domingo, 29 de setembro de 2013

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 6º capítulo




Então estou armando minhas defesas
Porque não quero me apaixonar
Se alguma vez fizesse isso
Acho que teria um ataque cardíaco

(Demi Lovato - Heart attack)

Luiza

Assim que acordei e fui tomar café da manhã, decidida a ir procurar um emprego, não havia nem sinal do Bill. Suspirei ao perceber isso e, logo fui pegar a bolsa, deixando um recado avisando onde estava, caso ele aparecesse. Saí de casa e fiquei um bom tempo batendo perna, indo de loja em loja, vendo se tinha alguma vaga disponível e fazendo cadastro. Nem tinha visto que horas eram quando meu celular tocou, logo que saí de uma loja de roupas. Procurei o aparelho dentro da bolsa e, assim que o encontrei, vi que era a Claire.

          - Oi, Claire.

          - Onde você está?

Procurei pela placa com o nome da rua e falei, inclusive dando um ponto de referência.

          - Beleza. Escuta o que você vai fazer: Anda por dois quarteirões na direção sul e atravessa a rua. Vou te esperar na porta, ok?

Concordei, seguindo suas indicações e, em poucos minutos, estava chegando lá. Nos cumprimentamos com dois beijos no rosto e perguntei:

          - E então? Aonde vamos?

          - Gosta de comida chinesa?

          - Amo!

Riu e fomos andando lado a lado, conversando, principalmente sobre a minha busca por um emprego. E assim continuamos até chegarmos ao restaurante.

Depois que fizemos os pedidos, ela perguntou:

          - Como é Londres?

          - Quer mesmo minha opinião nem um pouco confiável?

Riu, concordando.

          - Beleza. Sempre ouvi o pessoal falando que é um dos lugares em que mais chove no planeta inteiro, que era cinzenta, feia e tal. E eu discordo. O pessoal que falou esse monte de baboseira é porque não soube aonde ir. E a questão da chuva... Foram na época e na Irlanda é pior. Duzentos dias de chuva, direto e reto.

          - E qual seu lugar preferido?

          - Tem tantos... Toda noite eu ia ao Hyde Park entre o trabalho na loja e o do bar.

          - Bar? Como assim?

          - Trabalho num bar. Tipo o daquele filme “Showbar”, sabe? - Concordou, animada.

          - Então... Sabe fazer aqueles malabarismos com as garrafas?

Assenti. O garçom trouxe a comida e contei um pouco mais do meu trabalho. E ela ouvia a tudo, atenta e deslumbrada.

Depois que acabamos, pagamos a conta e ela me avisou, quando saíamos do restaurante:

          - Ah! Duas coisas que eu estava quase esquecendo de te avisar: O Bill dormiu na casa do Tom ontem, mas pelo que consegui descobrir, ele volta hoje. E já está cuidando para trazer suas coisas.

          - Ai que bom. Não vejo a hora de que venha tudo de Londres. - Respondi. - Se bem que as minhas amigas podiam vir junto... Você ia adorá-las.

Comecei a matracar sobre as duas e ela ficou curiosa. Antes de entrar no estúdio, porém, me disse que teria folga no sábado e já combinamos a hora em que nos encontraríamos e aonde. Estava quase indo procurar um ponto de ônibus quando a ouvi me chamar e me virei. Fez sinal para que eu fosse até lá e disse:

          - O Bill quer falar com você.

Estranhei, mas fui ver o que ele queria.

Assim que entrei na sua sala, ele estava virado de costas para mim e, sem um pingo de delicadeza, larguei a bolsa sobre um sofá de couro preto que havia ali. Claro que atraiu sua atenção e ia abrir a boca quando o interrompi:

          - Você nem ouse me contestar porque não tem razão nenhuma, ainda mais depois de ontem, que fiquei sozinha, te esperando que nem uma trouxa. Ai, Kaulitz, estou com uma raiva de você...

Deu um sorrisinho que me deixou mais irritada ainda.

