quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

What happened in Vegas... Didn't stayed in Vegas - 7º capítulo - Interativa











When I look in your eyes it's all gone

Eu sei que amor não deveria ser tão difícil assim
E as vezes ficamos no escuro
Mas você ilumina todo lugar que eu vou
E eu sei que um coração não deveria bater tão forte
E de vez em quando nós nadamos com os tubarões
Mas você ilumina e me mantêm fora do frio

(Girls Aloud - Untouchable)



Dezembro chegou e o finalmente pôde tirar o gesso do braço e acho que nunca ficou tão aliviado. O e eu fomos com ele ao hospital e o médico havia avisado que não fizesse esforço e, de quebra, ainda deveria fazer um pouco de fisioterapia, só para prevenir. Quando entramos no meu carro, tive que provoca-lo:

- Como você foi muito bem comportado, se quiser eu te compro um sorvete.

Riu e disse:

- Olha que eu aceito a oferta e ainda abuso...

- É bom que aceite porque estou falando sério. - Avisei e ele ficou ali, com aquela cara de tacho. Acho que ele só acreditou que eu não estava de brincadeira quando parei o carro em frente à sorveteria...

No final daquela semana, a Di foi a primeira a se mudar para a casa nova. Com a recomen-dação do médico em mente, nós cuidamos para que, quando fomos ajudar a Nadine, ele não forçasse demais o braço.

- Veja lá, hein? - A Nadine falou, entregando um estilete para ele abrir as caixas que os carregadores traziam. Ele e a Sophia estavam sentados num canto da sala enquanto o resto de nós estava quase trombando de frente com o outro. No entanto, o mais estranho foi que o Alex cismou de ajudar na mudança. Tá, ele sempre era prestativo com as meninas, mas o que chamou a atenção de verdade foi o comportamento exemplar dele. Foi surpreendentemente educado com o .

- Vamos fazer uma coisa. - Falei, tomando o estilete da mão dele. Procurei por uma caneta daquelas esferográficas e dei para ele. - Dica: Espeta a ponta no meio, onde fica o espaço entre as abas da caixa. - E pisquei, indo buscar mais uma caixa pequena que a Di tinha me dado. Para facilitar, ela contratou um caminhão, não muito grande, para transportar os móveis maiores, como a geladeira, sofá, a cama, estante e por aí vai. As coisas menores, como as roupas, os eletrodomésticos como batedeira, TV, rádio e etc, ela pediu para a Lola e o Charlie levarem. Eu fiquei encarregada de levar metade das peças de decoração, como vasos, tapetes, quadros e os enfeites.

Assim que a Lola trouxe o rádio, resmunguei:

- Ainda bem! Não aguentava mais esse silêncio!

- Que silêncio, criatura? O que mais tem aqui é barulho! - A ruiva reclamou e retru-quei:

- Silêncio de música que eu quis dizer.

Assim que ligamos o rádio, começou a tocar uma música que era impossível não conhecermos e não cantarmos: You get what you give, do New Radicals. Logo, eu e as meninas entrávamos e saíamos de casa cantando a música. Não demorou e o Charlie nos acompanhou e até os carregadores riram.

Depois que terminamos de ajudar a Nadine, só nós ficamos ali e, por causa do cansaço, nos sentamos. No chão. E cada uma com uma taça de vinho na mão.

- Agora tem uma coisa. - A Nicola, já alta, falou. - O estava praticamente te comendo com o olhar.

- E daí? Não tirando pedaço... Tá ótimo. - Respondi.

- Uma pergunta, . - A Di começou a dizer. - Você sabe que a gente tem mais ou menos a mesma opinião, mas no seu caso específico... - Olhei para ela. - Acho que está óbvio que você e o , por mais que tentem, não vão conseguir ficar só na amizade. E aquele dia do jogo, a gente viu como você ficou quando o Alex começou com as provocações...

Suspirei e admiti:

- Eu estive pensando seriamente nisso. Pesando todos os prós e contras de cada um...

- E aí? - A Lola quis saber. - Quem tem mais coisas ao seu favor?

