quarta-feira, 21 de outubro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 31º capítulo - Interativa












Where do you end, where do I begin?

Nunca quis voar
Nunca quis partir
Nunca quis dizer o que você significa pra mim
Nunca quis correr
Assustado em acreditar que
Você é a melhor coisa em mim

(Savage garden - The best thing)



- Coisa feia, Nadine... - A Lola repreendeu, mas só para sacanear. - Quebrar a cama e ainda por cima no primeiro dia do ano...

- Ai, vocês duas! Sosseguem! - A Di reclamou e não segurei o riso.

- Quem tem que sossegar é você, Coyle... Foi com tanta sede ao pote... Aí no que deu... - A provoquei e a Lola já tinha perdido o controle também. Estávamos as três na cozinha enquanto o Charlie e o tentavam dar um jeito na cama. O estava lá com eles e, portanto, não podiam nos ouvir.

A Di respirou fundo e, de repente, ouvimos o interfone. A Lola foi atender.

- Como você conseguiu quebrar a cama, Nadine? - Perguntei para ela, que me olhou e respondeu:

- Eu estava transando com o , satisfeita?

Nesse instante, a Lola abriu a porta e o e o ouviram tudo. Como a Nadine estava de costas para a entrada, não viu os dois chegando e, assim que me olhou, se virou rapidamente para trás e apoiou a cabeça nas mãos. Ri e o disse:

- A gente imaginou que você realmente estivesse dormindo com o , mas não precisava da confirmação explícita.

O olhar que a Nadine deu para ele foi um dos piores imagináveis.

- Eles estão aí? - O me perguntou e falei:

- Estão. Deixa que vou chamar.

Fui andando até a porta do quarto da Di e, vendo que o estrago já tinha sido arrumado, avisei ao e ao :

- e estão aí. E tem alguém que precisa terminar o pudim!

- Já estamos indo. - O falou. O Charlie pôs o colchão de volta na cama e se sentou, vendo se ia aguentar. Como não aconteceu nada inesperado, se levantou e o avisou antes de sair do quarto, seguido de perto pelo :

- Vê se não quebra a cama de novo.

A resposta do foi um tapa na cabeça do . Logo, a Lola arrastou o Charlie para o quarto dela e a Di foi tomar banho. Já os meninos... Bom, todo mundo ficou na cozinha enquanto eu orientava o :

- Tem que fazer a calda.

- E como faz?

- Açúcar e água. - Respondi. Passei a quantidade que teria de usar e, enquanto o pudim ficava em banho-Maria, o fazia a calda.

- Eu realmente estou vendo o cozinhando? - O perguntou, incrédulo.

- Que foi, ? - Provoquei. - Quer que eu te ensine algumas coisas também?

E não é que ele aceitou?

Não pareceram se incomodar comigo ali quando começaram a falar sobre as músicas.

Assim que a Nadine reapareceu, fiz sinal para ela, que veio até onde eu estava e perguntou, em inglês:

- O que está acontecendo?

- Tá siad ag caint faoi an amhráin atá á scríobh. - Agus d'fhéadfaí tú rud suimiúil aimsiú?

Dei de ombros.

- Desde quando você fala... - O começou a dizer e perguntei:

- De onde a Nadine é mesmo, ? - Enfatizei que a pergunta era para ele. Deu de ombros e a própria respondeu:

- Irlanda do norte.

- Ok... Vou tentar me lembrar da próxima. Mas desde quando a fala irlandês?

Sorri misteriosa e falei:

- Ah, ... Quase um ano de convivência e até hoje não sabe que sou um livro aberto? - Dei uns estalos com a língua, balançando a cabeça em negação. - Que vergonha...

- Ah tá, e você realmente fala muito... - Ele retrucou.

- Fala. - A Di se intrometeu. - Você que não presta atenção.

Ele olhou para a Di. Quase imediatamente, o a chamou e, vendo que os dois já estavam indo na direção do quarto, não teve um de nós ali que não provocasse os dois:

- Ó... Se quebrar a cama de novo, vocês dois vão dormir no chão! - O avisou e o mandou o dedo do meio, sem nem se virar.

