quarta-feira, 5 de agosto de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 19º capítulo - Interativa










19. 'Cause all I need is the love you breathe

Quando caio
Mostrando meus sentimentos
Tudo o que vejo simplesmente não faz sentido
Você é meu porto de escala

(Mika - Underwater)



Faltava menos de uma semana para o meu aniversário e as coisas pareciam começar a desandar. Não bastasse ter aquele idiota trabalhando na produção do nosso próximo CD, ainda por cima, eu comecei a discutir mais com a . Como ela não era exatamente do tipo que não se irritava com facilidade...

Estava fechado no estúdio em casa, em plena sexta-feira à noite e tentava me concentrar no que fazia, mas sem sucesso. Sabia que a estava na casa das meninas e, portanto, não ia estranhar se elas resolvessem sair e fosse dormir sozinho. Na pior das hipóteses, deixaria a Vivi dormir na minha cama. E falando na felina... Estava no estúdio comigo, deitada na mesa, piscando preguiçosamente e com aquele olhar ameaçador de sempre. Era como se dissesse: “Que feio! Você deixou minha dona sair sozinha e está aí, não dando a mínima para ela.”. Como sempre, meu celular deu o aviso de mensagem e, não para minha surpresa, era uma das SMS anônimas. A Vivi se levantou com o barulho e peguei o aparelho, já imaginando o que estava escrito.

Está sendo tão teimoso quanto ela. Experimenta chama-la de ao invés do nome todo.

Pus o celular de lado e tentei focar no trabalho, mas não estava conseguindo de jeito nenhum. Decidi, então, visitar o site do bar e acabei descobrindo uma área nova. Precisava de cadastro para ter acesso e, depois que preenchi todo o formulário, a página começou a carregar e, de repente, apareceu um vídeo da .

- Oi. Seja bem-vindo à área restrita do site. Aqui, você terá alguns privilégios como receber uma newsletter com as últimas notícias do bar, descontos especiais principalmente no dia do seu aniversário, acesso à uma galeria exclusiva de fotos e outra de vídeos, além de muitas outras coisas, como download de músicas que são tocadas no bar e algumas gravações especiais das Coyotes...

Óbvio que acessei às galerias de fotos e vídeos e ainda abri a página dos downloads das músicas. Um dos vídeos que pus para carregar era um clipe parecido com um da Victoria’s secret: As meninas (Além das outras garçonetes) seguravam a câmera e dublavam uma música. E quando não o faziam, ou cantavam mesmo (E dava para ouvir as vozes de cada uma) ou então, dançavam e faziam palhaçadas. Comecei a perceber porque sempre dava uma boa audiência. Não era só por causa das meninas, mas por causa do astral do lugar. Havia outro vídeo parecido, porém, só com a , a Nadine e a Nicola. Cantavam “Call me maybe” e era mais de brincadeira. Um detalhe diferente era que, ao contrário do primeiro vídeo, elas saíam do bar e andavam na rua. Fiquei imaginando a reação das pessoas que passavam por elas (Que apareciam sozinhas, em duplas e com o trio completo). Num dado momento em que a segurava a câmera, dava para ver que era num dos dias que o bar estava lotado e ela filmava tudo: Desde a animação de todo mundo que estava ali até as amigas. A Nadine, de provocação, fez língua. Houve outras cenas e, no último refrão, todo mundo que estava no bar cantou a música. No final, a câmera deu uma tremida e dava para ouvir a risada da .

Comecei a ler os comentários e não tinha um negativo. Quase todos elogiavam o serviço e as apresentações das meninas, que eram bem divertidas.