Dei um meio sorriso e elas já foram tirando conclusão precipitada.

- Só para constar? A gente sempre gostou mais do . - A ruiva comentou e eu avisei:

- Eu respondi alguma coisa? Não. Vocês que ficaram contando com o ovo ainda na... - Olhei para a Sophia, que dormia sobre o sofá. - Bom, ainda dentro da galinha. Eu ia falar que simplesmente não ia contar.

- Porque está óbvio quem ganha essa... Briga. - A Nadine disse.

- Pensou que, justamente por ser óbvio que pode não ser? - Perguntei e fiquei pensando na resposta. Me pareceu um pouco... complexa para alguém que estava sob o efeito do álcool.

- Já sei. - A Lola falou, se sentando sobre as pernas e ficando de frente para nós. - Quais os pontos em comum entre eles?

Eu tive que rir.

- Um a gente já sabe que é o fato de os dois fazerem bem seu tipo... Aquela cara de bad boy sedutor - Ela começou, com os olhos azuis brilhando tanto que me lembraram de duas safiras. - com barba por fazer...

- Topete... - A Nadine adicionou e eu ri ainda mais.

- Só interrompendo. O topete não tem nada a ver com a história.

- Sério? - A Lola perguntou e concordei. - Enfim. Prosseguindo. Os dois têm tatuagem em lugar estratégico... Têm um físico que olha...

Rimos e ela continuou enumerando as qualidades que os dois tinham. Logo, quiseram saber dos defeitos e fui honesta:

- Os dois conseguem ser extremamente cabeças-duras. Bobear, tanto quanto eu, principalmente o . A hora que ele teimava comigo, acho que faltava pouco para acontecer alguma coisa mais séria.

- E o que mais?- A Di perguntou.

Falei de tudo que conseguia lembrar e que os dois tinham em comum. No final, as meninas continuaram ao lado dele.

No final da semana seguinte, foi a festa de Natal lá do bar e eu estava insuportável, porque o Alex me obrigou a cancelar todo e qualquer plano que eu tinha feito para o Natal, dizendo que queria ficar comigo, mas tinha acontecido um imprevisto e ele não ia poder voltar para a casa até o ano novo. Claro que eu briguei e, no final das contas, estava uma pilha de nervos. E, para completar, ainda tinha que usar a fantasia idiota de elfo que o Stephen mandou. O problema não era a fantasia por si só; Eram os malditos sapatos, com ponta virada e um guizo. Então, a cada passo que qualquer uma das coyotes dava, ouvia-se o barulho do maldito sino.

- Merda! - Exclamei quando, por muito pouco mesmo, não deixei uma garrafa cair. Por sorte, eu estava virada de costas para o balcão e, pelo bar estar lotado, passei despercebida. Quer dizer, era isso o que achava até ver o parado ao meu lado. Chamou uma das outras coyotes e pediu que ela terminasse o drink para mim. Em seguida, me levou até a saleta onde as meninas e os lobinhos costumavam usar para guardar as roupas ou até mesmo fazer a pausa e, como estava vazia, ele só fechou a porta antes de me fazer sentar num banco de madeira que havia bem no meio do lugar. Suspirei e ele perguntou:

- O que foi?

- Eu estou para cometer um... Namoricídio. - Riu fraco e expliquei o que tinha acontecido. Então, ele falou:

- Está decidido. Você vem comigo para . A minha mãe estava insistindo para que eu fizesse o que fosse preciso para te levar junto e até mandou a passagem. Acho que você tinha que ir. Ainda mais que este ano vai juntar todo mundo.

- Todo mundo?

- É. Quer dizer, no dia 25, os pais do e do , além das namoradas e dos irmãos vão lá para a casa da minha avó.

- Então foi tudo minuciosamente planejado?

Sorriu maroto.

- Wow... - Falei, impressionada. - Eu realmente agradeço, mas...

- Ah sim. Minha mãe pediu para avisar que não aceita não e é capaz de te vir bus-car. Eu te aconselho a ir espontaneamente, sem qualquer pressão.

