quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 13º capítulo


Tão nebuloso, mas está tudo bem, você me leva para o lado negro
perigoso, mas eu tenho medo, oh
Meus olhos são azuis, mas eu estou vendo vermelho
E eu simplesmente não consigo me livrar você da minha cabeça

(Little Mix - Love Drunk)

Bill


Acabou tendo uma mudança de planos e uma semana depois, estávamos indo para Nova Iorque. Já havíamos embarcado e, por causa do tamanho do avião, tivemos de nos sentar em duplas. Então, a Luiza se sentou na poltrona ao meu lado. Atrás de nós, estavam Georg e Gustav. E na poltrona ao lado, Tom e Nicola, sendo que ela estava à janela. Faltando poucos minutos para a decolagem, a ruiva chamou a minha mulher e, assim que a Luiza a olhou, disse:

          - Não podemos esquecer dos Crocs para a Nadine.

          - Chegando em Nova Iorque, a gente manda uma mensagem para ela, enchendo o saco.

A ruiva concordou e, logo, a Luiza teve de se endireitar, já que as aeromoças haviam começado com as instruções. Uma vez que ouvimos o aviso de que as portas seriam fechadas, pediram que desligássemos os celulares e logo, todo mundo o fez. Só então, vi o celular da Nicola: Parecia com o das japonesas, com a capa toda enfeitada e comentei com a Luiza:

          - Pelo visto a discrição da Nicola não fica só nas unhas...

Ela me olhou e indiquei a amiga, que guardava o celular na bolsa. A minha mulher sorriu e disse:

          - De nós três, a única que tem o celular mais discreto sou eu.

Me mostrou o aparelho e parecia uma pintura de Van Gogh. Olhei bem e, antes de devolver, falei:

          - Por que não estou surpreso?

Sorriu e disse:

          - Tenho uma outra com a Union Jack. Acredite se quiser, as duas são mais discretas que as das meninas, que são todas nesse estilo, com pedraria e afins.

          - Duvido. - A provoquei e deu um estalo com a língua.

A viagem até a escala em Phoenix foi tranquila. Cada um aproveitou como quis o tempo de pouco mais de meia hora para troca de aviões: O Georg e o Gustav foram comer alguma coisa, meu irmão foi ao banheiro e fiquei com as meninas, andando um pouco pelo saguão.

De volta ao avião, o esquema de duplas se manteve. Depois de um tempo, tanto a Luiza quanto a Nicola começaram a ficar entediadas. A ruiva, para a sorte do meu irmão, dormiu. Já a minha mulher... Tirou um livro da bolsa e ficou lendo. Toda vez que eu tentava falar com ela, recebia uma olhada feia.

Quando finalmente chegamos em Nova Iorque, a Nicola ainda dormia e percebemos que o Georg também. Claro que eu e meu irmão, bem como o Gustav não resistimos e começamos a encher o saco dele, que demorou para acordar.

Depois do desembarque, as duas andavam mais à frente e, enquanto íamos até a esteira para pegar as malas, o Tom ligava o celular. Fiz o mesmo e, quando parei ao lado da Luiza, mandei uma mensagem para a minha mãe, avisando que chegamos.

          - Por que vocês sempre têm que ter tudo chamativo? - O meu irmão perguntou, ajudando a Nicola com a mala rosa-choque. É. E a Luiza não era tão diferente assim, com a mala vermelha.

          - A mala tem que ser diferente para não dar confusão e correr o risco de alguém pegar. - A ruiva disse. - E já avisaram à mãe de vocês que chegamos?

          - Já. Ela está esperando com o nosso padrasto. - O Tom respondeu.

          - Como assim ela está esperando? Que horas os dois chegaram? - A Luiza me perguntou e tive que contar:

          - Chegaram há uma hora, mais ou menos.

          - E vocês fizeram a coitada esperar esse tempo todo? - Ela indagou e assenti. - Inacreditável.

          - Ela e o Gordon esperaram mais tempo na conexão em Londres. - O Tom falou. - Depois de toda a viagem da Alemanha para cá, uma hora é fichinha.

Ela arqueou a sobrancelha e perguntou:

          - E onde eles estão?

          - Starbucks. Tem uma neste terminal. - Falei. Mesmo contrariada, foi comigo e o Tom. Já a Nicola, o Georg e o Gustav foram atrás de um táxi. Ou táxis, no caso. Fomos andando até a Starbucks e minha mãe e o Gordon não estavam lá. Peguei o celular, estranhando e liguei para ela. Depois de três toques, a ouvi:

          - Oi, meu filho.

          - Vocês saíram da Starbucks?

          - Onde vocês estão?

          - Aqui na frente.

          - Tudo bem. Esperem a gente aí. Estamos indo.

Depois de me despedir dela, desliguei e o Tom perguntou:

          - E aí?

Dei de ombros e vi que a Luiza estava olhando o menu e me aproximei dela. Perguntei:

          - Quer alguma coisa?

Negou com a cabeça.

          - E a sua mãe?

          - Estão vindo. Pediram para a gente esperar aqui.

Assentiu.

Depois de alguns minutos, eles apareceram. Depois de me cumprimentar e ao Tom, perguntei para minha mãe:

          - Onde vocês foram?

          - Banheiro. Demoramos porque era perto do portão 42.

Assenti e seu olhar parou em cima da Luiza.

          - Mãe... Gordon... Essa é a Luiza. Esses são minha mãe e o meu padrasto. - Apresentei e ela os cumprimentou, de forma tímida.

          - E o Georg e o Gustav? - Meu padrasto quis saber.

          - Foram tentar arrumar um táxi para todo mundo. - Meu irmão respondeu. Logo em seguida, fomos ao encontro deles e, quando estávamos tentando encontra-los, a Luiza apertou minha mão de leve e apontou para uma direção específica. Olhei e consegui enxergar os outros três.

          - Como você achou? - Perguntei e ela sorriu.

          - Dos três, quem chama mais a atenção? - Devolveu a pergunta e entendi na mesma hora.

Acabou que minha mãe, o Gordon e o Tom foram em um táxi, Georg e Gustav em outro e eu fui com as meninas em um terceiro. Fiquei no banco do passageiro e, vez ou outra, dava uma olhada nas duas. Ainda mais que a Nicola estava sentada atrás de mim e, portanto, podia ver a Luiza, que por mais que tentasse se controlar, estava encantada. As duas conversavam animadas, tiravam foto e, quando entramos numa rua, elas viram o nome e começaram a discutir a respeito de alguma coisa.

          - Mas tem algum trecho da música que fala? - Ouvi a Nicola perguntar e concluí que a Luiza negou com a cabeça.

          - Só olhar na internet. - Ela respondeu. Assim, toda a ida para o hotel foi com o falatório das duas e não me incomodou.

No instante em que desceram do carro, já em frente ao hotel, a Nicola olhou para cima e a Luiza, sem que a amiga percebesse, tirou uma foto.

          - É nesse hotel? - A ruiva quis saber e então viu que a minha mulher estava tirando as fotos. - LUIZA, ME DÁ ESSE CELULAR AGORA!

Olhei e a Luiza segurava o celular baixo enquanto a outra tentava toma-lo.

          - Que histeria é essa? - Meu irmão quis saber e falei:

          - Luiza tirou foto da Nicola.

De repente, a minha mulher falou:

          - Vem cá... O que me dizem de entrarmos? Sua mãe e seu padrasto devem estar morrendo de cansaço...

Decidindo que realmente era o melhor a ser feito, seguimos a sugestão dela. Estávamos na recepção, fazendo o check-in e, enquanto isso, vi a Luiza apresentando a Nicola à minha mãe.

          - Te falei que ela gostou da Luiza... - O Tom disse e respondi:

          - E ela está com medo. Olha só como está.

Sorriu e fomos liberados para irmos para os quartos.

Assim que chegamos no nosso, perguntei:

          - Eu vi que você apresentou a Nicola para minha mãe...

          - Ela achou que a Lola fosse a Di.

          - Sério?

Assentiu, sorrindo.

          - Acho que vou tomar banho agora. Depois que eu terminar, se quiser...

Concordei e, depois de alguns minutos, enquanto ela estava no banheiro, seu celular tocou. Hesitei e acabei ignorando a vontade de ir ver o que ou quem era. Decidi, então, dar um jeito de me distrair, pegando o meu próprio celular e vendo umas coisas na internet. Assim que ela saiu, enrolada só numa toalha, não teve como não olhá-la. Saiu andando rapidamente até a sala, onde sua mala estava e falei:

          - Eu estava pensando... Amanhã à noite a gente podia dar uma saída.

          - E para onde? - Quis saber e respondi:

          - Estamos em Nova Iorque. O que não faltam são opções.

Estreitou os olhos e perguntou:

          - Por que está tanto querendo sair?

          - Vamos ficar aqui por, no máximo, três dias. Achei que a gente podia ter um dia de folga e aproveitar...

Não se convenceu. Pus o meu celular sobre o criado-mudo e, em seguida, tirei quase toda a roupa na frente dela, que desviou o olhar para a janela.

          Depois de poucos minutos, saí do banho e ela estava sentada na cama, mas mexendo no celular. Só para provoca-la, decidi colocar só uma boxer e fiz questão de vesti-la na sua frente. Não pareceu nem notar e, de repente, riu fraco. Fui até a cama e, me deitando ao seu lado, perguntei:

          - O que foi?

          - Nadine. Lembra que a Lola falou dos Crocs antes de sairmos de Los Angeles? - Concordei, a olhando. - É uma breve história. Um dia, fomos ao shopping para comprar um tênis para um dos irmãos da Lola.

