quarta-feira, 27 de abril de 2016

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 17º capítulo - Interativa









But my heart is saying it's not the end

E não posso deixar de ouvir meu coração sentir sua falta
E o seu toque desde que você se foi
Eu tento bloquear, mas isso vai girando e girando
Você está preso na minha cabeça como uma canção.

(Nadine Coyle - Lullaby)



[Flashback - Três anos antes]

Lá estava ela. Dançando na minha frente, obviamente sabendo que eu estava a olhando, mas fingia que nem sabia. Desde o instante em que entrei no banheiro e a vi, sabia que era diferente. Quis gritar e dava para ver isso; Qualquer outra garota ia gritar. Mas o tempo inteiro ela me tratou como se eu fosse um cara qualquer.

Assim que finalmente voltou para a mesa à que eu estava sentado, tomou um gole do seu drink, tomei coragem, aproveitando que estava com a coragem o suficiente:

- Vem comigo.

Mesmo estranhando, deixou a taça vazia sobre a mesa e, depois de pegar a bolsa, me seguiu até uma espécie de antessala e, depois que tranquei a porta, ela me perguntou:

- Por que você trancou a porta?

- Porque eu não quero ser interrompido.

Ela parou onde estava.

- Se tentar me obrigar a fazer qualquer coisa que eu não quero... Pode saber que sou capaz de te derrubar. E sem descer do salto!

Olhei para ela e até achei graça ao imaginá-la tentando me bater.

- Não te forçaria a nada. Só... Quero te propor uma coisa, aproveitando que estamos em Las Vegas.

Me olhava, desconfiada.

- Que coisa?

- Casa comigo? Na pior das hipóteses, a gente se separa amanhã e cada um segue com a própria vida como se nada tivesse acontecido...

Cruzou os braços na altura do estômago e disse:

- E a aliança? À uma hora dessas, duvido que tenha uma loja aberta...

Tirei um dos meus anéis e ela riu.

- Depois te dou uma aliança de verdade. Eu te prometo.

- Mesmo que seja por vinte e quatro horas... Eu aceito me casar com você. - Respondeu, parando na minha frente e esticando a mão. Pus meu anel no seu dedo anelar esquerdo e claro que não ia perder a oportunidade de beijá-la de novo...

[/Flashback]

Tive essa sensação de déjà-vu porque no sábado, durante o trabalho, a parecia decidida a provocar tudo e todos. Até mesmo as mulheres. O pior de tudo não era só o fato de ela estar usando um espartilho, parecendo ser feito de couro, preto. E muito menos, usar uma calça justa. (Tão justa que, aliás, estava difícil de manter o olhar longe de... Bom, da bunda dela.) E nem era o batom vermelho. Era a soma disso tudo, mais um par de saltos enormes mais a atitude e a dança nada comportada que ela cismou de fazer naquela noite. Por um instante, fiquei grato de o não estar ali naquela noite, senão com certeza ia ter confusão...

Quase quebrei um copo ao desviar o olhar para ela num segundo em que estava rebolando de um jeito que quase me fez perder o juízo.

Yeah, the way her body moving like a hurricane
(Sim, o jeito que o corpo dela se move como um furacão)
Thought I knew what sexy was,
(Achei que eu sabia o que sexy era)
But uhuh that just changed
(Mas isso acabou de mudar)
She's a popstar, rockstar
(Ela é uma estrela pop, uma estrela do rock)
Fighter, lover
(Lutadora, amante)

Fato comprovado: Se o estivesse aqui, de duas uma: ou ele enfartava ou ele matava a . Ela ainda estava rebolando que nem a Shakira. E mexendo os quadris exatamente como a cantora, dando uns “trancos” que parecia que ia quebrar a qualquer momento. Naquela noite, especificamente, estava difícil me concentrar.

She knows exactly what she's doing,
(Ela sabe exatamente o que está fazendo)
I think she's a pro
(Eu acho que ela é uma profissional)
When she walk to the room, she makes sure that you know
(Quando ela chega no lugar, tem a certeza de que você sabe)
She's a thriller, killer
(Ela é um suspense, matadora)
Dancefloor filler
(Enche a pista de dança)

... E lá ia ela “quebrar” os quadris de novo...

