segunda-feira, 28 de outubro de 2013

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 8º capítulo



E você sente como ninguém antes
Você rouba bem debaixo de minha porta
E me ajoelho porque te quero um pouco mais
Eu quero muito do que você tem
E não quero nada que você não seja

(U2 - Original of the species)

Luiza

Na tarde seguinte, tinha a consulta com o terapeuta. Assim que nos recebeu, quis saber:

          - E então? Como vocês se conheceram?

          - Foi por um acaso, em Las Vegas. - Falei.

          - A Iza tinha ido para lá comemorar o aniversário de uma amiga e eu fui com meu irmão e mais dois amigos. Ficamos no mesmo hotel e desde a primeira vez em que a vi, me apaixonei. Sinceramente, eu acho que, se tivesse dado tempo ao tempo, talvez não tivesse dado certo. - E entrelaçou seus dedos nos meus. Me olhou, sorrindo e retribuí.

          - E como é o dia-a-dia de vocês?

          - Bem... Normal. Quer dizer, O Bill trabalha o dia inteiro, estou procurando por um emprego. Mas sempre tomamos o café da manhã e jantamos juntos.

          - Sei... E como está sendo conviver com os defeitos do outro?

          - Ah... Muito bem. Quer dizer, a Iza é perfeita e, como a gente não teve muito tempo para se conhecer, ainda não deu para ver se ela tem defeitos ou não. - Tive que me controlar para não fazer nenhuma expressão.

          - Sei... - O terapeuta disse, fazendo uma anotação em sua prancheta. - E a vida sexual?

É. Por essa, não esperávamos...

          - É bem... Normal. Quer dizer, já teve dia aí para trás que foram duas vezes de manhã e duas à noite, não é, minha linda? - O Bill perguntou e não sabia aonde enfiar a cara.

          - É. - Foi tudo o que consegui dizer. Podia ser pior, pelo menos isso...

O terapeuta aquiesceu e disse, cruzando os braços na altura do estômago:

          - Agora falando honestamente... O que está acontecendo?

O Bill abriu a boca para responder, mas o interrompi:

          - Na realidade, não acho que deu tempo para que nos acostumássemos à presença do outro. Justamente por ele passar o dia inteiro fora, assim como eu, ainda não conseguimos realmente conviver.

          - Vamos fazer o seguinte. A partir do momento em que vocês entrarem aqui no meu consultório, vão dizer tudo que estão sentindo e o que está incomodando, mesmo que não seja no outro, combinado?

Concordamos. Antes do final da consulta, porém, ele propôs:

          - Vou passar um exercício para os dois. No mínimo, duas vezes por semana, vão fazer alguma coisa juntos. Seja caminhar à beira-mar, fazer compras de supermercado ou até mesmo fazerem o jantar com a ajuda do outro. O importante é que passem cerca de... Duas horas juntos.

De novo, assentimos e, assim que fomos liberados, andamos um ao lado do outro, até o estacionamento, onde o carro estava. Assim que destrancou a porta, entramos e ele não demorou a dar a partida. Peguei o mp3 na bolsa e o liguei no som. Selecionei uma das playlists de pop e, logo de cara, começou a tocar uma música qualquer, que nem prestei tanta atenção assim.

O Bill parou no sinal e quis saber:

          - Por um acaso você já conseguiu emprego?

Neguei.

          - As pessoas perguntam dos outros empregos que eu tive e, sempre que falo do bar... Torcem o nariz. E a única coisa que eu faço, além de servir as bebidas é dançar e cantar.

          - Estou pensando em uma coisa aqui. Vai matar dois coelhos com uma cajadada só: você arruma o emprego e a gente faz o que o terapeuta pediu, de passarmos mais tempo juntos.

          - E seria...?

          - Você sendo minha assistente.

          - Tá. E o que te garante que não vou fazer besteira?

       
          - Vou te ensinar. E te ajudar sempre que precisar. E nem vem falar sobre o salário porque, agora que fizemos a fusão, são os caras da gravadoras que vão te pagar.

          - E nepotismo para eles é a coisa mais normal do mundo, não é?
  
          - Quanto à essa questão, não se preocupe. Eu dou um jeito de cuidar disso.

Não levei muita fé. Quando percebi onde estava indo, falei:

          - É sério?