          - Ela tem irmãos?

          - Tem. Dois meninos e uma menina. A Di só tem irmãs.

          - E acabei de perceber que não sei se você tem ou não.

          - Sou filha única. E voltando à história. A gente tinha ido com o Clayton, o irmão da Lola, à essa loja. E enquanto ela estava ajudando ele a escolher, fiquei zanzando com a Di até que achamos um stand cheio daqueles tamancos. A Nadine é chiliquenta, mas nesse dia... Extrapolou.

Sorri e contou o resto do caso, que era basicamente a Nadine falando mal do sapato e até brincando que dava para levar à praia e usar como balde de areia.

          -... E desde então, a gente enche o saco dela, mandando foto de um par, ameaçando comprar para ela... Somos basicamente terroristas de saias.

Ri e ela mostrou o comentário da amiga no Facebook.

          - Ela é sempre tão rabugenta assim? - Perguntei e negou com a cabeça.

          - Do trio... Só eu que sou. - Pôs o celular sobre o criado mudo e avisei que tinha feito barulho.

          - Era da operadora, avisando do vencimento da conta. - Respondeu, se deitando de frente para mim.

          - Sabe o que estou estranhando? - Perguntei e me olhou. - Que você não está reclamando de ter de dividir o quarto comigo...

Deu de ombros e disse:

          - Não me importo.

          - Isso significa que, quando voltarmos à Los Angeles... Vai dormir comigo?

          - Quem sabe... - Sorriu, misteriosa. Claro que, não muito tempo depois, acabamos dormindo.

Na manhã seguinte, as meninas aproveitaram para dar umas voltas pela cidade, acompanhadas da minha mãe e o Gordon acabou indo junto. 

Enquanto esperava por ele, o Tom me fazia companhia.

          - E aí? Alguma notícia do Ireland? - Quis saber e neguei com a cabeça.

          - Ela até recebeu uma mensagem ontem, mas era da operadora.

          - Tem certeza?

          - Se for ele também... Depois daquele dia do estúdio, não acho que ela vai querer me trair.

Ficou pensativo e perguntei:

          - Eu sei o que está pensando. E não. A Luiza é diferente da Lydia.

          - O que te garante? Quer dizer, eu gosto dela, mas pensa bem: O quanto você conhece dela? Como pode ter certeza absoluta de que pode confiar cem por cento nela?

Parei para pensar e falei:

          - Eu ainda não tenho certeza. O que eu sei é que ela está casada comigo, a cada dia, conheço um pouco mais dela e está ganhando a minha confiança aos poucos. Apesar de tudo, ela não mentiu sobre o Alex como a Lydia fez com aquele idiota.  Pode não ter me contado de imediato, mas eu sei que os dois não têm nada. E ela não aceitou o pedido de namoro dele.

          - Mas ia. A Nicola me falou. - Retrucou e suspirei.

          - Mesmo que ela seja como a Lydia, acabando o prazo, ela vai para a Itália e nunca mais vamos nos ver.

          - Quem te garante? Ainda mais que sei muito bem como você é e, por mais que negue, está gostando dela. Se acontecer tudo aquilo por uma segunda vez, não venha dizer que foi falta de aviso. E desta vez, se quiser correr atrás dela, não vou te deixar ir.

          - Você está se esquecendo de uma coisa importante. - Falei e me olhou, sério. - A Lydia conseguiu acabar com a banda. E olha o que a Luiza está conseguindo.

Respirou fundo e nesse instante, bateram na porta do quarto. Fui atender e eram o Georg e o Gustav. Não muito tempo depois, o Jost chegou e, depois que cumprimentou cada um, disse:

          - Soube que se casou... Eu jurava que o primeiro seria o Georg...

          - É... O que aconteceu em Vegas não ficou em Vegas. - Meu irmão disse e falei:

          - Se quiser, pode ficar aqui e esperar para conhecê-la.

 Assentiu e, logo, começamos a conversar sobre a volta da banda. Quando estávamos quase terminando, a Luiza chegou.

          - Ai... Desculpem. Achei que já tinham acabado. Eu vou...

          - Vem cá. - Falei, indo até ela, que já estava quase saindo do quarto. Fiz com que voltasse e a apresentei ao Jost. Imediatamente percebi que gostou dela.

Depois que ele foi embora e fiquei sozinho com a Luiza, perguntou, animada:

          - E então?

          - Indo conforme você quer. - Falei e ela quase deu pulinhos, batendo palmas e tudo mais. Ri da sua reação e perguntei: - E você? Como foi?

          - Lola quase ficou doida na Saks. Comprou uma bolsa que eu acho que a Nadine vai passar a mão quando menos esperar... - Respondeu.

          - Como assim?

Respirou fundo, se sentando sobre a cama e, enquanto tirava as sandálias, explicou:

          - A Nadine é doida com as coisas da Jimmy Choo. E a bolsa que a Lola comprou é justamente da marca. E a gente já vive pegando uma coisa da outra...

          - Imagino a casa de vocês em Londres. - Falei, me sentando numa poltrona de frente para ela. - Deve ser tipo... “Onde está minha saia?” “Ah, a Nadine pegou!” “Não, foi a Luiza!”

Riu e disse:

          - Não. Todas nós costumamos pedir antes de pegar as coisas emprestadas. Mesmo porque, cada uma tem um tipo de corpo e nem tudo que serve na Nicola serve em mim e na Nadine e vice-versa.

          - Mesmo assim... Imagino vocês três se arrumando antes de sair.

Sorriu e se levantou, tirando a jaqueta e perguntando:

          - E aí? Conseguiu descobrir uma balada para a gente ir?

          - Tem uma aqui perto. Se vocês não gostarem, a gente pode ir a outra.

Assentiu e disse:

          - Fala com os meninos e vê se eles querem ir também, por favor?

Fato: Nunca ia me acostumar com a educação da Luiza. Talvez porque alguém que sempre dizia “por favor”, “obrigada”, etc. era raro.

          - Tudo bem.

          - Vou tomar um banho e passar no quarto da Nicola, para ajuda-la a escolher a roupa. - Avisou.

          - Será que eu posso tomar banho com você? Sabe, para economizar água...

Me olhou, sorrindo maliciosamente e veio andando até onde eu estava. Aproveitando que eu estava sentado com as pernas abertas, tipo o Tom, apoiou as mãos sobre os braços da poltrona, se inclinando na minha direção. Aproximou seu rosto do meu e disse:

          - Acho que... Nós dois sabemos muito bem o que vai acontecer se você for tomar banho comigo...

Percebi que sorria exatamente do mesmo jeito que ela.

          - Eu nem estava pensando nisso... Já que sugeriu...

Arqueou a sobrancelha e disse:

          - Pois é... - Deixou uma das mãos escorregar até a minha coxa e começou a desenhar círculos com a ponta das unhas. Isso tudo sem quebrar o contato visual. - Mas... Pode esquecer. E vou trancar a porta, só por garantia.

Se endireitou e foi andando até o banheiro. Suspirei ao ouvir o barulho da chave.

Mais tarde, quando saí do banho, ela estava se arrumando. E imediatamente, quase perdi meu autocontrole: A Luiza estava usando um robe preto e curto. Como estava debruçada na direção da cama, mexendo em alguma coisa que não consegui ver de imediato o que era, então o robe subiu um pouco e a oportunidade era boa demais para ser desperdiçada.

          - Ei! - Reclamou, se endireitando, depois que passei e dei um tapa na sua bunda. - Que folga é essa?

          - Não é folga nenhuma. Estou no meu direito.

Arqueou a sobrancelha e falou:

          - Vai se vestir que ganha mais.

De propósito, soltei a toalha e ela revirou os olhos. Pude ouvi-la me chamar de exibicionista e ri, enquanto ia pegar as roupas.

Cerca de uma hora depois, já tínhamos saído.

Fomos à uma boate no centro e as meninas não gostaram tanto assim. Já na segunda...

Nem cinco minutos haviam se passado desde que chegamos e as duas já estavam dançando. Querendo ou não, ficamos de olho para ver se tinha algum folgado que chegasse perto das duas. Por sorte, tinham alguns caras que ficavam olhando, mas não se aproximavam. Enquanto eu observava a Luiza, que estava realmente se divertindo, ouvi meu irmão dizer:

          - Se você visse sua cara agora...

Olhei para ele, sem entender.

          - Por quê?

Simplesmente deu um sorriso e nem precisei pensar muito para descobrir do que ele estava falando...

          - Você está babando pela Luiza. - Respondeu e, por pura teimosia, neguei.

Depois de um bom tempo, ela e a Nicola finalmente pararam um pouco e foram até o bar. De repente, a ruiva veio andando até onde estávamos e, percebendo uma coisa, perguntou:

          - Não tinha que ter mais dois?

          - Estão por aí... - O Tom respondeu. - Cansaram?

          - Pausa para beber. Por um acaso vocês querem alguma coisa?

Negamos em perfeita sincronia e ela riu fraco, assentindo e se afastando. Só que, no meio do caminho, um cara foi se engraçar para cima da Nicola. Quando agarrou seu braço, nos levantamos. Só que, antes mesmo que pudéssemos chegar perto, vimos que ela tinha conseguido se soltar e o agarrou pelo braço, usando o seu próprio e, jogou o cara contra uma pilastra.

          - Você viu o mesmo que eu? - O Tom perguntou e falei:

          - Pela segunda vez. A primeira foi a Luiza, naquele jantar da fusão do estúdio.

