quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 1º capítulo


You got my back against the wall

Sua voz sussurrando, tão claro, o mundo desapareceu
Porque eu vou cair na escuridão, é impossível me expressar
Como é bom sentir isso, estou envolvido, estou fechado
Assim intitulado, eu nunca serei livre
Oh, eu não luto contra o sentimento

(Maroon 5 - Get back in my life)

Bill

Minha cabeça doía. Tentei abrir os olhos, mas estavam muito pesados. Fazendo o máximo de esforço, finalmente consegui me mexer e, assim que consegui ver onde estava, gemi ao sentir os olhos arderem com a claridade. Desviei o olhar para o lado e a primeira coisa que eu vi foi um mar de cabelos escuros espalhados pelo travesseiro. A dona dormia de bruços e com o rosto virado para o outro lado. Observei por algum tempo a sua pele branca, mas não era quem eu queria; A tatuagem de um ideograma na nuca e não a borboleta de asas cor-de-rosa e azuis no final das costas era a comprovação.

Duas semanas depois de ter reencontrado a Luiza em Roma, tivemos uma discussão e cada um literalmente foi para um lado: Ela voltou para Londres e eu vim para Los Angeles. Desde então, haviam se passado dois anos e muita coisa tinha acontecido e mudado nesse tempo. A começar por mim. Se antes eu tomava o máximo de cuidado para não expor a minha vida particular, agora até dava pista para paparazzi. Quase toda noite saía e acabava indo para a cama com uma garota diferente a cada vez. Só me meti em briga duas vezes. A primeira foi porque a menina deu em cima de mim com o namorado perto de nós. E a segunda briga foi para defender outra menina de um bêbado. O resultado? Ela, a amiga e eu na mesma cama. Claro que esse último detalhe não contei nem para o Tom. Mas normalmente, me deixava fotografar beijando as meninas. Em resumo: Eu era um Bill diferente agora. Estava um verdadeiro “Don Juan”, tendo só duas preocupações: Tomar cuidado para não engravidar ninguém e, pior ainda: Arrumar alguma doença. A outra coisa que me importava era simplesmente me divertir ao máximo. E sempre fazia questão de ficar com a garota mais linda e gostosa que via. Muitas vezes, a levava até a sua casa e passava a noite lá, saindo na manhã seguinte, só ficando um pouco mais se a transa realmente tivesse sido boa. Senão, nem esperava que ela acordasse.

Tinha mudado daquele jeito por causa da Luiza. Cerca de seis meses depois da briga, fui olhar meu e-mail por causa de um trabalho e, como tinha criado alertas para ver o que saía na mídia sobre o meu casamento com ela, vi que um tabloide sensacionalista de Londres tinha postado uma notícia em seu site. De curiosidade, cliquei no link e abriu a página cujo título dizia, em letras garrafais: “Alex Ireland anuncia namoro com brasileira”. Havia uma foto dos dois, sendo que ela estava ainda mais linda desde a última vez que a vi, no que parecia ser um evento de gala. Ele a exibia como se fosse um troféu. Já ela... Usava um vestido tomara-que-caia vermelho e os cabelos estavam presos. Estava com uma maquiagem muito natural, o que era justamente que a deixava ainda mais linda. Pelo que pude ver, era um tapete vermelho do tal evento e logo que vi a legenda, descobri que realmente era um baile de gala e beneficente. Um pouco antes de vazar a notícia, eu constantemente via notas com rumores de que estavam juntos, além de várias fotos de paparazzi que mostravam os dois quase se engolindo. E isso só contribuiu cada vez mais para que eu me comportasse daquele jeito.