Fui até a galeria de fotos e encontrei os links parecidos com a parte aberta ao público, com fotos de cada uma das meninas. Claro que fui na galeria da e tinham outras fotos, muito mais sexies que as outras. Quer dizer, não tinham fotos dela sem roupa. Mas nem por isso deixavam de ser... Sensuais. Numa das fotos, estava com os cabelos molhados, com as mãos na cabeça e olhando para a câmera. Usava um sutiã preto e uma calça de látex na mesma cor. Reconheci as sandálias de salto que ela usava quase que diariamente. De curiosidade, olhei as fotos da Nadine e da Nicola e tinham uma de cada uma no mesmo estilo. A diferença era que as duas usavam maiôs, também pretos. A Nadine estava numa pose parecida com a da enquanto a Nicola estava sentada no que parecia ser uma barra de ferro.

Voltei às fotos da e, numa delas, estava virada de costas para a câmera, olhando por cima do ombro e com as mãos apoiadas numa parede. Percebi uma coisa que, acredite, ainda não tinha visto: Uma tatuagem de borboleta no final das costas. Sabia que ela tinha só uma de roseira no quadril (Inclusive, tinha uma rosa exatamente no mesmo lugar que eu tinha uma estrela) e olhe lá.

A foto seguinte era bem... Enfim. Apesar de tudo, ela estava usando um espartilho preto com detalhes vermelhos e estava sentada numa cadeira. Tinha um quê de Moulin Rouge e o contraste das cores acentuava sua pele.

- Então você descobriu a área restrita do site do bar... - A ouvi dizer, com a boca colada à minha orelha. Tomei aquele susto, mas não fiquei bravo com ela; Não conseguiria.

- É. Descobri. - Falei, respirando fundo e tentando me controlar. Se sentou no meu colo e passou os braços em torno do meu pescoço.

- O que achou das fotos?

- Então... Estão muito boas.

Riu e perguntou:

- Viu algum vídeo?

- O do Call me maybe.

- Tanto vídeo para você ver e vai justo nesse... - Resmungou e a olhei.

- Por quê?

- Sabe a tremida da câmera no final? - Assenti. - Então. Tropecei e quase caí. Sempre que acontece esse tipo de coisa comigo, o que acredite, é frequente, só consigo rir.

- Você é tão desastrada assim?

Concordou.

- Quase três meses aqui e até hoje você nunca me ouviu trombando nas maçanetas das portas?

Neguei.

- Depois fala que é atento!

Ri fraco e perguntei:

- Sabe qual é a minha foto preferida?

Olhou para o computador e mostrei a foto de cabelos molhados.

- E eu espero que você não tenha gostado dela por causa da calça.

- Não... Foi como um todo. E por quê? O que tem de errado com a calça?

- Justa demais. Foi um pesadelo para vestir e tirar e um alívio quando já não estava mais usando. Ah! Tem uma coisa que eu quero que você veja.

Se virou um pouco para mexer em alguma coisa no computador e, depois que carregou a página, vi que era a sessão de vídeos, mas não sabia qual era. Assim que deu para ver, pôs em exibição de tela cheia e deu para ver que o bar estava lotado, como sempre. As meninas estavam sobre o balcão e conversavam algo entre si. De repente, elas assentiram ao mesmo tempo e a perguntou:

- Por um acaso alguém aí conhece uma música que é mais ou menos assim... I'm headin' down the Atlanta highway... - Logo, as outras duas fizeram coro: - Lookin’ for the love getaway... Heading for the love getaway...

Todo mundo que estava ali no bar se animou, alguns gritaram, outros aplaudiram e a se virou para trás, assentindo. Perguntei:

- O que você estava fazendo?

- Só assiste. - Disse, sorrindo. Quase imediatamente, um cara subiu ali e a Nicola disse:

- Senhoras e senhores... Stephen!

- Esse é o dono do bar? - Perguntei e ela assentiu.

- Nessa hora, ele disse: “Odeio vocês três!”. Foi de brincadeira, claro.

Ele começou a cantar e comentei:

- Eu conheço essa música...

- Love Shack, do B-52’s. - Respondeu. As três dançavam e, para deixar tudo mais engraçado e animado, o dono do bar as imitava.

- Sente falta disso, não é?- Perguntei, com os braços em torno da sua cintura e a apertando de leve. Concordou e disse:

- Apesar de tudo, as duas estão aqui, então a saudade diminui um bocado.