- Melhor é o arrumar a cama sozinho! - Falei e a Nadine me olhou feio. Ri e continuamos ali na cozinha.

Ao anoitecer, estávamos todos vendo um filme na TV, cada um de um jeito: e ficaram nas poltronas, que haviam sido postas lado a lado e perto de um dos sofás. No outro, o Charlie estava esparramado. A Lola, assim como os gêmeos, Nadine e eu, estava sentada no chão, sobre um colchonete.

O pior de tudo era que víamos um filme de terror. Numa cena que, logo depois que o assassino agia, o Charlie aproveitou que estava um silêncio tumular para perguntar:

- Ô ... Você ainda faz aqueles almoços de domingo?

A Lola começou a rir e assenti.

- Por quê?

- Eu estava pensando... E se a gente fizesse o almoço desse domingo lá em casa? - Propôs e concordei.

O final do filme, só para constar, era o pior imaginável...



Na quinta-feira à noite, antes de dormir, aproveitei para perguntar à :

- De curiosidade... Você e as meninas vão para o bar enquanto estivermos aqui?

Assentiu.

- Apesar de tudo, ainda temos nossos empregos.

- “Apesar de tudo”? - A provoquei, fingindo estar sério e suspirou.

- , vai tomar banho e larga mão de ser chato!

Ri e disse:

- Apesar de estar óbvio... Eu quis dizer: “Apesar de ter me casado em Las Vegas, me mudado para Los Angeles e as meninas terem me seguido e estarmos lá há quase um ano...”

Não resisti e mordi sua bochecha.

- Canibal! - Protestou e ri. - Mas por que você está perguntando?

- Se estiver tudo bem para você... Queria ir ao bar quando você estivesse trabalhando. No dia da virada do ano, você se apresentou e tal, mas não vi nenhum malabarismo com garrafa.

Me olhou estranhando.

- Tem certeza absoluta que quer ir? , o assédio em cima de mim é enorme.

- Eu sei. E sei também que você só tem olhos para mim...

- Ai, ! Baixa a bola que você não está com esse cartaz todo, viu?

Ergui a sobrancelha e ela riu.

- Eu deixo você ir comigo com uma condição.

- Qual?

- Que você se comporte. Sem ataques de ciúmes e tal. Se eu te ver de cara fechada... Dou um jeito de te botar para fora na mesma hora. Pode ser meu marido ou o que for, mas, o bar é o meu local de trabalho e não quero arriscar a perder o emprego por causa de ataque besta de ciuminho, entendido?

Concordei.

- Ah, e outra coisa. Se eu te ver dando mole para qualquer ser do sexo oposto... Ah, mas coitado de você, . Vou fazer muito pior que te deixar na abstinência por três meses!

- E do mesmo sexo? - A provoquei.

- Não vou nem me dar ao trabalho de responder.

Ri e ela logo mandou, como sempre:

- E vamos dormir que é o melhor que a gente faz.

Concordei, mas porque estava realmente com sono.

Na sexta-feira seguinte, por volta de nove horas, as meninas começaram a se arrumar. Não nego que foi engraçado ficar só observando a agitação das três, que iam uma no quarto da outra, pedir alguma coisa emprestada:

- , posso pegar aquela sua blusa emprestada? - A Nadine perguntou, só pondo a cabeça para dentro do quarto. Olhei para o , que só achava graça naquilo tudo.

- Que blusa? - Ouvi a perguntar.

- A de matar zumbis.

Logo deu para concluir que a entregou a tal camiseta e a Nadine logo correu para o quarto. A primeira das três a ficar pronta foi a minha mulher. Quando apareceu na sala, só não usava maquiagem. Perguntei:

- Vai assim, até sem batom?

Concordou.

- Costumo fazer a maquiagem no bar, justamente para ganhar tempo.

Quase imediatamente, a Nadine apareceu e já maquiada. Já a Nicola...

