quarta-feira, 20 de abril de 2016

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 16º capítulo


16. Cause we're about to throw down and you'll know just what to do

Balance suas mãos no ar
Como se não ligasse
Passe pelas pessoas
Assim que elas começarem a olhar e encarar

(Little Mix - Word up)

Luiza

Fevereiro voou e, quando dei por mim, já estávamos em Março e o Bill era meu vizinho de novo há pelo menos quinze dias. Como sempre, tínhamos ajudado com tudo e até a Simone veio. A Sophia, de longe, foi quem mais se divertiu com a bagunça.

Durante todo aquele tempo, o Bill e eu nos aproximamos mais e simplesmente tinha começado a ignorar quando aparecia algum paparazzo tirando fotos nossas. Mas tinha a satisfação de frustrá-los, porque sempre fazíamos coisas normais, tipo ir ao supermercado e até mesmo ir à Chinatown e comer em pé numa banca que sempre gostei e que, de quebra, tinha pratos vegetarianos. Um dos fotógrafos até veio reclamar que éramos monótonos demais. Na ocasião, respondi:

- A única coisa mais excitante que fazemos é o trabalho no bar. E mesmo assim, o Bill só serve as bebidas.

Deu até dó. Mas era a mais completa verdade. O Alex, claro, sabia do que estava acontecendo e até notei uma pontada de ciúmes quando nos falávamos. Ele, de novo, estava viajando e eu sentia uma falta enorme dele. Quer dizer, até o Bill aparecer.

Sabia que ele estava, graças à muita insistência da minha parte, tentando sair com a Seren; Não conseguia entender toda essa resistência dele. Cheguei ao ponto de pedir para a Di tentar descobrir o que era toda essa birra que ele tinha.

Numa tarde de domingo, quando o Alex finalmente estava em casa e estávamos mofando no sofá, ele começou, pensativo:

- Enquanto eu estava em Melbourne, fiquei pensando sobre uma coisa.

Olhei para ele.

- Eu não queria um daqueles noivados longos demais, que a gente nunca resolve quando vai casar e, pior: O pessoal começa a morrer, como naquele filme.

- Alexander! - Chamei sua atenção e batendo na sua coxa. Ele riu e, assumindo uma postura séria, continuou:

- Tá, mas o que eu queria dizer era que eu posso não ser tão paciente assim.

- Eu já te aviso de antemão que não quero um casamento suntuoso. Quero uma coisa bem menor, convidar as famílias e os amigos mais próximos.

- Eu sinceramente não te entendo. Se posso pagar por uma festa daquelas...

- Aí que está. É melhor não gastar uma fortuna numa coisa tão... Quer dizer, eu acho que festa de casamento é legal, mas, prefiro fazer uma coisa mais discreta. Mesmo porque, se for um festão, vai atrair atenção indesejada da imprensa. E um casamento não é uma coisa banal. Não quero que seja estragado por um bando de repórteres e fotógrafos que atrapalhem.

Me observou em silêncio e em seguida, me beijou. Quando nos separamos, ele perguntou:

- O que eu queria dizer era que quero marcar logo a data. Não precisa se preocupar com tempo e nem dinheiro. Se for preciso, eu pago tudo.

Suspirei e ele continuou insistindo. Perdi a paciência um pouco, mas não chegamos à uma discussão de fato.

No dia seguinte, em plena segunda-feira, eu estava na Starbucks mais perto de casa, esperando uma certa pessoa chegar e lia um livro enquanto tomava um café e, vez ou outra, dava umas mordiscadas no meu muffin de mirtilo. Estava tão entretida que nem notei que ele tinha chegado e ainda estava sentado na minha frente, também tomando o café. Tomei um susto daqueles e ele riu. Perguntou:

- Que livro é esse?

Mostrei a capa e ele ergueu a sobrancelha.

- Leitura leve para essa hora da manhã... - O Bill comentou. - E por que eu não estou nem um pouco surpreso que você esteja lendo um livro sobre o Jack?