          - E o que tem demais?

          - Algumas dezenas de milhares de dólares, é isso o que tem demais.

Deu um meio sorriso e continuou dirigindo até encontrar uma vaga. Antes de sairmos do carro, no entanto, disse:

          - Acontece, Sra. Kaulitz, que você é a minha mulher agora. Quero que o mundo inteiro saiba disso e quero que me faça sentir um orgulho monstruoso de você.

          - E o assédio da imprensa? E até onde eu sei, não tenho seu sobrenome! - Protestei, saindo do carro. Ele riu e eu, resignada, o acompanhei até a entrada do shopping.

Entramos em uma loja, tipo aquelas de âncora mesmo, e fiquei olhando alguns vestidos, sempre sendo seguida de perto por ele. E sim. Estava fazendo questão de demorar o máximo que podia para ver até onde aguentava. Se encostou em uma arara, aproveitando que um dos suportes era firme, e perguntou:

          - Você sabe que eu vou pagar esse vestido para você, não é?

          - E por que deveria?

          - Porque eu quero. - Disse, dando de ombros. - Não me incomodo, se quiser saber.

          - É, mas eu sim.

          - E por quê?

          - Porque eu não gosto. Desde que comecei a ganhar meu próprio dinheiro, gosto de pagar pelas coisas, sem ficar dependendo de ninguém. Ainda mais de homem.

          - Nem se for presente?

          - Muito menos presente.

          - Coitado do seu namorado...

Olhei para ele, estranhando.

          - Está falando do Alex? - Deixei escapar e ele me olhou, interessado.

          - Então vocês são namorados?

          - Pensei ter dito que era assunto proibido...

          - Então não posso nem te perguntar se acertei?

Parei de olhar os vestidos e suspirei. Em seguida, respondi:

          - Continua fazendo especulação da minha vida que eu te faço gastar dinheiro no vestido mais caro desse shopping.

          - Se isso valer a informação...

Ergui a sobrancelha, não acreditando naquilo.

          - Isso é chantagem, sabia?

          - Pois é. E você se deixando levar por um vestido... Ah, Luiza, achei que você fosse mais difícil de se vender.

          - Ah é assim? De castigo, então você vai me pagar o chuffing vestido. - Ignorei sua expressão. - E eu vou escolher. Se falar um “A” que seja, eu escolho o mais... Indecente. E ai de vocês se fingir não me conhecer.


          - E qual você quer?


Parei para pensar um pouco em um que fosse exatamente o que eu estava procurando. Assim que lembrei do nome, sorri e respondi:


          - Hervé Léger.


Falei de brincadeira, juro. O pior é que ele levou à sério e, quando vi, já estava sendo arrastada até a loja e brigando com ele enquanto a vendedora ia buscar um modelo que me servisse.


          - Você é impossível, Kaulitz!


Riu e fui olhando os modelos que estavam em exposição. Encontrei o perfeito e caiu como uma luva. Não muito tempo depois, ele pagou o vestido e falei, quando saíamos da loja:


          - Obrigada. Mas não se esqueça que vou te pagar de volta.


          - Apesar do que você disse... Encare como um presente. E não aceito que você me devolva o dinheiro.


          - Eu faço questão.


          - E faço questão de não receber. Guarda esse dinheiro para outra coisa mais importante.


Bufei, irritada e vi que riu.


          - Você é irritante, sabia?


Deu de ombros e continuamos andando. Passamos em frente à uma loja de sapatos e não consegui me frear. Ainda mais que era do Jimmy Choo...


          - Já venho. - Me avisou e falei, percebendo o que ele ia fazer:


          - Não senhor! Kaulitz, brigo de verdade com você se não parar com isso!


          - Pode brigar.


          - Você não sabe quanto eu calço...


          - Sei sim. - Respondeu. - Com sua bagunça, nem deu para não descobrir. Anda, deixa de ser teimosa.


Suspirei, deixando que ele me guiasse para dentro da loja. Uma das vendedoras, claro, veio nos atender, exibindo um sorriso digno de comercial de pasta de dentes e olhando descarada e diretamente para o Bill:


          - Oi, posso ajudar?


          - Pode. Tem como pegar um par daquela sandália ali - Indicou. - tamanho dez?


Filho da mãe!


          - Qual a cor?