Nesses dois anos, as notícias sobre ela que me interessavam vinham através da sua melhor amiga (Que eu tinha certeza que não ia demorar muito para se transformar na minha cunhada - Tive certeza depois que ela precisou voltar para Londres, ele foi junto.). No início, ela e a Nicola me xingaram. Num dia que liguei para falar com o meu irmão, a ruiva deu o azar de atender à uma das minhas ligações, me xingou, xingou até a minha mãe (Que não tinha nada a ver com a história) e até me rogou uma praga. Foi estranho ouvir a Nicola, normalmente, calma, tão raivosa daquele jeito. Mas, com o passar do tempo, ela foi se acalmando e agora já tinha voltado ao normal. Soube que era mãe de uma menina e sua irmã era a madrinha. Me contou que a menininha se chamava Sophia e, graças aos estímulos que recebia, principalmente da Luiza, era muito esperta. A Lola falou que, inclusive, foi a minha... Bom, a minha ex-mulher quem tinha a levado no hospital, uma vez que o Charlie estava ajudando o pai no pub. Mas, no meio do caminho até lá, ele conseguiu ser avisado e chegou a tempo.

E foi só pensar na Nicola que me lembrei de uma coisa. Resmunguei um palavrão e me levantei da cama, pegando as minhas roupas e as vestindo. Uma vez pronto, simplesmente peguei o resto das minhas coisas e fui embora. Fui andando até encontrar um táxi e, assim que entrei no carro, pedi para o motorista me levar até o aeroporto. O meu celular começou a tocar naquele instante e atendi, sem nem olhar quem era:

- Oi.

- Onde você está, sua praga? - Ouvi a voz da Nicola do outro lado da linha.

- A caminho. Acho que em uns dez minutos estou aí.

Meio contrariada, concordou. Quando chegamos ao aeroporto, pedi ao motorista que esperasse enquanto eu ia atrás da Nicola. E quando ia até o balcão de informações, meu celular tocou de novo e atendi:

- Fala.

- Olha para trás, ô coisa. - Ouvi a Nicola falando e, quando me virei, ela es-tava ali, com um carrinho cheio de malas e, sobre uma delas, uma menininha loira, de olhos castanhos e que era mais parecida com o Charlie que com a Nicola. Me olhava com interesse e fui andando até elas. Depois que cumprimentei a ruiva, me disse:

- Onde você se meteu?

- Estava no píer de Santa Monica. - Respondi. Ela entendeu na mesma hora e me abaixei, perguntando para a menininha:- Então você que é a Sophia?

Sorrindo, ela concordou e falei:

- Meu nome é Bill.

- Sophia, lembra que a gente te falou que o tio Tom tinha um irmão? - A Nicola per-guntou e a menininha concordou.

- Quer dizer que vocês andaram falando de mim? - Perguntei, me endireitando e fingindo estar bravo.

- Menos, Kaulitz. Bem menos. - Falou, de um jeito que me fez lembrar da Luiza.

Depois que o motorista do táxi nos ajudou com as bagagens, ficamos os três no banco de trás do carro e conversei com a Nicola por todo o caminho até a minha casa. Assim que chegamos, aproveitei que ela tinha posto a Sophia para dormir um pouco e perguntei:

- Então... Como estão as coisas em Londres?

- A Luiza está bem. Bem mais rabugenta, bem mais impaciente, bem mais ranzinza...

Ri fraco e comentei:

- Nunca fui com a cara do Ireland.

- Posso te ser sincera?

- Você também não.

Concordou, rindo.

- Ela sabia que você ia ficar aqui? - Perguntei.

- Foi ela quem me convenceu a ficar hospedada aqui! E a trazer a Sophia também.

- Mesmo porque... Eu não acho que você ia aguentar ficar longe da Sophia por muito tempo...

Concordou, dando um sorriso fraco.

- Ela sente a sua falta. - Disse, depois de um tempo em silêncio. - Dá para ver claramente. E dá vontade de pegar aquela cabeça-dura e bater na parede, para ver se amolece um pouco e admite que realmente sente saudades de você.

- Você acha que ela está feliz com o Alex como aparece na mídia?

- Então. - Disse. - Aparentemente... A Luiza sempre foi assim. Não dá para saber que ela está com raiva até que exploda. Eu sei que eles andaram brigando. E por causa de ciúmes e até do Coyote.

- Como assim? Ele está com ciúmes do bar?

Negou.

