quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 38º capítulo


38. But I don't know where it is that you've been hiding...But I need you tonight

Porque estou me apegando ao céu
As luzes se apagam, mas não vou deixá-las
Oh, estou me apegando ao céu
Quando eu respiro e é só você

(Foxes - Holding onto heaven)

Bill

A visão que eu tinha não podia ser melhor. Estava sentado num dos pufes do quarto da minha mulher, depois de ela terminar de lavar a louça, enquanto ela mexia em alguma coisa no maleiro. Estava na ponta dos pés e, só para deixar tudo ainda mais crítico, adivinha a roupa que ela usava? Claro que era a combinação de short e camiseta. Uma das coisas que eu não nego que reparei primeiro nela foram as pernas. Quer dizer, não que a Nadine e a Nicola tivessem as pernas feias, mas as da Luiza eram diferentes. E eram ainda mais hipnotizantes quando ela as cruzava. Fui tirado pelos meus devaneios quando ela me chamou. Ao parar na porta do closet, me estendia uma caixa repleta de adesivos e perguntei:

- O que tem aqui?

- Olha, ué. Pode ficar tranquilo que eu acho que você vai gostar.

Pus a caixa sobre a ilha e tirei a tampa. Dentro, estavam várias fotos dela. Principalmente da infância. Havia uma em particular que eu tive que rir quando vi: Ela ainda era bebê, não devia ter um ano e estava no berço, com uma touca que parecia ser azul-clara com um pompom branco no topo e estava com várias cobertas.

- Você não mudou nada! - Comentei enquanto olhava outras fotos. Ela sorriu e continuou a vascular o maleiro. De repente, achei uma foto dela, que parecia ser de pouco tempo depois, e ela estava em pé, na frente de uma parede branca, com chão avermelhado. Detalhe: Estava sem fralda ou qualquer roupa.

- E você ainda disse que não teria coragem de tirar foto pelada...

Se virou, fazendo expressão de confusão e me viu colocar a foto no bolso da calça. Desceu do banco e veio andando até onde eu estava.

- Me deixa ver a foto, Kaulitz, por favor. - Estendeu a mão e, hesitante, dei a foto. Olhou e disse: - Típico... Acho que todo mundo da família materna tem uma foto assim. E eu não sou a única exibicionista.

- Ah não?

Negou. Continuei a olhar as fotos enquanto ela continuava sua busca. Achei uma que ela era tão bebê quanto na foto do berço e estava na piscina, dentro de uma boia e um senhor estava atrás dela, que fazia uma cara engraçada. Perguntei, mostrando a foto:

- Quem é?

Se virou para olhar e respondeu:

- Meu avô.

Pelo jeito que falou, dando a entender que não queria prolongar o assunto, achei melhor tentar descobrir o que raios estava fazendo:

- O que você quer aí?

Abriu mais uma caixa e finalmente encontrou o que queria: Uma corrente. Só quando me entregou é que notei que tinha um medalhão, não muito grande, com um negócio que parecia ser de prata e lembravam duas ondas.

- Isso é para você nunca esquecer que foi casado comigo.

Olhei para ela e falei:

- Eu não preciso de um medalhão numa corrente para me lembrar.

- Kaulitz, deixa de ser chato? - Perguntou, rindo fraco. - E outra: Que isso te sirva também para te lembrar de não se meter com outra aquariana.

Finalmente a ficha caiu.

- Ah, quanto à isso, pode ter certeza que não vou me esquecer nunca. Povo mais chato esse do seu signo, hein?

Riu fraco e falei:

- Tudo bem que eu preferia essa foto aqui. - Peguei uma das várias dela bebê e sem fralda.

- Ah, não senhor! Foi um custo convencer a minha mãe a me deixar trazer a foto para cá...

Conseguiu pegar a foto de volta e a guardou na caixa com as outras. Perguntei:

- Sente falta dela, não é?

Pôs a tampa na caixa e encarou um ponto à sua frente.

- Todo santo dia. - Respondeu. - Sempre fomos nós duas e a minha avó e agora que estou por conta própria, acho estranho não ter nenhuma delas por perto.

Estiquei a mão e acariciei seu braço. Ela logo se aproximou de mim e me abraçou pela cintura.