          - Vermelha. Ou senão preta.


A menina assentiu e ele me puxou para sentar em um dos banquinhos ali. Enquanto esperávamos, falei:


          - Eu te odeio, só para constar.


Riu e reclamei:


          - Além de ser um enxerido, ainda nem me dá direito de escolha! E se não gostasse de vermelho?


          - Você gosta. Ou acha que ia pedir para a menina trazer uma sandália de uma cor que você não gostasse?


          - E quem foi que te disse que eu gosto de vermelho?


          - Esqueceu que vi as roupas que você trouxe?


Grunhi e a menina chegou bem a tempo. Contrariada, experimentei um pé de cada sandália e senti mais raiva ainda ao ver que a vermelha ficava melhor.


Depois que saímos do shopping, sendo que ele estava carregando as sacolas com o vestido, as sandálias e até mesmo algumas coisas de maquiagem, perguntou, quando estávamos indo na direção do carro:


          - Está com fome?


Sem dizer nada, dei aquela olhada para ele, que respondeu:


          - É. Já vi que está.


Entrei no carro, ainda emburrada e, durante todo o caminho, ele ficou em um monólogo interminável:


          - Você sabe que não vai adiantar nada ficar com essa tromba.        


Olhei para ele, aproveitando que estava parado no sinal.


          - Nem adianta fazer essa cara porque sabe que é verdade.


Suspirei e disse:


          - Além do mais... Nem pensa em querer me pagar, porque não vou aceitar. Se paguei tudo é porque eu quis. Não por obrigação.


Revirei os olhos. 


          - Só pela raiva, quero um hambúrguer. - Resmunguei e ele sorriu.


Depois que passamos no restaurante, fomos para a casa e estávamos em silêncio, por um milagre, e eu simplesmente devorava o hambúrguer. Depois que terminei de mastigar um pedaço do sanduíche, o coloquei sobre o prato, me inclinei sobre o tampo do balcão e tomei um gole de refrigerante. Quando me endireitei, não precisei nem olhar para o lado para saber que estava sendo fixada.


          - Não faz isso de novo. - Disse. Virei para olhá-lo e estava sério.


          - O que eu fiz de mais?


          - Só... Me dá o copo.


Sem entender, fiz o que pediu e tirou a tampa e o canudo. Só então entendi o que houve e, não consegui disfarçar o riso. Continuamos a comer em silêncio e, depois de ajuda-lo a limpar a pequena bagunça que fizemos, fui ver TV e ele se juntou à mim. Estava zapeando pelos canais e vi que estava passando “Doctor Who”. E pela abertura, era algum episódio com o 10º. Pelo rabo de olho, observei o Bill, que não disfarçava a curiosidade. A TARDIS sumiu para dar lugar aos nomes do David Tennant e da Catherine Tate. Quando o nome da série apareceu, me segurei para não rir da cara de surpresa do Bill. Quando vi qual episódio era, quase tive um treco, por ser um dos meus preferidos. De repente, ele perguntou, durante a primeira cena, com os dois atores andando por uma rua cheia:


          - Esse cara aí que é o doutor?


Olhei para ele, surpresa e perguntei:


          - É... E como você sabe?


          - Na última vez que você usou essa camiseta, fiz uma pesquisa. Fiquei curioso sobre a frase e fui atrás.


          - Sei... - Respondi. Continuamos a ver o episódio e, quando teve uma cena em que o doutor usou o papel psíquico, o Bill falou:


          - Mas o papel está em branco!


Dei um meio sorriso e falei:


          - Deixa esse episódio acabar que te dou uma explicação sobre, pelo menos, as coisas que ele usa.


Pouco depois, teve uma cena muito bizarra e acho que nós dois fizemos careta.


Numa das minhas cenas preferidas, não consegui segurar o riso e senti seu olhar em cima de mim.


Depois que o episódio acabou, conforme prometido, tentei explicar cada coisa que aparecia na série:


          - Esse papel psíquico é usado, principalmente quando ele quer ser mais crível. Por exemplo, se ele fala que é... Detetive, então é para confirmar. Para a gente, não aparece porcaria nenhuma. Mas para quem vê...


Fez uma cara engraçada de entendimento e perguntou:


          - E aquilo que ele usou para abrir a porta?