Oh no, don't give that girl a lighter
(Ah, não, não dê um isqueiro para essa garota)
She don't give a what
(Ela não dá a mínima)
Yeah, she likes to play with fire and she burns it up
(Sim, ela gosta de brincar com o fogo e incendia)
She's a thriller, killer
(Ela é um suspense, matadora)
Dancefloor filler
(Enche a pista de dança)

Ah, Taio... Se você soubesse o quanto essa música é perfeita para definir o que está acontecendo... Não era possível que a não tivesse consciência do que estava acontecendo com aqueles caras que estavam ali no Coyote...

Passei a ignorá-la, fingindo que não tinha nada demais acontecendo e me concentrei em preparar os drinks.

Não muito tempo depois, quando ela finalmente desceu do balcão, claro que tinha que vir até onde eu estava. Quer dizer, era isso o que eu achava até que passou direto por mim e foi andando na direção da sala onde tinham os escaninhos para cada um guardar as suas coisas. Se demorou cinco minutos ali foi muito. E, quando voltou, já não usava mais o cinto. Desta vez, parou ao meu lado e começou a atender aos clientes. Num determinado instante, achei que eu ia tomar uma garrafada acidental.

Cerca de duas horas depois, ela me parecia ainda mais animada e, na primeira oportunidade que tive, a provoquei:

- O que você tomou?

- Por quê? - Perguntou enquanto fazia um drink. Percebi que pôs duas bebidas vermelhas dentro do copo.

- Está mais elétrica.

Sorriu e pôs, pasme, pimenta no drink.

- Isso é uma coisa para eu te ensinar a fazer lá em casa. - Avisou. - Segredo de Estado.

Assenti sorrindo enquanto ela colocava mais coisa ali. Inclusive um líquido de uma garrafa de Coca-cola toda decorada. Me perguntei qual era esse segredo de Estado...

Depois do expediente, quando eu estava saindo do bar, depois de ver a indo embora, já estava começando a ficar desanimado de ir para a casa quando vi uma morena com pose de modelo vindo na minha direção. Sorri malicioso e, como ela já tinha me dado mole...

- Então? Minha casa ou sua?

- Sua. Acabei de me mudar para Londres e as coisas ainda não estão arrumadas.

Concordou e fui com ela até seu carro.

Claro que, apesar de ela ser linda e beirar a perfeição na cama... Ainda sim, parecia que estava faltando alguma coisa. Sei lá. A garota tinha pernas longas demais, era muito magra, escandalosa demais... Inevitavelmente, meu pensamento foi para outro lugar, imaginando se ela fazia a mesma coisa que eu naquele instante. Foi impossível não perder o controle da raiva que senti e, por muito pouco mesmo, não acabou sobrando para a garota que estava comigo, seja lá qual fosse seu nome. Quer dizer, eu sabia, só que naquela hora não me importei tanto assim em fazer um esforço para lembrar. Só sei que no final, já de saco cheio, esperei até que ela estivesse satisfeita e pegasse no sono para sair da sua cama. Fui para a sala do seu apartamento, encarando o céu cada vez mais claro Londres. Senti uma vontade absurda de acender um cigarro e, voltando rapidamente ao quarto, procurei pelo maço e, assim que voltei à sala, não resisti. Sorrindo com a lembrança das implicâncias da , dei a primeira tragada.

Algum tempo depois, a garota ainda estava dormindo e tomei o máximo de cuidado para me vestir sem fazer barulho. Assim que saí da sua casa, consegui um táxi e algum tempo depois, já estava em casa, no meu quarto e me atirando na minha cama.

Acordei bem tempo depois com o meu celular tocando. Peguei o aparelho e vi uma foto da aparecendo na tela; A foto tinha sido tirada quando ela não estava prestando atenção, apesar de estar olhando diretamente para a câmera. Acho que ela tinha pensado que eu estava só mexendo no celular. Foi numa das nossas idas à Chinatown e, ao fundo, as luzes coloridas estavam fora de foco enquanto a estava com um sorriso torto, se segurando para não rir de certo comentário que eu fiz. Gostava de ficar olhando aquela foto justamente por ser natural.

- Te acordei, não é? - Ela perguntou, quando eu finalmente atendi.

- É. Mas não tem problema. O que foi?

- Estou com a Di aqui na Starbucks que a gente sempre vai e pensamos em ir olhar os bufês e experimentar docinhos e salgados. O que me diz?

- Como você é magra? - Perguntei e ela riu.

- Boa pergunta. E aí? Anima ou não a fazer esse sacrifício de experimentar essas guloseimas todas?