          - Engraçado, porque achei que não ia se importar de ficar sozinha... Ainda mais que você deu a entender que nosso casamento é de fachada... - Disse e minha vontade era a de voar no seu pescoço.

          - Me importo. Ficar sozinha é uma das coisas que mais detesto. - Falei. - Mas o que você queria comigo?

          - Temos um jantar para ir depois de amanhã.

          - Jantar com quem?

          - Uma gravadora quer fazer uma fusão com o estúdio e vão me fazer a proposta.

Assenti.

          - Beleza. Mas tenho uma condição.

Me olhou e continuei:

          - Você vai deixar a Claire ir comigo comprar o vestido.

          - E eu não posso ir?

          - Não, porque eu sei que você vai cismar de pagar e a última coisa que quero é que gaste dinheiro comigo!

Suspirou e disse:

          - Não tem outro produto de barganha?

          - Tem alguma ideia? - Perguntei e ele deu de ombros.

          - Alguma outra coisa que você queira...

Parei para pensar e falei:

          - Beleza. Aceito sua condição de ir comigo para comprar um vestido desde que passe o resto da semana sem por um único cigarro na boca.

          - Ah, você tá de sacanagem, Luiza!

          - Então divirta-se sozinho no jantar.

Me virei para pegar a bolsa e me chamou. Suspirei e disse:

          - Só até o dia do jantar.

          - Tanto faz. Contanto que você fique sem fumar...

          - Me espera aqui então.

Saiu da sala e me larguei de novo sobre o sofá. De repente, ouvi um sinal e olhei para seu computador. Não resistindo à curiosidade, fui até lá e vi o aviso de que era uma chamada de vídeo do Andreas, além de uma mensagem escrita. Não mexi em nada e decidindo que o melhor a ser feito era voltar para onde estava, assim o fiz e aproveitei para checar meus e-mails no celular. Havia uma SMS do Alex e meu estômago deu uma volta completa. O Bill entrou na sala e avisei, sem nem desviar o olhar para ele:

          - Seu computador fez um barulho aí.

Pela visão periférica, pude vê-lo se sentando na cadeira de novo e mexendo em algumas coisas, inclusive digitando. Me concentrei em escrever uma resposta para o Alex:

Oi. Achei que as meninas tivessem te dito o motivo pelo qual não fui para Londres com elas...

E apertei o botão “enviar”. Ergui o rosto a tempo de ver que o Bill estava desligando o computador, mas principalmente: Qual era seu plano de fundo. Uma foto minha que, provavelmente, tinha sido tirada em Las Vegas. E pela minha cara... Foi depois de alguns drinks que havia tomado. Fingi não ter visto e li a mensagem do Alex que havia acabado de chegar:

Onde você está, Luiza?

Respirei fundo e o Bill me assustou, por eu estar distraída:

          - Vamos?

Rapidamente, peguei a bolsa, não guardando o celular ali dentro, e fiquei de pé, indo até a porta. Estava tão absorta em responder à mensagem do Alex que quase não notei que estava indo na direção de uma coluna que havia ali. Por sorte, o Bill me segurou pela cintura, evitando a colisão, e murmurei um agradecimento.

          - Era melhor se prestasse atenção onde está indo...

Suspirei e andei, dando passadas largas. Ao passar pela recepção, me despedi da Claire, garantindo que sairíamos no sábado de manhã e ela sorriu. Fui andando ao lado do Bill enquanto guardava o celular na bolsa. Me guiou até a parte de trás do estúdio, onde tinha um estacionamento. Caminhamos até seu carro em silêncio e, uma vez que destravou as portas, entrei no veículo, não me separando da bolsa. Não demorou muito para que saíssemos dali e estivéssemos numa avenida movimentada. Aproveitei para responder à mensagem do Alex, que não replicou imediatamente. Amuada, guardei o celular na bolsa e encarei o movimento da rua.

          - A Claire disse que você está procurando por um emprego... - O Bill tentou puxar papo e não respondi. - Agora vai ficar com raiva de mim?