          - Como assim?

          - O Paul ficou dando em cima dela e, no final das contas, ela conseguiu dar um jeito nele.

          - Se elas continuarem nesse padrão de, a cada uma ficar pior, nem quero imaginar do que a Nadine é capaz.

Olhei para ele, sorrindo maliciosamente e o provoquei:

          - Ah, eu sei que você quer descobrir...

Me deu um soco leve no ombro e rimos. De repente, a Luiza apareceu e o Tom comentou:

          - A gente estava de olho em vocês, mas ao que parece, não vão precisar de proteção...

          - Por quê?

          - Acabamos de ver a Nicola jogar um cara contra uma pilastra. - Meu irmão disse e a Luiza riu.

          - Não explicou para ele? - Perguntou para mim e neguei com a cabeça. - Fomos obrigadas pelo dono do pub a ter aulas de autodefesa por causa de um incidente que tivemos uma vez. Toda menina que vai trabalhar lá tem que ter as aulas antes mesmo de começar. 

          - E você viu aonde a Nicola foi? - Ele perguntou e a Luiza procurou pela amiga, conseguindo encontra-la no bar. Meu irmão foi até lá e perguntei, indicando o copo que minha mulher segurava:

          - Que bebida é essa?

Deu de ombros.

          - Um coquetel da casa. Quer experimentar?

Concordei e me entregou a taça. Tomei um gole e senti o gosto de maracujá e manga. Sem falar no rum.

          - E aí? - Perguntou e falei:

          - É bom.

Experimentou também e, depois fez uma cara engraçada.

          - Gostou? - Perguntei e ela assentiu.

          - Quando a gente voltar para Los Angeles, vou te fazer de minha cobaia. - Respondeu e perguntei:

          - Cobaia de...?

          - Eu trabalho em um bar... Isso não te dá nenhuma pista? - Perguntou, dando um meio sorriso. - E gostei desse drink. Vou pegar mais um. Quer também?

Neguei com a cabeça e a vi indo até o bar. Quando procurei pelo Tom, estava num canto com a Nicola, que ria de alguma coisa que ele falava. Tentei encontrar o Georg e o Gustav e nem sinal deles. Antes que pudesse me controlar, olhei para o bar e vi a Luiza. Não resisti e fiquei a observando, desde a nuca, agora descoberta graças ao coque improvisado que havia feito, até o decote do vestido, que mostrava as suas costas, e as pernas. Desde o primeiro instante, era uma das partes do corpo dela em que eu mais reparava. E imediatamente já comecei a fantasiar, com elas envolvendo meu quadril.

Cerca de uma hora depois, acabei bebendo um pouco demais e me sentia um pouco alto. Ainda tinha consciência do que estava fazendo, apesar de tudo. A Luiza, por outro lado, estava começando a ficar bêbada. Sabia que na manhã seguinte acordaria com uma ressaca daquelas e, vez ou outra, ficava controlando o que bebia. Ficou brava, mas mesmo assim, acabava se comportando um pouco.

Eu estava sentado em um canto, ainda a olhando dançar e não conseguia prestar atenção em qualquer outra coisa que acontecia naquela boate. Vez ou outra, ela devolvia meu olhar, acompanhado de um sorriso torto. O pior era quando decidia me provocar e rebolava. E sempre que tinha essa provocação, mordia o lábio inferior, mantendo o sorriso. Fato: Ela estava conseguindo me fazer perder o autocontrole com tudo aquilo.

Quando parou um pouco, provavelmente para descansar, veio andando na minha direção e notei que rebolava um pouco ao caminhar. Se sentou ao meu lado e perguntou:

          - Vai só ficar me comendo com o olhar?

          - Eu não...

Riu e disse:

          - Ah, Bill... Estou te vendo. Só não entendo por que você não vai lá dançar comigo...

          - Eu não sei dançar.

          - E eu sei, por um acaso? - Perguntou.

          - Sabe.

          - Anda. Vem. Notei o monte de urubus que têm aqui e com certeza não foi todo mundo que viu a reação da Nicola.

Respirei fundo e, tombando a cabeça para o lado, deu um sorrisinho meigo e pediu:

          - Vem comigo, por favor...

Me levantei e ela sorriu largamente. Fui até a pista de dança com ela, que logo deu um jeito de desviar totalmente minha atenção. Quando ficou virada de costas para mim, com o corpo colado ao meu, não resisti e pus minhas mãos na sua cintura. E no instante em que menos estava esperando... Começou a rebolar. Claro que teve uma reação imediata, mas isso não a afastou ou sequer impediu de continuar. Pelo contrário; Parecia servir de estímulo para que continuasse e aquilo tudo estava sendo uma provação enorme para mim, afinal de contas, estávamos no meio da pista de dança de uma boate, cercados por um monte de pessoas e ela estava me tentando daquela maneira.

Pouco tempo depois, quando não estava mais dando para continuar aguentando tudo aquilo, falei:

          - Acho melhor a gente ir para o hotel...

Me olhou e, por muito pouco mesmo, não a agarrei ali mesmo. Apesar do álcool, sua expressão era de inocência e, querendo ou não, aquilo mexeu comigo. Logo, encontramos a Nicola e o Tom e avisamos que estávamos indo para o hotel.

Nem meia hora depois, chegamos à nossa suíte e, assim que a Luiza parou no meio do caminho para o quarto, me aproximei dela, ficando atrás, e afastei os seus cabelos e descobrindo a nuca, começando a beijar sua pele. Passei um dos braços em torno da sua cintura e quase imediatamente, senti suas mãos o cobrindo. Comecei a traçar um caminho até seu ombro e, à medida que ia avançando, abaixava a manga do vestido. Com isso, via seu busto sendo revelado aos poucos e, de certo modo, sabia que aquele era um caminho sem volta. Refiz o caminho até sua orelha, não parando de beijar sua pele um único segundo sequer, me viciando cada vez mais no seu cheiro, e assim que cheguei aonde queria, mordi o lóbulo e ela estremeceu. Falei, ainda mantendo a boca próxima à sua orelha:

          - Eu quero você.

Ficou quieta e afastou meu braço. Achei que tinha feito alguma besteira quando ela se virou e, surpreendentemente séria, disse:

          - Eu também. Mais até do que imagina.

Me aproximei dela e, no instante seguinte, já estávamos nos beijando.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 12º capítulo



Você me prendeu de novo no minuto em que se sentou
O jeito como você morde seu lábio
Fez minha cabeça girar
Depois um drinque ou dois
Fui posto nas suas mãos
Não sei se tenho a força para ficar em pé

(Olly Murs & Flo Rida -Troublemaker)

Luiza

Aproveitando que o Bill tinha ido à casa do Tom no sábado de manhã, fui com as meninas à uma daquelas lojas que vendem coisas de reforma de casa e em outra, com aqueles trens de decoração e afins. Chegando em casa, arrumamos tudo, forrando cada mínimo pedaço do chão com jornais e cobrindo os móveis com panos. Em seguida, começamos a revitalização do quarto. Azar do Bill se não gostasse; Enquanto eu estivesse morando ali, aquele era o meu quarto e, depois que o prazo acabasse, podia até voltar a arrumá-lo como era antes.

A Nicola logo deu um jeito de colocar uma música daquelas mais... Alto astral possível e, depois que cada uma pôs as roupas mais... Velhas e usadas possíveis, começamos com a farra.

          Perto da hora do almoço, a Nicola foi correndo até em casa, buscar uns estênceis e enquanto isso, eu e a Nadine continuávamos a pintar a parede da cabeceira da cama com tinta rosa antigo. Sem que eu percebesse, a Vivi foi se intrometer na história e acabou tomando um pingo de tinta na cabeça. Imediatamente, paramos o que estávamos fazendo e fomos correr atrás dela, para tentar limpar a tinta. Quando a Lola voltou, se juntou à “Caça à Vivi” e, tão logo passamos pelo hall de entrada, a danada da gata correu para a sala de estar e lá fomos nós três, enfileiradas, tentando pegar a felina. De repente, me ocorreu uma coisa. Fiz sinal para as meninas, pedindo que cada uma ficasse numa das entradas e, na primeira oportunidade que tive, fiquei agachada perto do bar e a Nadine me provocou:

          - Só você mesma para ficar nessas posições mais...

Olhei para ela, rindo um pouco, e me aproximei mais do bar. Esperei pelo momento oportuno e, justo quando ia dar o bote, o Bill chegou em casa e a Vivi saiu correndo. Claro que nós três reclamamos e ele aproveitou a chance que teve, num instante mínimo de silêncio, para perguntar:

          - Por que vocês estão vestidas desse jeito?

Gelamos. Respirando fundo, tomei a dianteira e falei:

          - Estamos... Fazendo umas mudanças no meu quarto. Se quiser, antes de eu ir embora, damos um jeito de voltar ao que era.

          - Que mudanças?

          - Pintando uma das paredes, mudando a decoração... - Respondi, morrendo de medo. Ainda mais que ele estava fazendo uma cara de poucos amigos...

          - Podem nos dar licença um instante? - Ele perguntou para as meninas e elas concordaram, subindo as escadas e indo até o meu quarto. Segui o Bill até o estúdio e, assim que fechou a porta, falei:

          - Eu sei que deveria ter pedido sua permissão antes de fazer essa mudança, mas achei que, como você dificilmente entra no meu quarto, não ia se importar.

Continuou me olhando, em silêncio e com a expressão séria.

          - Ai, Kaulitz! Para com essa tromba!