Quase meia hora depois e ela ainda não estava pronta.

- Nicola, corre aqui que o Príncipe Harry baixou as calças! - A Nadine disse e a riu.

- Até parece que a bunda branca do príncipe ia ser um atrativo para ela... - Retrucou.

- Ah é? Então o que seria? - A Nadine quis saber.

A simplesmente se levantou e foi até a porta do quarto da ruiva. Bateu calmamente e disse:

- Roberts, você tem quinze minutos para terminar de se arrumar e o tempo de chegar ao bar. Já estamos saindo e se você não aparecer lá hoje na hora, juro que vai descobrir como é o fundo do Tâmisa.

Em seguida, entrou no próprio quarto, indo no da Nadine em seguida e trouxe duas bolsas. Entregou uma para a Nadine e fez sinal para que fôssemos atrás dela. Já havíamos saído e estávamos no hall quando a parou por um instante.

- Só eu que estranhei que ela não reclamou, como sempre? - Perguntou para a Nadine e as duas logo voltaram ao apartamento. Bateram na porta de novo e a única resposta foi:

- Vão na frente que eu alcanço vocês.

- Lola, está tudo bem? - A insistiu e a ruiva garantiu que sim. As duas se entreolharam e fui até lá. Perguntei para elas:

- Algum problema?

- É isso que a gente está tentando descobrir. - A Nadine respondeu. De repente, a porta se abriu e a Nicola disse:

- Não sei o porquê de toda essa preocupação. Eu estou bem. Só não estou conseguindo arrumar o cabelo. Podem ir que eu alcanço vocês.

Percebi o olhar das duas para a Nicola e acabamos saindo sem ela.

Assim que chegamos ao pub, o Stephen logo quis saber onde a “terceira mosqueteira” estava e as meninas avisaram que, por causa do cabelo, a Nicola viria depois.

- Muito bem... Bom, vocês sabem o que fazer, não? - Ele perguntou.

- Stephen? - a chamou, assim que ele se virou e começava a se afastar. - Posso fazer o teste de um drink?

Concordou. Em seguida, ela me guiou até um canto que, descobri depois, ser um corredor que dava no camarim. Se sentou de frente para um espelho enorme que havia ali, além de uma espécie de cômoda, e pegou a bolsa de maquiagens. Perguntei, enquanto a observava:

- Que drink é esse que você quer testar?

- Estava pensando nele ontem. Me faz um favor?

Concordei.

- Liga esse aparelho de som que tá atrás de você? Só liga e aperta o botão de play.

Fiz o que pediu e logo começou a tocar um riff de guitarra. Quase imediatamente, veio o acompanhamento de outra guitarra, baixo e bateria. Olhei para a , que sorria enquanto passava a sombra nos olhos.

- Que banda é essa? - Perguntei e ela manteve o sorriso, só que mais misterioso.

- Escuta.

Um cara de voz rouca e mais aguda começou a cantar.

- Ac/Dc? - Perguntei e ela concordou. De repente, a Nadine entrou ali e, ao ouvir a música, perguntou para a :

- O que me diz?

- Nah... Acho que a gente deveria experimentar com outra música. Fala com o Tony que já levo para ele.

A Nadine concordou e, de repente, se sentou ao lado da e perguntou:

- Só eu que não acreditei na Lola?

- Pela lógica... Não está nada tão fora do comum. Mas, como a gente conhece muito bem a Lola... - A disse.

- Do que vocês estão desconfiando? - Perguntei. De repente, as duas me olharam de um jeito estranho. - Quê?

- Apesar de ela confiar na gente... - A começou a dizer, me olhando. De repente, se virou para a Nadine. - Talvez ela se sinta melhor em falar com alguém com quem ela não tenha tanta intimidade assim...

- Concordo. - A Nadine falou. - , faria um enorme favor para a gente?

- Conversar com a Nicola? Claro.