Mantive meu silêncio e ficou óbvio que estava começando a se irritar. Que se dane.

          - Quer saber? Foda-se. - Resmungou e ligou o rádio. Justamente na hora, tocava uma música de um rapper americano que nunca tinha visto mais gordo e cuja letra tinha algumas muitas palavras de baixo calão. Olhei para o Bill, fazendo uma cara de incrédula e ele riu.

          - É sério que você vai me obrigar a ouvir isso? - Perguntei e ele assentiu, sorrindo. Suspirei e peguei o meu mp3 dentro da bolsa, colocando os fones de ouvido e caçando uma música das mais... Barulhentas possíveis, para tentar abafar o som daquela coisa inominável que tocava no rádio. Acabei achando a “Never Enough” e pus para tocar, agradecendo por existir a Tarja. Como sempre, não me dei conta de que estava balançando a cabeça e, quando menos esperei, o Bill simplesmente tirou um dos meus fones e pôs na própria orelha. Ia reclamar quando notei uma coisa: Ele havia desligado o rádio.

          - De todas os gêneros musicais existentes, o último que eu ia imaginar que você gosta é metal.

Arqueei a sobrancelha, dando um meio sorriso e falei:

          - Você ainda tem muita coisa para descobrir ao meu respeito, Kaulitz. E te garanto que descobrir que amo metal nem é tão chocante assim.

          - Tá... O que acha que pode ser realmente chocante?

Parei para pensar e falei:

          - Não sei... O que você acha que te surpreenderia?

Deu de ombros e respondeu:

          - Bom, depois dessa música, comecei a perceber que posso esperar tudo de você.

Sorri torto e o sinal abriu, obrigando-o a prestar atenção ao trânsito.

          - Veja pelo lado positivo... Você nunca vai ficar entediado comigo.

Olhou para mim rapidamente e dei um meio sorriso.

Quando chegamos à loja, uma das vendedoras tinha um nariz empinado, como se estivesse sentindo o pior cheiro do mundo. Me viu andando com o Bill em meu encalço e crispou a boca. Disse, em tom de voz entediado:

          - Pois não? Em que posso ajudar?


          
          - Tenho um jantar para ir na sexta-feira e preciso de um vestido.

Me olhou de cima a baixo, fazendo uma cara de desdém e notei, de repente, que o Bill tinha saído do meu lado. A menina me pediu para acompanha-la e fiz com um pouco de má vontade, assim como ela. Começou a me mostrar alguns vestidos que eram até bonitos. Mas quando vi os preços...

          - Escuta, não teria um vestido preto, bem simples, teria? Quer dizer, vi um da Chanel e era incrível.

Suspirando e rolando os olhos, se afastou e tomei um susto quando o Bill se materializou do meu lado e quis saber:

          - Não gostou de nenhum?

          - Não. E muito menos dessa vendedora mal comida. Estou me controlando para não dizer umas boas para ela.

Me olhou, meio surpreso, mas querendo rir do meu comentário. A menina voltou, com dois vestidos pretos que pareciam mais camisolas e, quando olhei a etiqueta, falei:

          - Obrigada, mas eu vou dar mais uma olhada. Qualquer coisa, volto aqui.

Assentiu, com aquela cara de bunda e entediada e puxei o Bill pela “lapela” da jaqueta para fora da loja. Perguntou:

          - Qual era o problema daqueles vestidos?

          - Em primeiro lugar: Mete uma coisa nessa sua cabeça dura. Eu nunca usaria um vestido de, no máximo, £60. E não me pergunta quanto dá isso porque não tô com paciência para ficar fazendo cálculo!

Ergueu as mãos em rendição, rindo e falei:

          - Em segundo: Rir de mim quando estou brava piora sua situação ainda mais. Já quase voei no pescoço da secretária do meu curso de alemão porque ela não queria mudar o horário*, sendo que todo mundo estava...

          - Volta. Você fez curso de alemão?