Ri e perguntei:

- Não vou incomodar?

- Claro que não! Se ela te chamou é porque tem motivo. Quer dizer, além de ela gostar de você e estar sentindo saudade...

Dei um sorriso fraco e admiti que era recíproco.

- Então... Ela realmente mandou a passagem?

Concordou.

- A gente vai dia 21. Não se preocupa porque já cuidei de tudo. Inclusive, um lugar de confiança para a Vivi ficar durante a viagem.

- Eu não sei se você sabe, mas a Nicola vai ficar aqui. Ela sempre olhou a Vivi para mim quando precisei.

- E em troca, você olha a Sophia. Me parece justo, mas foi indicação da própria Lola. É bom porque, se precisar, tem um veterinário de plantão.

Dei de ombros, concordando no final.

- Não fica assim. Você vai ver. Vai ser bom ficar esses dias longe daqui, sem ficar pensando em... Certas coisas.

Dei um meio sorriso e tivemos que voltar.

Não muito tempo depois, tive que me apresentar com as meninas e tínhamos brincado a respeito. Íamos cantar músicas típicas de Natal e logo a primeira era uma cover de Jingle Bell Rock. Inevitavelmente, nos lembramos do filme “Meninas malvadas”. O figurino era um pouco diferente, assim como as meninas que estavam se apresentando (Apesar de também ter uma ruiva), mas ainda sim...

As meninas e eu nos esforçávamos para manter a pose séria, mas, vez ou outra, acabávamos não resistindo e trocávamos um sorriso cúmplice. Como deu para perceber, nós preferíamos mais as apresentações “normais” (Sem ser as das festas, como esta de Natal e até a de Halloween - As fantasias costumavam incomodar e muito na hora de dançarmos) à essas... Festivas, Sem falar que era muito mais fácil dançar só com uma camiseta e jeans.

No final daquela noite, o ficou provocando a Nadine o tempo inteiro e, enquanto a Lola e eu ajudávamos o Stephen com as contas daquela noite, ouvimos um estalo e, quando olhamos, a Di estava dando uns tapas no . Olhei para a Lola, que ria. O Stephen também viu e disse:

- Nadine, bate mais leve aí que estamos fazendo conta.

Ela deu um último tapa, com mais força ainda e se sentou num dos bancos, de pernas e braços cruzados.

-... E começando a puxar o saco dela em 5... 4... 3... - Comecei a dizer e a Nicola riu fraco.

- Ai, saudade do tempo que você era casada com o . Pelo menos um deles não me dava esse problema. - O Stephen resmungou. Assim que senti um leve puxão e um beijo na bochecha, gritei por reflexo do susto e, quando olhei para trás, vi que era o próprio , que ria de mim. Bati no seu braço também e o Stephen suspirou:

- Falei cedo demais...

Ri e continuei ajudando, não dando tanta atenção assim ao . E isso pareceu irritá-lo um pouco. Mas mesmo assim, não mexeu comigo até que eu terminasse.

Então, dois dias antes de viajarmos, a Nadine ia para Derry, passar o Natal com a família dela. A Lola foi para o interior da Inglaterra também e, portanto, só sobramos os meninos e eu. Por serem bagunceiros, eu não me importei tanto assim em ficar alguns dias sem as duas.

Quando finalmente conseguimos vir embora, depois que a Nadine quase perdeu o voo por ficar se agarrando com o . Enquanto os dois davam um último beijo, comentei com o :

- Ruim com ela... Pior ainda sem a Nadine.

Ele riu e concordou.

- Você vai ver o que vai ser enquanto os dois estiverem separados...

Dei um meio sorriso e, vendo que estavam quase fechando o portão, dei um jeito de apressar a Nadine e ela finalmente foi.