Me levantei de um salto e corri para o quarto. Quando voltei, entreguei o meu chaveiro para ele, que olhou e perguntou:


          - O que é isso?


          - A chave de fenda sônica dele. É isso que fez aquele barulho “irritante”. E cada encarnação do doutor tem uma diferente.


Me olhou, sério e falei:


          - Ah, Kaulitz... Você precisa urgentemente de ver essa série. Só assim vai parar de ficar fazendo essa cara.


Ergueu a sobrancelha e falei, pegando o chaveiro e me levantando. Porém, antes disso, segurou meu pulso. Perguntou:


          - Pensou no que te falei, sobre me ajudar no estúdio?


Respirei fundo e falei:



          - Você me fez essa proposta hoje. Me dá um prazo de... Vinte e quatro horas que eu te respondo, pode ser?

Assentiu e soltou meu braço.

Deitei na cama, algum tempo depois, e fiquei pensando nos prós e contras da proposta dele. Por fim, na manhã seguinte, durante o café da manhã, a Rosa estava tentando disfarçar, mas bem que notei que prestava atenção à nossa conversa:

          - Você se lembra que te impus uma condição para ir à festa? - Perguntei para ele, que assentiu. - E então?

          - Não vai desistir, não é?

          - Principalmente agora que vou aceitar a sua oferta... - Falei, sem emoção e em tom de quem não quer nada.

          - Espera. É sério? - Ele perguntou, não acreditando e concordei, rindo.

          - E então? O que me diz? Vai voltar com a banda ou vou ter de me usar dos piores artifícios para te convencer?

Quase imediatamente, sorriu malicioso e suspirei, batendo na sua perna.

          - Sossega o facho.

          - Ah... Eu preferia ser persuadido...

Arqueei a sobrancelha e ele riu. A Rosa pigarreou, saindo e dizendo que ia começar a fazer a limpeza na casa.

          - Então... Aceita mesmo a minha oferta? - O Bill perguntou e concordei.

          - E você? Aceita a minha condição?

Respirou fundo e disse:

          - Não vai ser fácil, mas... Eu aceito.

          - Se quiser, sou ótima de argumentos. E adoro vencer os outros pelo cansaço. O que significa que, precisando de ajuda, posso... Dar um jeito de os meninos aceitarem.

          - E que jeito seria esse?

          - Acabei de falar que sou ótima de argumentos!

Deu um sorriso misterioso e terminamos de tomar o café. Em seguida, fomos nos arrumar e, quando estava pronta, fiquei esperando por ele, sentada na escada, e conversando com a Rosa.

          -... Mas então a culpa de a banda ter se separado foi da tal?

Ela hesitou por um instante e disse:

          - A Lydia teve culpa sim. Não digo que foi totalmente, mas ainda sim, teve uma grande contribuição.

          - E como ela era?

Ergueu o olhar, obviamente se certificando que o Bill não ia aparecer, e disse:

          - Para você ter ideia, quando ia se casar com o Bill, só não deixou o Tom de fora do casamento porque ele era padrinho.

          - Filha da puta! - Falei e ela arregalou os olhos. - Ai... Desculpa.

Riu e disse que não tinha problema.

          - Também não gostava nem um pouco dela. Sempre foi grossa comigo, ao contrário do que você está sendo...

          - E por que eu seria grossa com você? Sou educada até com quem não gosto!

          - Como assim?

          - Então... Acho que a pessoa até percebe que não gosto dela. Mas é quando eu faço questão de ser mais educada. E mais distante.

Sorriu e, não muito tempo depois, o Bill apareceu e fui com ele até o estúdio. Ficou me ensinando a fazer as coisas e até mesmo me pediu ajuda por algumas vezes.

Assim, o resto da semana se passou num piscar de olhos e estávamos trabalhando numa mesma música. Quando dei por mim, já era sábado à noite e eu estava me arrumando para a tal festa. E na sexta-feira, justamente por causa do trabalho, acabei brigando feio com o Bill e não estávamos nos falando. Sabia que ia ter de fingir ser uma recém-casada perdidamente apaixonada pelo marido. E cá entre nós, apesar de tudo, isso não me parecia nem um pouco atraente. Muito pelo contrário.