Um tempo depois, estávamos deitados na minha cama e em silêncio. Foi quando me ocorreu uma coisa e falei:

- A gente não fez uma coisa quando fomos em Londres.

Senti que ergueu o rosto para me observar e falei:

- Não comemos fish & chips.

Riu e disse:

- Bom, daqui a uns dois meses... Nada impede de a gente aproveitar.

- A gente podia era aproveitar o casamento da Nicola e viajar por algumas cidades, não só da Inglaterra, mas da Europa. Podíamos ir para Helsinque, Copenhagen, Bucareste, Paris...

Se apoiou num dos cotovelos e me olhou.

- Em todos anos que morei lá, não fui para Paris uma única vez. Nicola quase me arrastou pelos cabelos quando teve a semana de moda e, por sorte, a Frankie pôde ir com ela. E até hoje ela secretamente me odeia por isso.

- E por que você nunca foi à Paris?

- Porque eu não sou como todo mundo, que sonha em ir ver a Torre Eiffel, comer croissant e se meter a falar fazendo biquinho. Paris é um dos poucos lugares da Europa que eu não tenho a mínima vontade de conhecer. Aliás... Nesse tempo todo, fui em quase todas as cidades que eu queria ir. Inclusive Bucareste.

- Você em Bucareste?

Assentiu.

- Tenho até foto no castelo do Drácula.

A olhei e não segurei o riso.

- Um dos lugares mais legais que eu já conheci.

- Vou te levar para Mônaco.

- Olha bem para a minha cara e diz se você acha mesmo que eu ia ter vontade de ir para Mônaco?

- Mônaco não é Paris.

- Mas é na França do mesmo jeito! Daí troca seis por meia dúzia e olha que bela porcaria que fica!

Suspirei e perguntei:

- Tem algum lugar que você quer ir e não conhece?

Pareceu pensar e disse:

- Santorini.

- Algum outro?

- Atenas. Pompeia. Firenze.

Olhei para ela, que perguntou:

- O que foi?

- Não me odeie pelo que vou te perguntar, mas... - Me olhava. - Você sabe falar italiano?

Gargalhou e disse:

- Mamma è italiana e da piccola ho ascoltato quando lei e nonna parlavano. Allora, penso che è un pò difficile che non sapevo almeno qualche cosa.

Eu estava em choque. Ela riu e perguntou:

- Entendeu alguma coisa?

- Acho que sim. Sua mãe é italiana e você pequena escutava quando ela e a sua avó faziam sei lá o quê. E que você acha um pouco difícil que... Alguma coisa.

Riu e explicou:

- Falei que minha mãe é italiana e desde pequena que escuto a conversa dela com a minha avó. Então, acho que era um pouco difícil não saber qualquer coisa, por menor que seja.

- Faz sentido.

Riu e parei para olhá-la. Retribuiu e estiquei a mão até tocar seu rosto. Acariciei sua bochecha e ela foi lentamente fechando os olhos. Me aproximei da Luiza e, no instante seguinte, a beijei. De início, foi calmo. Logo, não deu mais para continuar daquele jeito e, por fim, passei a ponta da língua sobre o seu lábio superior, pedindo para intensificarmos o beijo. Assim que abriu um pouco mais a boca, fiquei por cima dela e, logo dei um jeito de aumentar o contato entre os corpos. Como sempre, a Luiza não demorou tanto assim a começar a arranhar a minha nuca e a puxar, de leve, os cabelos daquela região. Deixei a sua boca para começar a traçar um caminho pela linha do seu maxilar e, não resistindo, mordi de leve seu queixo. Desci pelo pescoço e a senti estremecer quando beijei um ponto específico, perto da orelha. Não resistindo, mordi o lóbulo e ela gemeu, mas de um jeito que costumava fazer quando ficava agoniada com alguma coisa.

- É tão ruim assim? - Perguntei, com a boca próxima ao seu ouvido. Respirou fundo e disse:

- Não. É... Dá um pouco de agonia. Só um pouco.

Sorri e continuei com o caminho que fazia. Não muito tempo depois, ela pediu para que fôssemos para o quarto e não saímos de lá até a manhã seguinte.

Conforme o combinado, no dia seguinte, fomos almoçar na casa do Tom e a Nadine tinha feito tudo. Desde as entradas até a sobremesa.