- Porque você sabe que eu adoro essas histórias escabrosas aparentemente insolúveis. Nem é sobre os crimes por si só, ainda mais que... Bom, a última morte, da Mary Jane Kelly foi a pior de todas, mas é justamente pelo fato de até hoje ninguém tem a menor ideia de quem era. Eu acho que pegaram o cara, mas como era alguém ligado à coroa e, se essa ligação perigosíssima viesse a público... Acho que um dos poucos impérios mais poderosos do mundo ia ruir em cinco segundos.

- E te conhecendo, você não acha que essa pessoa com ligação perigosíssima à coroa, não era alguém muito óbvio. Tipo o príncipe.

- Eu acho que, se fosse ele, a rainha teria dado uma sova daquelas nele. - Respondi e rimos. - Era a rainha Vitória, mas ainda sim, era mãe e tinha todo o direito de dar uns bons tapas no príncipe. À parte toda a história do crime.

- Imagina?- Ele começou a imitar a rainha dando uma bronca no príncipe e ri.

- Ela é uma das figuras Históricas que eu queria ter conhecido. Para alguém que dizia odiar engravidar, mas teve... Quase dez filhos, senão me engano...

- Isso tudo? Imagina se ela gostasse!

Rimos e continuamos a comer e conversar. Depois que pagamos pelos cafés e as comidas, quis dar uma volta pelo Regent’s Park. Quando nos sentamos num dos bancos perto do anfiteatro, comentei:

- Eu tenho uma coisa para te dizer.

- Você está grávida? - Perguntou, se virando tão rápido que até me assustei que não ficou tonto.

- Quê? Não! Só o que me faltava!

- Impossível não é. Ainda mais que a gente sabe muito bem que camisinha pode estourar.

Dei um estalo com a língua e falei:

- Te garanto que eu não estou grávida. Mas é algo relacionado ao casamento de uma maneira ou outra.

- Ok. E o que é?

- Marquei a data com o Alex.

- E para quando vai ser?

- Agosto.

- Já? - Assenti. - Mas tem um dia decidido?

- A gente tinha falado no dia 21. Ele queria agora em Junho ou Julho.

Me avaliou em silêncio.

- E você está tão animada assim? - Finalmente perguntou depois de um tempinho.

- Honestamente? Não. - Respondi, rindo. - Provavelmente porque eu sei do trabalho que vou ter com toda a organização, as provas do vestido... Só de pensar nisso tudo dá uma preguiça...

- Bom, você tem a minha ajuda. Com certeza, a das meninas também.

- É. Até a Claire se dispôs... Aliás... Eu estou achando que ela é a próxima noiva.

- Eu aposto com você que é a Nadine.

- Vinte libras?

- Eu aposto trinta.

- Fechado. - Falei, estendendo a mão.

- Começa a separar as minhas vinte libras.

Levantei a sobrancelha e ele riu.

Algum tempo depois, quando estávamos andando perto de casa, contei um pouco das ideias que tive e ele ouvia tudo atentamente.

No final da tarde, quando ele estava me ajudando a organizar algumas coisas, me perguntou:

- Te conhecendo bem, eu sei que quando você fica quieta desse jeito, é porque está pensando em alguma coisa. Dá até para ouvir as, como você diz, engrenagens do seu cérebro funcionando. O que é?

Respirei fundo e o olhei:

- Posso te fazer um pedido? É meio... Difícil e eu entendo se você não quiser.

- O que foi?

- Antes de mais nada, eu quero deixar uma coisa bem clara. Se estou te fazendo um convite desses, é porque quero que seja você.

- Fala logo, Luiza.

- Aceita ser meu padrinho de casamento? Eu sei que é um pedido absurdo, mas...

- Tudo bem. - Olhei para ele, não conseguindo acreditar no que ouvia. - Eu aceito.

- Mesmo?

Concordou e pulei em cima dele. Só que eu, como sempre, tinha que fazer besteira. Por acidente, acabei encostando em... Certa parte do corpo dele, se é que me entende. Nunca quis tanto que um buraco se abrisse debaixo de mim como naquele instante.

