Oh, but that one night was more than just right
Não larguei você
Porque eu estava acabado
Oh, eu estava impressionado
E, sinceramente, muito assustado
Porque realmente me apaixonei por você
(Train - Drive by)
Luiza
Depois do expediente, estávamos ajudando a fechar o bar, como sempre fazíamos, e, nesse meio tempo, conversava com as meninas. Quando terminamos tudo e fomos pegar as nossas coisas, a Lydia entrou ali e, fazendo questão de ser ouvida, comentou:
-... E é estranho, não nego. Agora de uma coisa você pode ter certeza: Se arrependimento matasse, eu estaria morta.
A garota com quem ela conversava (E com quem não havíamos simpatizado nem um pouco) sorriu maldosa e disse:
- Deveria mesmo era ter aproveitado quando teve chance e transado com ele quando teve chance. Eu estava o observando e tem jeito de ser ótimo de cama...
Olhei para as meninas e sibilei, fazendo expressão simpática:
- Me segurem que eu vou dar nas caras dessas duas...
- Quer ajuda? - A Di perguntou. - Quero descontar a raiva do assanhamento do Tom...
Justo nessa hora, ouvi a Lydia comentar:
-... Ah, mas tem homem casado que não está nem aí. Quer dizer, se eles traem as esposas, é porque não estão satisfeitos com o que tem em casa.
Vi a Nicola se levantando e agarrei a manga do seu casaco. Neguei com a cabeça.
- E eu não sei porquê... Mas acho não acho que o Bill vá demorar tanto assim para procurar o que não tem em casa...
Respirei fundo e tentei me manter calma o máximo que pude. Peguei a bolsa e fiz sinal para que as meninas me seguissem. Ao passar pela Lydia, no entanto, não me contive e falei:
- Pode saber que você seria a última pessoa quem ele procuraria. Ou ainda não caiu a ficha de que o Bill tem horror de você?
Sorriu torto e disse:
- Se ele tem tanto horror assim de mim... Então por que não parou de me olhar na noite da virada do ano e nem hoje à noite?
Me virei para as meninas e perguntei:
- Vocês viram isso?
As duas negaram.
- Ah... Um aviso: Fica longe dele. No que depender de mim... Se você se acha ruim... É por que não viu do que sou capaz.
- Estou com tanto medo... - Disse, estreitando os olhos. - Ainda mais de uma mosquinha morta que nem você.
Arqueei a sobrancelha e ela continuou:
- Agora de curiosidade... O Bill aceitou ficar com você mesmo sabendo a vagabunda que é?
Só senti meu sangue fervendo e, quando vi, dei um tapa daqueles na cara dela. Pude ver a marca dos meus dedos no seu rosto ficando cada vez mais forte e, em seguida, veio para cima de mim. Claro que me derrubou, mas consegui ficar por cima. Não sabia direito o que estava fazendo. Só sei que toda a raiva que eu sentia dela, não só por ter acabado com a banda, mas por tudo que fez com o Bill, estava sendo direcionada para as minhas mãos. Não sabia se batia, dava socos, arranhava... No fim, acabei fazendo um pouco de tudo. Num único instante em que ela me pegou de guarda baixa, se aproveitou para dar um soco na minha boca e logo senti o gosto metálico do sangue. Ignorei totalmente esse pequeno detalhe e continuei batendo nela e até mesmo xingando. Não sei como, mas justo na melhor parte, senti alguém me puxando e tentando à duras penas me afastar dela. Não estava tendo um trabalho fácil, já que eu estava esperneando e inquieta. Sem falar que xingava com todos os palavrões e xingamentos que me vinham à cabeça. Vi um dos seguranças do bar tirarem a Lydia dali e, só quando ela saiu que me soltaram.
- Filha da puta cretina! - Resmunguei. Senti que me puxaram de novo e eu percebi que tremia. Respirava fundo e tentava à todo custo me acalmar. Só que não conseguia.
- O que aconteceu aqui, porra? - Ouvi a voz do Bill, tão bravo quanto eu estava.
- Não mexe comigo por agora senão não respondo por mim! - Gritei e me debati, tentando soltar meus braços. Ele suspirou e disse:
- Pode deixar que, se eu precisar, eu chamo.
Não sei quanto tempo depois, estávamos sozinhos ali. Eu já tinha me acalmado e ele me fez sentar sobre a pia. Não sei como, mas tinha conseguido um algodão e um potinho que eu sabia que era álcool.
- O que houve? - Perguntou, enquanto despejava um pouco do álcool sobre o algodão.
- Ela ficou me provocando, me chamou de vagabunda, ficou falando um monte de merdas, tipo que não sabia como você aceitou ficar comigo... Perdi as estribeiras e, quando vi, dei um tapa nela. E ela reagiu, vindo para cima de mim. Não consegui me controlar e tudo que estava sufocado... Saiu. Eu sei que não deveria ter dado atenção, mas não tenho sangue de barata e você sabe disso.