Riu e disse:

          - Só para você saber... Por ter feito essa mudança, você vai ter de dormir comigo hoje.

          - Mas... Tem outros quartos na casa!

          - Eu sei, mas se você pode muito bem facilitar as coisas e passar, pelo menos, essa noite comigo. Quer dizer, no meu quarto.

          - Tá, já entendi. - Falei, segurando o sorriso por causa da falta de graça dele.

          - E tem outra coisa. Os caras vão dormir aqui hoje. A gente já queria começar a falar sobre a reunião da banda e tal. - Não pude disfarçar a alegria que senti.

          - Tá. Tudo bem. Eu durmo no seu quarto hoje. Mas ó... Se comporta, hein?

Concordou, sorrindo. Estava indo até a porta do estúdio quando me chamou de novo. Me virei e disse:

          - Eu estou pensando aqui... A gente tem que suspender a aposta. Pelo menos por enquanto.

          - Achei que já tivesse dito para eles que não dormimos no mesmo quarto...

          - Então...

          - Ai, lá vem...

          - Tenho que ir para Nova Iorque. E queria que você viesse comigo.

          - E por que você tem que ir para lá?

          - Estou cumprindo minha promessa de voltar com a banda. E o Jost vai estar em Nova Iorque. Se quiser, podemos esticar a viagem. E pode chamar as meninas para te fazerem companhia enquanto eu não estiver por perto.

          - E quando você tem que ir?     

          - Daqui a umas duas semanas. A princípio, vou ficar lá por dois dias.

Concordei.

          - Vou falar com as meninas agora mesmo e, dependendo, mais tarde te dou uma resposta.

Assentiu.

De repente, ouvimos uma confusão e imediatamente fomos ver o que era. Não para a minha surpresa, era a Nadine discutindo com o Tom, para variar. Perguntei para o Bill:

          - Você trouxe ele?

Concordou e quando a Di ia aumentando o volume de voz, tive que me intrometer.

          - Oi! Aqui não é a casa da mãe Joana para vocês ficarem bancando as lavadeiras e discutindo nesse volume de voz!

          - É a casa da mãe Luiza. - A Nicola comentou baixo e tive que me controlar para não rir. Dei uma olhada feia na sua direção e ela ficou quieta.

          - Sério, que coisa mais chata vocês ficarem quebrando o pau toda santa vez! Haja saco para aturar essa implicância toda! - Resmunguei e a Di estava de cabeça baixa enquanto o Tom só olhava para ela. - Ou vocês sossegam o facho ou assumem logo que estão que não se aguentam para se pegarem logo de uma vez!

Os dois me olharam e falei:

          - Nem adianta me olhar desse jeito que é verdade! E vem comigo, Roberts!

Rapidamente, a Nicola me seguiu até o quarto e, depois que recomeçamos a pintar, notei que a Vivi finalmente estava ali, sem o pingo de tinta na cabeça e dormia a sono solto.

          - O que foi aquilo, meu Deus? - Disse, rindo, enquanto recomeçávamos a pintar a parede.

          - Cansei desse tesão recolhido dos dois. - Reclamei. - E sabemos muito bem que, se estão nessa picuinha toda, é porque um tá querendo pegar o outro só que não têm coragem. E eu bem sei que a Nadine tá doida para agarrar o Tom.

Ela riu e, naquele exato instante, o rádio começou a tocar um daqueles programas só com músicas “velhas”. A Nadine voltou, com a maior tromba do mundo, exatamente quando começou a tocar “Everybody” do Backstreet Boys. Antes mesmo do refrão, parecia que não tinha acontecido nada e estávamos as três fazendo palhaçada e rindo. Cinco minutos depois, a Nicola teve a brilhante ideia de colocar os meus CDs das Spice Girls. Aí pronto. A coisa só piorou ainda mais quando tocou “Wannabe”. Por mais... Bizarro que podia parecer, estávamos nos divertindo horrores e era isso o que eu mais gostava nas meninas; Nunca dávamos a mínima e, se alguém olhava atravessado, aí que a gente fazia mais palhaçada ainda.

Quando terminamos, o Bill apareceu bem na hora em que estávamos fazendo mais... Macaquices ainda, e perguntou, segurando o riso:

          - A gente estava pensando em pedir pizza... O que vocês dizem?

          - Tudo bem? - Perguntei para as duas, que concordaram. - Então pronto.

Quando ele saiu, a Nicola falou:

          - Ai que vergonha!

          - Vergonha de quê, se sou eu quem quase sempre faço as maiores besteiras quando estou perto dele? - Perguntei.

          - É, mas é diferente. Você faz as besteiras por nervosismo de estar perto do Bill, de quem gosta. E eu... Sou só uma ruiva desajeitada. - Respondeu e falei:

          - É, mas eu estou em pior situação que você, já que sou casada com ele.

          - Vai... Nega que você gosta dele... - A Nadine insistiu e suspirei.

          - Só no dia que você admitir o mesmo sobre o Tom. Di, você sabe que eu e a Lola te apoiamos incondicionalmente.

          - É verdade.

          - Vocês cismaram que eu estou a fim do Tom! Que coisa!

Olhei para a Lola e ela perguntou:

          - Se não estivesse... Estaria com toda essa implicância com ele?

Bufou e rimos.

Depois de um tempo, o Georg e o Gustav chegaram e estávamos comendo as pizzas enquanto os quatro faziam a maior bagunça. A Nadine rolava os olhos o tempo inteiro sempre que o Tom falava. Vez ou outra, eu trocava olhares significativos com a Nicola, que dava um sorrisinho malicioso. Quando surgiu a oportunidade, falei com ela:

          - Lola, me ajuda aqui, por favor?

A Nadine se levantou e avisei:

          - Pode deixar. Da próxima vez, você vai.

Me olhou feio e fui com a Lola até a cozinha. Chegando lá, pedi para ela que pegasse algumas coisas na geladeira e, enquanto procurava as tigelas no armário sobre a pia, ela perguntou:

          - Sabia que estou com dó do Tom?

Ri e falei:

          - Também. A Di está uma verdadeira carrasca com ele, coitado.

          - O que a Bertha diria?

 Parei para pensar depois de agradecê-la e falei, imitando minha chefe:

          - Típica geminiana, implicante e que só está tentando esconder seus sentimentos.

Riu e comecei a fazer os petiscos, com a ajuda dela. Não muito tempo depois, a Nadine apareceu, bufando, e perguntei:

          - O que houve?

          - Adivinha? - Perguntou, sarcástica. Logo, dei alguma coisa para ela fazer e, quando vi que estava quase destruindo o queijo, o tirei das suas mãos, avisando:

          - Acho melhor você organizar as coisas nas tigelas. Sem facas.

Bufou e, depois que estava tudo pronto, eles começaram a sugerir de vermos um filme e ainda por cima, de terror.

Algum tempo depois, os meninos estavam esparramados pelo home cinema que eu nem sabia que tinha na casa. E nós três, sentadas lado a lado, todas comportadas. O filme era daqueles que te dá susto só... 99% do tempo e nós não fazíamos outra coisa a não ser ficar pulando a cada cena. Em uma parte aparentemente mais calma, olhei para o lado e percebi uma coisa. Cutuquei minhas amigas e, assim que se aproximaram de mim, avisei:

          - Estejam preparadas...

Me olharam, sem entender, e indiquei o lugar do Tom, que estava vazio. De repente, a energia acabou e a Lola já entrou em pânico. E sim. Do mesmo jeito que eu tenho medo de altura, ela tem de escuro. Como estava sentada entre a Nadine e eu, conseguimos fazer com que  se acalmasse um pouco. O Bill, o Georg e o Gustav estavam quietos e imediatamente, já ligamos as luzes dos celulares e percebemos que estávamos sozinhas.

          - Se eles aprontarem alguma... - A Di falou e me levantei, indo até a porta.

          - Iza, não! - A Lola praticamente implorou.

          - Fiquem aqui e só abram a porta ao meu sinal. - Avisei e elas obedeceram. Ouvi o barulho da tranca assim que saí e fui andando até o andar de cima (O cinema era no “porão”). Não havia qualquer sinal deles e estava começando a sentir um pouco de medo. Fui até a cozinha e estava deserta. De repente, a Vivi se encostou na minha perna e tomei aquele susto, resmungando um palavrão. Peguei a gata e, aproveitando que estava perto, passei pelo lado de fora e, depois que a fechei no quarto, desci as escadas. Estava em estado de alerta e, quando pus o pé no último degrau, voltando ao cinema, senti alguma coisa agarrando meu tornozelo e gritei. As luzes voltaram e, quando vi, os quatro estavam quase chorando de tanto rir. E entendendo quem tinha me passado o susto, fui até ele e comecei a bater em cada pedacinho que conseguia alcançar:

          - Que ideia de jacu! E se eu sofresse do coração e caísse dura? O que iam fazer? - E o Tom, só rindo, tentando se esquivar dos tapas. As meninas ainda não tinham saído e, me dando conta disso, fui até lá e bati na porta. A Nadine saiu e não entendeu nada do que estava acontecendo.

          - Vai ter volta. - Avisei para os quatro, que ainda riam. Fui até a Di e chamei a Lola. Em seguida, fomos até o quarto e, no meio do caminho, contei o que tinha acontecido e as duas tiveram reações distintas: A Lola riu e a Di danou a xingar os quatro.

          - E o que está pensando em fazer? - A ruiva quis saber e dei de ombros.

          - Deixa passar um tempinho, justamente para não ser óbvio demais...

As duas se entreolharam e falei:

          - E vou aprontar com os quatro de uma vez.