 Assenti.

          - E oficialmente, você é o primeiro alemão com quem eu converso na minha vida inteira. E a ironia é que estamos falando em inglês. Mas nem pensa em conversar na sua língua materna porque não me lembro de um bocado de coisas. E já tem sorte que me lembre das poucas que aprendi.

Estava claramente impressionado.

          - E em terceiro e último... Se ousar pegar a sua carteira para pagar o vestido, juro que arranco sua mão fora na base da dentada, entendeu?

          - Qual mão?

          - A esquerda. Odiei essa sua tatuagem. É medonha. Não tinha outra melhor? Sem falar que era preferível deixar o pássaro e a flor. E os números nos dedos.

          - Por que você acha que não teria significado para mim?
           
          - Belo significado! Quer bancar aqueles piratas amaldiçoados do “Piratas do Caribe”?

          - Você está de mau humor hoje, hein?

Dei um sorriso forçado e saí falando, sem filtro e controle:

          - E como eu poderia estar gostando disso tudo? Estou aqui obrigada, sendo que preferia muito mais estar do outro lado do oceano, com as minhas amigas e a minha gata, sem falar que eu queria estar com o Alex à uma hora dessas. E não enfiada aqui em Los Angeles, com um chato de galocha que nem você!

Me olhou, sério, e, respirando fundo, pedi, mais calma:

          - Vamos fazer o seguinte. Vamos para a casa. Lembrei que teve um vestido que não usei em Las Vegas.

Deu de ombros, sem dizer nada e foi andando ao meu lado até o carro.

A viagem até sua casa foi feita em total silêncio e, quando cheguei no quarto, fui direto para o computador. Aproveitei para mandar um e-mail para as meninas e outro para o Alex, explicando tudo. Quase imediatamente, recebi uma mensagem dele no celular:

Estou no Skype.

Aproveitei para fazer o login no programa e quase imediatamente, ele me chamou. E ainda mandou um pedido para ligar a webcam. Assim que a imagem se estabilizou, notei que ele estava sem camisa.

          - Essa tentação é por eu estar do outro lado do oceano? - Perguntei e ele deu aquele sorriso canalha que, por mais que me irritasse, eu adorava.

          - Para você ver o que está perdendo...

Suspirei e perguntou:

          - Você está bem?

Assenti e falei:

          - Apesar da burrada que fiz hoje. Simplesmente explodi e acho que acabei magoando mais um por não medir as palavras.

Me olhou, sério, e quis saber:

          - Não tem alguma coisa que possa fazer para te trazer de volta para cá?
         
          - Não. E acho que, pelo jeito do juiz, se eu tentar alguma coisa, é bem capaz de ele apreender meu passaporte. Mesmo com a cidadania italiana. Isso sem falar na extradição direta para o Brasil.

          - Não tem nem uma semana que você foi embora e a minha vontade é a de ir aí e te buscar.

Sorri fraco e falei:

          - Estou sentindo saudades de você...

          - Acho que não, já que a primeira coisa que você reparou foi que eu estou sem camisa...

Fiz uma expressão que pareceu um meme e ele riu.

          - Alex... - Falei, anotando uma coisa no primeiro pedaço de papel que encontrei, de uma propaganda. Depois que terminei, ergui para a câmera e ele riu, dizendo:

          - Chama o seu marido que vou falar com ele para te dar um pouco de educação, sua desaforada.

Ri e, me aproximando do microfone, falei:

          - Prefiro que você me bata.

E pisquei. Ele, claro, fez a maior cara de tarado possível.

          - Você tem uma sorte de eu não poder sair de Londres agora... Senão alugava um jatinho e amanhã mesmo estava aí.

Ri e continuei falando com ele.

Na manhã seguinte, quando acordei, a moça que fazia limpeza na casa estava fazendo o café. O Bill conversava com ela e, assim que me viu ali, disse:

          - Rosa... Essa é a Luiza. Luiza, essa é a Rosa.