- Você sabe que o Alex nasceu numa família rica, não é? - Assenti. - Então. Ele começou a implicar com o fato de a Luiza trabalhar no bar. Ainda mais em cima de um balcão.

- Mas quando ele a conheceu... - Negou com a cabeça.

- Quando a Iza ajudou a gente naquele assalto, ela já era amiga do Alex. Mas mesmo assim... Tem hora que a gente até fica com medo por ela.

- Você acha que ele pode...?

- Uma coisa é fato: Ela não ia aceitar calada. Se não revidasse, ia tentar ao máximo se defender, inclusive indo até a polícia. E ela não ia dar a mínima para o escândalo.

Ficamos em silêncio por um instante e perguntou:

- Realmente não tem chance de, quando eu voltar para Londres com a Sophia, você vir junto? Todo santo dia o Tom reclama que você é o único que está longe...

- E arrumar mais confusão ainda entre ela e o Alex? Não... Acho melhor não.

- Você não precisa encontrar com ele. Mas com ela... Tem que acertar as coisas! É ruim demais do jeito que está!

Dei um meio sorriso e falei:

- Vamos ver.

- Bom, já é alguma coisa.

Suspirei e ela, de repente, puxou minha orelha.

- Lembranças da Nadine.

Franzi as sobrancelhas e, em seguida, me bateu no braço.

- Ei! Mas o que é isso?

- Isso é por minha conta. E foge da Iza porque estou com a ligeira impressão que o que ela vai querer fazer com você vai ser bem pior do que um puxão de orelha e um tapa...

- E essa agressão gratuita é a troco de quê?

- Do que o senhor anda aprontando aqui em Los Angeles e fazendo questão de não esconder nada. A maior preocupação que a gente tem é a de que você não seja responsável.

- Mas que belo juízo vocês fazem de mim, hein? Claro que eu tomo cuidado sempre.

Estreitou os olhos e disse:

- Quero só te pedir para maneirar enquanto eu estiver aqui. Pela Sophia.

- Você acha mesmo que eu vou fazer qualquer coisa com vocês duas aqui? Ainda mais por causa da Sophia...

- Bom, você está na sua casa... Enfim. Obrigada por tudo. Por buscar a gente no aeroporto, pelo convite de ficarmos aqui...

- Disponha.

Sorriu e beijou a minha bochecha. Em seguida, foi para o quarto que a Luiza tinha ocupado quando morava aqui.

Algum tempo depois, quando estava terminando de mixar uma música, o telefone tocou. Peguei o aparelho que havia ali no estúdio e atendi:

- Fala.

Houve uma pausa antes de eu ouvir a resposta:

- Kaulitz? - Reconheci a dona da voz na mesma hora: Luiza. - Estou li-gando porque esse gengibre sem-vergonha da Nicola não deu nem sinal de vida nem para o Charlie e estamos preocupados com ela aqui...

- Ela chegou bem. Está dormindo. Quer que eu peça para ligar?

- Não. Era só saber se ela chegou direitinho mesmo.

Houve uma pausa e perguntei:

- Está tudo bem com você?

- Está. Melhor impossível.

- Eu soube que você está com o Alex...

- É. Tem um ano, mais ou menos. Mas pelo menos eu estou só com ele...

Dei uma risada fraca.

- Sabia que ia falar sobre isso...

- Ah não... A vida é sua e você sabe o que faz. Não tenho mais nada a ver com você, mas só espero que tenha juízo.

- Você... Está feliz com ele?

- Por que essa pergunta agora?

- Apesar de tudo, eu ainda me importo e preocupo com você. Se soubesse que tem alguma coisa errada acontecendo, nem ia pensar duas vezes antes de ir para aí.

Suspirou do outro lado da linha e falou:

- As coisas não são mais como eram. Mesmo que eu não estivesse namorando o Alex, não ia ser como antes.

- Você sempre bateu o pé sobre várias coisas que depois te mostraram que estava errada...

- Bill... - Disse meu nome e só então , percebi o quanto sentia a falta dela.