          - Sabendo do seu histórico... Até dá medo. - A Lola falou, rindo fraco e respondi:

          - Mas é para eles terem medo. Tem que ser uma coisa muito bem pensada e eficiente.

Eles que me aguardassem...

          - E a propósito... Nós vamos para Nova Iorque. E quando digo nós, vocês duas estão intimadas a ir. - Respondi e elas ficaram com expressão de choque.

          - Podia ter avisado antes! - A Di chiou e expliquei:

          - Reclama com o Bill, que foi me contar a respeito dessa viagem só agora!

          - Não sei se o meu chefe vai me liberar. - Ela respondeu.

          - Falando nisso... No que as duas estão trabalhando aqui? - Perguntei.

          - A Di está trabalhando num bar. E eu estou procurando até agora, mas não achei.

          - Faz o seguinte: Vocês duas vão. Aí depois a gente dá um jeito de voltar. - A Di sugeriu e tanto a Lola quanto eu hesitamos. - É sério. Não tem problema. Desde que me tragam um souvenir. E não estou falando de uma miniatura da Estátua da Liberdade.

Rimos e ficamos mais um tempinho conversando. Acabei conseguindo convencer as meninas a dormirem lá também (Uma vez que tinha um quarto livre). Quando estávamos as três no closet, quiseram saber:

          - Espera. Se nós duas vamos dormir num dos quartos, o Georg e o Gustav em outro e o Tom vai ficar com um quarto só para ele... - A Lola falou.

          - Não me diga que você vai dormir onde eu acho que vai! - A Di se apressou.

          - Uai, e tem outro lugar? - Perguntei. - Não dá para ficar aqui com esse cheiro de tinta!

          - Desculpa, mas eu ainda não entendi aonde a Iza vai dormir... - A Lola falou.

          - Com o Bill! - A Di retrucou e consegui achar um pijama para cada uma. Depois dali, peguei um par de travesseiros e, depois que troquei de roupa, me despedi delas e, no caminho até o quarto do Bill, o Georg me chamou e, depois que parei na porta do quarto em que ele e o Gustav estavam, perguntou:

          - Posso te perguntar uma coisa, só de curiosidade?

Assenti. Ele me puxou de leve pelo braço, fazendo com que eu entrasse ali e, depois de fechar a porta, parou ao meu lado e quis saber:

          - Por que você fez essa exigência para a gente voltar com a banda?

Dei um meio sorriso.

          - Além de fazer isso pelo Bill, pressenti que vocês estavam sentindo uma falta enorme também. Ou estou errada?

          - Está certíssima. - O Gustav respondeu. - Mas você fez isso só porque sabia que todos nós sentíamos falta?

          - E por qual outro motivo seria? Quer dizer, conseguir isso não é uma coisa boa? - Perguntei e eles se entreolharam.

          - É. A gente só está estranhando porque... Bom, é assim, tão de boa vontade. - O Georg explicou e falei:
        
          - Vai por mim. Tenho prática no assunto de briga entre amigos. Perdi a conta de quantas vezes fiz a Nadine e a Nicola se falarem depois de uma discussão feia... Bom, boa noite para vocês dois, durmam muito bem e tenham ótimos sonhos.

Para terminar, dei um beijo na bochecha de cada um e fui embora do quarto deles. Quando cheguei no do Bill, estava falando com o Tom. Juro que tive a maior vontade de ir correndo e arrastar a Nadine de volta comigo. Não consegui entender direito o que os dois falavam, apesar de conseguir captar algumas palavras distintas e, antes de sair, o Tom desejou boa noite para mim. Retribuí, beijando sua bochecha também e, depois que fechei a porta, vi o Bill de cara amarrada. Perguntei:

          - Que cara é essa de quem comeu brócolis?

          - Meu irmão ganha beijo e abraço e eu só ganho esculacho, é isso?

Arqueei a sobrancelha e falei:

          - Ah, Bill, que coisa mais feia... Com ciúmes do Tom? Justamente dele, que é seu irmão e meu cunhado?

          - É meu irmão gêmeo. - Retrucou, tirando a camiseta e a calça de moletom que usava. É, ia ser uma noite longa...

          Depois que me deitei virada de costas para ele, respondi, assim que apagou a luz:

          - Para sua informação... O Tom não faz meu tipo. Já você...

Senti que pôs a mão no meu ombro e fez com que me virasse para ele.

          - Eu sou seu tipo?

          - Apesar de ter seus ataques de safadeza vez ou outra... É. Nunca fez questão de ficar se vangloriando de que dormiu com sei lá quantas meninas e se achando o deus do sexo. Isso conta e muito ao seu favor, viu? E melhor ir dormir. Amanhã vou precisar da sua ajuda.

          - Para quê?

          - Confia em mim. - Falei. Me estiquei um pouco e roubei um selinho. - Boa noite e dorme bem.

          - Ah, eu vou. - Disse, me provocando e ri. Não muito tempo depois, quando me dei conta, seu braço envolveu minha cintura e me puxou para mais perto, de modo que ficamos dormindo de conchinha.

Na manhã seguinte, como sempre, eu e a Nadine já estávamos de pé antes de todo mundo e tomando café na beirada da piscina. Havia um sofá, do lado esquerdo e uma mesa de café. Depois de colocarmos as xícaras, além de umas coisas para comer, perguntei:

          - Me desculpa por ontem?

          - Está falando da explosão?

Concordei.

          - Tudo bem. Já percebi que a torcida para que eu namore o Tom é a maior de todas...

Sorri e ela também.

          - Isso significa que...?

          - Não. Ele ainda não tem chance.

          - É por causa da birra que você tem com ele? Di, vai ficar remoendo uma coisa que aconteceu há três anos?

Suspirou e, de repente, vimos uma figura ruiva, com cara de sono e de coque, descendo as escadas.

          - Bom dia. - Resmungou e não teve como não rir.

          - Vou pegar uma xícara para você. - Avisei, me levantando. Depois que terminamos de tomar o café, as meninas estavam se animando a ir para a praia e, quando finalmente concordei, fui até o quarto, trocar de roupa. Assim que entrei lá e vi o Bill dormindo, parei no meio do caminho até o banheiro e o olhei por alguns instantes. Tomando coragem e não resistindo, fui até a cama e, tomando o máximo de cuidado para que ele não acordasse, subi no colchão. De repente, ele se virou de costas e prendi a respiração. Esperei um pouco, para ver se ele reagia e, como não fazia nada, decidi parar de enrolação logo de uma vez. Me inclinei na sua direção até que toda e qualquer distância fosse eliminada e o beijei. Era para ser um selinho inocente, mas de repente, me segurou, fazendo com que eu ficasse deitada sob seu corpo e, de quebra, ainda prendia com uma só mão meus pulsos acima da minha cabeça. A outra, claro, estava sobre a cintura, a apertando com vontade. Tentei me debater, para soltar as mãos e poder usá-las como bem entendesse. Só que, justamente por ele ser maior, um cara e provavelmente mais pesado, não teve como. Quando finalmente soltou minha cintura, fez com que eu passasse as pernas em torno do seu quadril e, imediatamente, intensificou o beijo. E justamente por causa desse contato maior (Sem falar que tinha a barreira de três tecidos entre os nossos corpos), deu para sentir e muito bem a reação que aquilo tudo causava nele. Assim que finalmente soltou as minhas mãos, consegui interromper o beijo por uns instantes. Começou a “atacar” meu pescoço e eu, naquela luta para tentar manter meu autocontrole, falei:

          - Tem mais cinco pessoas sob esse mesmo teto, sendo que eu bem vi que as paredes são finas. Vai querer se arriscar?

          - Vou. Ainda mais que não vai ser a primeira vez em que eles vão me ouvir...

Querendo ou não, aquilo acendeu uma luzinha de alerta na minha cabeça.

          - Mas vai ser comigo. E por mais que o Tom seja seu irmão, ainda sim... Não me sinto totalmente confortável.

Finalmente se ergueu e me olhou, fixamente.

          - Ia fazer alguma coisa com as meninas? - Perguntou e assenti.

          - Praia. Aliás, elas estão me esperando.

          - Ainda estão aqui ou já foram?

Dei de ombros.

          - Eu vou com vocês.

          - Tem certeza?

          - Absoluta. Afinal de contas... Tenho que ficar de olho nos folgados que podem tentar se aproximar de vocês...

Arqueei a sobrancelha e falei:

          - Nós sabemos nos defender, caso você ainda não tenha percebido...

          - Mesmo assim. Não quero que ninguém fique mexendo com você, especificamente.

          - Eu não acredito...

O telefone tocou e ele se esticou para pegar o aparelho. Em seguida, avisou que já estávamos indo. Desligou e saiu de cima de mim, indo até o próprio closet.

          - Quem era?

          - Nadine, querendo saber se você já estava pronta. - Respondeu. Revirei os olhos e me levantei da cama, avisando:

          - Vou trocar de roupa.

Saí do quarto e, no meio do caminho, encontrei o Gustav.

          - Bom dia. - Murmurou.

          - Bom dia. Já teve uma vontade monstruosa de dar um daqueles socos no Bill? - Perguntei e ele me olhou, rindo timidamente em seguida. - E eu espero que você e o Georg tenham trazido roupa de banho.

          - Por quê?

          - Originalmente, eu ia com as meninas à praia. Mas o Bill se convidou. E agora estou chamando você e o Georg para irem. O Tom acordou?

          - Está tomando café.