          - Tudo bem? - Perguntei, sorrindo e ela assentiu, também sendo simpática.

          - Vai tentar conseguir um emprego? - Ele quis saber e concordei. - Se quiser, posso te ajudar. Quer dizer, você pode ficar comigo lá no estúdio e posso te ensinar algumas coisas.

Dei de ombros e a Rosa me perguntou o que eu ia querer comer e falei:

          - Ah, eu não costumo comer nada. Só café com leite já está de bom tamanho.

Senti o olhar do Bill em cima de mim e ela acabou indo se ocupar de outras coisas. Não conseguindo mais aguentar aquela fixação, me virei para o lado e perguntei:

          - O que foi?

          - Nada. Estava só... Pensando no que eu ouvi ontem... - Sorriu maliciosamente. - E antes que você me acuse de estar me intrometendo aonde não sou chamado, quero te lembrar que você grita ao invés de falar.

Arqueei a sobrancelha e perguntei:

          - E o que te impedia de colocar um fone de ouvido ou até mesmo ir para o estúdio? Quer dizer, lá é à prova de som, não é?

          - É. Mas tenho que dizer que a sua conversa estava muito mais... Interessante. E avisa ao seu amigo que vou te educar direitinho.

Nem teve como não arregalar os olhos ao ouvir aquilo.

           - Experimenta! - O desafiei. - Quero ver você ousar encostar a mão em mim!

Riu e me provocou:

          - Olha que aceito o desafio...

Respirei fundo e peguei a xícara já vazia, indo até a pia. Depois que passei ao seu lado, fez algo que deveria ter previsto de tão óbvio: Me deu um tapa na bunda. Não foi muito forte, mas ainda sim... Olhei para ele, que sorria, e não falei nada, o que o fez rir. Suspirei e fui andando. Nem me dei conta, ao chegar no quarto, que estava atrás de mim. Quando vi, estava presa entre seu corpo e a parede.

          - Me solta, por favor. - Pedi, sem emoção na voz. Deu um sorriso malicioso e se inclinou na minha direção. Afastou meu cabelo, descobrindo meu pescoço e deixou a boca muito próxima àquela parte e me controlei ao máximo que pude, tentando disfarçar os arrepios que tinha ao sentir sua respiração morna se chocar contra minha pele.

          - Sabe, gostei muito desse seu pijama... Principalmente do short.

          - Kaulitz... - Falei, em tom de aviso. - Estou te pedindo educada e calmamente para me soltar.

          - E se eu não quiser? O que você vai fazer? Vai fazer aquela ameaça clichê de gritar?

          - Vai sonhando... - Respondi, sorrindo e começando a reunir coragem para enfrenta-lo. - Não sou esse tipo de garota.

          - Será que não é mesmo?

          - Eu não tenho medo de você. Pode ser maior, mas não é dois.

Deu um meio sorriso e segurou meu queixo, endireitando a minha cabeça e a inclinando um pouco para trás.

          - Desde que te vi no dia da sentença que quero te beijar de novo... - Disse, com a boca praticamente colada na minha. Confesso que estava espantada com meu autocontrole...

          - Ah é? - Perguntei, entrando no joguinho dele, que sorriu ainda mais.

          - É. Você tem uma boca que é irresistível...

Só para provoca-lo, fiz questão de deslizar a ponta da língua sobre meu lábio inferior e o soltei lentamente. Pude notar que sua respiração ficou mais pesada e acelerada. Ergui a mão até as correntes que usava em torno do pescoço e fiquei brincando com uma das medalhinhas. Falei, mantendo o olhar fixo no dele:

          - Homens são todos iguais mesmo... Nem você foge à regra. Basta a gente dar um mole de nada e já ficam assim... Não se aguentando de excitação e quase perdendo o controle...  

Ficou sério e avisei:

          - Isso aqui, só para você saber, não é um casamento de fato. O que significa que pode tirar o cavalinho da chuva que não vai acontecer absolutamente nada entre nós.