Então, todo o caminho até a tal boate foi feito em silêncio e eu não me atrevia a olhá-lo, por mais que estivesse irresistível, vestido daquele jeito meio glam rocker, todo de preto, mas ainda sim, sexy. Assim que chegamos, fez algo que eu realmente não esperava: Deu a volta no carro e abriu a porta para mim, inclusive me ajudando a sair. Estranhando, agradeci e pude ver que disfarçou um sorriso tímido.

No exato instante em que entramos naquela boate, quase me arrependi de não ter sido mais teimosa. Tocava uma daquelas músicas típicas de rave. Antes de mais nada, quero esclarecer que eu ia às festas com as meninas meio a contragosto e mais porque sabia que elas gostavam e que quase sempre, seria divertido. Eu não era muito do tipo que ficava dançando essas músicas eletrônicas que nem uma louca e me divertindo horrores. Preferia muito mais ir a um show. Tanto que, quando o Ac/Dc esteve em Londres... Digamos apenas que o Alex conheceu a Luiza mais espontânea que nunca. Ai que saudade que eu estava dele!

          - Você quer alguma coisa para beber?- O Bill perguntou em meio àquela confusão toda. Neguei com a cabeça e me olhou, curioso. - Vem que eu quero te apresentar para todo mundo.

E, como no dia do shopping, foi praticamente me arrastando pela boate lotada. Chegando à área VIP, falou algo com o segurança, que liberou a nossa entrada. Tão logo ganhamos aquelas pulseiras neon de identificação, me olhou e deu um sorriso misterioso. Passamos pelo corredor que havia ali e isolava um pouco do som e disse:

          - Eu espero que goste de surpresas.

          - O que você está aprontando? - Perguntei e ele sorriu, misterioso. Continuou me guiando pelo corredor até chegarmos a uma área enorme e com uma boa quantidade de pessoas ali. De repente, vi uma criatura pálida e de cabelos vermelhos. Soltei a mão do Bill e corri na sua direção, a abraçando em seguida.

          - Que saudade, Lola! - Falei, quase chorando. É... Vai me deixar longe de quem eu gosto para ver...

          - Me deixa te ver. - Disse, quando nos soltamos do abraço. - L.A. está te fazendo muito bem...

          - Quando você chegou? - Perguntei e começamos a conversar. Porém, quando me dei conta, o Bill já estava do meu lado, me pedindo para ir com ele. Hesitei um pouco e a Lola avisou que não ia a lugar nenhum. Logo, fui apresentada à várias pessoas dali e não pude deixar de sorrir ainda mais quando ouvia o Bill me apresentar como “A mulher dele”. É... Depois daquilo, meu ego inflou muito.

Conheci também, um amigo dele que era produtor também e era uma figura. Logo de cara, disse:

          - Meu garoto, que espetáculo, hein?

Rindo um pouco, o cumprimentei e o Bill falou:

          - J.J., essa é a Iza, minha mulher. Esse é o J.J., um dos meus amigos daqui de Los Angeles.

          - Cara, tem ideia que eu quase briguei com esse alemão aí para te conhecer? - Ele perguntou e falei:

          - Na realidade... Nem imaginava que tinha alguém tão ansioso assim para me conhecer.

          - Eu estava quase invadindo a sua casa, na boa.

Sorri fraco e ele começou a conversar comigo, todo animado. Ainda bem que o foco mudou para o trabalho. Ainda mais aproveitando que o Bill tinha me deixado ali sozinha com ele. De repente, a Lola apareceu ao meu lado e estávamos conversando quando notei o Tom, Georg e Gustav ali. Ela perguntou:

          - O que foi?

          - Estou contente por meu plano ter dado certo. - Falei, sorrindo. Tentou insistir em descobrir o que eu quis dizer com aquilo, mas não conseguiu. Em vez disso, me contou do que estava acontecendo em Londres. Notei que a Di não veio e ela explicou:

           - Ela está enrolada com algumas coisas. Queria muito vir, mas não deu. E disse que, assim que der, te liga.

Continuamos conversando e, quando estávamos no bar, esperando pelos drinks, ela se aproximou de mim e falou:

          - Disfarça. Tem um lindinho te secando na cara dura a noroeste...

Fingi coçar a nuca e virei para a direção que ela indicou e, jogando um pouco de charme, dei um meio sorriso.