Concordou.
- Juro que, quando cheguei, achei que você ia acabar... Sei lá, matando a Lydia. Só via que você batia muito nela.
- Eu me descontrolei.
Assentiu e, de repente, encostou o algodão no meu lábio. Gemi e ele riu fraco.
- Fiquei com medo por você. Quando a Nicola apareceu, avisando que você e a Lydia estavam brigando, já tinha imaginado o pior.
Dei um estalo com a língua e falei:
- Até parece que você não me conhece... Lembra que eu sei me defender?
Concordou.
Um tempo depois (E de um longo sermão do Stephen), fui liberada. Enquanto andávamos pela rua, de volta para a casa, a Lola comentava da briga, toda animada. Até dava pulinhos.
Uns dias se passaram e, quando estávamos na terceira semana de janeiro, eu e as meninas tivemos uma ideia e, para surpreender o Stephen, fizemos uma pequena... Estripulia quando ele não estava no bar. Uma vez que estava tudo feito, nem esperamos até chegar em casa; Havíamos levado um computador com editor de vídeo e, assim que estava tudo pronto, já colocamos na internet, dando um jeito de viralizar.
Na noite seguinte, só para variar, o Bill tinha ido com a gente. O Alex também e eu estava vendo a hora em que um ia caçar confusão com o outro. Não havia nem sinal da Lydia e da sua “Rabicha”. Havíamos dado o apelido venenoso por causa do personagem do Harry Potter, seguidor do Voldemort.
Estava indo tudo muito bem, obrigada, até que o Stephen me chamou ao seu escritório. Estranhando, fui até lá e, assim que entrei e vi sua postura séria, tive medo. E piorou quando ele me pediu, em tom pouco amistoso, que fechasse a porta. Me sentei na cadeira de frente para a sua mesa e ele disse, sério:
- Te chamei aqui porque quero conversar a respeito de uma coisa com você.
Engoli em seco.
- Não tem como negar que você é uma das Coyotes mais queridas. E, desde que você foi para Los Angeles, muita gente tem reclamado da sua falta.
Assenti.
- Você sabe que não estou em Los Angeles por vontade própria.
Ergueu o olhar.
- Será mesmo? Eu vi o jeito que você e o Bill ficam quando estão perto um do outro. Vi o jeito que se olham. O jeito que ele ficou quando a Nicola falou que você estava brigando com a Lydia.
- Bom, Stephen... Você tem que concordar que, morar por quase um ano sob o mesmo teto com alguém por quem você sente uma atração muito forte como a que eu sinto pelo Bill, ia acabar evoluindo.
- Eu sei. E sei que as chances de você não voltar mais para Londres são grandes, não é?
Neguei.
- Sejamos realistas: Quais são as chances de eu ficar com o Bill depois que o prazo do juiz acabar? No início, realmente era por obrigação. Mas, apesar de ele me conhecer melhor agora... Quem te garante que ele vai me aceitar do jeito que eu sou? E vice-versa? Você me conhece, sabe que eu posso não aguentar... Tudo que vem com ele. Uma coisa é o Alex. Outra bem diferente é o Bill.
- E por que acha que com o Bill é diferente?
- Talvez porque ele é um rockstar com fãs pelo mundo inteiro com os hormônios borbulhando e uma possessividade quase psicótica, enquanto o Alex, embora tenha admiradoras e tal, é mais... Bom, tem uma vida mais estável.
Me olhou, sorrindo misteriosamente.
- Justamente por, como você disse, te conhecer tão bem, que eu sei que você prefere a montanha-russa que é a vida do Bill à calmaria da vida do Alex.
Hesitei.
- Queria te dizer que, não importa o que aconteça, você é e sempre vai ser uma coyote. As portas do bar sempre estarão abertas para quando quiser voltar. Seja como cliente ou como garçonete.
Sorri e perguntei:
- Posso te dar um abraço?
Rindo, concordou e, mesmo com a mesa entre nós, me abraçou.
Quando saí do seu escritório, vi que o Bill estava encostado numa pilastra ali em frente e perguntou:
- Aconteceu algo com que eu deva me preocupar?
- Tipo?
- Ele ter te despedido por causa da confusão com a Lydia?
Neguei.
- Muito pelo contrário. Me garantiu que não vou deixar nunca de ser uma coyote.
Assentiu lentamente.
- Agora, vamos voltar cada um para seu posto senão aí sim, estou na rua.
- Só uma última coisa.
Olhei para ele, sem entender. Passou os braços em torno da minha cintura e me puxou para mais perto, roubando um beijo daqueles mais apaixonados possíveis. De repente, ouvimos alguém pigarreando e, quando nos separamos, olhamos para a mesma direção e o Stephen disse para o Bill:
- Nada de ficar agarrando as minhas funcionárias durante o horário de expediente, Kaulitz. Depois, pode até ser.
O jeito, então, foi cada um ir para seu canto.