Ergueu a sobrancelha e perguntou:

          - Quer apostar?

          - Não ouse. - Falei. Deu um sorriso maldoso e, quando vi, já estava me beijando. Tentei empurrá-lo e até dando tapas mais fortes para ver se conseguia afastá-lo, mas não consegui. Mordi sua língua e ainda sim, não teve efeito. Não correspondi e ele não desistiu. Quando achei que finalmente tinha se dado por vencido, relaxei e me arrependi mortalmente, já que a peste se aproveitou para me erguer do chão, enroscando minhas pernas em torno do próprio quadril e me colocando, literalmente, contra a parede. Tentei afastá-lo, em vão. Parecia que, quanto mais tentava empurrá-lo, mais ele insistia. Por fim, vendo que não ia ter jeito, cedi. E o tiro saiu pela culatra de novo, já que aquilo, de novo, serviu de incentivo para que continuasse e mais intensamente. Propositalmente, deixei minhas unhas arranharem sua nuca, descendo até a bainha da sua camiseta, a erguendo. Ah, se ele achava que ia sair ileso dessa...

Quando interrompeu o beijo para passar a peça pela própria cabeça, o telefone atrapalhou meus planos. Já ia avançando na minha direção quando o detive, perguntando:

          - Não é melhor atender? Vai que é algo realmente importante...

Suspirou e finalmente me pôs no chão, saindo dali e propositalmente deixando a camiseta para trás. A ignorei propositalmente e fui me arrumar.

Fiquei o dia inteiro fora e, quando já eram quase seis da tarde, não resisti e peguei um ônibus, indo para Santa Monica. Assim que cheguei à orla, olhei para os lados e tirei as sandálias, pisando na areia fofa até chegar à água. Imediatamente, me lembrei de uma viagem que fiz à Ilha de Wight com o Alex. Tudo bem que fomos só nós dois e foi bem pouco tempo depois que nos conhecemos, mas ainda sim, valeu cada minuto.

Quando cheguei em casa, o Bill estava no banho e aproveitei para trocar de roupa, além de fazer outras coisas que queria. Estava absolutamente distraída, arrumando as roupas que levaria à lavanderia no dia seguinte e, quando me virei, para sair do closet, quase dei um encontrão no Bill, que estava parado ali. Demorei um minuto inteiro para que assimilasse o fato de que estava com a mão sobre seu peito nu, justamente para evitar a colisão.

          - Ai, Kaulitz, que susto! - Reclamei, tentando disfarçar. Riu fraco e afastei a minha mão, mas ele segurou meu pulso, me impedindo. - Que é? Vai ficar me cercando o tempo inteiro agora, é isso?

          - Não estava te cercando... Estou procurando a minha camiseta. A que eu estava usando hoje de manhã...

          - E por que diabos estaria aqui?

Deu de ombros, me provocando logo em seguida:

          - Tem pessoas que são capazes de tudo...

          - Me chama de macumbeira de novo para ver se não te largo no meio da encruzilhada, feito o despacho que você já é! - Ameacei, me controlando para não rir. Principalmente por causa da cara de tacho dele. Indiquei a sua camiseta, que estava sobre a cadeira (Não estava dobrada - Só faltava essa!) e ele foi andando. Só que, antes de sair, tinha que fazer graça:

          - Ah, achei que você ia dobrar para mim.

Olhei feio para ele, cruzando os braços e falei, caprichando na ironia:

          - Meu amor, só cuido bem das minhas coisas. E isso aí na sua mão não é meu.

De repente, ele deu um sorriso malicioso e perguntou:

          - Mas bem que gostaria, não é, meu amor?

Filho da mãe! Ainda enfatiza o final!

          - Some daqui agora, Kaulitz! - Falei apontando para a porta e ele ficou ali, parado. Não vestiu a camiseta, embora ainda a segurasse. - Raus aus meinem Zimmer! Jetzt!