- Eu não quero continuar assim, brigado com você. Ainda mais que, inevitavelmente, por causa da Nadine e do Tom, a gente vai se encontrar. E não vai ser uma vez só.

A ouvi respirar fundo do outro lado da linha e disse:

- E o que quer que eu faça? Que vá até Los Angeles para a gente tentar resolver as coisas?

- Não... Mesmo porque, eu sei que você não deve poder ficar longe do Coyote por agora. Mas essa não é a única saída. Já que o Tom reclamou sobre várias coisas, além de estar longe dele e eu estar sozinho aqui em Los Angeles, acho que uma viagem para aí seria boa. Principalmente para resolvermos as coisas e o Tom parar de reclamar.

Percebi que hesitou por um instante.

- Eu ia ficar com ele, claro.

- Com a Nadine, você quer dizer...

- Tá. Que seja. Pode ser assim?

Houve um minuto de silêncio e em seguida, ouvi:

- Pode. Me avisa quando chegarem.

- Pode deixar.

Mais silêncio.

- É tão estranho falar com você de novo...

- Esqueceu da minha voz?

- Não. Só... É estranho falar com você, do outro lado do oceano.

Sabia que estava mordendo o lábio.

- Eu... Tenho que ir agora. Aqui em Londres já é quase meia-noite e amanhã eu tenho que acordar cedo.

- Ok. A gente se fala depois então. - Comecei a me despedir.

- É.

- Bom... Boa noite para você, então.

- Obrigada. Boa...

- Tarde. São três horas aqui.

- Certo. Boa tarde então.

Ri fraco e terminamos de nos despedir um do outro.

Mais à noite, quando a Nicola acordou, eu estava na cozinha, tentando fazer alguma coisa para comer e ela veio me ajudar.

- Sorte sua eu estar aqui. - Falou, enquanto tentava salvar o que eu tinha tentado fazer.

- Quer saber? Deixa isso aí para lá. Vou pedir uma pizza e pronto. A Sophia pode comer, não é?

Riu e disse:

- Ela é uma das mais apaixonadas.

- Ótimo. - Respondi, pegando o telefone e discando o número da pizzaria. Enquanto esperávamos o entregador, a Lola foi ver a filha.

Assim que ela voltou para a sala, falei:

- A Luiza ligou.

- Ah é? E aí?

- Te xingou porque não ligou para avisar se chegou bem.

Deu um estalo com a língua e ri.

- A propósito... Adorei a Sophia.

- Claro que adorou. É a minha filha. - Disse, piscando. Em seguida, ouvimos a campainha e foi buscar a Sophia.

Enquanto estávamos comendo, conversei com a Nicola sobre a possibilidade de ajuda-la a encontrar os fornecedores certos para o bar do Charlie:

- O J.J. é um dos melhores contatos que você pode ter para esse tipo de coisa. Ele costuma sempre organizar as festas, então sempre tem algum conhecido que pode te dar uma indicação.

Assentiu. Depois de terminarmos de comer, a Sophia ficou vendo TV enquanto a Nicola se sentou à beira da piscina comigo. Perguntei:

- Hipoteticamente falando... - Me olhou. - Você acha que tem chance de, sei lá, a Iza dar um chute no Alex?

- Olha, ele tinha que aprontar uma boa o suficiente.

- Talvez uma traição?

Negou.

- Acho que uma só não é...

- Boa.

Assentiu.

- A Luiza é acumuladora. Não de coisas físicas, mas... - Começou a fazer círculos no ar e falei:

- Ela acumula raiva e na hora que não consegue mais se controlar, explode.

- Exatamente! Ela vai acumulando as coisas, principalmente raiva, e a hora que não dá mais para aguentar... O Alex já está dando as suas contribuições, com isso de querer mandar nela o tempo inteiro, os ciúmes, a história do bar...