Assenti. Desci até a cozinha e repassei o recado para os outros dois. Quando estava quase terminando de trocar de roupa, depois de lavar o rosto e escovar os dentes, ouvi umas batidas na porta e resmunguei um “entra”, crente que era uma das meninas. Pus o sutiã do biquíni e, quando olhei para o próprio reflexo no espelho de corpo inteiro do meu closet, quase dei um grito.

          - Vim ver se você já estava pronta... - O Bill falou, me olhando.

          - Já viu. Pode descer que em cinco minutos já estamos indo. - Falei, nervosa, conseguindo fazer um ninho de rato ao amarrar o biquíni. De repente, ele parou atrás de mim e disse:

          - Deixa.

Conseguiu desembolar as tiras e, enquanto as amarrava, comentou:

          - Sabe qual foi uma das primeiras coisas que reparei quando te vi?

          - Além de eu estar sem roupa e em uma banheira?

Sorriu daquele jeito que eu amava e respondeu:

          - Foi a sua pele.

          - A Lola é mais branca que eu.

          - Eu sei. Mas... É diferente.

          - É. A Lola é sardenta e eu sou cheia de pintas.

Sorriu de novo e, quando percebi, já tinha feito o laço no biquíni.

          - Para mim não tem tanta importância. - Respondeu. Passou o braço em torno da minha cintura, se aproximou e começou a se debruçar. Podia sentir o calor do seu corpo e por um instante, não queria deixa-lo ir.

Começou a trilhar um caminho de beijos pelo meu ombro, inspirando vez ou outra e me causando os arrepios mais... Incontroláveis. Ao aproximar a boca da minha orelha, mordeu o lóbulo e disse:

          - E o seu cheiro... É viciante.

Entrelacei meus dedos nos seus e, com a outra mão, alcancei seu rosto. Beijando cada mínimo pedacinho da minha bochecha, pediu:

          - Vamos ficar aqui. A gente dá uma desculpa qualquer para os caras e despacha todo mundo para a praia.

Ri fraco e falei:

          - Percebeu que até hoje eu fui à praia só uma única vez desde que cheguei aqui? E foi com as meninas.

Suspirou, se dando por vencido. Depois que ele saiu, quase imediatamente, terminei de me arrumar.

Pouquíssimo tempo depois, chegamos à Santa Monica e, enquanto quase todo mundo ia se arrumando, eu e a Lola fomos às lojas do píer, caçar um protetor para nós duas. Aproveitei e fui atrás de outro para tatuagens. Enquanto dávamos uma olhada numa das lojas, ela perguntou:

          - O que você e o Bill ficaram fazendo para demorarem tanto?

Sorri e ela imediatamente sacou.

Depois de um tempo, quando nos aproximamos do grupo, vimos que a Nadine não estava por perto. Enquanto a Lola estendia a canga sobre a areia, percebi que os quatro estavam num interesse com alguma coisa ali perto. Olhei para a mesma direção que eles e notei um grupo de meninas, algumas tomando sol enquanto três tiravam a roupa e ficavam de biquíni.

          - Atraímos a atenção deles? - A Lola perguntou, ficando perto de mim e falando baixo. Neguei com a cabeça. Olhando para o mar, vi a Nadine andando e sacudindo os cabelos molhados. Comentei alto, de propósito:

          - Ê Nadine exibida!

Nada. Ainda olhavam para as meninas e, quando a Di apareceu, percebeu o que estava acontecendo e perguntou:

          - Por que vocês ainda estão vestidas?

          - Concorrência acirrada. - Respondi, indicando as meninas. Indicou a própria bolsa e, entendendo o que queria, peguei o protetor solar dela e entreguei o frasco. Em seguida, foi até o Tom e, parando muito perto dele, perguntou:

          - Será que você podia me fazer um favor enorme?

Funcionou e não teve como não rir da cara de besta que ele fez.

Aproveitando que os outros três estavam desviando a atenção para ela, a Di falou:

          - Vocês duas bem que podiam entrar na água. Está uma delícia.

Olhei para a Lola, sentindo o olhar dos três em cima de nós e nos levantamos ao mesmo tempo. Ela tirou o vestido que estava usando enquanto eu me livrei da camiseta e shorts. Como já havíamos aproveitado a distração deles para passar o protetor, então simplesmente fomos andando até a água. Antes de entrarmos, porém, perguntei para a Lola:

          - Estão olhando?

Disfarçou e assentiu.

          - O Bill está claramente babando.

Ri e me preparei psicologicamente para o primeiro de muitos caixotes que sabia que ia tomar.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 11º capítulo



Não sei por onde começar
Estou um pouco perdido
(...)
Não sei o que fazer
Estou bem na sua frente
Pedindo para você ficar, você devia ficar
Ficar comigo esta noite, sim

(Maroon 5 - Love somebody)

Bill

      Mais outra semana se passou. Quando a Luiza saiu para almoçar com as amigas, um carteiro apareceu lá no estúdio e entregou um envelope preto. Olhei o remetente e descobri que era da gravadora, que ia fazer um baile de máscaras. A festa aconteceria no final de agosto em um hotel luxuoso de Los Angeles. Suspirei e, cerca de uma hora depois, quando ela voltou, se sentou ao meu lado e notou o envelope que eu propositalmente havia deixado ali.

          - O que é isso?- Perguntou e dei de ombros, falando:

          - Baile de máscaras da gravadora. Se não quiser ir, tudo bem.

          - Não... Eu quero. - Disse, me surpreendendo. - A propósito... Tem alguma ideia de onde podemos conseguir as máscaras e as roupas?

Estranhei, mas, por um motivo desconhecido, acabei gostando da ideia.

O resto do dia passou voando e, quando dei por mim, já estávamos chegando em casa. Assim que passamos em frente à adega, perguntou:

          - A porta fica trancada?

          - Quer um vinho? - Devolvi a pergunta e assentiu. Peguei o molho no gancho ao lado e destranquei. Entrou e a segui. Estava olhando as garrafas e descobriu a “passagem secreta”. Me olhou e disse:

          - Tem mais garrafa lá embaixo.

Assenti.

Desceu as escadas, sendo que a segui de perto, e a ouvi dizer, antes mesmo que eu a alcançasse:

          - Neste exato instante, estou me perguntando como é que você ainda tem fígado...

Ri e, só para provoca-la, respondi:

          - Sabia que estou me perguntando exatamente a mesma coisa?

Vi que estava segurando uma garrafa de Pinot noir e, depois de me olhar rapidamente, disse:

          - Para te ser bem sincera... Ia se surpreender comigo. Aliás... Para e pensa. Desde que me mudei para cá, quantas vezes me viu beber?

Parei para pensar.

          - Duas. No jantar da fusão com a gravadora e na festa.

Assentiu.

          - Já não é muito da minha natureza ficar bebendo muito. E eu acredito piamente que já fico de saco cheio por causa do bar...

Ri fraco e notou uma mesa que havia perto da escada. Vendo que ia pegar o saca-rolhas, estiquei a mão e me deu a garrafa.

Em pouco tempo, havíamos tomado quase a metade da garrafa e, como nenhum de nós dois tinha tanta resistência para vinho...

Estávamos sentados na escada, um quase de frente para o outro e rindo de várias coisas que falávamos, graças ao álcool. De repente, não pude me controlar:

          - Ia aceitar o pedido de namoro do Alex?

Ficou séria por um instante e disse:

          - Ia. Mas por obrigação. Quer dizer, eu estou cozinhando o coitado em banho-maria há quase três anos e ele é um buda de tanta paciência que tem comigo.

          - Engraçado, porque eu vi umas fotos dele no Google e não me lembro de ele ser gordo e careca...

Riu e disse:

          - Eu tenho uma revista lá no Brasil que fala que Buda era magro. Agora se tinha cabelo... Aí são outros quinhentos.

Fiz uma careta e perguntou:

          - O que foi?

          - “São outros quinhentos”?

          - É uma expressão brasileira. Quer dizer, basicamente, que é outra história.

Assenti e perguntei:

          - Mas você falou que ia aceitar o pedido dele por obrigação... Ou você quer ou não quer namorar o cara. É muito simples! Podia ter dito não quando te pedi em casamento.

          - Então... Foi justamente seu pedido de casamento que me “salvou”. - Fez aspas com os dedos. - E é obrigação porque ele é um ótimo amigo.

          - Tá, mas não é porque ele é um ótimo amigo que você tem que obrigatoriamente namorar com ele!

          - Você não entende, Bill. É... Complicado.

Espera aí. Eu ouvi direito? Ela me chamou pelo nome?

          - Eu gosto do Alex, só que...

          - Não é o suficiente.

          - Não. Talvez esse seja só um dos fatores que contribui para esse sentimento de obrigação, apesar de tudo. Gosto da companhia dele, é um cara divertido... O tipo de homem que toda mãe sonha em ter como genro.

          - Inclusive a sua?

Me olhou e disse:

          - Ela já está satisfeita com o que tem.

          - Contou para ela?

          - Claro que sim! - Respondeu. - Não sou que nem uns e outros cuja mãe nem sonham que já tem uma nora. Exemplar, diga-se de passagem.

          - Quem te garante que não contei para minha mãe?

          - Se tivesse contado, ela estaria nesse silêncio todo?

          - A sua mãe está.

          - Converso com ela quase todos os dias. E, ao contrário da sua mãe, a minha não fala inglês.

          - Aprendo português.

          - Eu te ensino. - Prometeu e avisei:

          - Vou cobrar, hein?

Riu.

          - Falei com os caras sobre a sua imposição de voltarmos com a banda.