No dia da nossa viagem, estávamos em Heathrow, esperando chamarem o voo. Aproveitando que o e o foram ao banheiro e o estava ouvindo música nos fones de ouvido, pude fingir que estava interessado no celular quando, na realidade, a espiava por cima da tela do aparelho. De repente, ela mexeu na bolsa e tirou o próprio celular. Como o estava sentado ao lado dela (E eu, de frente para os dois), ele perguntou alguma coisa e ela franziu o nariz, mexendo a cabeça negativamente. Justo quando o e o voltaram, avisaram que já podíamos embarcar e lá fomos nós. Enquanto esperávamos na fila, com as passagens em mãos, ouvi umas risadas baixas ali perto e, quando espiei por cima do ombro, vi duas adolescentes olhando para nós. A , que estava bem atrás de mim, ainda mexia na bolsa e resmungava alguma coisa. A espiando por cima do ombro, perguntei:

- O que te aconteceu para você ficar mais rabugenta que de costume?

- Não estou rabugenta. - Respondeu, seca.

- Está sim. Te conheço... - Falei e mostrei o bilhete de embarque para o funcionário da companhia. Me liberou e foi ver o da . Ao mesmo tempo, outro empregado via os bilhetes do e dos outros dois. Acabei andando mais à frente, ao lado da , e perguntei:

- Não vai me falar?

- Falar o quê se não tem nada a não ser você me pentelhando e me irritando cada vez mais?

- Tudo bem. - Respondi, erguendo as mãos em rendição. Me deu uma última olhada e, no final das contas, fomos embarcar.

Já dentro do avião, encontramos os nossos lugares (Sendo que o , o e o estavam sentados nas três poltronas do corredor central, na direção das nossas.) A se sentou à janela, eu ao seu lado e na poltrona da direção do corredor... Um cara de quarenta e poucos anos, parecendo o cara dos quadrinhos dos Simpsons. Igual até no tamanho. Sabia que aquilo não ia prestar e tive certeza, apesar de o voo não durar tanto tempo assim. Com quinze minutos de viagem, o cara começou a chamar a aeromoça e, quando ela veio atender, ele começou a pedir por comida. E a coitada teve que ser ajudada para conseguir trazer tudo.

Depois que se empanturrou, pegou no sono e a estava distraída, enquanto eu tentava me distrair com uma revista que tinha comprado no aeroporto mesmo. Mais quinze minutos, ele deitou no meu ombro. Discretamente, cutuquei a e, depois de ver o que tinha acontecido, disfar-çou uma risada. Sibilei:

- Você só está rindo porque ele não está deitado no seu ombro.

- Quer trocar de lugar? - Ofereceu e travei o maxilar. - Então não reclama.

O resto da viagem foi piorando cada vez mais. Não bastou ele começar a babar. Ainda teve... Problemas intestinais, se é que me entende. A quase chorava de rir, apesar de estar sofrendo também. Claro que os caras perceberam depois de um tempo e, assim que aterrissamos, tive de aguentar a zoação dos quatro.

- Ah, mas você é irresistível! - A me pro-vocou. - E hoje tivemos a prova de que consegue deixar até os homens babando...

Olhei feio para ela, que riu.

- O engraçado é que você nunca babou em cima do , não literalmente, não é? - O perguntou para ela, que negou.

- Por isso que foi só figurativamente. Se fosse literal, perdia todo o encanto. - A respondeu e o disse:

- Eu acho que não, viu? Aposto que o gostou do tiozinho babando em cima dele...

Dei um estalo impaciente com a língua e fomos pegar as malas. De cara, reconhecemos a rosa-choque da . Depois de pegarmos tudo que era nosso, fomos na direção do desembarque e logo, achamos nossas mães. Assim que fui dar um beijo e um abraço na minha, ela viu a .

- Finalmente! Como você está?

As duas se cumprimentaram e, logo que se soltaram, consegui apresentar a para as mães do e do .

Depois de algum tempo, quando chegamos em casa, minha mãe avisou:

- , você vai ficar no quarto do . Este ano vamos hospedar mais gente aqui em casa e, portanto, algumas pessoas vão ter de dividir os quartos.