- Desculpa. - Pedi, provavelmente tão corada quanto o par vermelho de Louboutins que tinha comprado na sexta-feira.

- Está tudo bem, confie em mim. - Falou, tentando me tranquilizar. - Izzy, é sério. Está tudo bem.

Ergui o olhar para ele e perguntou:

- O que foi?

- Nada. - Respondi, não conseguindo evitar um sorriso que começava a aparecer nos meus lábios.

- Fala. Senão eu vou te obrigar.

- Posso saber como?

- Cócegas.

Logo, dei um jeito de desconversar:

- Eu não deveria ter me empolgado tanto.

- Deveria. É uma coisa que você quer...

Dando um sorriso tímido, perguntei:

- Vai ter paciência para aguentar tudo o que envolve um casamento? Provas de roupa, das comidas que vão ser servidas no casamento, me ajudar a escolher um lugar legal para a cerimônia...?

- Tem certeza que não quer que o Alex faça isso?

- Ele não vai poder, por causa do trabalho e o Alex, sem paciência, é um porre pior que eu. - Ri e ele me acompanhou.

- Será que ele não vai achar ruim?

- Azar o dele se achar. Não mandei deixar tudo sob meus cuidados... Além do mais, se for pedir ajuda integral das meninas, elas vão dar sugestões que ele pode não gostar. Por isso também que acho que vai ser bom ter um... Olhar masculino para me ajudar. Senão sei que ele vai chiar porque a decoração vai ser rosa demais.

- Bom, dá para você economizar no noivinho. Só colocar um Ken em cima do bolo e pronto.

Tive que rir e admiti:

- Pior é que eu tenho um que parece com ele.

- Aí!

Bati de leve no seu ombro e falei:

- Não vou usar um Ken e uma Barbie em cima do bolo. Só o que faltava!

- Vai fazer o que então? Aqueles noivinhos tradicionais ou aqueles personalizados, com cada um fazendo uma coisa típica?

Dei de ombros.

- Se fizer os personalizados, não é tão difícil de fazer a sua.

Olhei para ele, franzindo as sobrancelhas.

- A Vivi do lado, com você segurando uma tigela e batendo uma massa no colo enquanto canta e mexe no computador. Ah! Ia ter uma pilha de livros de História do lado. OU de mitologia, de várias partes do mundo. Um ia ser só de mitologia hindu.

Dei um meio sorriso e já imaginei o do Alex: Maleta de couro preta numa das mãos, computador na outra e um copo da Starbucks apoiado perto do teclado. Promissor... Agora se fosse fazer um do Bill... Para começo de conversa, não ia ser discreto. Ia estar com um microfone nas mãos, fazendo alguma pose típica dele e rodeado de cachorros.

- Estou imaginando aqui é o tamanho da lista. - Disfarcei. - Muita coisa para fazer em tão pouco tempo.

- E por que você marcou para daqui a cinco meses?

- Porque tenho dedo podre para homem insistente! - Reclamei e ele disfarçou um sorriso. - Agora falando sério. O Alex ficou me torrando a paciência ontem e por muito pouco mesmo quem dorme no sofá sou eu.

Me arrependi de ter dito aquilo assim que vi o olhar do Bill. Francamente, não sei como ele não fez nenhum comentário a respeito. Melhor assim.

No sábado, quando estávamos no bar, estava tocando uma música que, mesmo eu não sendo tão fã assim da banda, não consegui ficar parada. As meninas, lógico, começaram a brincar e, quando dei por mim, estávamos em cima do balcão improvisando uma dança e nos divertindo horrores. De onde estava, pude ver a Seren morrendo de rir das nossas palhaçadas e eu estava só com uma pontinha de raiva de ela não ter animado a se juntar à nós.

Quando já estava quase amanhecendo e, como a Di tinha brigado com o Tom, então foi para a casa comigo. Do mesmo jeito que fazíamos logo que inventamos de morar todas juntas, estávamos as duas deitadas sobre edredons estendidos no chão da sala, observando as sombras que as luzes faziam no teto.