Quando chegamos em casa, um tempo depois, só estávamos nós dois. Georg e Gustav sumiram, como sempre, Tom e Nadine foram vistos pela última vez assim que o Stephen fechou o bar e a Lola tinha ido dormir na casa do Charlie.
- Vou ao banheiro. E você... - O Bill falou, me abraçando por trás. - Vai se preparando.
- Me preparando para...? - Me fiz de desentendida.
- Estamos só nós dois aqui e é claro que vou querer aproveitar.
- Safado. - Falei, alcançando sua bunda e dando um tapa. Riu e disse:
- Sabia que você acabou de me dar uma ideia?
Consegui me soltar dele e avisei:
- Não... Nem vem que não tem!
Sorriu lascivo e corri para o quarto, ouvindo sua gargalhada.
Depois que troquei de roupa, deitei na cama e acabei pegando no sono. Uma das últimas coisas que tive consciência de acontecer era ele me abraçando por trás e me puxando para mais perto.
Na sexta-feira, o bar, como sempre, estava lotado. Não parávamos um instante e, de repente, um cara, com a maior pinta de jogador de futebol americano, começou a dar em cima de mim. Num dado momento, disse:
- Estou pensando aqui... Você podia muito bem ser a namorada de um nickelback.
Olhei para ele e falei:
- Até gosto da banda e tal, mas...
Riu e disse:
- Sou jogador de futebol americano. Nickelback é um dos jogadores de defesa.
- Ah sim... Bom, eu gosto do que vocês chamam de soccer. Mas gosto muito mais ainda do meu marido, que não é jogador.
- E ele é o quê? - Perguntou, com um leve tom de desdém.
- Ele é simplesmente o homem que eu amo, que faz algo que ele gosta e não é um brutamontes como você.
- Ele existe?
Ergui a mão e exibi a aliança.
- Quem me garante que você não está usando a aliança justamente para dispensar os caras?
Arqueei a sobrancelha e perguntei:
- E quem te garante que, caso eu fosse solteira e desimpedida, ia dar mole para você? Ainda não deu para perceber que você não faz o meu tipo?
- E qual é o seu tipo, hein, boneca?
- Em primeiro lugar... Não me chama de boneca ou qualquer outro nome que não seja o meu. Em segundo: Dispenso fisiculturistas com montanha de músculos e com o cérebro e... Outras coisas do tamanho de uma ervilha. Prefiro cérebro e educação ao que você tem. - Respondi, já perdendo a paciência. As meninas já estavam se preparando para começar a botar essa criatura para correr.
- A gatinha morde... - Disse e suspirei. Sei lá como, quando me virei para pegar uma garrafa, tomei um susto ao quase me chocar com o Bill.
- Algum problema? - Ele perguntou e eu, ainda atordoada, só consegui negar com a cabeça e ouvi o jogador perguntar, no mesmo tom de deboche:
- Esse aí que é seu marido?
Me virei e respondi:
- Não que isso seja do seu interesse... Mas é. E agora, se você não parar de me perturbar, eu vou ser obrigada a chamar os seguranças.
Ele deu um meio sorriso e, pegando a garrafa de cerveja, se afastou. Me virando de frente para o Bill, perguntei:
- Te falaram que só quem trabalha no bar pode ficar aqui?
Dando um sorriso torto, se aproximou do balcão e, vendo que um dos clientes tentava fazer um pedido, o Bill apontou e o rapaz disse:
- Quero seis cervejas.
O Bill concordou e foi logo pegar os copos. Em seguida, foi andando até a máquina e encheu um por um. Depois, entregou ao cliente, que agradeceu e perguntei, parando ao lado do meu marido:
- Por um acaso você está querendo roubar meu posto, é isso?
- Três margaritas red. - Uma menina pediu. Enquanto o Bill fazia, respondeu:
- E se eu quiser?
- Se quiser... Vai ter de dançar em cima do balcão. E ai de você se rebolar, entendido? - Apertei sua cintura enquanto ria. Entreguei a garrafa com Campari e orientei sobre quanto tinha que servir. A Lola foi passar ao nosso lado e, como sempre, quis bater o quadril contra o meu. Só que ela não viu e quem foi atingido foi o Bill. Olhou para trás e não consegui segurar o riso ao ver a Lola quase da mesma cor dos cabelos. Saiu correndo e rimos.
- É impressão minha ou ela fica tímida quando está perto de mim? - Ele quis saber e dei de ombros.
- Difícil saber perto de quem ela não fica tímida. - Respondi.
- Izzy! Curaçau! - Ouvi a Nadine pedir e deslizei a garrafa sobre o tampo do balcão mais baixo.
- Nunca quebrou uma garrafa fazendo isso? - O Bill perguntou e respondi:
- O tempo inteiro. O Stephen já acostumou e por isso tem a reserva. Você.- Apontei para uma mulher de quarenta e poucos anos que tinha conseguido alcançar o balcão.