- Tudo bem. - A ) respondeu e, em seguida, fomos para o andar de cima, arrumar nossas coisas. Enquanto eu desfazia a minha mala, ela fazia o mesmo até quando seu celular tocou. Pegou o aparelho e, depois de olhar rapidamente para o visor, soltou um resmungo e perguntei:

- O que foi?

Suspirando, finalmente admitiu:

- Alguém está dando chilique porque vim para cá. Acho ótimo que eu tinha que ficar sozinha em Londres em pleno Natal! Agora, acabei de receber uma mensagem dele, dizendo que a ia dar uma festa na casa dela e ia me chamar. Agora me diz qual é a graça de ficar no meio de um bando de gente chata e fútil, que só fica se achando melhor que os outros?

Dei um meio sorriso e a provoquei:

- Foi por isso então que você aceitou vir para cá?

Me olhou feio e respondeu:

- Foi por dois motivos. Um: Eu gosto da sua família. Desde o primeiro instante, todo mundo me tratou bem. Dois: Mesmo se ele estivesse em Londres e o convite para vir para cá estivesse de pé... Adivinha o que eu faria?

- Bom saber que todo mundo está em alta com você...

Sorriu e, de repente, ouvimos minha mãe batendo na porta, que estava aberta. Quis saber:

- Estão planejando alguma coisa para amanhã à noite?

- A princípio, nada. - Respondi. - Algum motivo?

- Estava pensando se vocês não animariam a ir patinar.

- Com quem? - Perguntei.

- Seus primos.

- Você se importa?- Olhei para a e ela negou com a cabeça. - Pode ser então.

- Vou falar com as suas tias então. , será que você pode me dar uma ajudinha?

- Claro. - Ela respondeu, se levantando da cama e saindo do quarto com a minha mãe. O entrou ali e se largou onde a ) estava. Perguntei:

- O que foi?

- Estou sentindo falta da Nadine. Muita.

- Quem diria, hein?

- É estranho... Quer dizer, a gente passou esses últimos anos perto um do outro e, de repente... Ela está na Irlanda e eu aqui.

- E você não aguenta mais ficar longe dela.

Negou.

- A Nadine não é tão... Normal quanto eu quanto pensava. Mesmo que a gente mais brigue que faça qualquer outra coisa, eu... Sei lá.

Entendi na mesma hora o que ela queria dizer.

- Você sabe que eu te apoio incondicionalmente nessa decisão, não é?

Assentiu. A entrou no quarto e disse:

- Eu realmente espero não ter atrapalhado alguma... Coisa.

- Não. - Falei.

- ... Você que conhece a Nadine o suficiente...

- Ai que medo. - Disse, vindo até a cama e se sentando ao lado dele.

- Eu estava pensando seriamente em pedir... - O começou a dizer, mas estava sem jeito.

- A Nadine em casamento? - Ela perguntou, não conseguindo esconder a animação. - Tem meu apoio incondicional. - Avisou, parecendo uma criança e nos fazendo rir um pouco.

- Me ajuda então? - O pediu. - Justamente por conhece-la bem, sabe o que ela gosta ou não...

- E eu acho que a gente quer que ela diga sim , não é?- A me perguntou e concordei. - Passando toda essa confusão de festa de final de ano, a gente já começa a botar a mão na massa.

Pela cara do , era óbvio que ele não estava esperando que ela fosse aceitar de cara. Não sei por quê, já que a sempre torcia para a felicidade das amigas...

Acabou que as minhas tias que viriam tiveram um problema com atraso de voo e, por isso, iriam chegar só na noite seguinte. Então, aproveitando a chance, o , a ) e eu ficamos vendo filme até tarde da noite. O estava esparramado num sofá de frente para o que eu dividia com a (Praticamente a obriguei a fazer isso, inclusive quase a imobilizando). Justo quando estávamos vendo um filme de terror, bem na parte mais sangrenta, percebi que ela tinha dormido. Toda enroscada em mim e com a cabeça e a mão sobre o meu peito. Olhei para o , que já estava nos observando. Uma coisa boa da ligação que tínhamos era isso: Não precisávamos falar nada que o outro já sabia o que estávamos pensando. Ele sorriu e me atrevi a fazer algo que sabia que ela não gostava, mas estava irresistível: Levei a mão até seus cabelos e comecei a acaricia-los de leve. Ela se mexeu, protestando um pouco e parei na mesma hora. Em seguida, a se aninhou ainda mais e acabei deixando a mão sobre a sua cintura, junto da outra. Continuei vendo o filme e não sei quando, exatamente, dormi. “Acordei” com a voz do e da minha mãe e senti que ela nos cobria. A ainda estava dormindo do mesmo jeito de antes e consegui entender só uma coisa que minha mãe disse:

- Não entendo por que ela simplesmente não fica com o ...

Depois disso, o sono me venceu de novo e quando finalmente acordei... Ouvi umas risadas baixas de criança. A ) se mexeu e sabia que ela também não estava mais dormindo. As risadas continuaram e abri um olho um pouco e vi meus primos mais novos, nos observando. Falei com a :

- Eu só queria entender o que é tão engraçado em ficar nos observando dormir...

- Também.

Fizeram aquele barulho característico de espanto e a ouvi dizer:

- É bom que vocês estejam preparados para tomar tombos hoje à noite.

Abri os olhos e vi os meus primos mais novos se entreolhando, todos confusos.

- Como assim? - O mais velho deles perguntou.

- Sério que vocês não sabem? Ih... Acho que ainda dá para manter o suspense. O que você acha, ? - Ela me perguntou e concordei. Claro que aquilo deixou meus primos curiosos, mas não contamos.

Assim, eles ficaram o dia inteiro nos enchendo para contarmos aonde íamos, mas tanto eu quanto a ) e o não dissemos um A que fosse. Conseguimos convencer o e o a irem com a gente.

Então, lá pelas sete da noite, saímos e, não demorou tanto assim para que meus primos descobriram onde estávamos indo.

Logo nos quinze minutos iniciais, devo ter caído ao menos cinco vezes por minuto. E a lá... Deslizando como se fizesse aquilo a vida inteira. Claro que ela não se atrevia a fazer rodopios, mas ainda sim...

Quando ela decidiu vir me ajudar, finalmente parei em pé por algum tempo. Mas tive que aguentar a zoação até dos meus primos.

Antes de irmos para a casa, fomos até uma lanchonete que ficava no meio do caminho e, enquanto a e eu íamos fazer os pedidos, o , o e o ficaram com a turma à mesa.

Depois que terminamos de comer e estávamos andando de volta para o meu carro, ouvi o perguntar para a :

- Por um acaso tem alguma chance de você fazer aquele doce que me falou a respeito lá em Londres?

- Qual doce? - Ela perguntou.

- Aquele do leite condensado...

- Ah sim... Ih, mas é a coisa mais besta...

- Mesmo assim. Se eu conseguir a lata de leite condensado, você faz?

Concordou.

Quando chegamos em casa, não perdi a oportunidade para perguntar:

- O que o quer tanto que você faça?

- Você vai ver... E comer.

Estranhei e até tentei fazer com que ela contasse, mas foi sem sucesso, claro.

Na noite de Natal, quando eu estava terminando de me arrumar, a estava ajudando a minha mãe a terminar de fazer a ceia e, como ela começou a se arrumar enquanto eu estava no banho e saiu do quarto ao mesmo tempo em que eu saía do banheiro, então não vi como ela estava.

Aos poucos, todo mundo foi chegando e, quando vi, aquela casa estava lotada. Meus primos menores corriam por todos os cantos, meus tios conversavam entre si (E o Gordon ali no meio), as mulheres pareciam estar todas enfiadas na cozinha... Imaginava que lá deveria estar como uma lata de sardinhas. Nem queria saber como elas faziam para sair do meio daquela confusão.

Quando tudo estava pronto e à mesa, cada um se sentou no lugar que minha mãe havia demarcado e óbvio que ela ia me deixar ao lado da . Como sempre... Vestido vermelho. E saltos altíssimos. Os cabelos estavam presos num rabo-de-cavalo lateral e ela estava linda, mesmo arrumada de maneira simples. Ria de alguma coisa que o falava e eu estava simplesmente hipnotizado. Só fui desviar a atenção dela quando uma tia me perguntou:

- Vocês não estão pensando em sair?

