quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 5º capítulo - Interativa











Your head is running wild again

Você foi um ladrão, você roubou meu coração
E eu, sua vítima condescendente
Deixei que você visse partes de mim
Que não eram tão bonitas
E, a cada toque
Você as consertou

(Pink & Nate Ruess - Just give me a reason)



Cerca de quinze dias depois, eu estava em casa quando ouvi a voz das meninas. Dali a menos de cinco minutos, tocaram a campainha e, quando abri, a Nicola estava ali. Disse:

- Me pediram para te buscar. Vem.

E me levou até o outro lado do corredor depois de trancar a porta.

A e a Nadine estavam cada uma com um computador no colo e a Sophia estava colorindo uma daquelas revistas próprias.

- Algum motivo especial para essa... Reunião? - Perguntei, depois que cumprimentei todas.

- Enjoei de morar aqui. - A falou, olhando para o computador. - E estamos procurando um canto novo para mim.

- E você sabe que, aonde uma vai... As outras duas vão estar lá. - A Di falou.

- E você já falou com o Charlie? - Perguntei para a Lola, que concordou. Me virei para a : - E desde quando você está pensando na mudança?

- Há alguns dias, desde que o começou a insistir que eu contrate uma arquiteta e uma decoradora. Como ele é o dono do apartamento e, por isso, vou ter de acatar... Já andou dando palpite que não gostei em tudo quanto é canto e começou a implicar até com as minhas canecas.

- Falando nisso... Alguém quer chá? - A Lola ofereceu e até a Sophia ergueu o braço. - ?

Neguei. Antes de ir até a cozinha, perguntou:

- Di... ... Já decidiram a caneca que vocês querem ou eu posso escolher?

- Eu quero aquela da TARDIS. Não a com estampa, mas a TARDIS de fato. - A avisou e a Nadine deixou que a Nicola escolhesse.

- Acho que você vai mudar de ideia. - A Nadine me disse e suspirei, dando o braço a torcer. Se levantou e foi ajudar a Nicola.

- Como você diz... - Falei com a , que finalmente me olhou. - Só de birra você vai me ajudar na minha mudança. E vai me ajudar a escolher um apartamento também.

- E se não for no mesmo prédio?

- Ah, mas eu faço questão de, pelo menos, ser seu vizinho. - Respondi e ela sorriu.

A partir daquele dia, sempre íamos olhar os apartamentos, os corretores mostravam os nossos e, no final, decidimos que, como não íamos conseguir morar perto um dos outros, acabamos fazendo uma pequena... Loucura: encontramos um prédio que tinha acabado de ser construído e ainda havia alguns apartamentos à venda. O corretor quase teve um treco ao ver, além das meninas e de mim, o , o , o e o Charlie.

- Esses são nossos amigos, que, querendo ou não, vão frequentar os apartamentos, não é? - A apresentou os caras e o corretor simplesmente engoliu em seco, ajeitando o óculos.

- Bom... Eu vi as preferências que cada um tem sobre o apartamento e, apesar de você - Ele falou com a . - ter medo de altura... Consegui encontrar um consenso. Podemos?

Sorte que havia dois elevadores e assim, todo mundo pôde ir ao mesmo tempo. Era no último andar e a se mantinha longe das janelas. Aproveitando a primeira oportunidade que eu tive, falei com o corretor:

- Por um acaso, não tem quatro apartamentos como estes, num prédio mais baixo?

- Precisa ser necessariamente um apartamento? - O corretor perguntou. - Sim, porque eu tenho algumas casas que podiam muito bem servir para vocês... Todos. Inclusive, tem algumas geminadas. Estou lembrando de quatro, duas de um lado da rua, duas do outro, em Maida Vale. Fica perto do Regent’s e, como me falaram que todos trabalham em Southwark...

- Não. Na realidade, só eu e as meninas que trabalham. Por causa do braço - Mostrei o gesso. - Estou de licença.