- Só que aí que vem a parte complicada. Sabendo que ela pode não aceitar se souber que te pedimos isso, você seria tipo um... Espião. A Lola é como a gente, que não consegue se abrir tão fácil. E a gente quer ajuda-la, caso precise. - A contou. - Ainda mais se for uma coisa séria.

- Não passou pelas cabeças de vocês que, se derem tempo ao tempo, a Nicola pode contar o que está acontecendo de livre e espontânea vontade? - Perguntei e as duas concordaram com a cabeça, sem dizer nada.

- Então. Você ia ser o espião caso isso não acontecesse. - A explicou. De repente, ouvi meu celular e, quando peguei o aparelho, vi uma mensagem do , querendo saber o endereço do pub. A , depois que expliquei, pediu o aparelho e respondeu à mensagem. Em seguida, continuou fazendo a maquiagem. Logo, o apareceu e ficou ali com a gente. As meninas olharam o relógio perto da porta e a Nadine falou, se levantando da cadeira:

- Vou ver se a Lola chegou.

- Vou com você. - O falou. Assim que fiquei sozinho com a , aproveitei para pegar na sua mão e perguntei:

- Está com medo?

- Não. Ansiosa. Do mesmo jeito que você provavelmente fica antes de um show. Só isso.

- Eu estava falando da Nicola.

Ergueu as sobrancelhas e ri.

- Então. Meu medo, na realidade, é de que ela esteja com algum problema sério e não conte para nós por não querer nos preocupar.

- Se fosse você... Contaria?

Assentiu.

- Se fosse uma doença ou algo parecido, o que requer o máximo de apoio...

De repente, ouvimos a porta se abrindo e, quando olhamos, era a Nicola. Com o cabelo preso num rabo-de-cavalo, aparentemente rabugenta. Começou a fazer a própria maquiagem em silêncio e a se atreveu a perguntar:

- Devo perguntar agora o que aconteceu para esse seu mau humor ou espero passar?

A ruiva suspirou e disse:

- Estou com desejo de comer frango frito. E não consegui achar.

A riu e garantiu:

- Depois a gente caça um lugar, ok?

A Nicola pareceu se animar um pouco e, aproveitando a deixa, fui guiado pela minha mulher para longe dali. Mais precisamente até o bar. Fez com que eu me sentasse num dos bancos altos enquanto ela foi fazer alguma coisa. Só via que pegava várias garrafas e, curiosamente, não fez nenhum malabarismo. Por fim, empurrou uma taça na minha direção.

- O que é isso?- Perguntei, olhando o drink, que tinha várias camadas coloridas e parecia um arco-íris.

- Experimente e me dê sua opinião sincera, por favor.

Peguei o copo e tomei um gole. Era realmente gostoso. Dava para sentir que tinham frutas ali no meio.

- Este amarelo - Ela indicou. - é Cointreau. O azul, curaçau blue. Verde é licor de menta. Vermelho é licor de cereja. E o roxo... Bom, é ingrediente secreto exclusivo daqui do bar.

De repente, ficou tensa e perguntei:

- O que foi?

Justamente quando ia responder, descobri: Era o , que havia acabado de chegar ali.

- Soube da última? Arsenal venceu o Manchester no final do campeonato.

- Me faz o obséquio de botar essa sua traseira murcha aqui. Quero falar sério com você. E você também. - Me olhou. Assim que ele se sentou no banco ao meu lado, a foi categórica: - Se eu descobrir que houve um quebra-pau entre vocês... Primeiro que você - Falava com ele. - Vai ser obrigado a usar essa sua camisa horrenda do Arsenal para limpar o chão da minha casa. E sem as mãos. E você - Me olhou. - Dorme na sala. E os dois vão ser tocados do bar exatamente como o Stephen costuma expulsar bêbados brigões e tarados. E estou falando sério com os dois. Não quero confusão hoje por causa de rixa besta aqui dentro. Se eu perder o emprego por crisezinha de ciúme... Ah, mas podem ter certeza que não olho na cara de cada um por um bom tempo. E antes que eu me esqueça... Vai ter um adicional de os dois terem uma noite de rei.

