terça-feira, 31 de dezembro de 2013

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 15º capítulo


Não te quero por um fim de semana.
Não te quero por um dia
Não preciso de amor dividido,
Não quero sentir dessa maneira
Vê, eu quero que você me queira (do jeito que te quero)
Do jeitinho que te quero (o jeito que te vejo)
E eu quero que você me veja Como ninguém antes

(the Corrs - Irresistible)

Bill


Quando voltamos de Nova Iorque, logo na quinta-feira, estava no estúdio com a Luiza, que estava concentrada no trabalho. Não conseguia desviar a minha atenção dela. Depois que a Claire foi almoçar, perguntei para a minha mulher, aproveitando uma pausa que havia feito:

          - Não vai sair?

Negou com a cabeça.

          - Qualquer coisa, daqui a pouco eu vou buscar alguma coisa para nós. Isto é, se você quiser.

Dei de ombros. Voltou a prestar atenção no trabalho e, de repente, seu celular começou a tocar. Pegou o aparelho, sem prestar atenção em quem era e atendeu. Ouviu algo e disse:

          - Ai, Ireland, vai se afogar no Tâmisa!

Olhei para ela, que deu um estalo com a língua.

          - Grande coisa... - Começou a fazer uma voz grossa, debochada: - Uh, O Arsenal acabou de ganhar do Manchester e eu sou o fodão.

Não teve como não rir dela, que percebeu.

          - O campeonato não acabou, só te digo isso.

Ele respondeu e ela se despediu, desligando em seguida.

          - Quando eu acho que você não poderia me surpreender mais...

Sorriu e disse:

          - Comecei a gostar de futebol depois que me mudei para Londres. O Alex me torrou tanto a paciência que eu comecei a torcer pelo Manchester United, só de birra.

          - E ele torce pelo Arsenal.

Assentiu.

          - E todo ano, sempre que o Manchester perde alguma partida... Acontece isso. Fico quieta e ele sempre me liga, contando vantagem. Teve uma vez que me ligou de Tóquio, no meio da madrugada de lá, só para falar - Fez a voz de novo: - “Oi! O Arsenal ganhou.”. Sorte que dá para fazer um trocadilho terrível com o nome do time. Ele fica puto. - Riu e, mesmo sentindo uma pontada de ciúmes, não teve como resistir.

          - Que trocadilho?

          - Aqui nos Estados Unidos é “Ass”. Na Inglaterra, apesar de ter a mesma sonoridade, é “Arse”. Assim. - Anotou num pedaço de papel. Entendi na mesma hora.

          - Ele é tão chato assim por causa do time?

Concordou.

          - Insuportável. Ainda mais quando cisma de ver o jogo num pub. Se sóbrio já é uma chatice monstruosa, imagine sob efeito de álcool?          

Ri fraco e comentei:

          - Em Nova Iorque, percebi uma coisa.

          - O que?

          - Seu olhar não brilhou quando você estava conversando com ele.

Me olhou, fazendo uma careta.

          - Até nisso você repara? Em olhares brilhantes?

          - Sejamos francos. - Falei. - Por mais que sempre fale nele, se esforçando para parecer apaixonada e tal... Poderia até ser crível. O problema foi quando vi você conversando com ele. Pareciam... Irmãos e não amantes.

          - Talvez porque, antes de sermos amantes, sejamos amigos?

          - É diferente. E já vi como é a amizade entre um casal. Ou você acha que minha mãe passou todos esses anos namorando o Gordon antes de se casarem só porque era apaixonada por ele? Quer dizer, claro que isso contribui muito. Mas não é tudo. E eu vi que você gosta do Alex, mas não o suficiente. Já ele...

Estreitou os olhos e perguntei, diretamente:

          - Quando ele te beija, faz suas pernas tremerem?

Arqueou a sobrancelha e respondeu, rindo de um jeito descrente:

          - Claro! Senão ia ter motivo para eu me envolver com ele?

Dei de ombros.

          - Talvez por teimosia...

          - Teimosia? Ah, Kaulitz, faça-me o favor! E para de ficar me analisando. Se quiser, vou em um psicólogo e pronto.

          -... E para variar, você foge do assunto.

Suspirou.