          - E aí?

          - Você tem três fãs.

Riu e, depois de alguns instantes brincando de contornar a borda da taça com o indicador, falou:

          - Por que quis se casar comigo?

          - Gostei de você desde o primeiro instante.

          - Principalmente porque eu estava pelada numa banheira. - Disse, rindo do próprio comentário e falei, a provocando:

          - Não fosse o Tom ter aparecido bem na hora...

Arqueou a sobrancelha e falou:

          - Quer dizer então que você teria agarrado uma completa desconhecida, sem saber se ela podia ter alguma doença, só por que estava pelada?

          - Não. Mesmo se meu irmão não tivesse aparecido.

          - Eu deveria encarar isso como um elogio?

          - Talvez.

Estreitou os olhos e falei:

          - Apesar de tudo, se eu me casei com você não foi cem por cento por causa da bebida. Quer dizer, ajudou, mas foi a desinibir e só.

          - Então... Você casou comigo por que quis, é isso?

 Mordeu o lábio inferior, baixando o olhar e assentindo em silêncio.

          - Eu também. - Disse, depois de um tempinho, voltando a me olhar. Sorri fraco e ela retribuiu. - E... Acho que vou subir. Já tomei vinho demais e a última coisa de que preciso é uma ressaca daquelas amanhã.

Estava de pé e eu precisava fazer alguma coisa para impedi-la.

          - Eu cuido de você se tiver ressaca.

Arqueou a sobrancelha, dando um meio sorriso e perguntou:

          - Tentando me embebedar, Sr. Kaulitz?

A olhei, entrando no seu joguinho, e falei:

          - E se estiver?

          - Então está realmente com as piores intenções imagináveis, estou certa?

          - Desde que te vi na banheira.

Veio andando na minha direção e rebolando de leve. Perguntou:

          - De... Curiosidade, o que já se imaginou fazendo comigo?

          - Que mesmo que te diga?

Assentiu, sorrindo e mordendo o lábio inferior.

          - Para começar... Aquela conversa com o seu... Amigo me deixou com vontade, apesar de eu não ser muito chegado. - Falei. Bom, não era verdade, mas... Ela não precisava saber, precisava?

          - Vontade de...? Bill, não sou adivinha como a Bertha. Bom... Não na maior parte do tempo. - Respondeu e respirei fundo.

          - A minha vontade agora é a de te levar lá para cima e depois de tirar toda a sua roupa, fazer amor com você.

Me olhou, inexpressiva. Depois de alguns minutos em silêncio, disse:

          - Temos uma aposta.

          - E daí? Você é casada comigo. Sendo assim, o que te impede de querer?

          - Nem te conheço.

          - Está dando para trás? Não acredito nisso... - A desafiei. - Eu esperava mais de você...

          - Está falando isso por causa do Alex?

          - Não necessariamente. Mas agora já sei um dos motivos que te mantém tão... Resistente. Sejamos realistas, Luiza. - Falei, me levantando e fui até onde estava. Parei a poucos centímetros de distância dela. - O Alex não foi impedimento para você se casar comigo. Aliás... Nem um juiz teria sido, se realmente não quisesse. Você vive falando que queria estar em Londres e não sei mais o quê. Mas a verdade é que não acho que vai querer embora depois que esse prazo acabar. Mesmo por que... Eu não vou deixar.

Seu olhar acompanhava o meu e ela não parecia se abalar com a aproximação.

          - Sem falar que está óbvio que você me quer tanto quanto eu te quero... - Falei, pondo uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha. - Estou tentando me aproximar, mas você sempre me repele.

          - E o que você quer? - Perguntou; Parecia que o efeito da bebedeira havia passado. Não só nela, mas em mim também.

          - Você. - Respondi.

Antes que pudéssemos sequer pensar em fazer qualquer coisa... Ela caiu no sono assim que se deitou na minha cama.

Na terça-feira, quando cheguei do estúdio (E a Luiza, como sempre, tinha saído com as amigas) fui até a sala, ver se tinha alguma coisa que prestasse na TV quando, de repente, tomei um susto porque a Vivi pulou bem ao meu lado e resmunguei, em alemão mesmo:

          - Sua danada!

Me olhou e aproveitei para pegá-la no colo. Começou a lamber minha mão e cocei atrás das suas orelhas enquanto ia até a cozinha, ver se tinha alguma coisa para comer. Encontrei as sobras de uma pizza e fui até a sala de estar. Pus a gata sobre o sofá e a caixa sobre a mesa. A Vivi logo desceu e apoiou as patinhas dianteiras sobre a madeira, farejando a comida. Peguei um pedaço da massa e ofereci para ela, que sentiu o cheiro e logo se afastou, se lambendo.

Depois que liguei a TV em um programa qualquer, comecei a comer a pizza e, quando me virei para o lado, percebi a Vivi numa posição realmente engraçada: Estava sentada com as pernas abertas e lambendo a barriga. As patinhas dianteiras estavam apoiadas no sofá. E o mais bonitinho eram os dedos dos pés, que estavam abertos.

Continuei comendo a pizza e vendo TV, lançando olhares esporádicos para a gata, que acabou pegando no sono. Aproveitando a chance que tive, fui me aproximando e, assim que comecei a passar a mão na sua cabecinha, ela se assustou, mas passados alguns segundos, não se incomodou. Muito pelo contrário...

          Nem sei que horas eram quando cochilei. Só sei que acordei com a Luiza chegando em casa, irritada e quase bufando.

          - O que aconteceu?

          - Não mexe comigo que eu não estou boa, Kaulitz. Se eu reagir, vai ser pior, vai por mim.

A segui escada acima e, quando ia fechar a porta do quarto, a impedi.

          - Estou disposto a comprar a briga que for.

Suspirou e disse:

          - Me deixa quieta. Eu só quero tomar um banho e dormir. É pedir demais, por um acaso?

          - Não, não é. Mas se eu posso te ajudar... O que te custa me contar o que houve?

Respirou fundo e disse:

          - Discuti com a Nadine, satisfeito? Ela falou algumas coisas que eu não gostei, me descontrolei e, não fosse a intervenção da Nicola, teríamos brigado feio.

          - O que ela te disse?

          - Ai, Kaulitz! Não quero falar, é difícil de entender isso?

Suspirei e disse:

          - Desculpa se eu estou tentando te ajudar...

Ergueu o olhar.

          - Eu que te peço desculpas. Estou brava e você ficar insistindo não ajuda em nada. Muito pelo contrário. Pode ficar tranquilo que, se eu precisar, vou falar com você.

Concordei. De repente, me surgiu uma ideia e propus:

          - Está com fome?

Negou.

          - Ah, então acho que vou ter de deixar para abrir o pote de Nutella outro dia.

          - Pote de Nutella?

          - É. Tive a intuição que você gosta e por isso, antes de vir para a casa, passei no mercado e comprei três.

Sua expressão mudou totalmente.

          - Isso é golpe baixo, seu safado.

Ri e consegui leva-la até a cozinha. Enquanto comíamos o creme, perguntei para ela:

          - Quer fazer alguma coisa no sábado à noite?

          - Tipo...?

          - O que quiser. Se quiser ir ao cinema, à uma boate...

          - O que aconteceu com você?

          - Me casei com você, só isso.

Me olhou, sem entender e disse:

          - Seja mais explícito, por favor.

          - Corrija-me se eu estiver errado, mas... Você não parece ser do tipo que gosta de ficar em casa num sábado à noite.

Ergueu as sobrancelhas.

          - O que te faz pensar isso? Por que eu trabalhava num bar?


          - É... Mas seja sincera. O que fazia quando estava de folga?

          - Dormia cedo.

          - Está de brincadeira! - Afirmei e ela sorriu.

          - Eu trabalhava a semana inteira em dois empregos distintos. Muitas vezes, não conseguia nem dormir. Saía do bar e ia direto para uma daquelas lojas de conveniências vinte e quatro horas e comprava umas... Três latas de Red Bull sem açúcar para aguentar o tranco. Sem falar que o dia inteiro era movida à cafeína. Eu estava um trapo nessa época, fato. Mas se não tivesse feito esse sacrifício, provavelmente moraria no mesmo pulgueiro da época que conheci as meninas. Era terrível. Quantas vezes acordei com o barulho dos tapas que a vizinha dava no marido?

          - Eles eram...?

          - Antes fossem chegados a uns tapas durante a transa. O problema era que os tapas eram acompanhados de xingamentos. E aqueles mais cabeludos. Era engraçado, não nego. E o pior é que um era louco com o outro... Pouco antes de eu me mudar de lá, ele foi transferido para o interior do país e desde então não tive mais notícias. Pena...

          - Vai dizer que gostava de ouvir os dois brigando?

          - Não. Gosto é dos casos engraçados dos vizinhos. Por exemplo. No segundo apartamento que morei na vida, tinha um prédio em frente, com uma espécie de varanda que dava para a rua. Me lembro que tinha essa família morando lá. Numa das vezes, minha avó viu um dos caras andando pelado, com tudo ao vento. E noutra... Bom, essa foi mais engraçada. Esse mesmo cara brigou com a mulher, disse os piores palavrões, xingou a coitada até dizer chega... E no final, se encostou no portão, chorando, e falando: “Ah... Aquela puta!”.* Sério, eu sempre tenho os vizinhos mais bizarros do mundo.

          - Notei...

Riu e continuou contando mais alguns casos. Inclusive o da primeira noite no apartamento seguinte, que já teve confusão.

Depois de acabar com toda a Nutella do pote (Que era um daqueles grandes), decidimos ir dormir.