- O maior arrependimento que eu tenho não é de ter ido para a cama com ele nesse dia. - Falei, quando ela sugeriu aquilo.

- E qual é? - Quis saber.

- Capaz de eu te contar, Coyle! - Resmunguei, cutucando sua cintura.

- Chata! - Retrucou. - Mas eu aposto que é igual ao meu.

Olhei para ela, que falou:

- Não ter dado uma chance para o Tom antes.

- E por que você não se resolveu com ele hoje mesmo? À uma hora dessas, vocês dois podiam muito bem estar dormindo de conchinha.

- É justamente esse o problema. O tempo inteiro a gente fica um olhando para a cara do outro. Aí acaba que a gente briga por qualquer coisa. Outro dia mesmo foi por causa de queijo.

- Vocês brigaram por conta de queijo? Ah, não! Pelo amor! Vou ter uma conversa séria com vocês dois quando menos esperarem. Tudo bem que queijo é uma coisa de extrema importância para mim, mas pera lá.

Riu e, subitamente assumindo uma postura séria, me garantiu:

- Olha, eu quero que você saiba que para o que precisar na organização do casamento... Pode contar comigo. Com a Lola um pouco menos por causa da Sophia, mas ainda sim...

Agradeci e, como era de se esperar, acabamos dormindo.

Quando acordamos, já era depois de três da tarde, mas mesmo assim, fomos à Starbucks tomar um café e comer alguma coisa. Foi quando a Nadine soltou a bomba:

- Eu descobri o motivo de o Bill estar fugindo da Seren.

- Ah é? E qual foi?

- Ele ficou... Insatisfeito com a falta de habilidade dela, se é que me entende.

Franzi as sobrancelhas.

- Eu sabia que ele tinha ido rápido demais com ela, mas não sabia que era tanto!

- Pois é. Eu acabei ouvindo o comentário por acidente. Vai tentar falar com ela?

- Não. Os dois que se entendam e ela que aprenda a fazer as coisas direito! Eu não tenho mais nada que a ver com o Bill.

Me olhou inquisitiva e falei:

- Mas se eu pegar a Seren lendo aquelas porcarias de revistas tipo Cosmo, juro que faço pior que o Jigsaw com a bendita!

Ela riu e disse:

- Sabe o que eu li outro dia? Estava na sala de espera do dentista, tinha uma e não resisti.

Me contou e fiquei surpresa. E ela, rindo da minha cara.

- Se eu fizesse uma coisa dessas no Alex, juro que ele me internava num manicômio! Sério, imagina a bagunça com o sorvete depois?

Ela quase chorava de tanto que ria.

- Pior é o seguinte: Como não vai ter luz nenhuma, vai que a criatura abençoada enfia sorvete no nariz do namorado? Credo! - Comentei e a Di engasgou. A ajudei imediatamente, ignorando um olhar atravessado que um casal de meia idade lançava na nossa direção.

Quando ela finalmente se acalmou, decidimos passar o dia inteiro juntas, sem fazer alguma coisa específica. Fomos até uma rua lotada de lojas variadas e, quando passamos em frente a um estúdio de tatuagem, a Di comentou:

- Sabia que eu não tenho coragem?

- Piercing ou tatuagem?

- Piercing você sabe que eu já tive. Mas só de imaginar aquela agulhinha fazendo aquele barulho e doendo horrores...

- Depende do lugar, né, Di? Não vai fazer no pé, por exemplo, que eu sei que dói para caramba.

- Tá, mas mesmo assim. Eu não tenho coragem.

- E se fosse para tatuar alguma coisa tipo... O nome ou até mesmo a impressão plantar de um futuro bebezinho seu?

- Ah, não sei. Pode ser que até lá eu mude de ideia. Mas por enquanto...

Ri enquanto recomeçávamos a andar.

