diretamente onde me interessava. Me livrei da sua boxer, a atirando num canto qualquer e, assim que o segurei, fixei meu olhar no seu e comecei a mover a minha mão lentamente. Depois de alguns minutos fazendo aquilo, cobri só a glande com a minha boca e comecei a suga-lo, percebendo que sua respiração saía cada vez mais rápida e com dificuldade. Dei um meio sorriso e comecei a deslizar a língua por toda a sua extensão, sentindo-o ficar cada vez mais duro. O Tom fechou os olhos por um instante, tombando a cabeça um pouco para trás e, por um tempinho, o admirei. Não tinha como negar: Ele realmente era um cara lindo e irresistível. E eu o tinha nas minhas mãos, literal e figurativamente. Decidi ousar um pouco mais e tentei enfiar seu pênis totalmente na minha boca e usei a língua para ajudar. Sua testa estava levemente enrugada e ele ofegava um pouco. Nesse instante, lembrei de uma coisa que a Luiza me sugeriu e, lentamente, deixei as minhas unhas passearem sem rumo pela sua barriga, descendo cada vez mais e, quando passei pela sua virilha, ele gemeu fraco e continuei até chegar onde eu queria. Logo que comecei a “brincar” com seus testículos, o ouvi gemer de novo, mas mais alto e não parei com nada do que estava fazendo, mesmo quando senti o gosto do pré-gozo. De repente, ele conseguiu me afastar e, quando dei por mim, já tinha posto a camisinha e me sentava no próprio colo enquanto me penetrava. Me segurei nas suas coxas enquanto rebolava, sendo que ele guiava meus movimentos e segurando firme nos meus quadris. Depois de alguns minutos, ele soltou uma das mãos e passou a tocar um dos meus seios e comecei a aumentar a velocidade. Quando estava cada vez mais perto do clímax, não consegui segurar os gemidos que escapavam pela minha boca, tombando a cabeça para trás enquanto aproveitava a sensação prazerosa se espalhando por cada milímetro do meu corpo. Novamente, senti meus músculos se enrijecendo e relaxando enquanto eu tinha, talvez, o orgasmo mais intenso da minha vida. Depois de alguns instantes, foi a vez dele, que me puxou para perto e fez com que eu me deitasse sobre o seu peito. Ainda com as respirações ofegantes, ficamos ali, só sentindo o calor do corpo do outro e, não resistindo, ele acariciou a minha cintura. Tombei o rosto um pouco para trás e consegui roubar um beijo. Assim que nos separamos, ele pareceu se lembrar de alguma coisa e disse:

          - Você não respondeu à pergunta que te fiz.

          - Que pergunta?

          - Sério mesmo que já esqueceu?

Lancei um olhar impaciente para ele, que riu e finalmente falou:

          - Se você quer ser a minha namorada.

          - Ah sim. - Respondi, assentindo lentamente. - É... Fazer o que se eu não consigo mais ficar longe de você, seu moleque? - Apertei sua cintura e ele se encolheu, rindo.

          - Também não consigo ficar longe de você, Nadine.

De repente, seu olhar pareceu transparecer outra coisa. Não sabia explicar o que era. Só sabia que era diferente e não tão ruim assim...