No final das contas, fomos ver as casas. E as meninas gostaram das duas que eram do outro lado da rua. Sem hesitar (E surpreendendo à todo mundo), a simplesmente quis comprar a casa no mesmo instante. Quando estávamos indo embora, perguntei:

- E posso te perguntar como é que você vai conseguir pagar por uma casa assim, do nada?

- Não é “do nada”. Estive economizando para comprar a casa desde que cheguei aqui. Sem falar que eu aluguei o apartamento em Roma para ter mais uma boa ajuda. - Respondeu, desativando o alarme do carro.

- Sabe o que eu acho? - O , que viria de carona com a gente. - Eu gostei dessa sua atitude decidida.

Ela sorriu e disse:

- A Nicola que é em cima do muro demais. A Di também.

Logo que chegamos à sua casa, já que ela tinha planejado fazer uma espécie de jantar, fez o ajudar e, como deu, pus a mesa com a ajuda do e o ; O Charlie ficou de olho na Sophia, mas sempre que tinha uma brecha, ajudava também.

Quando nos sentamos e estávamos comendo, claro que o assunto não foi outro a não ser a mudança:

- Quem manda ter uma biblioteca particular, hein? - A Nicola provocou a . - Quero só ver quem vai te ajudar com esse mundaréu de livros...

- Eu ajudo. - O Charlie disse. Logo, nós fizemos coro e até a Sophia se intrometeu.

- Já sabe onde vai conseguir as caixas? - A Di quis saber.

- Ainda tenho as de quando cada uma foi para um lado. - A respondeu, pensativa.

Depois que todo mundo foi embora e fiquei com a , eu estava sentado, quase dormindo, no seu sofá. Ela se sentou do meu lado e perguntou, mexendo no meu cabelo:

- Vai mesmo querer se mudar, mesmo depois de... Um mês?

- Eu não te disse que vim para cá por sua causa? - Perguntei, finalmente abrindo os olhos e a observando fixamente.

Deu um meio sorriso e falou:

- Você é... Doido.

Ri e perguntei:

- Só descobriu isso agora?

Riu fraco.

- Senti muito a sua falta. - Falei, ainda a olhando. Desviou o olhar do meu e, só para desfazer um pouco da tensão, a provoquei: - Mas nada comparado à saudade que eu tenho daquele doce de chocolate... Brigadeiro, não é?

Tirou a mão do meu cabelo e bateu na minha coxa. Gemi, fingindo que tinha doído e ela resmungou:

- Inacreditável que você fala em brigadeiro numa hora dessas!

- Eu acho que mereço depois de ter salvo sua vida, não é? - A incitei e me olhou, estreitando os olhos.

- Peste abusada! - Retrucou enquanto se levantava e ia até a cozinha.

Durante toda a semana, segui a . Quer dizer, ela me arrastava para qualquer lugar que fosse. Começamos com os ensaios para a festa de Halloween do bar. Depois, fomos ver as fantasias. Daí, ela começou a olhar as empresas de mudanças. Por fim, decidiu que ia deixar quase todos os móveis para trás.

- Tem certeza? - Perguntei, quando, no final da tarde, ela terminou de fazer chá e me entregou a xícara de TARDIS.

- Absoluta. O que eu vou deixar para trás é o que já estava aqui quando eu vim morar. Tipo aquele trambolho daquela geladeira. Nem... Levar esse trem enorme para quê?

- É... Geladeira é super desnecessária... - Falei e ela me deu uma olhada...

- Tão desnecessária que eu já providenciei outra e já pedi para entregarem na casa nova.

- E você já falou com o que vai sair daqui?

Ergueu a sobrancelha e falei:

- Vai ter de falar, sabe disso.

Assentiu.

- Estou me preparando para a discussão e drama que vai ser.

Tentando distraí-la um pouco, perguntei:

- Amanhã você me ajuda com a fantasia, não é?

- O que você acha? - Devolveu a pergunta. Minha resposta foi um sorriso largo, todo satisfeito, como ela costumava fazer.