          - Tá. Quer mesmo saber? Sim, o Alex me atrai e muito, tanto que é somente um dos motivos pelos quais eu estou com ele. Me causa todas aquelas coisas, de pernas trêmulas, coração disparado e borboletas no estômago. Mas isso não é tudo. Ia aceitar o pedido de namoro justamente porque, acima de tudo, é companheiro. Me apoia quando tem que apoiar, briga comigo quando precisa... Nunca ficaria com alguém pela aparência e por tudo que me causa. Não é disso que eu preciso.

          - Se estivéssemos em outras circunstâncias... Eu teria alguma chance?

          - Se fosse merecedor...

          - Você também é dura na queda, hein?

Sorriu e disse:

          - Não. Eu sou exigente.

          - Nota-se.

De repente, se levantou e saiu da minha sala, assim, sem dizer mais nada. Quando voltou, pouco tempo depois, perguntei:

          - Ainda estou curioso a respeito de uma coisa.

          - Que coisa? - Perguntou, se sentando na cadeira ao meu lado.

          - E eu? O que te causo?

Fez uma cara pensativa, encarando a parede à sua frente.

          - Você tem o dom de me tirar do sério como ninguém jamais conseguiu. Nem mesmo minha mãe. E acredite: É muita coisa.

          - Só?

          - Você me deixa extremamente irritada. E tem vezes que tenho vontade de te jogar na piscina, para ser educada.

Ri e ela continuou:

          - Apesar de ter me surpreendido com a pista do Rockfeller em Nova Iorque.

          - Então você gostou?

          - Principalmente com seus tombos. - Respondeu, rindo.

          - Vai rindo... Ainda vou ter a minha revanche.

          - Mal posso esperar para ver quantas vezes você cai. Estava até pensando em fazer um bolão com as meninas...

A olhei, não acreditando naquilo e ela riu ainda mais.

          -... E você ainda cai que nem um pato, Kaulitz...

          - Ah, é assim? Deixa... Quando você menos esperar...

          - Estou tremendo de medo. - Estreitou os olhos, estremecendo um pouco.

          - É bom...

          - É... Como é bom a gente parar de conversa mole e terminar essa demo. - Disse, voltando ao seu lugar original.

Depois que chegamos em casa, já tarde da noite, assim que saímos do carro, ela ouviu um barulho estranho.

          - O que foi?- Perguntei, vendo que ela ia até o portão da garagem.

          - Abre, por favor.

Obedeci, mesmo sem entender e fui até onde ela estava. Tinha subido a rampa e estava mexendo no canteiro ao lado de uma mureta.

          - Vai me contar o que está fazendo? - Perguntei e ela começou a mexer na bolsa, conseguindo encontrar o celular. Mexeu em algumas coisas e acendeu a lanterna. Começou a vasculhar ali e, de repente, encontrou uma caixa, não muito grande. Pediu que eu segurasse o celular e, quando o fiz, pegou a caixa. A abriu e, dentro, haviam uns cinco filhotes de gato, cada um mais mirrado e “despenteado” que o outro.

          - Ai meu Deus! - Ela falou, recolocando um dos filhotes dentro da caixa.

          - Vamos fazer o seguinte: A gente leva a caixa para dentro e começa a cuidar. Daí, amanhã de manhã, levamos ao veterinário, para ele ver se está tudo certinho.

Concordou. Peguei a caixa enquanto ela corria para destrancar a porta. Assim que entramos, a Vivi apareceu e logo quis saber o que tinha acontecido. Ia colocar a caixa no chão quando a Luiza não deixou.

          - Vai por mim... Melhor deixar os gatinhos longe do alcance dela. A Vivi só é sociável à primeira vista com pessoas. Com bichos...

Olhei para a gata, que se esticava toda, apoiando as patas dianteiras sobre minha perna. A Luiza correu para pegar a caixa e, aproveitando, comecei a coçar atrás da orelha da Vivi.

Depois de alguns minutos, a minha mulher tinha pegado um cobertor e trazia uma tigela com leite. Acendi a lareira e perguntei, quando se sentou no chão, bem ao meu lado:

          - Precisa mesmo de tanto calor?

Me olhou, arqueando a sobrancelha e disse:

          - Tenho uma vasta experiência com gatos friorentos. Apesar do que... Esses aqui, diferentemente da Vivi, não vão fugir.