Ainda sorrindo, pôs a camiseta sobre o ombro e finalmente me deixou sozinha. De raiva, fui até a cama e peguei um dos travesseiros, o jogando na parede. Era isso ou gritar. E entre dar o gostinho para ele e ficar quieta...

Mais tarde, enquanto estávamos os dois na sala, devorando uma pizza que ele havia pedido,  tomava o máximo de cuidado para não engordurar a tela do celular, distraída, enquanto jogava Angry Birds. Mesmo que a moda tivesse passado, ainda era viciada no jogo.

Tinha chegado num nível que não conseguia quebrar a barreira dos malditos porcos e estava perdendo a paciência. Joguei o último dos passarinhos, que passou por cima da barreira. Resmunguei um “Filho da puta” e senti o olhar do Bill em cima de mim. Sabendo o que ia acontecer, saí do jogo e travei a tela, justamente para evitar que ele cismasse de mexer e tentar descobrir o que estava fazendo.

          - E então? - Perguntou, puxando assunto. - Conseguiu o emprego?

Neguei com a cabeça.

          - Não vou desistir. Londres foi muito mais difícil...

Me olhou, mas não disse nada.

Dois dias depois, na manhã de sábado, nunca quis tanto encontrar um banco ou até mesmo um cantinho para sentar. A Claire me arrastava para cima e para baixo por uma rua lotada de roupas, sapatos e por aí vai. Quando estávamos na décima loja seguida, não me aguentava mais em pé. E ela, olhando as araras do mesmo jeito que eu fazia, passando cada peça de roupa por vez. Perguntou, em tom de quem não quer nada:

          - Confesso que estou curiosa para saber uma coisa. Ainda mais depois de quinta-feira que o Bill apareceu no estúdio todo feliz.

A olhei e quis saber:

          - Vai dizer que ele normalmente é rabugento?

Assentiu.

          - Eita! Por essa eu realmente não esperava...

Riu e falei que podia me fazer a pergunta. E assim a fez:

          - Por um acaso...

Ih, lá vinha...

          -... Ele descobriu as suas fotos do site do bar?

Hã?

          - Eu achei que ele já tivesse visto...

Negou.

          - Apesar de tudo... Acho que só de ele visitar o site não seria suficiente para ter uma reação como essa...

          - Tá... E por que você está jogando verde desse jeito?

Sorriu e disse:

          - Simplesmente porque quero ter certeza que você e o Bill, apesar do pouco tempo, estão começando a gostar um do outro.

Arqueei a sobrancelha.
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* Fato. Eu estava quase voando no pescoço da criatura, que ria. Resultado: Tive que abandonar o curso por causa de conflito de horário.
Imagens e músicas do capítulo

2 comentários:

  1. WOW!!! Começou os pegas pelos cantos da casa.... Luiza, agarre mais o homem, faz bem aos meus olhos enquanto leio :3
    Bill... como pode ser tão safado e fofo ao mesmo tempo?
    Já entrei em uma loja que tinha uma vendedora nojenta assim, quase sai no tapa com ela... mulher metida a besta.
    SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM!!! Um está gostando do outro, só que o Bill está mais fácil de admitir. Aquele rabugento <3
    Claire precisa juntar os dois, nem que os tranque num banheiro do tamanho mais mínimo possível!

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    1. Oie!
      Pois é... Ó, eu sei que no oitavo tem mais beijo.
      Então. Estava até olhando algumas curiosidades de Virgem esse dia e vi que era assim: Sensualidade no máximo.
      Até que eu tive sorte de nunca encontrar esse tipo de vendedora. Se me acontecer algum dia... Ela perde venda, com certeza. Tudo bem que tem cliente chato, mas não custa nada ser gentil. Estou exercitando exatamente isso na loja.
      E você acha que o Bill vai mesmo ser o primeiro a ceder? Pior é que não estou lembrando aqui para poder dar uma pista :X
      Só a Claire? Tem um monte de candidatos à cupidos, não se esqueça ;)
      Obrigada pelo comentário
      Beijinhos e até a próxima ;*

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