- Agora tem uma coisa. Eu acho que o vai implicar com sua fantasia.

Deu de ombros.

- Ele pode implicar o quanto for que eu não estou nem aí para os chiliques dele por conta de fantasia. Eu não fico torrando o raio do saco dele por causa de roupa... Só me faltava agora, de uma hora para a outra, ele começar a me encher por causa do que eu uso ou deixo de usar. Enfim. O que me interessa mesmo é o que você vai usar e que combina com o gesso.

- Eu até pensei em ir fantasiado de múmia.

Ela riu.

- Mas eu achei uma fantasia melhor. Mosqueteiro.

- E achou até o mosquete?

Assenti.

- Agora que você podia ir de Milady de Winter...

- Na realidade, eu não gosto muito dela. É bitch demais para o meu gosto. Prefiro a Constance Bonacieux.

- E ela é...?

Suspirou.

- Rolo do D’Artagnan.

Ergui a sobrancelha. Continuamos ali, conversando mais sobre a festa do dia seguinte até tarde.

Então, quando faltavam umas três horas para sairmos, fui tomar banho e tomei o máximo de cuidado para não molhar o gesso. Assim que saí do box, vesti só a camisa e a calça, além das botas e levei o resto da fantasia para o outro lado do corredor. A ainda estava com um roupão, já com a maquiagem e o cabelo estava preso num coque alto. A Nadine estava ali e perguntei, assim que terminei de cumprimenta-la:

- E você está de...?

- Chapeleira maluca. Quer ajuda? - Apontou para a sacola que eu trazia, com o resto da minha fantasia. Neguei e avisei:

- Já tenho uma... Ajudante.

- Como você está praticamente pronto e eu tenho ainda um monte de coisa para vestir... Di, vem comigo, por favor.

As duas foram até o quarto e, depois de algum tempo, a voltou, quase pronta, faltando mesmo só os sapatos. Perguntei:

- Mas... Não ia vestida de bruxa?

- Você me conhece. - Disse, começando a pegar o resto das minhas coisas. - Mudei de ideia na última hora.

As duas me ajudaram com praticamente tudo e, uma vez que estava todo mundo pronto... Saímos.

Passada uma hora que as meninas tinham começado a trabalhar, a aproveitou uma brechinha e foi até a área VIP. Perguntei, assim que ela se sentou do meu lado:

- E aí?

- “Vem comigo pela estrada de tijolos amarelos que eu te mostro o que tem além do arco-íris”. - Disse, fazendo uma careta enquanto contava. Não segurei a risada e nem ela.

- E quem te passou a cantada?

- Um cara vestido de Thor. Todo ano é isso. Sempre tem uns folgados que me jogam cantada que tem alguma coisa a ver com a minha fantasia.

- E com as meninas?

- São mais comuns. Ano passado, por causa da Sophia, a Lola veio de Ariel. Diz ela que um cara, vestido de palhaço, virou e falou: “Que peixão, hein?”.

- E ela?

- Palhaço. - Respondeu, obviamente imitando a Nicola. Não teve como não rir.

Logo, ela teve de voltar para trás do balcão.

Não demorou muito para que elas se apresentassem e, claro que tinham vários folgados gritando algumas coisas impublicáveis para as meninas, que fingiam que nem ouviam.

De repente, percebi que uma garota, vestida de pirata (Mas muito sexy, com espartilho e a roupa toda justa) me observava e até disfarçava alguns sorrisos. Claro que o notou e disse:

- Vai lá! O que está te impedindo de chegar nela?

Abri a boca para responder quando ele foi mais rápido:

- Nem vem dizer que é a , porque, além de ela estar no palco, está namorando o , lembra?

Respirei junto e fui falar com a menina. Descobri que tinha acabado de abrir uma clínica veterinária e gostava mais de cachorros. De repente, me senti à vontade com ela.

Quando menos esperei, perguntou:

- Eu lembro de te ver aqui no bar há uns... Dois anos e, do nada, você sumiu. O que houve?