- Vamos fazer o seguinte: A gente vai para a Alemanha no Natal e dá uma esticada em Londres.

- Sério?

Concordei.

- E por que não?

Deu de ombros e disse:

- E falando em realizar desejos... Vem comigo.

Deixei que segurasse minha mão e me levasse para fora do estúdio. Chegando à cozinha, fez com que eu me sentasse num dos bancos e pôs na minha frente um prato com o que parecia ser uma espécie de creme de chocolate. Era mais consistente que uma calda e era mais escura. Não parecia estar queimada e, de repente, a me deu uma colher. Perguntei:

- O que é isso?

- Vou te ensinar como é que se faz para comer. Pega a colher assim - Me mostrou. - Pega um pouco e então... - Enfiou a colher na boca. Experimentei fazer o mesmo e era delicioso.

- O que é isso? - Voltei a perguntar e ela respondeu:

- Um doce brasileiro chamado Brigadeiro. Gostou?

Concordei.

Depois que peguei mais um pouco, olhei para a colher e tive uma ideia. Sabia que ela ia ficar brava, mas era irresistível demais. Parecia prever o que eu ia fazer e, no meio do caminho, segurou meu pulso, num reflexo impressionante.

- É melhor você nem pensar em continuar. Não só porque vai apanhar se ousar passar essa colher cheia de brigadeiro em mim, mas porque sou capaz de comer o doce. Sabe disso. Vai querer arriscar? - Me olhava fixamente e perguntei:

- E se eu quiser?

- Tem certeza absoluta? Olha lá, ...

Sorri e achei melhor dar uma folga para ela.

- Mas não pensa que não vou querer... Brincar com algumas coisas tipo sorvete. Mesmo que você não goste.

- Contanto que eu não tenha que lamber o sorvete... - Disse, em tom de quem comenta sobre o tempo.

- Nem se estiver num lugar muito... Específico? - Perguntei, olhando malicioso para ela. Se inclinou na minha direção e, sorrindo lascivamente, disse:

- Prefiro sem nada.

Olhei fixamente para ela, que tinha voltado sua atenção para o doce.

- Eu estava pensando numa coisa. - Falou, depois de alguns instantes. - Já decidiu o que vai querer de presente de aniversário?

- Já.

Me olhou.

- Não se preocupa que não vou te pedir muito. Para falar a verdade... Não é algo tão impossível assim.

- Estou até com medo de perguntar o que é.

Ri e respondi:

- Quero que faça um strip para mim.

- E se eu cair na risada?

- Melhor ainda. Eu sinceramente prefiro quando você é espontânea do que quando tem que ficar forçando.

- E quando tenho que ficar forçando?

- Não me leve a mal, mas, acho um pouco forçado quando você tem que dançar em cima do balcão. Quer dizer, é... - Tentei encontrar as palavras certas. - É seu trabalho e, por mais que goste, ainda sim, é sua obrigação.

Assentiu lentamente, entendendo.

- Beleza. Vou te dar esse... Presente inusitado de aniversário.

- É sério? - Perguntei, não acreditando. Assentiu.

- Apesar do que eu disse... É seu aniversário e é covardia negar isso nessas circunstâncias.

- E o que vai querer no seu?

- Ainda está longe.

- Não, não está. Fevereiro não vai demorar a chegar, vai ver.

Me olhou, surpresa e perguntou:

- Descobriu através do site, não foi?

Concordei.

- Se te servir de consolo... Nunca ia imaginar que temos a mesma idade.

- E achava que eu tinha quantos anos? Dezoito?

- Por aí.

- Eu deveria encarar isso como um elogio?

Dei de ombros.

- Ah! Tenho uma condição para o strip.

A olhei.

- Eu faço a playlist.

- Estou até com medo agora.

Me deu um tapa leve no braço e ri.