- Como é esse... Coyote?
- Bebida especial da casa. Leva Cherry Cola, uma dose de vodca e um ingrediente especial e tão secreto que a gente teve que assinar um contrato, prometendo que não ia contar. Pessoalmente, acho que é um dos melhores daqui.
Mesmo hesitante, concordou e pediu quatro. Quando estava quase terminando, o Bill viu o que era o ingrediente especial e sorriu. Fiz sinal de silêncio e ele concordou, já servindo mais cerveja para um grupo de amigos.
No final do expediente, quando estávamos terminando de fechar o bar, o Stephen apareceu e sabíamos o que aquilo significava. A Di, que terminou de limpar o chão, foi até ele e recebeu seu pagamento. A Lola foi a segunda e eu a última. Só que, o surpreendente foi quando o Stephen chamou o Bill, que estava me ajudando a organizar as bebidas.
Quando paramos de frente para o meu chefe, este falou:
- Considerando que você se saiu muito bem hoje...
Entregou um bolinho de dinheiro para o Bill, que tentou recusar, mas depois de muita insistência, acabou me entregando para guardar na bolsa.
- A propósito... Se quiser... Podemos fazer um teste com você. - O Stephen disse ao Bill.
- Quem sabe?
Concordou e, depois de cada uma pegar as suas coisas, viemos embora. A Lola estava mais quieta que de costume e claro que aquilo não passou despercebido. Acabou que a Di e eu decidimos falar com a ruiva outra hora.
Na manhã seguinte, quando chegamos do almoço, a primeira coisa que eu percebi quando entrei no meu quarto eram as malas do Bill abertas e já quase feitas por completo.
- Ei... O que houve?- Perguntei, me aproximando dele. - Eu sei que o bar é uma loucura, mas... O Stephen te fez a proposta sem compromisso.
Riu fraco enquanto guardava mais uma das camisetas.
- Vou ter de voltar à Los Angeles. Houve um curto-circuito no estúdio e acabou pegando fogo numa das salas. Se quiser ficar aqui e depois a gente vê como faz quanto ao seu aniversário...
- “Se quiser ficar aqui”? Kaulitz, olha bem para mim e vê lá se eu vou conseguir ficar aqui em Londres, do outro lado do oceano, sabendo que você pode precisar de mim? Até parece!
Me olhou de um jeito estranho e perguntei:
- Conseguiu achar a passagem?
Negou.
- Jato particular.
- Posso ir junto?
Depois que colocou uma calça na mala, se endireitou e veio andando até onde eu estava. Sem dizer uma única palavra, se inclinou na minha direção e me beijou. Era diferente, bem mais intenso do que de costume. Quando interrompeu o beijo, mas sem me soltar, perguntei:
- Devo encarar isso como um sim?
Sorriu e roubou um selinho.
- Eu não ia conseguir ficar sem você lá em Los Angeles. - Disse. Ainda bem que ele estava me segurando, senão juro que desabava.
Tão logo terminei de fazer a mala, o mais rápido e eficiente que consegui, descobri que as meninas estavam indo também, assim como o Georg e o Gustav. Avisei ao Stephen sobre o que tinha acontecido e, antes de sair, cada uma ficou encarregada de verificar se estava tudo em ordem: A Di foi ver se as janelas estavam bem fechadas e trancou as portas. A Lola foi desligar todos os aparelhos elétricos. E eu, fui até a vizinha, pedir para que recebesse toda e qualquer encomenda que poderia chegar. Uma vez que a Di trancou a porta do apartamento, tivemos que fazer duas viagens de elevador, sendo que, na primeira, a Lola foi com o Georg e o Gustav e metade das malas. E em seguida, já podiam ir ao aeroporto.
Quase quinze horas depois, chegamos à Los Angeles e, mesmo com o cansaço, o Bill foi direto para o estúdio. Enquanto eu ia para a casa, assim como o resto do povo. Assim que cheguei e a Rosa me viu, sendo ajudada pelos meninos, perguntou:
- E o Bill?
- Foi para o estúdio. - O Tom respondeu.
- Comeram alguma coisa? - Ela perguntou e a resposta foi um bando de dar de ombros.
- Só vim ajudar a Izzy. Vou lá no estúdio, ver se consigo ajudar o Bill com alguma coisa. - O Tom avisou e, logo, ele arranjou mais três companhias.
- Tem certeza de que quer ir? - Ele me perguntou.
- E por que não teria? Tom, não é uma besteira qualquer!
- Eu estava perguntando porque a gente acabou de chegar de quase um dia inteiro de viagem.
- Estou cansada, mas se fiquei de pé até agora... O que eu posso fazer é ir atrás de um café ou até mesmo energético para aguentar um pouco mais.
Não falou nada e destravou as portas do carro. Assim que me sentei no banco do carona, a primeira coisa que eu fiz foi colocar o cinto. Em seguida, mandei uma mensagem para a Claire, querendo saber como estava a situação. O Bill me contara que foi ela quem avisou. Sabia que ela tinha voltado há dois dias e imaginei que o primeiro era para descansar.