          - Você realmente não tem vergonha... - A Lola disse, depois que virei de frente para o bar.

          - Olhar não tira pedaço. Além do mais... O Bill sumiu.

          - Na realidade... - Ela começou a dizer e olhei na mesma direção. O Bill estava conversando com uma garota loira, provavelmente com silicone em praticamente todo o corpo. Era artificial, inclusive, os cabelos.

          - Quer saber? - Perguntei, tomando o drink de um único gole. - Vou dizer um “Oi” para o bonitinho.

          - Iza... Tem certeza? - A Lola perguntou e falei:

          - Nunca estive tão certa.

Mostrou hesitação e pisquei para ela, andando na direção do bonitinho. Na cara dura, fingi tropeçar, justo quando estava passando na frente dele, que prontamente me segurou.

          - Está tudo bem? - Perguntou e sua voz era naturalmente rouca e sexy. Ele era sexy! Tinha o rosto anguloso, com o maxilar bem definido, nariz reto, olhos azuis hipnotizantes, além de um cabelo castanho dourado (E cuidadosamente bagunçado). E a boca... Parecia desenhada. Era perfeitamente carnuda e confesso que deu vontade de morder.

          - É... Salto alto demais dá nisso. - Respondi, sorrindo e me fingindo de inocente.

          - E você não é acostumada. - Afirmou e notei uma coisa. Assenti e perguntei:

          - De que parte da Inglaterra você é?

          - Londres. E você?

          - Acredite se quiser... Sou do Brasil, mas moro em Londres também.

          - E o que te trouxe à Los Angeles?

          - É uma longa história. - Respondi, misteriosamente tendo meu olhar atraído para a direção do Bill, que agora já estava com o braço na cintura da criatura e me olhava, como se me desafiasse. Ah era assim?

          - E você?

          - Sou o vocalista da banda. O Bill produziu o nosso CD e foi graças à ele que assinamos o contrato. Você sabe quem é, não é?

Assenti. Sentia o olhar do safado em cima de mim, pesando mesmo e, para minha sorte, começou a tocar uma música que eu até gostava. Perguntei:

          - Escuta... Quer dançar?

Deu de ombros, pondo o copo com a bebida de lado e fomos até a pista de dança, que ficava relativamente perto. Estava me divertindo até a Lola aparecer e dizer:

          - Se prepara porque vai vir chumbo grosso...

Só então me dei conta que ela estava dançando com ninguém menos que o Georg. Mas hein?

Dei de ombros e continuei me divertindo ali. De repente, a música parou e me controlei para não xingar o Bill de todos os nomes imagináveis e cabeludos. O J.J. conseguiu um microfone e disse:

          - E aí, meu povo? Não sei se vocês sabem, mas hoje nós estamos reunidos hoje, não para unir um homem à uma mulher no sagrado matrimônio. Estamos aqui para comemorar a assinatura do contrato de uma das melhores bandas que eu já ouvi. E quem aí quer conhecer os caras?

Houve uma comoção e o bonitinho perguntou:

          - O dever me chama... Me encontra depois?

Sorri, concordando.

          - Ei! - O chamei, quando começou a se afastar. - Sou Iza.

          - Romeo.

Sorri enquanto ele se afastava e a Lola disse:

          - Aposto que está xingando mentalmente seus pais por não terem te batizado de Julieta, não é?

          - Não... Ainda mais que sabemos o final da história...

Ela riu e, tão logo os caras começaram a apresentação (Tinham um quê de The Killers), nós duas começamos a dançar, ignorando totalmente se alguém estava olhando e o que estava pensando. Era tão bom voltar a ser o que eu realmente era...

De repente, eles começaram a fazer um cover de “Pour some sugar on me”. Olhei para a Lola, que sorria maliciosa.

          - Está pensando o mesmo que eu? - Perguntei e ela concordou.

          - E vingança é um prato que se come frio... - Disse, me indicando o Bill, que estava, pasme, beijando a plastificada. É como minha mãe costuma dizer: Uns gostam do olho, outros da remela.

          - E como! - Respondi. - E preciso de um drink.