Quando estávamos saindo do estúdio, no sábado de tarde, descobri que o e o estavam em Los Angeles. Estava indo até o estacionamento com a ao meu lado quando meu celular começou a tocar. Peguei o aparelho e atendi, assim que vi o nome do na tela:

- Fala. - Disse, um pouco mais animado que de costume.

- Você está sendo intimado a sair com a gente.

- Estou?- Perguntei, destrancando a porta do carro. Ela me olhou e tinha certeza que queria saber quem era e por isso, me diverti um pouco em deixa-la curiosa por mais alguns minutos.

- A gente ainda está decidindo. Onde você está?

- Saindo do estúdio.

Assim que entramos, ela mexeu em algo dentro da bolsa enquanto eu falava com ele. De repente, empurrou um papel na minha direção. Li:

Faça o obséquio de sair com eles.

Quem fala “obséquio” nos dias de hoje? Ergui o olhar e ela praticamente estava me fuzilando.

- Só... Um minuto, .

Afastei o telefone, tomando o cuidado de tampar o bocal e perguntei:

- E se eu não sair?

- Ah, você vai. Nem que eu tenha de te expulsar à vassouradas! Só o que me faltava você ficar em casa em pleno sábado à noite.

- E você? Vai fazer o quê?

- Ah, vou com as meninas à um clube de mulheres, nada demais. - Disse, tentando parecer o mais natural possível. Dei aquela olhada feia na sua direção e de repente, fez algo inacreditável: Tomou o celular da minha mão e falou com o , inclusive, combinando o horário em que ele viria me buscar. Assim que desligou, perguntei:

- Com que direito você toma uma decisão dessas por mim?

- Com o direito de esposa. Anda, liga o carro e vamos. Ah! Só te peço uma coisa. Vê se não volta para a casa bêbado, por favor. A Lola esgotou minha cota de cuidadora de bêbados. E já que você provavelmente não vai sossegar até descobrir... Provavelmente vamos fazer uma sessão de filmes melosos, nada demais. Elas podem dormir lá em casa?

Concordei.

No horário combinado, o chegou e a foi comigo até a porta. Reforçou a recomendação sobre uma possível bebedeira e falei:

- Eu vou... Tentar chegar cedo.

- Quer fazer o favor de não se preocupar comigo? Estou bem. Se eu precisar, te ligo. E eu sei os números de emergência, tá?

- É, mas os números são diferentes da Inglaterra.

- Assim que você sair, eu olho no Google, tá?

Sorri e falei:

- Cuidado, tá?

- Ai meu santo! Quem tem que fazer recomendação aqui sou eu! E anda logo! - Disse, me empurrando de leve. Fui andando e rindo até o carro e, assim que entrei, obviamente as provocações começaram a partir do meio do caminho:

- Eu juro que queria ver a te expulsando de casa à vassouradas. - O comentou, rindo.

- Ela não ia ter coragem. - Falei, tentando desdenhar.

- Ela praticamente te obrigou a vir com a gente. - O falou. - Que mulher no mundo inteiro faria uma coisa dessas?


Acabamos indo para um bar, quase no centro mesmo, e, enquanto meu melhor amigo e o foram buscar as bebidas, o perguntou:

- Sabe o que eu acho?

Fiz um aceno com a cabeça e ele continuou:

- Que você não vai resistir e vai atrás dela depois que tudo isso acabar.

- E por que você acha isso?

- Te conheço. - Respondeu. - E se te servir de consolo... Gostei dela desde o primeiro instante, sabe disso.

Sorri sem mostrar os dentes.

Quando cheguei em casa, já era mais de duas da manhã. Fui até o home cinema e estava tudo apagado. Passei pelo quarto da e as três estavam ali, dormindo em colchonetes e a Vivi estava encostada na bunda da minha mulher. Só levantou a cabecinha para ver o que tinha acontecido e, logo depois, voltou à posição original. Fechei a porta com cuidado e fui para o quarto. Assim que deitei na cama, fiquei pensando em tudo aquilo que os caras disseram. O parecia aceitar melhor a , ao contrário do e do , que já tinham simpatizado com ela instantaneamente.