Assim que chegamos, o Bill realmente não me esperava ver ali.
- E então? Perdeu muita coisa? - Perguntei, aproveitando que tinha ficado sozinha com ele.
- Por sorte, só umas caixas vazias, alguns CDs com demos que estão salvas no meu computador, além de umas duas cadeiras que estavam estragadas. Graças ao vigia do estacionamento do outro lado da rua, os bombeiros chegaram a tempo.
- Tem alguma coisa em que posso te ajudar?
Passou o braço em torno da minha cintura, me puxando para mais perto e respondeu:
- Tem. Preciso que você fique do meu lado.
- Eu já não estou?
Me olhando, respondeu:
- Eu quis dizer pelo resto da vida.
Respirei fundo e falei:
- Vamos ver.
- Queria tentar entender por que você nunca aceita logo quando te peço para ficar comigo.
- Porque não é tão simples assim quanto você pensa, Bill. Tem muita coisa envolvida.
- Como o quê, por exemplo? O Alex?
Suspirei e avisei:
- Em casa a gente fala sobre isso. Agora não é o lugar e nem a hora para isso.
Não muito tempo depois, um perito apareceu e explicou o que tinha acontecido. Avisou que o estúdio ia precisar passar por uma avaliação e, entre uma coisa e outra, acabou demorando demais. Tanto que, quando ele foi embora, já era quase noite.
Quando estávamos no meio do caminho de volta para a casa, o Bill estava sério até demais. Dava para ver que estava preocupado e, numa tentativa de ajuda-lo a desanuviar um pouco, aproveitei que estava parado no sinal e peguei sua mão. Entrelaçou os dedos nos meus e, percebendo que era a minha mão direita, mexeu um pouco e expôs o meu pulso. Começou a beijar a minha pele e ele percebeu que aquilo estava começando a surtir efeito em mim.
- Pena que a viagem foi longa, senão a gente podia... - Falou, me olhando fixamente. - Enfim.
- Já que você está cansado... - Respondi, conseguindo soltar meu pulso. - assim como eu, o melhor que a gente faz é cada um dormir na própria cama, para garantir que não vai ter mais... Exaustão.
Me olhou e perguntou:
- Dorme comigo, Izzy? Estou sentindo falta do seu corpo.
Não resisti e passei a mão pelo seu cabelo.
- Liebe, daqui a pouco a gente não vai nem aguentar ficar de pé. Se tentarmos alguma coisa, é capaz de não dar certo. Melhor a gente descansar bem antes.
- Quando falei para você dormir... Não era para a gente tentar fazer sexo. Era só... Dormir.
- Só dormir, hein? - Avisei e ele sorriu.
Não larguei você
Porque eu estava acabado
Oh, eu estava impressionado
E, sinceramente, muito assustado
Porque realmente me apaixonei por você
(Train - Drive by)
Luiza
Depois do expediente, estávamos ajudando a fechar o bar, como sempre fazíamos, e, nesse meio tempo, conversava com as meninas. Quando terminamos tudo e fomos pegar as nossas coisas, a Lydia entrou ali e, fazendo questão de ser ouvida, comentou:
-... E é estranho, não nego. Agora de uma coisa você pode ter certeza: Se arrependimento matasse, eu estaria morta.
A garota com quem ela conversava (E com quem não havíamos simpatizado nem um pouco) sorriu maldosa e disse:
- Deveria mesmo era ter aproveitado quando teve chance e transado com ele quando teve chance. Eu estava o observando e tem jeito de ser ótimo de cama...
Olhei para as meninas e sibilei, fazendo expressão simpática:
- Me segurem que eu vou dar nas caras dessas duas...
- Quer ajuda? - A Di perguntou. - Quero descontar a raiva do assanhamento do Tom...
Justo nessa hora, ouvi a Lydia comentar:
-... Ah, mas tem homem casado que não está nem aí. Quer dizer, se eles traem as esposas, é porque não estão satisfeitos com o que tem em casa.
Vi a Nicola se levantando e agarrei a manga do seu casaco. Neguei com a cabeça.
- E eu não sei porquê... Mas acho não acho que o Bill vá demorar tanto assim para procurar o que não tem em casa...
Respirei fundo e tentei me manter calma o máximo que pude. Peguei a bolsa e fiz sinal para que as meninas me seguissem. Ao passar pela Lydia, no entanto, não me contive e falei:
- Pode saber que você seria a última pessoa quem ele procuraria. Ou ainda não caiu a ficha de que o Bill tem horror de você?
Sorriu torto e disse:
- Se ele tem tanto horror assim de mim... Então por que não parou de me olhar na noite da virada do ano e nem hoje à noite?
Me virei para as meninas e perguntei:
- Vocês viram isso?
As duas negaram.