Ficamos em silêncio por um instante antes de ela falar:

- Mesmo sabendo que ela quer te castrar por causa do que o senhor anda aprontando por aqui e não fazendo a menor questão de esconder... - Dei um meio sorriso. - Eu acho que você nunca deixou de ter chance. Ela sempre falou que as pessoas que, de alguma forma, marcaram a vida dela sempre vão ficar pelo resto da vida, mesmo que não seja fisicamente. E adivinha? Você é uma dessas pessoas.

- Só por que eu me casei com ela?

Deu um sorriso enigmático e perguntei:

- Se essa sua... Ideia de que eu tenho uma chance com ela fosse... Real... - Concordou lentamente, prestando atenção. - Me ajudaria?

- Sem pensar duas vezes. Ela me mata por ser uma espiã, mas se vocês ficarem juntos, eu morro feliz.

- Eu vou com vocês para Londres então.

Sorriu e quase pulou em cima de mim. Uma das coisas que sempre achei engraçadas era que, fisicamente, eram diferentes uma das outras. Mas a Luiza, a Nicola e a Nadine sempre tinham algum traço de personalidade ou o jeito de agir parecido.

Assim que me soltou, disse:

- Melhor ir preparando o terreno, para evitar qualquer problema...

- Tenho que correr esse risco. E conheço a Luiza, está lembrada? Sei muito bem como dobrá-la, principalmente quando está com raiva...

Mas nem isso foi capaz de nos desanimar.

Então, na última semana de agosto, combinamos com a Nadine e ela jurou que não ia falar nada com o Tom.

Depois de passar quase um dia inteiro viajando, finalmente desembarcamos em Heathrow e, logo no portão de desembarque, procurei pela Nadine com o olhar. Assim que a encontramos, ela acenou freneticamente para nós dois e fomos ao seu encontro. Fomos andando os três, lado a lado, e ela estava realmente animada. Nos ajudou com as bagagens e, uma vez dentro do carro, começou a dizer:

-... E a Izzy está sem um lobinho...

- Quê? - Perguntei.

- O Stephen vai colocar alguns caras para servirem drinks no bar. Mas, ao contrário das coyotes, os caras não vão dançar em cima do balcão. Quer dizer, acho que só em ocasiões bem específicas...

Depois que deixamos a Nicola e a Sophia (Que tinha pegado no sono) em casa, a Nadine me levou até o antigo apartamento que morava com as meninas e me pediu algumas coisas e, depois que ela foi embora, fui até o banheiro. Tomei banho e, enquanto estava sob o chuveiro, fiquei pensando na Luiza. Falei que ia avisá-la e, no final das contas, não disse um A que fosse. Será que ela ia fazer como a Nadine falou e me botaria para correr do bar? Ou será que ia me perdoar? O foda da Luiza era isso: não dava para ter certeza do que ia acontecer. Nunca.

Assim que saí do boxe, parei em frente ao espelho e fiquei encarando meu próprio reflexo por alguns minutos, me perguntando como é que ela gostava de mim. Quer dizer, eu era um cara comum, ao contrário do que ela me garantia sempre. Já ela... Era diferente. Adorava quando achava que eu não a via fazendo alguma palhaçada e depois ria de si mesma.

Depois de me vestir, comi alguma coisa e depois, fui dormir.

No dia do meu aniversário, a Nicola apareceu no começo da noite e falou:

- Se arruma. Não vou te deixar ficar aqui sozinho justo hoje.

Vendo que não ia ter discussão, fui tomar banho e me arrumar enquanto ela ficou na sala. Assim que estava pronto, saímos e, logo que entramos no carro, notei que estava usando o tipo de roupa que usava para ir no Coyote.

Não muito tempo depois, chegamos e a Nicola logo me guiou para a área VIP do bar. Não havia como negar o quanto estar de volta ao The Coyote era estranho. Na última vez em que estive aqui, ainda era casado com a Luiza e o lugar nunca esteve tão lotado. Com a ajuda do Stephen, fiquei em um lugar escondido e com uma ótima vista do palco. As luzes do lugar se apagaram e logo, ouvimos um riff do que parecia ser uma guitarra. A princípio, não deu para reconhecer cada uma, uma vez que todas usavam chapéus e de um jeito que cobriam seus olhos. Quer dizer, só soube que era a Nadine cantando por razões óbvias. Acho que todo mundo se surpreendeu quando, em seguida, a Nicola começou a cantar também. E nada de eu conseguir descobrir quem era a Luiza...