- É uma longa história.

- Sou toda ouvidos.

Sorri fraco e falei:

- Sabe aquela Coyote que está vestida como a Dorothy, do Mágico de Oz? - A Isobel, a pirata, assentiu. - Pois é. Nessa época, eu era casado com ela. A gente foi para Las Vegas, sem nos conhecermos, a gente exagerou na bebida e nos casamos. O juiz, ao invés de dar o divórcio, fez com que a gente ficasse casado por um ano. Acabou o prazo, ela veio para cá e eu fiquei em Los Angeles.

- Wow... Mas... Eu sei que ela está namorando aquele executivo... , não é?

Concordei.

- Mas vocês continuaram amigos, não é? - Ela quis saber e repeti o gesto. - E ele não implica com isso? Quer dizer, eu acho que rola numa boa de ter amizade entre um homem e uma mulher. Até um dos dois se apaixonar pelo outro.

- Então. Ela seguiu com a vida dela e eu estou tentando seguir a minha.

- É. Acho que seria pior se vocês tivessem parado com tudo porque acabou o casa-mento. Enfim. O que te aconteceu? - Quis saber, indicando o gesso.

- Dei uma de super-herói no final do mês passado e já não estou mais aguentando. - Ela riu e continuamos conversando até que, antes que eu pudesse me dar conta, estávamos nos beijando. Era bom, mas... Faltava alguma coisa.

Como as amigas dela decidiram ir para outro lugar, ela então não demorou muito para ir embora. Mas no entanto, era óbvio que eu não ia perder a oportunidade para pedir o telefone dela.

Acabei ficando com mais três meninas naquela noite.

Algum tempo depois, quando estava tentando ficar com a quarta, percebi uma pequena confusão ali. Perguntei para o , que passou correndo por ali:

- Está conseguindo entender o que aconteceu?

- O está brigando com um cara que deu em cima da .

De repente, o Stephen passou por ali feito uma bala, obviamente furioso. O o seguiu e o veio logo depois. Resmunguei um palavrão e corri até o andar debaixo, avisando à menina que ia tentar ajudar a apartar a briga. Assim que cheguei, como deu, consegui segurar o e tirá-lo dali, com a ajuda do segurança. Uma vez dentro do escritório do Stephen, que estava lá também, o estava sentado ali, só ouvindo a esbravejar com ele:

- MAS QUE PORRA FOI AQUELA? EU ESTOU EM PLENO TRABALHO E VOCÊ NÃO TINHA NADA QUE FICAR ARRUMANDO CONFUSÃO COM UM CLIENTE. - Deu ênfase à última palavra. Foram poucas as vezes em que vi a tão brava. Percebi que até tremia e não era pouco. Respirou fundo e disse: - O melhor que você tem a fazer é ir para a casa. Quando eu chegar, a gente vai conversar.

De repente, ele pareceu se dar conta que eu estava ali e até ia começar a falar alguma coisa, mas algo o fez parar antes mesmo de emitir qualquer som. Então, simplesmente se levantou e saiu. Depois que a porta foi fechada, a falou:

- Stephen, me desculpa. Eu tentei mesmo controlar, mas...

- Sem problemas. - Ele respondeu calmo e num tom paternal. - O não é o primeiro e com certeza não vai ser o último namorado das coyotes a me dar trabalho.

Ela sorriu timidamente e, em seguida, nos liberou. Antes que eu saísse, porém, o chefe me pediu para ficar. Quando só nós dois estávamos ali, ele perguntou:

- Como você está?

- Me virando com essa porcaria. - Respondi, mostrando o gesso. - E pensar que ainda tenho que ficar com isso no braço até uma semana antes do Natal...

- Bom, se te servir de consolo... Eu acho que o único super-herói que sai ileso das brigas é o Wolverine.

Ri fraco e quis saber:

- É impressão minha ou... Você e a se acertaram?

- É. Mais ou menos.