Nem bem falou e a gata se aproximou, curiosa para saber o que estávamos fazendo. Experimentei deixar que farejasse um dos filhotes e logo depois, perdeu o interesse.

          - Ai... Muito bom. - Ouvi a Luiza dizer e, quando olhei, ela colocava o gatinho no cobertor e perguntei:

          - O que foi?

          - Virei caixa de areia. Já venho. - Respondeu, saindo da sala. Depois que voltou, já de roupa trocada, ficou comigo, cuidando dos gatinhos até tarde.

Na manhã seguinte, conforme o combinado, levamos os gatinhos até a clínica veterinária e, como o médico ia precisar de tempo, tive que praticamente arrastar a Luiza até o carro, já que queria ter ficado lá. Assim que chegamos, a Claire avisou:

          - A secretária do terapeuta ligou agora há pouco, pedindo para transferir as sessões de semana que vem. Aconteceu um imprevisto e ele teve que viajar.

          - Bom, o juiz não pode reclamar. - A Luiza falou, depois que entramos no meu escritório. - Fomos juntos para Nova Iorque e não faltamos à nenhuma consulta... Sem falar que me transformei na sua assistente enquanto a Claire virou uma reles secretária...

Olhei para ela.

          - Esse desprezo pela Claire é ciúme?

          - Tenho motivo? Sim, porque se tiver que quebrar o pau com você, prefiro que seja justamente.

Sorri e falei:

          - Sua máxima de estar com uma única pessoa se estendeu à mim.

          - Bom mesmo. - Respondeu, mexendo em alguma coisa na bolsa. Logo em seguida, começamos a trabalhar.

Quando chegou a hora do almoço, a Claire saiu. Aproveitando uma pausa, me levantei e fui andar um pouco pela sala. A Luiza continuava concentrada em mexer no celular e, quando me sentei no sofá, perguntei:

          - Por que essa cara de brava?

Me olhou e fez língua.

          - Luiza... Olha que eu te digo o que fazer com essa língua...

          - Estou procurando um vestido mais em conta para o baile de máscaras, mas quem disse que eu encontro?

          - Se você deixar de ser teimosa pelo menos por essa vez...

Suspirou e disse:

          - A questão é que, se for outro vestido como o do Hervé Léger, você vai à falência assim. - Estalou os dedos.

          - Não sei se você sabe, mas eu sempre compro coisas do Alexander McQueen. E é mais ou menos nessa faixa de preço. Portanto, um vestido para você não é exatamente algo que vai me levar à falência. Se tiver algum que você gostou, me mostra, por favor.

Ergueu as sobrancelhas e se levantou, trazendo o celular. Se sentou ao meu lado e me entregou o celular. Era um vestido vermelho, com um decote que ia até quase o umbigo e transparente.

          - Esse aqui você não vai usar. - Avisei e ela caiu na gargalhada.

          - E você continua caindo que nem um pato. O que eu escolhi é esse aqui. - Mostrou e consegui imaginá-la usando. Assenti em silêncio e perguntou: - E aí? Nenhuma reclamação, nem nada?

          - Por que deveria?

          - Uai! Você é sempre tão implicante com as minhas roupas...

          - Querendo ou não, você é a minha mulher e eu não quero que outros caras fiquem te olhando. Só isso.

Me olhou, descrente, e falei:

          - OK. Admito. É um pouco de ciúmes também.

          - E isso é motivo suficiente para me obrigar a usar uma burca?

          - Já percebeu o quanto você é exagerada?

          - E você não é nem um pouco...

Suspirei e respondi:

          - Tá. Chega de discussão. É esse o vestido que você quer?

Concordou.

          - Tudo bem então. Vou providenciar para você.

          - E as máscaras? Como a gente vai fazer?

          - Tem uma loja aqui perto. Quando quiser ir olhar...

De novo, assentiu. Recomeçou a mexer no celular e disse:

          - Crikey!

Olhei para ela, sem entender que porra era aquela e imediatamente, começou a digitar algo. Em seguida, ligou para alguém e, tão logo foi atendida, disse:

          - Roberts, para com tudo aquilo que você está fazendo. Sexta que vem tem show do Fall Out Boy. Se eu tiver de ir sozinha, juro que mando as duas de volta para Londres dentro de uma daquelas caixas de quadros!