Bem mais tarde, quando chegamos na nossa rua, ela foi para a casa, prometendo que iria conversar com o Tom e tentar se resolver com ele. E eu, como vi as luzes da casa do lado acesas... Mandei uma mensagem e quase imediatamente, abriu a porta. Sorri e perguntou:

- Sabia que eu estava adivinhando que você ia vir para cá?

- Por quê?

- Fui ao mercado hoje de tarde e encontrei uma coisa que eu acho que você vai gostar...

- O quê?

Sorriu, misterioso. Parei no meio do caminho.

- Eu não vou mover um único milímetro até você me contar.

- Não se mexe que eu não te dou o que comprei.

Grunhi e pude ouvir sua risada enquanto eu andava até ele.

Depois de fazer todo um clima besta de mistério, me fez entrar na cozinha e sentar à bancada.

- Fecha os olhos, por favor. - Pediu e obedeci. Esperei enquanto ele mexia em várias coisas e, de repente, me pediu para estender a mão. De novo, fiz o que me pediu e senti que pôs algo ali. - Pode comer.

Mesmo estranhando, tateei para ver o que era e reconheci a forma de ampulheta. E o cheiro. Sem demora, enfiei o biscoito de polvilho na boca e falei, depois de comer:

- Quanto tempo tem que eu não como isso, meu Deus...

- Lembrei de você comentar outro dia e a hora que vi, simplesmente não pude deixar de comprar. Experimentei um e... Como você gosta disso?

Ri e respondi:

- Do mesmo jeito que você gosta de cerveja. Isso aqui é uma das coisas tradicionais do estado em que eu nasci. A propósito... Obrigada.

- Disponha. Mas sem abuso, tá?

Fiz língua para ele, que retrucou de imediato:

- Olha que eu te digo o que fazer com essa língua, Luiza...

Ri e continuei comendo o biscoito de polvilho.

- Eu sei que você saiu com a Nadine... - Ele comentou.

- Pois é. Acho que essa foi a primeira vez desde que nos conhecemos que saímos só nós duas. Sempre foi com a Lola também...

- Vocês não são trigêmeas siamesas, caso tenha se esquecido.

Dei uma olhada feia para ele, que ameaçou tomar os biscoitos, mas fui mais rápida.

- É justamente isso o que eu estava pensando. A gente sempre andou juntas e agora que a Lola casou e tem uma filha é... Estranho.

- Com ciúmes do Charlie e da Sophia?

- Claro que não! Nem posso pensar em querer ficar no mesmo... Patamar que eles.

- Mas...?

Respirei fundo.

- Logo que você e o Tom se mudaram para Los Angeles. Não foi estranho ficar sem o Georg e o Gustav por perto? É um sentimento... Parecido. Me acostumei a ser nós três praticamente o tempo inteiro e agora que somos só a Di e eu... É estranho. Falta alguma coisa. E o pior é justamente saber que é a Nicola quem está faltando. Não é ciúmes. É estranheza natural.

- Ainda mais para você, filha única e sempre foi de poucos amigos...

- Quase nenhum, mas enfim... - Respondi, pensativa. - Mas por que você começou a falar da minha saída com a Di?

- Ela vai ser madrinha?

- Com certeza. Ainda não convidei, mas foi por falta de oportunidade. Ela fica dependurada no pescoço do Tom o tempo inteiro... Daí, como é que vou conseguir?

- Eu acho que ela fica pendurada é em outra parte do corpo dele...

Suspirei e ele riu.

- Por que eu ainda fico surpresa com esses seus comentários? - Perguntei e ele gargalhou.

- Porque você é uma falsa puritana. É por isso.

Olhei para ele.

- Eu sou falsa puritana?

- É. Fica sempre se fingindo de surpresa quando o assunto é sexo. Aí, entre quatro paredes... Aliás... Nem precisa ser no quarto. No bar mesmo.

- Como assim?

- Desde a primeira vez que eu fui no bar que escuto alguns... Comentários que aposto que o Alex ia reagir da pior maneira.

- Que comentários? E você não é de ficar de rodeios, então vai direto ao ponto.