Na manhã seguinte, quando ela saiu para almoçar com as amigas, o Tom apareceu no estúdio, trazendo alguma coisa para eu comer e também me fazer companhia. Quis saber:

          - Já liguei para o Jost, contando do que a Luiza andou fazendo.

          - E ele?

          - Claro que ficou entusiasmado. Estava pensando em como a gente pode fazer para contar sobre a volta da banda.

          - A gente pode simplesmente obrigar a Luiza, que é a culpada, a gravar um vídeo dando as boas novas. - Falei, brincando, e ele levou a sério.

Quase uma hora depois, ele ainda estava ali e tentava me convencer a levar adiante a ideia de a Luiza contar tudo quando a própria apareceu.

          - Bill, eu te trouxe... Wow... Oi, Tom. - Disse, notando meu irmão imediatamente.

          - Oi, Luiza. - Disse, se levantando para cumprimenta-la. - Então... Estávamos discutindo aqui uma coisa e queremos que você fizesse.

          - Em primeiro lugar: Que coisa? Segundo: Por que eu? Terceiro: Me dá um bom  motivo para aceitar.

          - Dar a notícia que vamos voltar porque é culpa sua. E você tem desenvoltura o bastante para isso. - Respondeu e olhei para ele, fazendo uma careta. - Sem falar que, justamente por ser sua culpa... As aliens não vão te odiar tanto assim por ter ser a minha cunhada.

          - Tá. - Respondeu.

          - Tá? Você está aceitando isso? - Perguntei, realmente surpreso. Ela me olhou e concordou.

          - Tenho uma condição, porém.

          - Depois dessa... - O Tom falou e soube que ele também não esperava que ela fosse aceitar. - Qualquer coisa que pedir.

Ela sorriu de lado. Sabia que não ia vir coisa boa daí...

Quando chegamos em casa, eu estava discutindo com ela a respeito de uma besteira qualquer. E como sempre... Ela simplesmente deu aquela resposta.

          - É. Aposto que, para o seu querido Alex, o mínimo que você fazia era um strip-tease daqueles, com direito a usar a porta de pole.

Me olhou, querendo rir.

          - Nunca fiz strip-tease nem para ele, nem para ninguém. E não usaria a porta. Seria... Grotesco demais.

          - O que usaria então?

          - Eu sei lá! A única coisa que eu sei é que teria uma crise de riso daquelas.

Não conseguia imaginar a Luiza tendo uma crise de riso durante um strip. Quer dizer, eu imaginava que ela fizesse como nos vídeos. E o resultado de imaginar uma coisa dessas, claro, foi que teria de ir me satisfazer sozinho.

          - O que foi?

          - Estava só... Tentando te imaginar rindo enquanto tira a roupa.

De repente, parou e, fazendo graça, começou a tirar a jaqueta. Me olhou de um jeito extremamente sexy e em seguida, caiu na risada.

          - Está vendo? Não consigo não rir. - Respondeu, subindo as escadas. - Odeio meu riso frouxo.

          - Eu gosto.

          - Só está falando isso porque não é você quem sofre quando tem que ser levado à sério e não consegue.

          - E só para você saber... - Falei, antes de entrar no meu quarto. - Você podia ter continuado. Mesmo rindo. A graça do strip, além da óbvia, é justamente a da espontaneidade. Só as profissionais se mantém sérias, relativamente.

Arqueou a sobrancelha e disse:

          - Obrigada por me fazer te imaginar colocando dinheiro na calcinha de uma stripper bunduda!

Ri e, só para provoca-la, falei:

          - Foi no sutiã.

Abriu a boca e, quando se recuperou, retrucou:

          - Depois dessa eu vou dormir que ganho muito mais!

Gargalhei.

          - Mas falando sério. - Disse, assim que a vi pegando na maçaneta e abrindo a porta.  - Se você me surpreendesse um dia... não ia me importar. Muito pelo contrário... Só tenho uma exigência.

          - E ainda é exigente, o sem-vergonha...

          - Não é nada tão impossível assim. Se quiser, eu compro.

          - E o que é?

          - Cinta-liga. E meia 7/8.

Suspirou e entrou no quarto.

Depois que deitei na minha cama, fiquei pensando nela e no seu sorriso malicioso. Ia conseguir convencê-la a fazer o strip, mesmo que fosse só de brincadeira. Ela que me aguardasse...

No domingo, aproveitando que o Georg e o Gustav ainda estavam em Los Angeles, a Luiza pediu para que eu chamasse eles e o meu irmão para o almoço. Quando terminei o banho, saí andando só com uma toalha no quadril e, assim que vi a Luiza, fui na sua direção. Estava usando biquíni, apesar de, na parte de baixo, vestir um short. Me olhou de um jeito estranho e perguntei:

          - E então? Já decidiu o que vai querer que eu te traga do supermercado?

          - Bill...

          - Quê?

Apontou numa direção com o queixo e, quando olhei, as meninas já estavam ali, sendo que a Nicola segurava o riso enquanto a Nadine fazia cara de paisagem.

          - Oi. - Falei, como se não estivesse usando nada além de uma toalha na frente de três mulheres.

          - E aí? - A Nicola perguntou e a Nadine só acenou.

          - Eu vou... - Falei, apontando por cima do meu ombro e, antes mesmo de começar a subir as escadas, ouvi as risadas delas.

Estava de volta ao meu quarto, terminando de escolher as roupas e assim que tirei a toalha para colocar a boxer, ouvi umas batidas na porta, falei:

          - Entra.

A Luiza apareceu e, na metade do caminho, parou. E não resisti à tentação. Me virei de frente para ela, que imediatamente, desviou o olhar.

          - O que foi? - Perguntei.

          - Eu... - Sacudiu a cabeça. - Esqueci o que ia te dizer.

Me aproximei dela lentamente.

          - Quer que eu te ajude? - Perguntei. Fechou os olhos e não resisti. Me inclinei na sua direção e comecei a beijar seu rosto enquanto acariciava a outra bochecha. Quando beijei o canto da sua boca, perguntei: - Posso?

Abriu os olhos e me fixou. Suspirou e, no instante seguinte, passou os braços em torno do meu pescoço e me puxou para mais perto, me beijando. Aproveitando que estávamos no closet, a ergui do chão e fiz com que ficasse sentada sobre a ilha que eu também tinha, para guardar coisas como relógios, anéis, correntes...

Pus as mãos por baixo das suas pernas e a puxei para mais perto, fazendo com que nossos corpos ficassem colados. Depois de um tempo, deixei sua boca e passei a beijar seu pescoço, não conseguindo me controlar. De repente, ouvimos um barulho e tivemos que parar. Mas mesmo assim, não foi o suficiente para me fazer parar totalmente; Roubei alguns selinhos, uns mais demorados que outros. Perguntei:

          - Só eu que não estou com a mínima vontade de sair daqui?

Riu baixo e disse:

          - Mas temos. Tenho um almoço para fazer e não posso deixar as meninas na mão...

          - Ah, então as meninas não podem ficar na mão, mas eu posso?

Me olhou, fazendo uma expressão confusa. Baixei meu olhar e ela acompanhou. Assim que percebeu minha situação, disse:

          - Ficar agarrado comigo não vai te ajudar em nada.

Suspirei, não me movendo um milímetro que fosse para longe dela.

          - Me ajuda. Fala uma coisa que possa me ajudar...

Parou para pensar.

          - Pensa... Em comida.

Olhei para ela, que riu.

          - Oi! Nasci mulher! Nunca me pediram ajuda para esse tipo de coisa.

          - Que tipo de comida?

          - Japonesa. Pensa em sushis, sashimis... E lembra que usam facas afiadíssimas para cortarem os peixes.

          - Luiza!

Riu e disse:

          - Ai, Kaulitz! Sei lá o que pode ajudar! Na pior das hipóteses... Vai no banheiro.

Algum tempo depois, quando tudo estava pronto, estávamos almoçando (E rindo, já que surgia cada comentário) e as meninas contavam um caso:

          -... E aí a gente olha para a Nicola e tá ela lá... - A Luiza imitou, tombando a cabeça para trás no encosto da cadeira, abrindo a boca e fingindo que estava dormindo. Roncou e a ruiva, claro, se manifestou:

          - Ih, pior foi você naquele dia que a gente foi no Reading Festival, lembra, Nadine?

          - O que ela aprontou? - Perguntei. A Luiza olhava fixamente para a Nicola.

          - Para conseguir aguentar o pique de um festival, tomou energético e café. Imaginem o estado.

A própria Luiza ria.

          - Aí, a gente chega em casa, mortas de cansaço e ela lá... Ligada no 220, fazendo mil coisas de madrugada, faltando só reformar o apartamento inteiro! Sério, um conselho, Bill: Nunca deixa a Luiza misturar café e energético.

Ri e concordei.

          - Sabe o que eu lembrei? - A Nadine disse. - Daquele dia, depois do trabalho, que nós estávamos bêbadas e o rádio estava ligado num daqueles programas que só passam músicas “velhas”. Tocou aquela música... - Começou a cantar e imediatamente reconhecemos a melodia.

          - Alcazar. - A Luiza falou.

          - Exatamente! - A outra disse. - O Stephen quase nos expulsou do bar às vassouradas.

          - E ele filmou tudo. - A ruiva avisou. - E pôs na internet.

          - Ah mentira! - A Luiza reclamou.

          - Sério. Depois mostro para vocês.

Precisava dizer que eu estava muito curioso a respeito desse tal vídeo?