Fomos até o bar e, depois que o barman nos deu as bebidas, respirei fundo e dei uma nota de cem dólares para ele, explicando nosso plano. Por causa do dinheiro, ele não se opôs e, no instante seguinte, nós duas estávamos sobre o balcão, dançando. Como era perto do palco, então o pessoal podia continuar vendo a banda. Perto do bridge, fui andando na direção do Romeo e vi o seu sorriso, que por incrível que pareça, não era de malícia. Pelo contrário; Era de diversão.

No refrão que vinha a seguir, pude ver que o Bill finalmente havia soltado a plastificada e me encarava com a cara de nenhum amigo (Sua raiva era tanta que nem era cara de poucos amigos). Pisquei para ele e comecei a dançar da maneira mais provocante de todas, conseguindo fazer com que quase toda a população masculina daquela área VIP quase enlouquecesse. Como a Lola estava no mesmo nível... Aposto que o assédio em cima de nós ia ser bem maior que no bar. A única coisa que achei ruim era justamente por estar de vestido e não ter liberdade de fazer certas coisas que fazia em Londres, como ir rebolando até o chão (Ou no caso, o balcão). Nessas horas, ser brasileira tinha lá suas vantagens.

Sabia que, quando a música acabasse, o Bill ia fazer aquele escândalo, mas não era algo com que eu me estressaria. Ainda mais que não era eu quem havia beijado um silicone loiro ambulante...

          Dito e feito. Acabou a música e, no instante em que desci do balcão com a Lola, senti um puxão no braço e nem precisei de muito tempo para entender quem era. Me levou até o banheiro e as meninas que estavam ali saíram correndo, com medo do olhar assassino dele. Mesmo assim, não me deixei abater e empinei o nariz e estufei o peito, só ouvindo os desaforos que ele dizia:

          - Você é minha mulher! Não tem nada que ficar rebolando em cima de um balcão de bar! O que as pessoas vão dizer, hein? Que eu me casei com uma vagabunda, no mínimo.

          - Quer mesmo saber? Eu estou me lixando para o que os outros pensam ou deixam de pensar! Passei minha vida inteira me preocupando com a impressão que eu dava para as pessoas e quer saber? A melhor coisa que eu fiz foi ligar o foda-se e não me importar mais para uma coisa tão... Idiota. Além do mais... Era isso que eu fazia em Londres. Trabalhava como garçonete e de vez em quando, dançava sobre o balcão do bar. Pergunta para a Nicola se por um acaso eu ia para a cama com algum cliente, vai... Ah! E não pensa que só porque sou sua mulher vou abaixar a cabeça para o que você diz e até mesmo deixar de viver. Não se iluda dessa maneira.

          - Você está se esquecendo que, até mesmo depois que voltar para Londres, sua vida não vai ser a mesma. Sempre vai ter sido casada comigo.

          - E é justamente por causa desse erro que vou ter de carregar esse estigma. Mas tudo bem. A única satisfação que eu vou ter é a de ser sua ex-mulher ao invés de ser reconhecida como “A esposa de Bill Kaulitz”.

Me fuzilava com o olhar.

         - Ah! E mais uma coisa. Não vou dormir em casa hoje.

          - E vai ficar aonde?

          - Não te interessa. Você é meu marido só no papel.

Suspirou, tentando manter a paciência e saí dali, indo até a Lola. Perguntei:

          - Você está hospedada aonde?

          - Eu estou...

De repente, fui erguida do chão e, quando vi, estava sobre os ombros do Bill.

          - Kaulitz, me põe no chão!

          - Está pronta? - O ouvi perguntar e respondi em negação. Em seguida, vi que ele me carregou para fora da boate, atraindo a atenção de todo mundo. Mais ainda do que quando eu dancei. Chegando no estacionamento, destrancou a porta com um pouco de dificuldade, já que eu esperneava e quase caía e fui posta, com nem um pouco de gentileza, no banco do carona. Notei que a Lola estava entrando no banco de trás e não demorou muito para que ele se sentasse no do motorista. Falei:

          - Você é um puto, Kaulitz.

Ouvi a Lola disfarçar uma risada e, em seguida, ele deu a partida. Cruzei os braços na altura do estômago e o ignorei o caminho todo. Chegando na rua de casa, ele parou em frente ao portão do vizinho de frente e a Lola se despediu antes de sair do carro. Espera aí...

Quando chegamos ao hall de entrada, ele disse:

          - Apesar de tudo... Acho que esta foi uma boa noite.