Respirei fundo e avisei que ia me arrumar e, em no máximo quinze minutos estaria com elas.

Tomei um banho rápido e peguei a primeira roupa que encontrei no armário. Assim que estava pronto, saí.

Logo que cheguei à Starbucks, não precisei de muito tempo para conseguir encontrar as duas. De repente, a Nicola surgiu sabe-se lá de onde e sentou ao lado da Nadine. Aproveitei a fila para fazer o pedido para observar o trio. E me lembrei da primeira vez em que vi as três mais relaxadas, na noite seguinte à confusão. Logo de cara, dava para ver que eram como irmãs. E a Nadine e a eram como o e eu: Bastava um único olhar para se entenderem. No restaurante do hotel, havia poucas pessoas além de nós quatro, mas, de certo modo, eu era o único que estava hipnotizado por aquelas três. Mais ainda pela . A Nicola era mais discreta, tímida e contida nos gestos e até mesmo no jeito de falar. A Nadine, por outro lado, era expansiva, ria e falava alto e sua energia parecia emanar no ar. E a , à primeira vista, era como a ruiva. Mas, logo, se tornava como a outra. Depois que descobri que a era a mais nova, pude reparar melhor que as outras duas eram realmente como irmãs mais velhas para ela. Sempre se preocupavam uma com a outra, se defendiam até mesmo quando não era possível...

- Senhor? - A atendente perguntou, me trazendo à realidade. Pisquei algumas vezes e ela quis saber: - O que vai querer?

Parei para pensar e respondi:

- Mocha de chocolate branco e... Um rolo de canela.

- Nome? - Ela perguntou, já com a caneta pronta para anotar meu nome. Parei para pensar um pouco e respondi:

- Richard Burton.

A menina levantou a sobrancelha, mas acabou escrevendo. Esperei pelo pedido no balcão e continuei de olho nas meninas, que agora riam de alguma coisa. A estava tão vermelha quanto um pimentão e parecia tentar se explicar e falhava miseravelmente. Logo que me entregaram o pedido, vi que ela estava pegando o celular e tocando na tela. Em seguida, levou o aparelho ao ouvido e meu celular começou a tocar.

- Oi. - Respondi, em um tom fingido de tédio.

- Onde você se enfiou, criatura? Estamos te esperando aqui!

- Ô criatura... - Devolvi. - Olha para a sua esquerda.

Ela obedeceu e me viu.

- Vem para cá neste exato instante. Isso é uma ordem.

- Mandona.

Ergueu a sobrancelha e, depois de guardar o celular no bolso da jaqueta, peguei o prato e o copo e fui até a mesa. Cumprimentei cada uma delas, deixando a por último e perguntei:

- Posso perguntar o motivo da mudança de planos? - Indiquei a Nicola com o queixo.

- O convite já estava feito, mas eu não sabia se podia ir. - A ruiva explicou. - Aí, como o Charlie conseguiu uma folga e ficar de olho na Sophia... Aproveitei que as meninas estavam te esperando e vim correndo. Algum problema?

- E por que teria? - Perguntei. Ela deu de ombros e, assim, a Nadine voltou ao assunto que elas estavam falando e que a queria morrer:

- A gente estava numa profunda reflexão sobre um assunto e a gente quer sua opinião de macho, .


- Que opinião? - Senti alguma coisa passar rapidamente pela minha perna.

- Não adianta me chutar, . - A Di se defendeu. - Qual marca de lingerie você acha mais sexy? Victoria’s secret ou Agent Provocateur?

- Depende. Qual a ocasião? - Perguntei mais para provocar a , embora já soubesse a resposta. Ela virou o rosto na direção da janela.

- Despedida de solteira. - A Nadine respondeu e falei:

- Eu já vi algumas muitas lingeries do Agent Provocateur - A se encolheu do meu lado e segurei a vontade de rir. - e eu pessoalmente gostei mais.

- Eu te falei, ... - A Nadine a provocou e foi irresistível não olhar para o lado.

- Coyle, Roberts e agora, ... Vocês três têm uma sorte de a gente estar em público e eu não poder fazer nada... - Ela resmungou e nós três rimos.