Na manhã seguinte, quando desci para tomar café, ela já estava acordada e sentada ao balcão, brincando com um daqueles saquinhos de chá, o mergulhando na xícara. Me aproximei, evitando fazer barulho e, quando menos esperou, beijei sua nuca.

- Pelo amor de Deus, não faz isso! - Protestou e ri.

- Por que não?

- Não gosto de sustos. - Respondeu, se virando de frente para mim. - E você está lembrado que tem mais duas mulheres sob este teto, não é? Ah! E um lembrete: Apesar de não parecer, sou ciumenta. Muito.

Dei um meio sorriso.

- Achei que você não se importasse se as suas amigas me vissem sem camisa...

Ergueu a sobrancelha e disse:

- Embora uma delas tenha namorado e a outra esteja de rolo com o ... Ainda sim, são duas mulheres com um par de olhos cada uma. E eu sei muito bem o tipo de comentários que surgem quando têm a chamada visão do paraíso.

- Olhar não tira pedaço. - Falei, mais para provoca-la. Tomou o chá todo de uma vez.

- Já que é assim, acho que você não vai se importar se eu começar a andar na frente do e dos seus amigos usando um short daqueles que mais parecem calcinhas de tão curtos, não é? - Perguntou, indo até a pia e lavando a xícara.

- É diferente.

- Não é. E não vem falar que é porque você é homem que não vai colar.

Suspirei e ela tombou a cabeça um pouco para o lado, dando um sorrisinho tímido. Aquilo foi demais para mim. No instante seguinte, já estava roubando um beijo daqueles. Depois de alguns minutos, fui sentindo a ficar cada vez mais mole e corresponder ao beijo. Começou a entrelaçar seus dedos no meu cabelo e o puxou de leve. A puxei para mais perto e segurei firme em seu quadril, conseguindo um gemido dela como resposta. Baixei a mão até sua perna e a ergui. Tomou um impulso e, assim como fez com a outra, a enroscou no meu quadril e a pus sentada sobre a bancada. Ergui uma das mãos até seu rosto e estava sendo totalmente guiado pelos meus instintos. E percebi que a atração por ela era algo... Inevitável. Sentia como se fosse um imã, atraído por ela por uma força enorme e inexplicável. Comecei a perder o controle quando a senti arranhando minha barriga de leve, tendo como ponto de partida o meu umbigo. Não resistindo, apertei sua coxa e suguei seu lábio inferior e senti que moveu o quadril contra o meu. Mais uma vez, odiei o fato de ter nossas roupas atrapalhando.

Deixei sua boca para partir em direção ao pescoço, percebendo sua pele se arrepiar ao sentir minha barba a arranhando. Não resistindo, mordi o lóbulo da sua orelha e sufocou um gemido. Foi então que pareceu se dar conta do que estava acontecendo e me empurrou. Mesmo um pouco afastado, fiquei a observando e percebendo que estava tão ofegante quanto eu. Suas bochechas estavam rosadas e a boca ainda mais irresistível, inchada e vermelha.

- O que foi? - Perguntei e ela parecia alarmada.

- Ouvi um barulho. Acho que elas acordaram.

- E daí?

Suspirou e conseguiu me afastar, descendo da bancada em seguida. Me deixou sozinho por alguns instantes e, em seguida, voltou. Perguntei:

- Qual é o problema de elas te virem comigo?

- Gosto de manter a discrição, mesmo com elas. Sem falar que detesto ficar parando no meio do caminho por preocupação em ser pega no flagra.

Olhei para ela e quase imediatamente, a Nicola apareceu. A logo deu um jeito de disfarçar o que tinha acontecido, indo fazer o café da manhã.

No dia seguinte, quando estava no estúdio, a saiu por um instante e eu aproveitei para trabalhar numa música que estava escrevendo. Isto é, até o telefone tocar. Peguei o aparelho e a Claire disse:

- , sua mãe na linha três.

- Pode transferir.

Depois de alguns poucos instantes, ouvi a sua voz:

- ?