- Ah... Um aviso: Fica longe dele. No que depender de mim... Se você se acha ruim... É por que não viu do que sou capaz.
- Estou com tanto medo... - Disse, estreitando os olhos. - Ainda mais de uma mosquinha morta que nem você.
Arqueei a sobrancelha e ela continuou:
- Agora de curiosidade... O Bill aceitou ficar com você mesmo sabendo a vagabunda que é?
Só senti meu sangue fervendo e, quando vi, dei um tapa daqueles na cara dela. Pude ver a marca dos meus dedos no seu rosto ficando cada vez mais forte e, em seguida, veio para cima de mim. Claro que me derrubou, mas consegui ficar por cima. Não sabia direito o que estava fazendo. Só sei que toda a raiva que eu sentia dela, não só por ter acabado com a banda, mas por tudo que fez com o Bill, estava sendo direcionada para as minhas mãos. Não sabia se batia, dava socos, arranhava... No fim, acabei fazendo um pouco de tudo. Num único instante em que ela me pegou de guarda baixa, se aproveitou para dar um soco na minha boca e logo senti o gosto metálico do sangue. Ignorei totalmente esse pequeno detalhe e continuei batendo nela e até mesmo xingando. Não sei como, mas justo na melhor parte, senti alguém me puxando e tentando à duras penas me afastar dela. Não estava tendo um trabalho fácil, já que eu estava esperneando e inquieta. Sem falar que xingava com todos os palavrões e xingamentos que me vinham à cabeça. Vi um dos seguranças do bar tirarem a Lydia dali e, só quando ela saiu que me soltaram.
- Filha da puta cretina! - Resmunguei. Senti que me puxaram de novo e eu percebi que tremia. Respirava fundo e tentava à todo custo me acalmar. Só que não conseguia.
- O que aconteceu aqui, porra? - Ouvi a voz do Bill, tão bravo quanto eu estava.
- Não mexe comigo por agora senão não respondo por mim! - Gritei e me debati, tentando soltar meus braços. Ele suspirou e disse:
- Pode deixar que, se eu precisar, eu chamo.
Não sei quanto tempo depois, estávamos sozinhos ali. Eu já tinha me acalmado e ele me fez sentar sobre a pia. Não sei como, mas tinha conseguido um algodão e um potinho que eu sabia que era álcool.
- O que houve? - Perguntou, enquanto despejava um pouco do álcool sobre o algodão.
- Ela ficou me provocando, me chamou de vagabunda, ficou falando um monte de merdas, tipo que não sabia como você aceitou ficar comigo... Perdi as estribeiras e, quando vi, dei um tapa nela. E ela reagiu, vindo para cima de mim. Não consegui me controlar e tudo que estava sufocado... Saiu. Eu sei que não deveria ter dado atenção, mas não tenho sangue de barata e você sabe disso.
Concordou.
- Juro que, quando cheguei, achei que você ia acabar... Sei lá, matando a Lydia. Só via que você batia muito nela.
- Eu me descontrolei.
Assentiu e, de repente, encostou o algodão no meu lábio. Gemi e ele riu fraco.
- Fiquei com medo por você. Quando a Nicola apareceu, avisando que você e a Lydia estavam brigando, já tinha imaginado o pior.
Dei um estalo com a língua e falei:
- Até parece que você não me conhece... Lembra que eu sei me defender?
Concordou.
Um tempo depois (E de um longo sermão do Stephen), fui liberada. Enquanto andávamos pela rua, de volta para a casa, a Lola comentava da briga, toda animada. Até dava pulinhos.
Uns dias se passaram e, quando estávamos na terceira semana de janeiro, eu e as meninas tivemos uma ideia e, para surpreender o Stephen, fizemos uma pequena... Estripulia quando ele não estava no bar. Uma vez que estava tudo feito, nem esperamos até chegar em casa; Havíamos levado um computador com editor de vídeo e, assim que estava tudo pronto, já colocamos na internet, dando um jeito de viralizar.
Na noite seguinte, só para variar, o Bill tinha ido com a gente. O Alex também e eu estava vendo a hora em que um ia caçar confusão com o outro. Não havia nem sinal da Lydia e da sua “Rabicha”. Havíamos dado o apelido venenoso por causa do personagem do Harry Potter, seguidor do Voldemort.
Estava indo tudo muito bem, obrigada, até que o Stephen me chamou ao seu escritório. Estranhando, fui até lá e, assim que entrei e vi sua postura séria, tive medo. E piorou quando ele me pediu, em tom pouco amistoso, que fechasse a porta. Me sentei na cadeira de frente para a sua mesa e ele disse, sério:
- Te chamei aqui porque quero conversar a respeito de uma coisa com você.
Engoli em seco.
- Não tem como negar que você é uma das Coyotes mais queridas. E, desde que você foi para Los Angeles, muita gente tem reclamado da sua falta.
Assenti.
- Você sabe que não estou em Los Angeles por vontade própria.