De repente, apareceram uns caras que começaram a dançar com elas e meu olhar foi atraído para um par cujo cara parecia uma montanha. Não era tão alto assim, tinha os cabelos pretos e percebi que a garota com quem ele dançava estava irritada. Quando ele pôs as mãos na sua cintura e a apertou, ela, disfarçadamente, deu um tapa. Foi então que a ficha finalmente caiu e entendi quem era: A Luiza. Me parecia ainda mais magra, mas ao mesmo tempo, estava diferente. Não sei explicar direito o que era, mas tinha algo de diferente nela. Algo que exercia em mim uma atração maior ainda por aquela garota... Não, mulher.

Quando elas foram cantar o refrão, que originalmente seria da Nadine, esta fez um sinal e a Luiza cantou, indo até a frente do palco.

I've been waiting all this time for you
(Eu estive esperando todo esse tempo por você)
And I've been hating all this talking baby, black and blue
(E eu tenho odiado toda essa conversa, querido, sinistra e depressiva)
Cos I've been praying, what's a girl to do?
(Porque estive rezando, o que uma garota pode fazer?)
Cos it's been hard not tryin' a bite you with the things I do
(Porque tem sido difícil não tentar de morder com essas coisas que eu faço)

Por um instante, achei que ela tinha olhado exatamente para onde eu estava, mas, como não havia luz ali, duvidei. Elas dançavam de maneira ainda mais sensual e os caras continuavam ali no palco. O que fazia par com a Luiza estava me irritando profundamente. Quer dizer, apesar de eu não ser mais casado com ela e tal.

Logo que a música acabou, as luzes se apagaram e houve um pequeno intervalo antes da próxima. Houve um riff de guitarra de novo, mas diferente e ouvi a Luiza, já sem o chapéu, dizer:

- Temos algum fã de rock aqui hoje?

Ouvi uma pequena animação perto do palco e elas começaram a cantar:

Wake me up before I drop out on you
(Me acorde antes que eu caia em cima de você)
You treat me rough to show that you care
(Você me trata mal para mostrar que se importa)
And I just can't refuse baby
(E eu não posso simplesmente recusar, querido)
If I had a promise from you
(Se eu tivesse a sua promessa)
I'd get up and out of my bed
(Eu me levantaria e saía da minha cama)
Instead I'll be subdued
(Em vez disso vou ser dominada)
Wake me up before I drop out on you
(Me acorde antes que eu caia em cima de você)
The TV lights is working all right
(As luzes da TV estão funcionando muito bem)
It feels so good to lose baby
(É tão bom perder, querido)
If I had a promise from you
(Se eu tivesse a sua promessa)
I'd get up and out of my head
(Eu me levantaria e louca)
Instead I'm so confused
(Em vez disso estou tão confusa)

A música era realmente boa. A Nicola era uma das que mais se destacava e, quando olhei para o Tom, que estava quase do outro lado, estava hipnotizado pela Nadine, com um sorrisinho besta no rosto.

Logo que a Nicola terminou sua parte, foi a vez de a Luiza cantar e acompanhada da Nadine:

Don't waste your time
(Não perca seu tempo)
(Don't waste your time)
(Não perca seu tempo)
You know my passion is to yours of mine
(Você sabe que a minha paixão é para a sua)
Just read the signs
(Só leia os sinais)
(Just read the signs)
(Só leia os sinais)
Your passion belongs to me
(Sua paixão me pertence)
Myself and I
(à mim e eu)

O refrão foi cantado mais umas duas vezes e a banda que as acompanhava começou a fazer um solo e, quando parecia que ia acabar... Começou outra música, tipo medley. Os caras que estavam dançando com as meninas começaram a se exibir, um dando um salto mortal, o outro rebolando... Exibidos mesmo. De repente, um dos caras levantou a camisa e elas reagiram. A Luiza se abanou enquanto a Nicola fingiu secara a baba. A Nadine exibiu o cara para quem quisesse ver, outra das meninas fingiu que ia desmaiar e a outra fingiu que a mão era uma garra de tigre, por exemplo. Preciso dizer que a mulherada que estava ali no bar gostou desse exibido? Ele nem era isso tudo...