- Eles vendem chicotes lá, não é? - A Nicola perguntou para a amiga ao seu lado e a abaixou o gorro, se escondendo embaixo dele. Ri e, aproveitando a distração das duas, eu falei:

- Se você deixar o gorro assim, é pior e vai chamar mais a atenção. - Falei, em um volume de voz que só ela conseguia ouvir. Suspirou e se endireitou, arrumando o gorro. Me inclinei na sua direção e confessei: - Sempre gostei de te ver corada.

Suas bochechas ficaram quase vermelhas e ela tentava não demonstrar que estava ainda mais envergonhada. Tive vontade de mordê-la.

- Eu já estava com vergonha. Você tinha que fazer um comentário para piorar a minha situação ainda mais, não é? - Retrucou, mas deu para ver que não estava realmente brava.

- O que eu posso fazer se adoro te provocar? - Perguntei, malicioso e sem conseguir me controlar. Ela estreitou os olhos, mas não como quando estava com raiva; Sempre fazia aquilo quando estava altamente tentada. Sabia daquilo graças às vezes em que eu estava mal-intencionado e a desafiava para conseguir o que queria.

Naquele instante, a estreitada de olhos queria dizer uma coisa: Eu estava descaradamente dando em cima dela, que não se importava nem um pouco com aquilo e até estava entrando no meu jogo.

- Eu sei. - Ela respondeu, dando um sorriso torto. Imitei o seu gesto em resposta e aquele momento só nosso foi quebrado graças ao meu celular. Reconheci o número sendo como de uma das garotas que haviam jogado charme para mim no bar. E, como ela, assim como a grande maioria delas, tinha sido péssima de cama.

- Podia ser uma emergência.

- Ah... Não era. Por isso que eu não atendi.

- Então... A gente vai ficar por aqui mesmo ou vamos engordar um pouco? - A Lola quis saber, provavelmente percebendo que a e eu não estávamos mais envoltos no nosso casulo.

- Eu voto por engordar. - A prontamente falou. A Nadine apoiou e a Nicola foi a única que ficou meio hesitante, mas acabou concor-dando.

Então, cerca de uma hora depois, estávamos no bufê, experimentando várias coisas, cada uma mais, como a própria falou, nariz em pé que a outra.

- Sério, isso é frescura! - Ela reclamou quando a representante do bufê se afastou, levando consigo uma bandeja lotada de canapés com caviar. - E é nojento. Nunca comi e nem tenho vontade.

- Sério? - Perguntei. - Achei que você tivesse trocado os pratos de macarrão por outros de scargot e outras dessas comidas mais... Requintadas.

- Olha bem para minha a cara e me diz sinceramente se você acha que eu era bem capaz de trocar macarrão por um caramujo? - Ela perguntou e rimos. - Sério, eu sou exigente com comida, mas não a esse ponto! E outra: O dia que eu comer caviar, vou sentir como se estivesse mastigando embriões de peixe.

A Nicola, que tinha experimentado um dos canapés, disfarçou ao cuspir o pedaço num guardanapo e reclamou:

- Incrível como você consegue ser nojenta, .

A riu e disse:

- Não faço de propósito, acredite.

Continuamos ali até que, de repente, ouvimos a voz um pouco anasalada de uma mulher:

- !

Nós quatro olhamos para a mesma direção e vimos uma mulher, mais ou menos da mesma idade que a mãe do , com mias pose de dondoca rica que deu sorte na vida ao se casar com um empresário podre de rico que bancava as compras no shopping e as várias aplicações de botox, além de outras cirurgias plásticas.

- Eileen. - A respondeu, dando um sorriso amarelo. A mulher deu uma olhada na direção das meninas, que cumprimentaram a outra com aquela educação forçada. Assim que terminou de bater o rosto no da , a dondoca finalmente me viu ali. E me olhou de cima a baixo. E franziu o nariz. E quem disse que eu me importei com aquilo?

- Eu achei que você estaria aqui com o ... - A dondoca falou, olhando fixamente para mim, me censurando.

- Ele está trabalhando. E quer companhia melhor que duas madrinhas e um padrinho?

A mulher pareceu chocada. Toma, dondoca!

- Aliás... Você ainda não conhece o . - A falou. A dondoca me olhou mais fixamente e até mesmo estreitando os olhos e começou a dizer:

- Não é aquele que...

- É, eu sou aquele que se casou com a em Las Vegas. - Respondi, perdendo a paciência. A mulher ficou onde estava, tentando não reagir. Bom, com aquele monte de botox na cara, era difícil de saber se a careta que ela tentava fazer era a de choque por eu estar falando com ela ou por qualquer outro motivo fútil. O que eu sei é que ela não gostou de mim à primeira vista e foi recíproco.