- Sendo assim... Como vocês dois não estão mais brigados, eu quero te dar um conselho como amigo. Não bate de frente com o . Sempre me deu trabalho desde que a veio trabalhar aqui, mesmo que eles tenham começado a namorar para valer só há pouco tempo. A menos que ele mude e eu não precise tomar uma atitude drástica... Tente se manter um pouco afastado.

Assenti.

Quando o expediente terminou e a me deu uma carona, perguntei:

- Você sabe que, se precisar, é só atravessar o corredor, não é? Posso ter quebrado o braço, mas o gesso pode ser uma arma.

- Ai meu Deus... - Ela resmungou. - Mas pode deixar. Se eu precisar... Apelo para você.

Sorri e, não muito tempo depois, chegamos em casa. Eu não consegui dormir naquela noite. Não por causa da discussão claramente audível dos dois. Mas porque eu estava com medo de ele fazer alguma coisa de ruim com ela. Assim que pareciam ter se acalmado um pouco, mandei uma mensagem para ela e a resposta veio quase imediatamente:

Está tudo bem ;)

Não conseguindo acreditar muito naquilo, mandei uma mensagem para as meninas, perguntando:

A acendeu a luz na cobertura?

Ela havia me contado, numa tarde, que, sempre que estava com algum problema, que acendia uma luminária em formato de TARDIS que ficava na grade da área aberta da cobertura. Como ela e as meninas conseguiam ver a casa uma das outra, então, conseguiam descobrir quando tinha alguma coisa de errado.

A Nadine foi a primeira a responder:

Não. A discussão ainda está acontecendo?

É justamente por eles estarem quietos que perguntei. Fiquei com medo de a ter me dito que estava tudo bem só para me tranquilizar. Mandei. Logo, a Nicola mandou:

Fui olhar agora e a luminária está acesa sim. Mas com a lâmpada branca. O que significa que está tudo bem mesmo.

Ah sim. A tinha lâmpadas coloridas. Caso estivesse acontecendo alguma coisa realmente séria, ela trocava a lâmpada branca (Daquelas comuns) por uma vermelha, que aliás, nunca tinha saído da caixa.

Aquilo me tranquilizou até certo ponto.

Na tarde seguinte, assim que ele saiu, corri até o apartamento em frente e fiz ela me contar o que tinha acontecido exatamente.

- A gente discutiu, como o bairro todo deve ter ouvido. Mas ele não dormiu aqui.

- E por que ele acabou de sair?

Ergueu a sobrancelha e disse:

- Bem que eu falei que você era um stalker! Ele veio saber como eu estava e avisar que amanhã a mãe dele me chamou para ir almoçar no Country club. A minha vontade, ó... - Fez corpo mole e ri.

- E você já foi lá?

- Por que você acha que eu estou com preguiça?

Ri fraco.

- Está com fome? - Quis saber e só então, notei que estava. - Já sei o que eu vou fazer.

A segui até a cozinha e me sentei à bancada, a observando preparar as coisas.

- Lembra de quando você estava em Los Angeles que a gente costumava ficar assim? - Perguntei e ela sorriu.

- A roupa também era diferente.

- O que aconteceram com as camisetas de Doctor Who?

- Ainda uso.

- Duvido.

Ergueu uma sobrancelha e admiti:

- Sinto saudade da época em que você cozinhava.

- Sente mais saudade da minha comida ou da bagunça que eu fazia?

- De tudo. Principalmente de chegar em casa e te encontrar dançando e cantando.

Quando estava tudo pronto e ela pôs o prato na minha frente, experimentei uma garfada e, logo depois de engolir a porção, perguntei:

- Quando foi que você aprendeu a fazer macarrão com queijo?

- Há algum tempo... Está prestando, pelo menos?

Assenti.

- Não vai ficar convencida demais, mas está melhor do que muitos que eu comi.

Riu fraco e comi mais.

Quando nos sentamos nas espreguiçadeiras da área aberta do seu apartamento, perguntou:

- Eu estava pensando... O que você tem contra decorar a casa com cores mais alegres?