Não teve como não rir dela, que já tinha levantado do sofá e andava de um lado para o outro. Assim que passou perto de mim, consegui agarrar seu pulso e a puxei, fazendo com que caísse sentada no meu colo. Por causa da surpresa, acabou caindo de mau jeito e, não sei como, teve tempo de apoiar a mão no sofá, provavelmente para evitar de me machucar.

          - Não foi nada. Fui pega de surpresa aqui. - Houve uma pausa e disse; - Ô Roberts, vai ver se estou na esquina, vai? - Outra pausa. - É? Então estou segurando uma placa gigante escrita - Me olhou. - Foxtrot Oscar.
         
Consegui ouvir a risada da Nicola do outro lado da linha e a Luiza insistiu:

          - Então? Vamos no show ou vocês vão bancar as bundonas?

Ficou séria de repente, começando a mexer em um dos meus anéis e percebi uma coisa.

          - Tá. Vou mandar o link e depois a gente se fala. Beijo.

Assim que desligou, mexeu um pouco e, quando tive sua atenção integral, peguei a sua mão esquerda, mais precisamente o dedo anelar, e perguntei:

          - Por que começou a usar do nada?

          - Uai, mas você não faz questão de falar que sou sua mulher e tal? Sem falar que gostei de verdade da aliança. Discreta, de prata...

          - Se bem me lembro, acho que era de ouro branco. Exigência sua.

Ergueu a sobrancelha.

          - Achei que você estivesse bêbado demais para lembrar de alguns detalhes tão... Menores.

          - É, mas costumo reparar em certas coisas.

          - É verdade... Virginiano até o último fio de cabelo.

A olhei, sem entender aquilo e perguntei:

          - E quem te disse que você vai sozinha? Se quiser, não tem nenhum problema para mim.

          - Sério? - Quis saber e concordei. - Por mim tudo bem. Tenho certeza que pelas meninas também. O problema é você querer ir com a gente.

          - E por que não ia querer?

          - Simplesmente porque é aí que a gente se solta mais, ignorando todo e qualquer ser humano no mesmo ambiente, cantando as músicas a plenos pulmões, dançando feito um trio de loucas, entre outras coisas?

Sorri, imaginando a cena.

          - Sem problemas.

          - Tá bom... Você quem sabe. - Se mexeu, provavelmente desconfortável, e disse: - E está me dando agonia ficar no seu colo.

          - Por quê?

          - Não sou exatamente leve, caso não tenha notado ainda.

          - E...? Você não está me incomodando, de verdade.

Suspirou e falei:

          - O que está me incomodando é outra coisa.

          - O quê?

Sem qualquer aviso, roubei um beijo daqueles. Claro que, não demorou muito para que o fato de ela estar sentada de lado começasse a me irritar e logo dei um jeito de melhorar aquilo, fazendo com que ficasse sentada de frente para mim, com uma perna de cada lado do meu corpo. E tinha que admitir que, apesar de tudo, aquela saia que usava só me atiçava. Ainda mais que ela tinha um belo par de pernas...

Depois de alguns minutos, deixei sua boca para passar a beijar o pescoço. Não sabia explicar o motivo, mas, desde a primeira oportunidade que tive, me viciei no cheiro da sua pele. E verdade seja dita... Me parecia muito melhor que o da Lydia. E a prova de que estava inebriado foi justamente o meu descontrole; Quando vi, já estava inspirando fundo e sentindo-a estremecer um pouco.

          - Não faz isso, Kaulitz... - Disse, em tom de aviso e com a voz diferente. Era mais baixa e diria que até sensual.

          - E por que não?

          - Estamos no seu escritório, a Claire pode chegar a qualquer minuto...

          - A porta está trancada. E ela nunca entra sem bater.

          - Mesmo assim... Não é exatamente um lugar que me deixa à vontade para...

          - E por que não?

Hesitou, me afastando. Em seguida, me olhou com expressão séria.

          - Eu não quero agora. Não é só por ser aqui, mas porque não estou com vontade.