Antes de ir embora, dali a poucos minutos, ofereceu:

- Escuta, eu soube de um brunch no clube. Apareçam lá. Tenho certeza que será... Interessante. - Me olhou com certo desprezo.

Não muito depois, ela se afastou. Esperei que as meninas fossem ao banheiro para falar com a :

- Você se importa se eu... Aceitar esse convite?

- Até faço questão da sua presença. E não se preocupe porque eles podem ter esse... Todo esse nariz em pé, mas nada bate minha língua afiada.

- Não vai te causar problemas?

Deu de ombros.

- Problemas eles que vão ter se falarem isso aqui de você. Ou das meninas. E não estou nem aí se conseguir a antipatia deles. Prefiro ser expulsa desses programas inúteis e ter de comer McDonald’s do que ser obrigada a aturar papos fúteis.

Fato.

- Falando nisso... Já que você vai se casar com o e já dá para prever como a sua vida vai ser...

Ela resmungou um “hum”, sorrindo sem mostrar os dentes e apoiando a cabeça na mão fechada em punho.

- Vai ter de ir à um evento chato atrás de outro, bancar a esposa perfeita e submissa, eternamente insatisfeita com o sexo, que cá entre nós, vai ficar chato com o passar do tempo, e vai acabar toda esticada feito aquela dondoca ali. Mas tudo bem. Vai viver com luxo, então vai dar para viver mais... Relativamente tranquila.

Arqueou a sobrancelha e disse:

- Meu futuro me parece realmente animador...

- Ah! E já ia me esquecendo. O não me parece ser muito do tipo que quer ter mais que um filho, de preferência um menino, já que vai ter de comandar as empresas e tal.

Ela estava com a testa enrugada e eu me segurei para não rir.

- E o seu? Como você imagina?

- Não penso nisso. - Menti. - Sou diferente de você, lembra? Não sou muito de pensar no futuro, só no aqui e agora.

- Sei... - Respondeu, disfarçando. Depois que as meninas voltaram, a quis saber quais dos doces e salgados que cada um tinha gostado mais e fez uma relação dos favoritos.

- A gente podia olhar em mais dois bufês, não? - A sugeriu, quando estávamos chegando ao carro, algum tempo depois.

- Tô prevendo tudo. A gente vai ficar num aperta e relaxa vestido... - A Nicola res-mungou, se sentando no banco de trás com a Nadine; Antes mesmo que eu pudesse abrir a porta, as duas já estavam lá.

Na manhã seguinte, eu estava saindo do banho quando ouvi o meu telefone tocar. Peguei o telefone sem olhar quem era e atendi:

- Fala.

- ? É o . Escuta... Tem algum plano para o almoço hoje?

Na realidade... Eu tinha. E era com a sua noiva. Estava falando com a de começarmos a olhar o vestido para ela.

- Por quê?

- Eu preciso conversar com você e pensei que, talvez, a hora do almoço fosse perfeita...

Por que eu tinha certeza de que estava ferrado?

- É... Pode ser. Também preciso conversar com você, principalmente a respeito daquelas fotos de paparazzi.

Respirou fundo e sabia que estava irritado. Apesar de termos começado a nos tolerar e até diria que o meu relacionamento com ele estava evoluindo para uma amizade... Ainda sim, ele era um adversário. Muito forte, principalmente porque, apesar da briga, eles não tinham cancelado o casamento e ainda estavam juntos. Era inegável que eram perfeitos um para o outro.

- Pode me encontrar no restaurante do Claridge’s à uma? - Perguntou e con-cordei. Se despediu de mim formalmente.

No horário combinado, cheguei ao restaurante do hotel, o mâitre me olhou de cima a baixo e perguntou:

- Posso ajudar... Senhor?

- Pode. está me esperando...

Não acreditou muito. Me pediu:

- Só um momento, por favor.

E entrou no restaurante. Depois de cinco minutos, voltou e disse:

- Queira me acompanhar, por gentileza.

Segurei a língua para não fazer qualquer comentário e o segui até a sala reservada em que o estava. Mexia no celular, distraído e, quando notou que eu estava me aproximou, pôs o aparelho sobre a mesa, mas com a tela virada para baixo. Nos cumprimentamos com um aperto de mão e, depois que nos sentamos, ele olhou o cardápio e disse:

- Eu vou querer esse salmão defumado, fatiado e estrelado de entrada, como prato principal, o risoto trufado de lagosta da Cornualha e depois eu me decido se vou querer a sobremesa. Ah! Para acompanhar, pode ser o Puligny-Montrachet.