Estava indo tudo muito bem até que, do nada, a Nadine e meu irmão se olharam de um jeito muito suspeito e começaram a cochichar.

- Ei... No Brasil a gente costuma dizer que, quem cochicha, o rabo espicha! - A Luiza chamou a atenção dos dois, que riram e a Nadine falou, como quem não quer nada:

- Bill... Você vai ganhar um sobrinho.

A Luiza quase quebrou o prato ao largar a colher sobre ele.

- Estão falando sério? - A Nicola perguntou, desconfiada.

- Seríssimo. - A Nadine respondeu. - Originalmente, esse almoço era para avisar que a gente estava namorando. Só que na sexta-feira saiu o resultado do exame de sangue que eu fiz e... Deu positivo. Um mês exatamente.

Passado o choque inicial, cumprimentamos os dois e a Luiza parecia realmente feliz pela Nadine.

Alguns dias depois, estávamos combinando de dar uma festa surpresa para o Georg, que viria no final do mês.

- Eu tenho uma ideia! - A Nicola falou. - A montanha não precisa vir até Maomé.

- Lola... Fala explicitamente, filha. - A Luiza pediu e a ruiva continuou:

- A gente vai até o Georg ao invés de ele vir até Los Angeles. É até bom que aí a gente olha mais coisas do casamento.

- Deixa ele saber que você está indo por causa do casamento... - O Tom comentou e ela sorriu.

- Apesar de tudo... Eu acho que é uma boa ideia. - A Luiza falou. - Tirando a parte que muito interessa à Nicola... Tem vergonha na cara não, Ruivão?

- Tenho não, Faro Fino.

Eu e o Tom olhamos para elas, sem entender absolutamente nada daquilo.

- Vamos fazer o seguinte: Se não houverem oposições, a gente dá uma boa esticada em Londres até o casamento da Lola. E apesar de ser muito em cima, a gente deixa para olhar esses detalhes que ficaram por último depois do aniversário do Georg. - A Nadine propôs.

Claro que a Nicola não concordou de primeira. Mas depois de ouvir os argumentos das amigas, ela acabou aceitando. Logo, demos um jeito de ir começando a armar tudo e, inclusive, olhar as passagens. Liguei para o J.J. e a Claire, pedindo para cuidarem do estúdio enquanto eu estivesse fora.

No meio da semana seguinte, viajamos para a Alemanha (Embora só a Nicola tivesse ficado em Londres, mas ia para Hamburgo a tempo) e minha mãe quase surtou quando soube que ia ter o primeiro neto.

No final das contas, deu tudo certo, o Georg fez a cara mais impagável de todas quando descobriu a surpresa e a festa foi ótima. E ele e o Gustav acabaram indo para Londres com a gente para poder ajudar com o casamento da Nicola.

Todo dia, as meninas passavam o dia inteiro fora e eu ficava com os caras trancado no estúdio, trabalhando para valer nas músicas. Todo mundo sempre tomava café da manhã junto e, vez ou outra, a gente chegava e elas estavam dormindo. Mesmo assim, a gente sempre dava um jeitinho de passar um tempo durante o final de semana.

Luiza

No dia do aniversário do Alex, liguei para ele, para dar os parabéns e a galinha de macumba depenada da Lydia atendeu. Foi estranhamente simpática comigo e, por fim, disse:

- A propósito... Não sei se você sabe, mas, o Bill ligou para o Alex pouco tempo depois que você foi para Los Angeles.

- Como assim?

- Ele ligou para a empresa e falou com duas pessoas. Uma eu sei que é o assessor de imprensa. Já a outra... Achei que soubesse...

- Não... Eu não sabia. - Respondi.

- Bom, de qualquer jeito, eu vou avisar ao Alex que você ligou.

Nos despedimos e aquilo ficou martelando na minha cabeça.

Naquela noite, estava dormindo abraçada ao Bill quando, de repente, ouvimos um vozerio e acordei.

- Bill. - Chamei e ele nem se mexeu.

Acordou depois de tomar um tapa e, de repente, o Georg entrou no quarto:

- A Nadine está passando mal.

Me levantei de um salto e fui correndo até o quarto da minha amiga, que estava em posição fetal em cima da cama, com a cabeça no colo da Lola e o Tom, desnorteado, com o telefone colado na orelha. Me ajoelhei em frente à Di e perguntei:

- Diney, fala comigo. O que você está sentindo?