- Você não se atreveria. - o disse.

- Já fiz uma vez... Não me custaria nada ter um... Revival. - E se afastou, indo na direção da Nicola.

- Bandeira branca por hoje?- Ele perguntou e falei:

- Só por causa da .

Assentiu, sorrindo.

- Do que ela estava falando sobre ter noite de rei?- Perguntei.

- Quando a tinha doze anos, deu quase cinquenta gotas de laxante para um colega de escola que era detestado pela turma inteira. Não sei você, mas eu não estou nem um pouco a fim de sofrer o mesmo que esse infeliz.

Passei o dedo distraidamente pela base do copo e não consegui me controlar:

- Então você sabe tudo sobre ela?

- O suficiente para não querer perder a amizade dela. Já que eu sei que, por mais que ela queira, não vai conseguir me ver como algo a mais que o melhor amigo dela...

- Por que não?

- Ela sempre gostou de você. Desde o primeiro instante em que nos conhecemos, era difícil não ouvir a falando seu nome. E isso nem é o pior de tudo.

- Não?

Negou.

- O pior de tudo é ver que ela gosta mesmo de você. Por isso... Se, de alguma maneira, você magoar a ... Ferro sua vida de um jeito pior ainda que a fez.

- É uma ameaça?

- Não. - Respondeu, balançando a cabeça. - É um aviso. Eu sei muito bem o que andou aprontando e tem sorte de ela ter passado por cima disso. Mas se, ao final desse maldito prazo, ela voltar para Londres do pior estado possível...

- Acha mesmo que eu tenho medo de um filhinho de papai metido à empresário que só faz rondar a minha mulher?- Perguntei, finalmente me virando de frente para ele.

- É bom ter. - Disse, tentando me fuzilar com o olhar.

- Ok. Já deu. - Ouvimos a . - Eu avisei.

- A gente não estava fazendo nada demais. - Respondi.

- Ah tá. E eu sou ruiva natural que nem a Nicola e a Nadine tem os olhos azuis! - Retrucou, irônica. - Anda, cada um tomando seu rumo. E não pensem que não vou ficar de olho nos dois.

O saiu andando enquanto eu continuei onde estava. Sentia o olhar da e falei:

- Não adianta você ficar parada aí, com cara amarrada.

A olhei e estava com sobrancelha arqueada.

- Já dei meu aviso. Se eu te ver brigando com o ...

Algum tempo depois, o bar começou a encher e, para não atrapalhar, fui para a mesma área que fiquei na virada do ano. O foi para lá também e, depois de um tempo, o e o chegaram. De onde estávamos, era possível ver todo o bar e não havia nem sinal do . Melhor assim.

Quando o bar ficou lotado, deu para ver como realmente era. Quando olhava para o balcão onde as meninas estavam, só via as garrafas girando no ar, as três as pegando com maestria e servindo os clientes. A havia me dito que o Stephen costumava fazer o que era chamado de “Rodízio de playlist”. Ele pedia a todas as meninas que trabalhavam no bar para fazerem listas e fazia um sorteio no domingo à noite. Sete playlists eram selecionadas para tocarem durante cada noite da semana. Naquela noite, até tinha um palpite de quem era, mas não tinha certeza.

Estava observando as meninas e conversando com o e nossos amigos quando vi uma figura conhecida, loira, com porte de modelo e rosto de boneca vindo na nossa direção. Assim que estava perto o bastante, falei:

- Achei que você estivesse em Los Angeles!