- Oi. Aconteceu alguma coisa?

- Se esqueceu que seu aniversário e do está chegando?

- Não.

- Então. Estou te ligando para avisar que depois de amanhã vou com o para aí.

Resmunguei um “uhum” e ela percebeu que tinha alguma coisa acontecendo.

- O que houve? Brigou com a ?

- Não. Pelo contrário.

- E isso não é bom? Quer dizer, eu sei que vocês estão juntos por imposição de um juiz, mas...

- É bom. Só que é complicado. Não sei explicar direito e por telefone é mais difícil ainda.

Concordou e nos falamos por mais alguns minutos, sendo que ela me passou a hora do voo. Quando a voltou, veio acompanhada do e os dois riam a respeito de alguma coisa.

- A mamãe vai vir depois de amanhã com o . - Falei.

- Ah é? Já falou que horas eles chegam?

Mostrei o papel e ele disse:

- Se quiser, posso hospedá-los sem nenhum problema.

- Por que não fazem o seguinte: Você fica com eles lá em casa. - A sugeriu e ele hesitou. - Estou falando sério. Não vão incomodar, nem nada do gênero. Muito pelo contrário. Tem horas que acho a casa grande demais para duas pessoas e uma gata.

Tivemos que rir e ele acabou concordando. Quando ela se distraiu, o provoquei:

- Sem falar que vai ficar mais perto da Nadine...

Me deu uma olhada feia e ri.

Na hora do almoço, ele continuou no estúdio e a foi buscar comida para nós três. Quando fizemos uma pausa para comer, o seu celular começou a tocar e ela leu a mensagem que tinha recebido, dando um sorriso em seguida.

- Notícia boa? - Perguntei.

- A carência da Nicola vai acabar. Acabou de me avisar que o Charlie vem na sexta-feira. - Disse.

- Tem muito tempo que eles estão juntos? - O quis saber e a respondeu:

- Eu estava falando nisso com ela outro dia. Tem quase dez anos.

- E eles não pensam em se casar? - Perguntei e ela deu de ombros.

- A Nicola até sonha, mas acho que eles estavam esperando se estabilizarem um pouco para pensar nisso.

- Sabe no que ele trabalha? - Meu irmão perguntou.

- Na LSE. Fui lá com a Nicola um dia e sério... É mais estressante que o bar lotado.

Rimos e o disse:

- Engraçado como um é tão diferente do outro. Ele trabalha na bolsa de Londres e ela é garçonete.

- Então. De nós três, a única que tem um único emprego é a Nadine. A Lola era que nem eu: De manhã, fazia uma coisa mais... Normal e à noite que ia trabalhar no bar. No caso dela, era em um ateliê de moda. Perto da loja da Vivienne Westwood, inclusive. - Falou, me olhando.

Continuamos conversando sobre a Nicola e o acabou ficando o resto do dia ali com a gente, inclusive, ajudando num dos trabalhos.

Na hora em que íamos embora e estávamos só esperando a voltar do banheiro, perguntei para ele:

- Ainda está saindo com a Nadine?

Concordou.

- Ela é diferente. Do mesmo jeito que a não é como as outras meninas com quem você já namorou.

- É, mas a gente se estranha muito.

- Mesmo assim... Dá para ver o que está acontecendo entre vocês.

Olhei para ele.

- A hora que vocês quiserem ir... - A falou, aparecendo ali no corredor em que estávamos.

Quando chegamos em casa, ela foi direto para o quarto, sem falar nada, e estranhei. Assim que fui para o meu, fui entrar no closet quando notei uma coisa preta de renda pendurada na maçaneta. Peguei e vi que era um sutiã.

- ! - Chamei, saindo do quarto e indo até o seu. Quando abri a porta, estava com o mesmo robe preto e curto de Nova Iorque e tinha um meio sorriso nos lábios. Disse:

- Ah, lembrei de onde deixei o sutiã... Pena que não vou precisar dele...

- Acho que... Vou ter de te ensinar a ser mais organizada com as suas coisas...