Suspirei e concordei. Ainda mantinha as mãos sobre a sua cintura e a observei em silêncio. Não resisti e comecei a acariciar seu rosto. Estava quente e notei que as suas bochechas estavam mais rosadas. Notei sua respiração começando a ficar acelerada e, não resistindo, enterrei os dedos nos seus cabelos e fiz com que se aproximasse de mim de novo. E roubei outro beijo, tão ou senão mais intenso que o primeiro. Depois de alguns minutos, já não dava mais para aguentar e a deitei no sofá, ficando por cima dela. Dei um jeito de enroscar as suas pernas em torno do meu quadril e a vontade dela só fazia aumentar a cada segundo que se passava. Deixei minha mão passear livremente pela sua coxa, a apertando quando não conseguia mais resistir e percebi que ela gemia, muito fraco. De novo, abandonei a sua boca para partir em direção ao pescoço e, assim que alcancei seu lóbulo, disse, em tom de aviso:

          - Kaulitz, não faz isso...

          - Me dá um bom motivo.

          - Não posso.

          - Porque você não tem. - Afirmei e ela respondeu:

          - Não. É porque eu sei que você é bem capaz de se aproveitar.

Sorri. Deixando a boca bem próxima ao seu ouvido, a provoquei:

          - E achou mesmo que eu ia perder a oportunidade?

Percebi que sorriu e foi demais para mim. Voltei a beijar a sua boca e com mais empolgação ainda, se é que aquilo era possível. Quando vi, ela já estava erguendo a minha camiseta e, no instante seguinte, a peça jazia no chão. Em algum canto que eu não tinha o menor interesse em descobrir.

          - Vem cá, não acha que está um pouco vestida demais?- Perguntei e ela me olhou, sem entender. Consegui tirar seu casaco e, assim que ia começar a tirar a sua blusa, ouvimos umas batidas na porta e, imediatamente, nos levantamos, nos arrumamos o mais rápido possível. Percebendo a minha situação, hesitei e a Luiza teve uma ideia.

          - Não sei se você sabe, mas do jeito que eu estou, um computador no colo não é uma coisa exatamente boa.

          - Ah, então quer que a Claire veja que você teve uma ereção nada discreta?

Abri a boca para responder, mas não tive o que responder. Tive uma ideia melhor e fui me sentar à minha escrivaninha. Em seguida, a Luiza, rindo, foi abrir a porta.

No final da tarde, não resisti e parei para observá-la por alguns minutos. Perguntei:

          - Por um acaso o J.J. não te ligou para falar daquela ideia do comercial?

          - Não. Até achei que talvez ele tivesse conversado com você, que é amigo dele...

De repente, seu celular deu o aviso de mensagem e pegou o aparelho. Leu e, em seguida, perguntou:

          - Hã... Posso te pedir uma coisa?

          - Claro.

          - As meninas podem ir lá para a casa hoje?

          - Algum problema?

          - Não. É que... - Hesitou.

          - O que foi? Pode confiar em mim, Luiza.

Respirou fundo e disse:

          - De tempos em tempos, a gente inventa de fazer uma... Um jogo, por assim dizer.

          - Que tipo de jogo?

Hesitou de novo.

          - Se você não me falar logo, vou começar a imaginar outro tipo de coisa. - Falei, sorrindo malicioso, só para provoca-la.

          - Seu pervertido! Elas são como irmãs para mim! - Falou, batendo no meu braço, me fazendo rir. - Tá. A gente faz isso por minha causa. Sempre tive dificuldade em falar abertamente quando tinha algum problema e a gente sempre faz isso quando uma de nós realmente precisa desabafar. Ou até mesmo confessar alguma coisa. Ainda mais que, de nós três... Bom, nenhuma de nós consegue falar sobre o que está sentindo quando estamos sóbrias.

          - E nunca deu problema?

Negou com a cabeça.

          - Só teve uma única amiga com quem eu realmente briguei e é a cuja amizade dura mais tempo também. Mais de dez anos e a gente até hoje se fala.

          - Ela sabe do casamento?

Assentiu.

          - Me xingou até porque enchi a cara e me casei em Las Vegas. E ela foi a única que soube com quem eu me casei.

          - Ah é?

De novo, concordou.

          - E você dá azar para ela.

          - Como assim? Ela é uma alien! Deveria dar sorte para ela!

          - Então... Ela não é uma alien. E não deu sorte. Principalmente porque você foi o motivo de uma das duas brigas.

          - Espera. Me conta essa história direito.