Travei o maxilar e, ainda de braços cruzados, o fuzilei com o olhar.

          - Até que aquela menina beijava muito bem...

          - Eu vou dormir que ganho mais... - Respondi, começando a subir as escadas.

          - Engraçado... Você não chegou a ficar com aquele cara, ficou?

Arqueei a sobrancelha.

          - Não... Não fiquei. Mas se eu tivesse a chance... - Respondi, descendo as escadas e indo na direção dele. - Pode apostar que eu te daria uma boa razão para me acusar do que você me chamou na boate. Ele é inglês, sabia? E eu tenho uma queda por ingleses... Ainda mais os que têm banda, como ele...

          - Engraçado, porque não achei que você era uma groupie.

          - É justamente por nunca ter ido para a cama com um deles que eu não sou uma. Mas... - Falei, parando de frente para ele. - Não dizem por aí que... - Espalmei minha mão sobre o seu peito. - Para tudo... - Fiquei na ponta dos pés. - tem sempre... - Notei que ele se abaixava um pouco na minha direção. Aproveitei a oportunidade e me estiquei, deixando minha boca praticamente colada à sua. - A primeira... - Com a outra mão, arranhei sua nuca de leve, acariciando-a de modo provocante, bem lento. - Vez?

Senti suas mãos envolverem minha cintura e me puxou para mais perto, seu olhar fixo no meu, acompanhando cada movimento que eu fazia.

          - E... Olha só... - Falei, encostando minha boca na sua, mas sem o beijá-lo. - Você poderia ser... O primeiro.

Uma das suas mãos foi para o meu rosto e começou a me acariciar. Porém, manter meu autocontrole numa hora daquelas era algo praticamente impossível.

          - Pois é. Ainda mais que sou seu marido...

Arqueei a sobrancelha sugestivamente, dando um sorriso torto e falei:

          - É verdade.

          - Então... Vamos lá para cima?

Mantive meu sorriso e comecei a beijar seu pescoço, notando sua respiração ficar cada vez mais forte e descontrolada. Segurou meu quadril, o puxando de encontro ao seu e pude sentir o que aqueles simples beijos estavam causando nele. Sorri e falei:

          - Tem só um único problema...

          - Qual? - Perguntou e pude notar que a qualquer minuto ia perder o autocontrole.

          - Você não vai ser o primeiro. - Falei, conseguindo me soltar dele. Comecei a andar, mas antes mesmo que eu pudesse chegar ao pé da escada, senti sua mão se fechando em torno do meu pulso e me puxou de novo. Quase caí, graças à força que usou e, me pegando bem a tempo, disse, me puxando para perto:

          - Ah é? Quer apostar como te faço mudar de ideia em dois tempos?

E, sem qualquer aviso prévio, me beijou.

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Imagens e música do capítulo

2 comentários:

  1. O Bill não tinha nada que achar ruim, afinal ela só dançou no balcão. Errado foi ele que fez ela ter o risco de ter sua foto em milhares de jornais escrito bem grande "Bill trai esposa na mesma festa que ela se encontrava". Melhor ele ter uma namorada dançarina, do que ela ter a cara dela escrito "corna" abaixo ¬¬
    Muito errado, Bill. Muito errado.
    Isso mesmo Lu, dá um chá de canseira nele para ele aprender. Agora é que ele tem que ficar na mão mesmo, só de pirraça.
    E eu quero esse vestido *----*
    Lola dançando com Georg... Tão fofos :3

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    1. Oie!
      Então... Pelo que dá para entender, o Bill imagina que as apresentações na boate são tipo as de um clube de strip-tease. E se fosse de verdade... Ah, mas ia me baixar o apache e eu escalpelava esse silicone ambulante usando a mão!
      Percebeu que a dança foi proposital, só para dar o troco nele?
      Eu estapeava ele em pleno shopping por causa do vestido, te juro. Imagina se eu ia deixar ele comprar um vestido caro? E vê lá se eu ia deixar ele comprar um vestido para mim, melhor dizendo?
      Canseira maior vai ser mais para a frente... E aí sim que ele fica na mão xD
      Pois é. Só que cada um tem seus respectivos pares =T
      Obrigada pelo comentário :)
      Beijinhos e até a próxima ;*

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