- Muita dor. Eu estou perdendo o meu bebê, Izzy. - Falou, chorando e eu e a Lola logo demos um jeito de acalmá-la. O Tom perdeu a paciência e desligou o telefone, resmungando alguma coisa em alemão para o Georg. O Gustav e o Bill estavam perto da porta e, no instante seguinte, só sei que todo mundo deu um jeito de trocar as roupas pela combinação de camiseta e jeans (No caso da Lola, vestido) e saímos correndo para o hospital.

Depois de várias horas na sala de espera e o Tom andando de um lado para o outro e inquieto. Não dava para tirar sua razão e, de repente, o médico apareceu, avisando que a Di teve um aborto espontâneo, que era comum nos primeiros meses de gravidez. Eu e a Lola (Principalmente a Lola) ficamos com o coração miudinho. Enquanto o Tom estava com a Di, fui atrás do médico e perguntei:

- Ela está bem?

- Estamos só esperando o resultado dos exames para ter uma confirmação. Mas neste momento... O que ela mais vai precisar é do apoio da família e dos amigos. - Assenti. - Se tudo correr conforme o esperado, ela vai ser liberada logo.

- Eu... Posso pedir um favor? - Perguntei e ele assentiu. - Ela vai poder engravidar de novo depois, não é?

- Se não tiver nada de errado...

- Quando sair o resultado, será que você poderia falar com ela e o meu cunhado que eles podem tentar de novo?

Sorriu fraco e concordou.

Depois que ela chegou em casa, ficou no quarto o tempo inteiro. Naquela noite, enquanto ela e o Tom ainda não davam sinal de vida, eu, a Lola e os meninos estávamos tentando comer alguma coisa e em silêncio.

- Sabe o que eu não entendo? - O Georg falou, atraindo nossa atenção. - Não é para ser insensível, nem nada, mas... Eles não podem tentar de novo daqui a um tempinho?

Concordamos.

- É, mas esse ia ser o primeiro filho. - A Lola falou. - Não acho que dá nem para imaginar a dor que a Di está sentindo.

Sem saber direito o que fazer ou falar, terminamos de comer, cada um foi para seu canto. Na manhã seguinte, quando a Lola e eu acordamos, a Di estava de pé, nem parecendo que tinha acontecido... Bom, o que tinha acontecido. Estava fazendo o café da manhã e, assim que nos viu, sorriu da mesma maneira luminosa de sempre. Quando nós três estávamos tomando o café, a Lola, claro, perguntou como a Nadine estava e a resposta foi:

- Acho que vai ser pior se eu ficar deitada na cama o tempo inteiro. O melhor que eu tenho a fazer é ocupar a minha cabeça e não me deixar abalar quando alguém perguntar se estou bem.

Eu e a Lola tivemos a mesma ideia ao mesmo tempo: Abraçarmos a Di de lado (Já que ela estava entre nós) e ela riu.

- Tem uma coisa. - Falei. - Se não foi agora... É por que não era para ser.

- Pois é... Vai ver nós três estamos destinadas a engravidarmos ao mesmo tempo... - A Lola falou e rimos.

-... E como alguém está determinada a não receber a visita da cegonha de jeito nenhum... - A Di retrucou, apertando minha cintura e, por muito pouco, não caí da cadeira.

- Não se preocupem porque, quando for a hora...

- É... - Ela respondeu, mais tristonha.

- Me dei conta de uma coisa. - A Nicola falou. Olhamos para ela ao mesmo tempo. - E a minha despedida de solteira?

Rimos e, brincando, falei:

- Se quiser, olho um bombeiro para apagar esse seu fogo...

- Nah... Prefiro um policial, que vai me revistar. - Respondeu e ainda completou: - Vem não que eu sei muito bem o que você e o Alex aprontaram ano retrasado... Ele, com farda, algemas e nem menciono o cassetete.

Eu e a Di gargalhamos e quase engasguei com o café.

- Ê Luiza, você, hein? - A Lola falou e olhei para ela. - Primeiro cassetete, depois um salsichão... O que vai vir depois? Um pescador?

- Nicola! - Chamei sua atenção em meio às risadas.