- Uma vez, um cara falou que, se ele tivesse chance... - Hesitou. Franzi as sobrancelhas e perguntei:
- O que ele faria?

- As palavras exatas que ele usou foram bem vulgares. Mas... Basicamente, ele falou que ia te deixar descadeirada se tivesse a chance.

- Até imagino a figura.

- Parecido com o Alex. Não só fisicamente, mas parecia ser do mesmo... Nível dele.

Ergui uma sobrancelha, surpresa.

- Wow... - Respondi. - Se bem que eu já devia estar acostumada, já que até hoje não topei com nenhum europeu que não fosse tarado. - Olhei significativamente para ele.

- Eu sou um santo!

- Ô! Santo do pau oco! - Retruquei e ele tomou o pacote de biscoitos. - Kaulitz, corre. Não vai ser salto alto que vai me impedir.

Ele nem se moveu, me desafiando. Me levantei do banco e comecei a andar na direção dele. Quando estava muito perto mesmo, foi que ele finalmente começou a correr. No meio do caminho, porém, eu tive uma ideia e fingi que torci o pé e desabei no chão com tudo. Claro que ele caiu (Ainda mais que eu consegui chorar) e veio correndo para me acudir. Esperei até estar perto o suficiente para tomar o pacote de biscoitos, levantar e sair correndo.

- Você me paga, Luiza! - O ouvi reclamando enquanto corria atrás de mim. Quando entrei em um dos quartos, depois que consegui despistá-lo, fiquei de ouvido colado na porta, esperando por ele e, depois que finalmente vi o Bill andando para longe do quarto em que estava, tirei as botas para não fazer barulho e, não resistindo, acendi a luz. Não tinha me dado conta de que tinha vindo para o quarto dele. Notei que, sobre a cama, tinha um caderno aberto e, dando uma olhada rápida na porta, comecei a andar. Assim que me sentei sobre o colchão macio, não resisti e olhei o que ele estava fazendo. Tinha uma letra de música ali, cheia de anotações e rabiscos. E nem precisei pensar muito para perceber quem era a musa inspiradora dele. Recoloquei o caderno no lugar e me levantei da cama. Só para dar de cara com o Bill me observando.

- Como sempre... Curiosa. - Comentou, se aproximando.

- Você me conhece... - Respondi. - Desculpa. Não resisti.

Negou com a cabeça e se sentou ao meu lado, pegando o caderno. Sem me olhar, quis saber:

- O que você achou?

Sem dizer uma única palavra, beijei sua bochecha e falei:

- Eu amei.

- Sério? Eu achei que estava uma porcaria.

Suspirei e retruquei:

- Esse é o problema dos perfeccionistas. Eternamente insatisfeitos com o próprio trabalho, não importa o quão bom esteja. Acredita em mim pelo menos desta vez. Eu realmente acho que deveria ser trabalhada.

Ainda não me olhava de volta. Pôs o caderno de lado e me surpreendeu com um abraço daqueles. Escondeu o rosto na curva do meu pescoço e sua respiração, mesmo que não fosse proposital, acabou me arrepiando. Sem que eu pudesse me controlar, comecei a arranhar de leve a sua nuca e ele começou a subir a minha blusa, mas só o suficiente para poder acariciar diretamente a minha cintura. Depois de alguns minutos, quando estava começando a ficar realmente difícil de resistir, o soltei, mas ele me manteve firme por mais algum tempinho.

- Dorme aqui hoje. - Me pediu, assim que me soltou. O jeito que me observava, expondo totalmente tudo o que sentia, era irresistível.

- Sob uma condição. - Concordou em silêncio. - Que você se comporte. E não roube mais os biscoitos de polvilho.

Sorriu daquele jeito mais... Fofo e tive vontade de pular em cima dele. Mas me controlei. Para o bem da minha própria sanidade e do meu noivado. Está decidido: Toda vez que o Bill me tentar, vou focar os pensamentos no Alex e quero ver se não vai dar certo...

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