Explicou que, na época, as duas se desentenderam, a amiga falou uma coisa que a Luiza não gostou e assim, brigaram e ficaram um bom tempo sem se falar. Depois, se acertaram. E a Luiza brigou de novo com ela. E se passou mais um tempo. A minha mulher não aguentou e fez as pazes com a amiga e desde então... Custavam um pouco a se encontrar, mas ainda sim...

Quando chegamos em casa, não muito tempo depois, ela foi guardar as bebidas (uma garrafa de vodca e outra de vinho) enquanto eu, aproveitando a oportunidade, mandei uma mensagem para o meu irmão. Logo em seguida, perguntei para a minha mulher:

          - Posso me juntar à vocês?

          - Tem certeza? Depois do que você ouvir, vai mudar de opinião a respeito de nós três...

          - E quem disse que só vocês têm confissões assustadoras para fazer?

Estreitou os olhos e disse:

          - Vou tentar não fugir daqui depois que acabarmos.

Ri e falei:

          - Eu... Sei que deveria ter falado com você, mas... Chamei o Tom.

          - Olha... Por mim e pela Lola não tem problema. Agora a Di... Bom, ou ela pode se tornar um doce ou vai ser rude. Torçamos para que a primeira aconteça, sim?

Sorri, concordando. Em seguida, subiu e aproveitei para ir atrás dela, ver como a mudança do quarto havia ficado. Desde que voltamos, ela vivia enfiada ali e não me deixava ver absolutamente nada. Já tinha voltado a dormir lá e, para o meu azar, fechava as cortinas, de modo que era impossível ver qualquer mínimo pedaço.

Bati na porta e perguntei:

          - Até quando vai ficar mantendo a redecoração do quarto em segredo?

          - Só um instante! ­- Disse, provavelmente no closet. Não muito tempo depois, apareceu, usando um vestido de alças e com estampa xadrez cor de turquesa. Havia prendido os cabelos em um coque alto e, para completar, estava descalça.

          - Lembrando que tudo o que eu fiz é reversível. Depois que eu... Enfim. Se quiser, pode voltar ao que era.

Me deu espaço e, assim que estava ali dentro, olhei para o monte de coisas ao meu redor. A parede atrás da cabeceira estava pintada de vermelho, mas mais esmaecido. O edredom era branco e haviam almofadas com estampas listradas alternadas com as de bolinhas vermelhas. Sobre cada novo criado mudo, da mesma cor do edredom, havia um abajur de vidro transparente, combinando com a parede. A luminária do teto era um lustre, diferente e, ao mesmo tempo, moderno. Reparei que os móveis eram brancos e só os objetos de decoração que eram vermelhos, sendo que algumas coisas eram em diferentes tons. Estava bem diferente e tinha ficado realmente interessante, apesar de ser só vermelho e não ter outra cor.

          - E aí? - Perguntou e fui andando até a cama. Me sentei sobre o colchão e a provoquei:

          - Será que ela vai aguentar nós dois aqui?

Revirou os olhos e só disse:

          - Larga mão de ser tarado, Kaulitz!


2 comentários:

  1. Mas o Bill está num fogo para pegar a Lu que eu vou te falar kkkkkkkk
    E sim, esses vestidos são absurdamente caros... Sou mais pagar 40 reais em um em uma lojinha do que quase 10 mil em um só pq é de marca.
    Não acho assunto mais chato do que sobre futebol. Sério, me dá nos nervos!!
    E finalmente Bill entrou no quarto. Agora quero ver para tirar a ideia de estrear a cama da cabeça dele kkkkkkkkkkk

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    1. Oie!
      Seja dentro ou fora da fic... O Bill é um cachorro safado e descarado xD Eu acho que ele é tipo polvo que, quando você assusta, já tá cheio de mãos para tudo quanto é lado.
      Tem coisas de marca que são lindas. O problema é se prestam. Um dia ganhei uma camiseta de marca de uma tia e com pouquíssimo tempo de uso, já estava cheia daquelas bolinhas que costumam dar quando o tecido é péssimo.
      Eu ODEIO futebol principalmente por causa da bagunça que o povo fica. Depois que descobri o que acontece com os bichinhos por causa de fogos, fiquei com mais raiva ainda. Quando tem copa, torço para a Itália, Inglaterra e a Alemanha, só de birra.
      Pois é... E vou te fazer um spoiler via facebook depois ;)
      Obrigada pelo comentário e até a próxima ;*

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