- Eu acho que vai ser é um agricultor. Reparou como a Iza é obcecada com cenoura, berinjela, pepino e, principalmente: Alho porró? - A Di resolveu entrar na brincadeira.

- Ih, Coyle, vem não que eu não sou a única com salsichão, viu?- A provoquei e continuamos brincando. Até que vimos que o Bill estava encostado no batente, só ouvindo as besteiras. Sibilei para as duas:

- Vocês que me aguardem.

As duas sorriram e ouvi o Bill perguntar:

- Então... O que vão fazer hoje?

- A princípio... Nos manter nessa rotina de ir olhar as coisas do casamento. Por quê? - A Lola perguntou e ele quis saber:

- De curiosidade. Vai deixar para saber o sexo do bebê só na hora do parto?

- Então. A consulta está marcada para o final da semana. - Ela respondeu.

- Sabe o que eu acho que a gente devia fazer? - A Di falou. - Um chá de bebê. E eu te digo ainda mais: Você e o Charlie não falam nada com ninguém. Deixam para contar só na hora.

- Eu vi uma coisa parecida, mas nem os pais sabiam. - Comentei. - Aí, o jeito de contar era através do recheio do bolo.

- Vai dizer que colocavam o ultrassom no bolo? - A Lola perguntou e neguei com a cabeça, fazendo uma careta.

- A cor do recheio. Se fosse menina... Recheio rosa. Se fosse menino, recheio azul.

- Taí... Gostei. - A Lola falou. - E se a gente fizesse antes do casamento? Afinal de contas, pelos meus cálculos, já dá para saber se é menino ou menina. E acho que vou seguir a sua sugestão, Di. Só eu, o Charlie e a médica saberemos. - Pôs as mãos como o Sr. Burns dos Simpsons, com as pontas dos dedos se tocando e fez cara de má. Quer dizer, tentou.

- E vocês vão aguentar? - O Bill perguntou enquanto se servia de um pouco de café. - A Luiza é curiosa demais e eu sei que você, Nadine, não fica muito atrás. E eu duvido que a Nicola vá conseguir guardar esse segredo.

Nós três erguemos as sobrancelhas.

- Veremos então! - Respondi.

Logo, começamos a planejar também, o chá de bebê. Por causa do casamento, decidimos deixar nas mãos de uma cerimonialista ou seja lá o que fizesse esse tipo de reunião.

Quinze dias depois, quase tudo do casamento já estava pronto e, durante um sábado à tarde, fomos até um salão de festas perto da casa da mãe dela. A cerimonialista tinha escolhido um tema inspirado na guerra dos sexos. Logo na entrada, tinha um banner gigante anunciando que o jogo tinha começado e de que lado cada convidado estaria. Tinham bonequinhos, parecidos com aqueles de placa de banheiro (Que a Lola não me ouvisse...), sendo que a bonequinha era rosa-choque e o bonequinho era azul. Embaixo, a contagem dos palpites. Sobre uma mesinha longa, dois potes de vidro redondos com buttons para os palpites. O Bill, o Georg e o Gustav pegaram, cada um, um azul enquanto eu peguei um rosa. Logo atrás de nós, estavam a Nadine e o Tom, que fizeram a mesma escolha que eu.

Quando entramos, já tinham alguns parentes da Nicola e do Charlie ali, além da pilha de presentes para o bebê, que só fazia aumentar. Tivemos uma ideia, inspirada na brincadeira de amigo oculto, que cada presente tinha que ter uma etiqueta com uma dica de quem havia dado. Por exemplo: Eu pus que era ambidestra e tinha cabelo escuro. A Di, escreveu na dela que era magra e tinha cabelo castanho. E por aí vai. Nos sentamos à uma mesa e, de repente, vi os avós da Lola. Perguntei para o Tom:

- Me empresta a Di um pouquinho?

Ele concordou e saí puxando minha amiga para a outra mesa. Assim que cumprimentamos a avó da Lola, ela disse:

- Acho que a gente tinha mais é que confiar no palpite da Luiza. E falando nisso... Eu fiquei sabendo que você se casou...

- É. - Respondi. - Só que, por enquanto... Nada de bebês para a gente.

- Por quê? - Ela quis saber e dei um jeito de desconversar.