Dei um meio sorriso e perguntei:

- Me responde uma coisa. Você é designer de interiores por um acaso?

- Não. Mas sou filha de uma.

Sorrimos e falou:

- Agora é sério. Você realmente tem que parar com essa mania de tudo com cor sóbria. Dia desses, ainda te pego de jeito e te levo para comprar várias coisas coloridas e que combinem com o estilo da casa.

- Pode me pegar de jeito que eu não me importo. Já o ... Será que ele não vai achar ruim?

Deu um estalo com a língua. De repente, se levantou e, batendo de leve na minha perna, falou:

- Anda. Mexe essa bunda redonda que quero fazer uma coisa com você.

- Só não dá para me amarrar por causa do gesso.

- , não testa minha paciência. Anda, levanta. - Disse, indo até a porta. A segui e, depois que ela pegou o casaco, saímos.

Logo que chegamos à loja, fomos andando por quase todo o lugar, sendo que foram poucas as coisas que eu gostei. E, quando estávamos no caixa, quase brigamos para ver quem ia pagar.

- É para a sua casa nova. E lembre-se que eu tenho a cabeça mais dura que Adamantium!

Suspirei e acabei cedendo.

Quando ela estava guardando as coisas no porta-malas, notei que tinha um paparazzo à espreita. Só que eu não falei nada.

Algum tempo depois, quando estávamos quase chegando em casa, ouvi meu celular tocando e, depois que peguei o aparelho, vi que era uma garota que tinha conhecido na noite anterior. Havia me mandado uma mensagem e li:

Ainda está precisando de uma enfermeira para te ajudar a tomar banho?

Sorri e, sem que eu pudesse evitar, olhei para a , que estava olhando pela janela do seu lado.

Claro. Em uns... vinte minutos eu estou em casa. Pode me ajudar?
Mandei. O celular da começou a tocar no mesmo instante e ela parou um instante para atender:

- Oi.

Consegui ouvir a voz da Nadine, embora não entendesse o que ela dizia.

- Nada, por enquanto. Por quê?

Pausa.

- Ah é? Mas é só naquela da Grosvenor Street ou em todas?

Outra pausa.

- Sei... Uai, vamos tipo... Onze? A gente almoça juntas e depois vai. Pode ser?

Ouvi a resposta positiva da Nadine e a avisou, antes de se despedir, que depois acertariam os detalhes. Assim que desligou e voltou a dirigir, não aguentei:

- O que vocês estão combinando amanhã?

Me olhou, erguendo a sobrancelha e me desafiou:

- Me dá um bom motivo para te contar.

Pensei por um instante e falei:

- Eu vou precisar de ajuda para tomar banho...

Ela riu e disse:

- Isso não é bom o suficiente.

- Certeza? Acho que você está doidinha para bancar a minha enfermeira... Eu te conheço, ...

- Presta atenção no que você está falando! , eu tenho namorado. Por que eu ia ficar correndo atrás de você?

- Simplesmente porque você ainda é louca por mim que eu sei.

Franziu as sobrancelhas e falou:

- Eu estou achando que você bateu a cabeça quando quebrou o braço e teve sequela tardia...

Ri e falei:

- Engraçado, porque você está passando mais tempo comigo do que com o . Principalmente depois que ele voltou de viagem. Ou estou errado?

- Você não está impedindo para que eu te bata. Está implorando!

Gargalhei e ela me ameaçou de novo, caso não parasse de distrai-la.

Quando chegamos em casa, esperei que ela entrasse para mandar o endereço para a garota da boate. Quer dizer... Eu achei melhor nos encontrarmos em outro lugar, justamente porque ela podia muito bem ser perigosa e não parecer.

Óbvio que não deu certo. Em parte porque o gesso me incomodou e muito. Mas o principal motivo era que eu simplesmente não conseguia me concentrar o suficiente em nada além de uma única pessoa: A .

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