Seu sorriso se alargou e disse, brincando com uma das pontas do cinto do robe:

- Acho que fiz bem em ter comprado esse robe assim que cheguei em Los Angeles... Parecia que estava adivinhando que esse cinto seria de uma enorme utilidade...

Nem é preciso dizer o que aconteceu logo depois...

Quando acordei na manhã seguinte, ela ainda dormia. Com o máximo de cuidado para não acordá-la, me levantei e fui ao banheiro. Enquanto estava ali, fiquei me lembrando de várias coisas da noite passada e, inclusive, quando ela pegou no sono e eu não conseguia simplesmente dormir e fiquei a observando. Era engraçado o modo como seu corpo se encaixava perfeitamente ao meu. Aos poucos ia aprendendo quais eram seus pontos mais sensíveis, os que ela não gostava que fossem tocados... Era irresistível manter minhas mãos longe da sua cintura. Tinha uma curva perfeitamente definida e a pele era macia. Aliás... A pele da era uma das coisas que mais gostava. E estava simplesmente viciado no seu cheiro. Era diferente e delicioso. Tanto que aproveitava cada oportunidade que tinha, principalmente quando beijava seu pescoço.

Depois que terminei de fazer xixi, lavei as mãos e voltei para o quarto. Ela havia se mexido e estava virada de bruços. O lençol havia sido afastado e descobria suas costas. Não resistindo, voltei para a cama e comecei a beijar sua nuca. Continuei pelos ombros, indo para as costas. Quando estava exatamente no meio da sua coluna, se mexeu, fazendo um barulho que me lembrou de um gato. Em seguida, disse:

- Desse jeito não vou ter a menor vontade de levantar, ...

- Por mim tudo bem se a gente ficar na cama o dia inteiro.

Riu fraco e se virou, ficando deitada de costas. Fiquei por cima dela e, intercalando as palavras com selinhos, falei:

- Vamos ficar aqui hoje...

- E quanto ao estúdio?

- Que se dane o estúdio, os executivos engravatados e a gravadora...

- Wow... Que rebeldia é essa?

- Não é rebeldia. É vontade de ficar aqui. Desejo de fazer amor com você o dia inteiro.

Acariciou meu rosto e roubou um beijo mais longo. Quando eu estava começando a me empolgar, ela interrompeu, finalizando com alguns selinhos antes de parar totalmente e disse:

- Eu também gostaria de fazer isso, mas não tem como. Além do trabalho, ainda temos que arrumar tudo para quando sua mãe, seu padrasto e o vierem. Sem falar que eu quero fazer algumas coisas para recebê-los.

- , não precisa...

- Ah! Faço questão. E querer receber bem as pessoas não é só coisa de DNA, mas de cultura. No estado em que eu nasci é assim: Todo mundo que chega na casa de alguém é recebido como nobreza, justamente para a pessoa se sentir confortável.

- Vai adiantar se eu tentar te dissuadir?

Negou. Suspirei, me dando por vencido e acabei concordando em irmos para o estúdio e me preparar para o que ela ia querer fazer para receber a minha mãe e meu padrasto.

Assim, depois do trabalho, passamos em um supermercado e a já ia pensando em tudo o que ia fazer. E eu, só seguindo e guiando o carrinho pelos corredores.

Quando chegamos em casa e guardamos tudo, perguntei:

- Você não acha que exagerou um pouco?

- Aí que está. Sempre cozinhei para, no máximo, três pessoas. - Respondeu. - E na pior das hipóteses... A gente chama a Nadine para almoçar aqui. Acaba com tudo assim. -Estalou os dedos.

Depois que terminamos, ela ia subindo as escadas quando a chamei. Se virou e pedi:

- Posso só... Te dar uma sugestão de música para incluir na playlist?

Assentiu.

- Eu vi o vídeo que você dança “Pour some sugar on me”.

Deu um meio sorriso e disse:

- A sua sugestão era dispensável. A música ia entrar na lista de qualquer jeito...

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