- Sair?

- É. Ir à alguma boate ou algo assim?

Olhei para o e a , que deram de ombros.

- , deixa eu te perguntar uma coisa. - Minha avó chamou sua atenção. - O seu namorado não briga por você trabalhar naquele bar em Londres?

- Encrenca, né? - Ela respondeu. - Mas é o meu trabalho. Por isso que ele tem que aceitar.

- E vocês já estão pensando em casamento?- Uma tia quis saber e a ficou meio sem jeito. Por isso, mudei o rumo da conversa, para o bar mesmo e contei do dia que fui leiloado:

-... E ela lá... Me obrigando a dançar. - Protestei e a ) ria.

- Eu queria ter visto isso... - Um dos meus primos, que tinha mais ou menos a nossa idade, disse.

- Eu filmei. - O falou. - Depois te mostro.

Claro que logo, todo mundo queria ver. Sibilei para a :

- Você me paga.

- Deixa comigo. - Respondeu, me dando uma piscada.

Depois da ceia, meus primos mais novos começaram a insistir para que pudessem abrir os presentes e, logo, o chão da sala estava coberto de papéis de presente rasgados. Aproveitando que todo mundo estava distraído, dei um jeito de atrair a para o meu quarto e ela avisou, se sentando na cama enquanto eu fechava a porta:

- Ok. Estou curiosa para saber o motivo de você ter me trazido aqui em cima.

- Não queria que ninguém mais visse.

- Visse o quê?

Fui até o closet e peguei a caixa preta de veludo, de tamanho médio e ela deveria estar imaginando que era uma caixa com anel dentro. Me sentei ao seu lado e entreguei para ela, dizendo:

- Feliz Natal, .

Estranhando, desfez o laço com fita vermelha e, assim que abriu e viu a pulseira que eu havia ganho naquele leilão para ela, não acreditou.

- É sério? - Perguntou e ri, concordando.

Me pegou de surpresa, pulando em cima de mim e me abraçando e agradecendo. Senti que beijou o meu rosto e falei:

- Tem outra coisa que eu quero te dar.

Franziu as sobrancelhas e entreguei outro presente. Era uma caixinha de música que eu havia encontrado num antiquário no dia anterior, quando saí com minha mãe. A deu a corda e, quando começou a ouvir a música, disse:

- Não! Você não fez isso!

Sorri e falei:

- Sabia que era a sua música preferida do Tokio Hotel e achei que seria um bom presente. Além de, claro, ser uma caixa de música antiga. A dona da loja me falou que era de 1880, mais ou menos. O que significa que...

- Era Vitoriana. , eu amei o presente. Muito obrigada mesmo.

Mantive meu sorriso e ela se levantou, indo até a mala. Ao ver que ela também tinha comprado alguma coisa para mim, ia protestar quando ela me entregou. Era uma caixa quadrada e a abri. Ao ver simplesmente três vinis originais do Bowie... Quase reagi como ela.

- Apesar de tudo... Não imaginava que ia vir para cá. Comprei ainda em Londres e planejava te dar assim que... Bom, ia dar um jeito de te entregar.

- Não podia ter sido um presente melhor...

Ouvimos umas batidas na porta e falei:

- Entra.

Logo, o apareceu e perguntou:

- O que vocês dois estão fazendo aqui?

- Fugindo um pouco da confusão. - Respondi. - E trocando presentes.

Ele viu os vinis e deu um sorriso tímido.

- A propósito... - A levantou e voltou para a mala, entregando o presente do . Os dois se abraçaram e percebi que ela falou algo só para ele, que concordou e, depois de soltá-la pediu que não demorássemos e saiu. Perguntei:

- O que você falou com ele?

- Ah... Nada demais. Vamos descer antes que mais alguém venha atrás de nós?

Eu ainda ia descobrir o que ela falou com o ...

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