Depois que todo mundo chegou, tinha mais gente apostando que seria um menino do que uma menina.

A Lola e o Charlie aprontaram uma surpresa com todo mundo e, de repente, a minha amiga falou:

- Ok. Para deixar tudo mais divertido... Decidimos fazer uma brincadeirinha com vocês. Por favor, não nos levem a mal.

A cerimonialista levou um prato de vidro cheio de papeizinhos e uma das funcionárias do salão trazia um carrinho com vários potinhos.

- Ai meu Deus... - Falei, já entendendo tudo. A Di me cutucou e indiquei a Lola.

- A brincadeira é a seguinte: A gente sorteia um nome, que vai ter de adivinhar o sabor da papinha. Se acertar de primeira... Ganha um docinho. Senão, vai ter de pagar uma prenda.

- Estamos ferrados. - Sibilei para a Di e os meninos. A Lola sorteou o primeiro papel e falou, depois de ler:

- Clayton!

A Di e eu ficamos morrendo de dó do irmão caçula da Lola. Foi se sentar na cadeira que havia posto entre os “grávidos” e deram um potinho para ele. Hesitante, o garoto pegou uma colherada e pôs na boca, fazendo uma careta hilária quase instantaneamente.

- E aí? - A ruiva quis saber.

- Banana. - Ele respondeu, rindo e o Bill perguntou:

- Ele não gosta?

Dei um estalo com a língua e falei:

- Estava era fazendo hora!

Logo, aos poucos, todo mundo era sorteado, alguns faziam uma careta hilária, outros erravam... Quando chegou a minha vez, experimentei uma papinha e, quando reconheci o gosto, devo ter feito a pior cara dali, principalmente porque era uma coisa que eu ODIAVA. Perguntei para a Lola:

- Vai ter mesmo coragem de dar essa papinha de rabanete para a coitada da criança?

Ela riu e acabei acertando. Quando voltei para a mesa, já estava devorando o doce que tinha ganhado.

- Era tão ruim assim?- O Tom quis saber.

- Odeio rabanete. - Respondi. Ele fez uma expressão de entendimento e a brincadeira continuou. Depois, foi a vez de eles adivinharem quem tinha dado os presentes e, claro, acertaram boa parte dali.

No final, íamos descobrir o sexo através daqueles pop cakes, que eram bolo no palito (Tipo pirulito) e, aos poucos, todo mundo ia mordendo. Quando olhei a cor do recheio, sorri, toda satisfeita. A Di falou:

- Mas não erra uma!

Ri fraco e o resto do chá de bebê foi ótimo. Os presentes foram levados para a casa do Charlie e, como a Lola ia dormir lá, então, pudemos vir embora.

Mais tarde, quando a Di e o Tom saíram, o Georg me perguntou, enquanto assistíamos à TV:

- Como você sabia que era menina?

Olhei para ele e sorri.

- Tenho palpites. Quase sempre consigo acertar.

- Quase sempre?- O Bill perguntou. - Quando foi que você errou?

Fingi parar para pensar e depois eu ri.

Não muito tempo depois, fomos dormir.

Na semana seguinte, quando fiquei sozinha no apartamento com o Bill, aproveitei para colocar todo o lugar em ordem. E sim. Estava falando de faxina monstro.

Quando estava quase acabando de arrumar a sala, ouvi o Bill me chamar e, quando olhei para o lado, ele perguntou:

- Quer que eu dê um jeito na cozinha?

- Hã... - Falei. - Faz o seguinte: Se você pudesse dar esse jeito no meu quarto, eu te agradeço imensamente.

Sorriu e foi fazer o que eu pedi. Assim que acabei de arrumar a sala, fui até a cozinha e, a primeira coisa que fiz foi dar uma geral na geladeira. Sabia que tinha um bocado de coisas ali que deveriam estar estragando ou até mesmo passando da data de validade e fui colocando tudo em cima do balcão. Achei um queijo que deu vontade de chorar por causa do estado em que estava.

- Iza. - O Bill me chamou. Quando fui olhar, ele estava ali, na minha frente.

- Diga.

- Tem certeza que você realmente nunca quis se separar de mim? - Perguntou e franzi as sobrancelhas.

- Por que essa pergunta agora?

Me mostrou um cartão de um advogado de Roma. Ai, merda.

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