Ergueu o olhar.
- Será mesmo? Eu vi o jeito que você e o Bill ficam quando estão perto um do outro. Vi o jeito que se olham. O jeito que ele ficou quando a Nicola falou que você estava brigando com a Lydia.
- Bom, Stephen... Você tem que concordar que, morar por quase um ano sob o mesmo teto com alguém por quem você sente uma atração muito forte como a que eu sinto pelo Bill, ia acabar evoluindo.
- Eu sei. E sei que as chances de você não voltar mais para Londres são grandes, não é?
Neguei.
- Sejamos realistas: Quais são as chances de eu ficar com o Bill depois que o prazo do juiz acabar? No início, realmente era por obrigação. Mas, apesar de ele me conhecer melhor agora... Quem te garante que ele vai me aceitar do jeito que eu sou? E vice-versa? Você me conhece, sabe que eu posso não aguentar... Tudo que vem com ele. Uma coisa é o Alex. Outra bem diferente é o Bill.
- E por que acha que com o Bill é diferente?
- Talvez porque ele é um rockstar com fãs pelo mundo inteiro com os hormônios borbulhando e uma possessividade quase psicótica, enquanto o Alex, embora tenha admiradoras e tal, é mais... Bom, tem uma vida mais estável.
Me olhou, sorrindo misteriosamente.
- Justamente por, como você disse, te conhecer tão bem, que eu sei que você prefere a montanha-russa que é a vida do Bill à calmaria da vida do Alex.
Hesitei.
- Queria te dizer que, não importa o que aconteça, você é e sempre vai ser uma coyote. As portas do bar sempre estarão abertas para quando quiser voltar. Seja como cliente ou como garçonete.
Sorri e perguntei:
- Posso te dar um abraço?
Rindo, concordou e, mesmo com a mesa entre nós, me abraçou.
Quando saí do seu escritório, vi que o Bill estava encostado numa pilastra ali em frente e perguntou:
- Aconteceu algo com que eu deva me preocupar?
- Tipo?
- Ele ter te despedido por causa da confusão com a Lydia?
Neguei.
- Muito pelo contrário. Me garantiu que não vou deixar nunca de ser uma coyote.
Assentiu lentamente.
- Agora, vamos voltar cada um para seu posto senão aí sim, estou na rua.
- Só uma última coisa.
Olhei para ele, sem entender. Passou os braços em torno da minha cintura e me puxou para mais perto, roubando um beijo daqueles mais apaixonados possíveis. De repente, ouvimos alguém pigarreando e, quando nos separamos, olhamos para a mesma direção e o Stephen disse para o Bill:
- Nada de ficar agarrando as minhas funcionárias durante o horário de expediente, Kaulitz. Depois, pode até ser.
O jeito, então, foi cada um ir para seu canto.
Quando chegamos em casa, um tempo depois, só estávamos nós dois. Georg e Gustav sumiram, como sempre, Tom e Nadine foram vistos pela última vez assim que o Stephen fechou o bar e a Lola tinha ido dormir na casa do Charlie.
- Vou ao banheiro. E você... - O Bill falou, me abraçando por trás. - Vai se preparando.
- Me preparando para...? - Me fiz de desentendida.
- Estamos só nós dois aqui e é claro que vou querer aproveitar.
- Safado. - Falei, alcançando sua bunda e dando um tapa. Riu e disse:
- Sabia que você acabou de me dar uma ideia?
Consegui me soltar dele e avisei:
- Não... Nem vem que não tem!
Sorriu lascivo e corri para o quarto, ouvindo sua gargalhada.
Depois que troquei de roupa, deitei na cama e acabei pegando no sono. Uma das últimas coisas que tive consciência de acontecer era ele me abraçando por trás e me puxando para mais perto.
Na sexta-feira, o bar, como sempre, estava lotado. Não parávamos um instante e, de repente, um cara, com a maior pinta de jogador de futebol americano, começou a dar em cima de mim. Num dado momento, disse:
- Estou pensando aqui... Você podia muito bem ser a namorada de um nickelback.
Olhei para ele e falei:
- Até gosto da banda e tal, mas...
Riu e disse:
- Sou jogador de futebol americano. Nickelback é um dos jogadores de defesa.
- Ah sim... Bom, eu gosto do que vocês chamam de soccer. Mas gosto muito mais ainda do meu marido, que não é jogador.
- E ele é o quê? - Perguntou, com um leve tom de desdém.
- Ele é simplesmente o homem que eu amo, que faz algo que ele gosta e não é um brutamontes como você.
- Ele existe?
Ergui a mão e exibi a aliança.
- Quem me garante que você não está usando a aliança justamente para dispensar os caras?
Arqueei a sobrancelha e perguntei:
- E quem te garante que, caso eu fosse solteira e desimpedida, ia dar mole para você? Ainda não deu para perceber que você não faz o meu tipo?
- E qual é o seu tipo, hein, boneca?