- Tive um imprevisto e precisei ficar por aqui. - A Claire respondeu. De repente, acendeu uma luz neon, em formato de drink, atrás do balcão e, quase imediatamente, começou a tocar “Love in an elevator” do Aerosmith. As meninas terminaram de servir os clientes e, logo em seguida, subiram no balcão que havia ali perto. Até então, não dava para ver que estavam segurando microfones e a Nicola cantou primeiro:

Yeah!
Workin' like a dog for the boss man (whoa)

(Trabalhando feito um cão para o chefe)
Workin' for the company (whoa-yeah)
(Trabalhando para a companhia)
Bettin' on the dice I'm tossin' (whoa)
(Apostando nos dados que estou jogando)
I'm gonna have a fantasy (whoa-yeah)
(Eu vou ter uma fantasia)

Where am I gonna look?
(Para onde vou olhar?)
They tell me that love is blind
(Eles me disseram que o amor é cego)
I really need a guy* like an open book
(Eu realmente preciso de um cara aberto como um livro)
To read between the lines
(Para ler nas entrelinhas)

O refrão foi cantado pelas três:

Love in an elevator
(Amor em um elevador)
Livin' it up when I'm going down
(Aproveitando enquanto eu vou descendo)
Love in an elevator
(Amor em um elevador)
Lovin' it up 'til I hit the ground
(Amando até chegar no térreo)

Em seguida, só a Nadine cantou:

Jackie's in the elevator (whoa)
(Jackie está no elevador)
Lingerie second floor (whoa yeah)
(Lingerie, segundo andar)
She said can I see you later? (whoa)
(Ela disse “Posso te ver depois?”)
And love you just a little more (whoa yeah)
(E eu amo você um pouco mais)

E para completar... Foi a , que cantou e olhava diretamente para onde eu estava:

I kinda hope we get stuck
(Eu espero que fiquemos presos)
Nobody gets out alive
(Ninguém vai sair vivo)
She said I'll show you how to fax in the mailroom honey
(Ela disse “Eu vou te mostrar como se passa um fax na sala de correio, querido”)
And have you home by five
(E você tem que estar em casa às cinco)

Apesar de tudo, no final das contas, nem era tão ruim quanto eu havia imaginado... Quer dizer, a única coisa que não gostei muito foi a rebolando para um monte de marmanjos.

Um tempo depois, quando menos esperei, vi a subindo no mesmo balcão e ela e a cantaram de novo a “Walk this way”. Mas desta vez, eram só as duas. Acho que todo mundo que era próximo da estava começando a se preparar para quando as duas começassem a se atracar. Só que, para minha surpresa, se comportaram até muito bem. E por isso mesmo que encarei aquilo como um péssimo sinal.

- Pior é que vai ter um bocado de gente filmando e colocando na internet, caso tenha alguma briga... - O disse. Quando me virei para olhá-lo, vi o ali perto e fez um sinal para que eu fosse até ele. Meio a contragosto, fui e ele avisou:

- Pode se preparar para a hora em que uma vai pular no pescoço da outra. A pode até manter a pose, mas acho que nós dois sabemos que a não é exatamente do tipo que vai se importar em rolar no chão, se for preciso.

- E o que me sugere que eu faça? - Perguntei.

- Por enquanto... Acho melhor a gente ir para perto do balcão. Vai ser mais fácil se estivermos ali do lado.

Só avisei ao , e onde estávamos indo e eles quiseram nos ajudar. Então, assim que conseguimos, ficamos de olho, para a hora em que a confusão poderia começar, só que não aconteceu nada. Mesmo assim, não deixamos de ficar de olho nas duas.

Um tempo depois, ficamos perto do bar e, quando olhei para o , estava brincando com o piercing e olhando fixamente numa direção, com uma expressão bem específica. Sabia que tinha alguma mulher que havia chamado sua atenção e tomou um gole do drink e, por cima da borda do copo, continuou olhando para a garota. Era bonita, alta e magra; Os cabelos eram curtos e escuros. Quando ele finalmente se decidiu e foi falar com ela, nem bem deu um passo e se encolheu. Pôs a mão na nuca e perguntei:

- O que aconteceu?

Olhou para trás e, quando fiz o mesmo, vi que a Nadine servia um drink a um cliente. Nada anormal. O foi falar com ela, que negou, estranhando. Quando ele se afastou, pude ver que ela sorria. Assim que seu olhar encontrou o meu, gelou e neguei com a cabeça em silêncio. Entendeu o recado e moveu os lábios, formando um agradecimento.

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* O original é com garota.

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