O mâitre anotou o pedido e, mesmo a contragosto, me olhou. Avisei:

- Pode trazer essas cenouras com requeijão de cabra. E também esse assado de aipo. E se importa em dividir o vinho?- Perguntei para o , que negou com a cabeça. O mâitre saiu da sala e, para manter o clima leve, o conversou sobre assuntos mais amenos até que as entradas fossem trazidas. Continuou com a conversa até que os pratos principais fossem trazidos e aí sim, ele deu o bote:

- Como já deve imaginar, eu quis almoçar com você por causa da .

- Posso... Esclarecer uma coisa antes?

Concordou e garanti:

- Não tentei fazer nenhum avanço nesse tempo todo. Eu sei que ela está com você. Mesmo não aceitando, eu respeito a escolha que ela fez.

- Não sei por que não faria, uma vez que eu respeitei quando era você quem estava com ela...

O observei atentamente.

- Mas eu não te chamei aqui para te deixar se explicar sobre o relacionamento que você teve com ela. Foi por outro motivo, ainda relacionado à . Eu sei que ela te chamou para ser padrinho e não tinha como proibir, já que descobri depois que você aceitou o convite. E é justamente para não conseguir uma nova briga com ela que eu vou tolerar sua presença só até o casamento. Depois disso, é melhor que você volte para Los Angeles e acabe com toda essa palhaçada de trabalhar no Coyote.

Espera. Eu realmente estava ouvindo aquilo?

- Quer que eu me afaste da , assim, sem mais, nem menos? - Perguntei, só para ter certeza.

- Já fez isso com ela há dois anos... Qual é a diferença de fazer agora?

A minha vontade era a de dar um soco na cara do cretino.

- Se você realmente gosta dela, duvido que vá querer atrapalhar a sua felicidade, não? - Perguntou, sorrindo falsamente simpático.

- E quem garante mesmo que ela vai ser feliz com você? Quer dizer, você já quase fez com que ela perdesse o emprego mais de uma vez... Por mais que eu tivesse ciúmes quando estava casado com ela, nunca fiz algo parecido.

Travou o maxilar e disse:

- O que eu quero que você entenda é que eu posso fazer com que um juiz emita uma daquelas liminares que te impede de chegar perto dela. Não me obrigue a chegar numa medida tão extrema.

O xinguei mentalmente dos piores nomes imagináveis.

- Isso tudo é porque se sente ameaçado por mim?

- E por que eu me sentiria? - Perguntou, sorrindo. - Afinal de contas, a vai se casar comigo por livre e espontânea vontade.

- Não sei se você sabe, mas não a obriguei a fazer nada. Se ela se casou comigo, foi porque ela quis. Do mesmo jeito que ela podia muito bem ter procurado outro juiz para tentar o divórcio. Mas ela simplesmente decidiu não contestar a sentença. Você pode conhecê-la há mais tempo que eu, mas o que conheço da é mais que o suficiente para saber que não é uma mulher sem personalidade que vai abaixar a cabeça para seus mandos e des-mandos, ainda mais quando é contra a vontade dela. Não espere que eu vá fazer o mesmo frente às suas ameaças. Só vou me afastar da se ela mesma vier espontaneamente me pedir para fazê-lo. E vou saber se tiver alguma interferência sua. - Avisei.

- Como quiser. - Limitou-se a dizer. - Aproveite esse tempo que ainda te resta até o casamento.

- Ah, pode ter certeza que vou. - Ameacei e ele claramente imaginou que eu ia tentar agarrar a na primeira oportunidade que tivesse.

Depois de pagar minha parte da conta, estava dentro do táxi de volta para a casa quando liguei para todo mundo, exceto a própria . Assim que cheguei à casa da Nadine, contei tudo do almoço e as reações foram as mais diversas, mas todas eram de raiva.

- E então? Ainda vai simplesmente entregar a de bandeja para o ? - O quis saber.

- Claro que não! - Respondi, irritado.

- E o que vai querer fazer? - A Di perguntou.

- O óbvio, não é? Tudo que precisar fazer para impedir esse casamento... Eu vou fazer. - Respondi, decidido.

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