Logo, elas começaram a cantar, se agrupando e andando (E rebolando) lentamente. Do nada, as cinco garotas que estavam sobre o palco pareciam ter voltado à infância, pulando e dançando animadas. Como sempre, a Nadine começou a cantar:

Your eyes, tell me how you want me
(Seus olhos, me dizem o quanto você me quer)
I can feel it in your heart beat
(Eu posso sentir na batida do seu coração)

Do nada, a Luiza cantou, de novo, olhando para onde eu estava:

I know you like what you see
(Eu sei que você gosta do que está vendo)

Uma das outras garotas do grupo continuou:

Hold me, I'll give you all that you need
(Me segure, eu vou te dar tudo aquilo que precisa)
Wrap your love around me
(Enrole seu amor em volta de mim)

Em seguida, a Nadine voltou a cantar:

You're so excited,
(Você está tão excitado)
I can feel you getting hotter, oh baby
(Eu posso te sentir ficando mais quente, oh, querido)

No refrão, elas estavam realmente mais animadas que antes e era contagiante. A Nadine era uma das que mais pulava. A Nicola estava mais contida e a Luiza estava mais parecida com a Nadine, ainda que não pulasse tanto quanto a amiga.

Depois que acabou a música, a banda fez outro solo e, quando elas voltaram ao palco, usavam roupas bem no estilo rockabilly. A Nadine falou ao microfone:

- BOA NOITE!

Houve uma comoção e ela continuou:

- Sejam muito bem-vindos ao The Coyote.

Mais alguns gritos, principalmente de quem estava perto do palco. De repente, a Luiza falou:

- Quero saber uma coisa. Quem aqui conhece uma música que é mais ou menos assim... When I'm with you baby, I go out of my head...

As outras fizeram coro ao cantar “I just can`t get enough, I just can`t get enough”. Mais uma comoção e logo começou a música. Enquanto se apresentavam, o Charlie apareceu e me cumprimentou. Durante a conversa, falou:

- Quer saber o que eu acho? Que você deveria vencer a Luiza pelo cansaço. Uma hora ela vai acabar cedendo.

- Será? - Perguntei e ele concordou.

- Eu já venho. - Falou, depois de fazer uma cara estranha. Quando a apresentação das meninas acabou, o Charlie estava de volta e com o Stephen, que também foi simpático comigo. O dono do bar me pediu para que o acompanhasse até seu escritório e, logo que chegamos, me indicou a cadeira e disse:

- Eu tenho uma oferta para te fazer, graças à intervenção das meninas. A Nicola me falou que você está querendo ficar em Londres...

- É. Ainda não tenho certeza por quanto tempo, mas...

Assentiu.

- Sendo assim, vai precisar de um lugar para ficar, ainda mais que eu sei que você não vai querer incomodar a Nadine e o seu irmão, não é?

Concordei.

- Vamos fazer o seguinte: Eu me lembro bem daquele dia que você ajudou a Luiza no bar. Se quiser... Estou fazendo testes para bartenders, depois de uma enxurrada de reclamações da mulherada que costuma vir aqui.

- E como funciona?

- Funciona da seguinte maneira: Você vai ser uma espécie de pupilo de uma das meninas, que vão te orientar a respeito da preparação dos drinks. Quanto às aulas de malabarismos, não se preocupe porque temos um professor para ajudar. O uniforme é camisa e calça pretas, sociais, e, como se trata de um teste, a princípio você não vai receber nada. A avaliação que as meninas estão fazendo é de em média, um mês e meio. E então? Aceita a minha oferta?

- Sim. E eu tenho um favor para te pedir.

Percebendo o que era, sorriu.

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