- Em primeiro lugar... Não me chama de boneca ou qualquer outro nome que não seja o meu. Em segundo: Dispenso fisiculturistas com montanha de músculos e com o cérebro e... Outras coisas do tamanho de uma ervilha. Prefiro cérebro e educação ao que você tem. - Respondi, já perdendo a paciência. As meninas já estavam se preparando para começar a botar essa criatura para correr.
- A gatinha morde... - Disse e suspirei. Sei lá como, quando me virei para pegar uma garrafa, tomei um susto ao quase me chocar com o Bill.
- Algum problema? - Ele perguntou e eu, ainda atordoada, só consegui negar com a cabeça e ouvi o jogador perguntar, no mesmo tom de deboche:
- Esse aí que é seu marido?
Me virei e respondi:
- Não que isso seja do seu interesse... Mas é. E agora, se você não parar de me perturbar, eu vou ser obrigada a chamar os seguranças.
Ele deu um meio sorriso e, pegando a garrafa de cerveja, se afastou. Me virando de frente para o Bill, perguntei:
- Te falaram que só quem trabalha no bar pode ficar aqui?
Dando um sorriso torto, se aproximou do balcão e, vendo que um dos clientes tentava fazer um pedido, o Bill apontou e o rapaz disse:
- Quero seis cervejas.
O Bill concordou e foi logo pegar os copos. Em seguida, foi andando até a máquina e encheu um por um. Depois, entregou ao cliente, que agradeceu e perguntei, parando ao lado do meu marido:
- Por um acaso você está querendo roubar meu posto, é isso?
- Três margaritas red. - Uma menina pediu. Enquanto o Bill fazia, respondeu:
- E se eu quiser?
- Se quiser... Vai ter de dançar em cima do balcão. E ai de você se rebolar, entendido? - Apertei sua cintura enquanto ria. Entreguei a garrafa com Campari e orientei sobre quanto tinha que servir. A Lola foi passar ao nosso lado e, como sempre, quis bater o quadril contra o meu. Só que ela não viu e quem foi atingido foi o Bill. Olhou para trás e não consegui segurar o riso ao ver a Lola quase da mesma cor dos cabelos. Saiu correndo e rimos.
- É impressão minha ou ela fica tímida quando está perto de mim? - Ele quis saber e dei de ombros.
- Difícil saber perto de quem ela não fica tímida. - Respondi.
- Izzy! Curaçau! - Ouvi a Nadine pedir e deslizei a garrafa sobre o tampo do balcão mais baixo.
- Nunca quebrou uma garrafa fazendo isso? - O Bill perguntou e respondi:
- O tempo inteiro. O Stephen já acostumou e por isso tem a reserva. Você.- Apontei para uma mulher de quarenta e poucos anos que tinha conseguido alcançar o balcão.
- Como é esse... Coyote?
- Bebida especial da casa. Leva Cherry Cola, uma dose de vodca e um ingrediente especial e tão secreto que a gente teve que assinar um contrato, prometendo que não ia contar. Pessoalmente, acho que é um dos melhores daqui.
Mesmo hesitante, concordou e pediu quatro. Quando estava quase terminando, o Bill viu o que era o ingrediente especial e sorriu. Fiz sinal de silêncio e ele concordou, já servindo mais cerveja para um grupo de amigos.
No final do expediente, quando estávamos terminando de fechar o bar, o Stephen apareceu e sabíamos o que aquilo significava. A Di, que terminou de limpar o chão, foi até ele e recebeu seu pagamento. A Lola foi a segunda e eu a última. Só que, o surpreendente foi quando o Stephen chamou o Bill, que estava me ajudando a organizar as bebidas.
Quando paramos de frente para o meu chefe, este falou:
- Considerando que você se saiu muito bem hoje...
Entregou um bolinho de dinheiro para o Bill, que tentou recusar, mas depois de muita insistência, acabou me entregando para guardar na bolsa.
- A propósito... Se quiser... Podemos fazer um teste com você. - O Stephen disse ao Bill.
- Quem sabe?
Concordou e, depois de cada uma pegar as suas coisas, viemos embora. A Lola estava mais quieta que de costume e claro que aquilo não passou despercebido. Acabou que a Di e eu decidimos falar com a ruiva outra hora.
Na manhã seguinte, quando chegamos do almoço, a primeira coisa que eu percebi quando entrei no meu quarto eram as malas do Bill abertas e já quase feitas por completo.
- Ei... O que houve?- Perguntei, me aproximando dele. - Eu sei que o bar é uma loucura, mas... O Stephen te fez a proposta sem compromisso.
Riu fraco enquanto guardava mais uma das camisetas.
- Vou ter de voltar à Los Angeles. Houve um curto-circuito no estúdio e acabou pegando fogo numa das salas. Se quiser ficar aqui e depois a gente vê como faz quanto ao seu aniversário...
- “Se quiser ficar aqui”? Kaulitz, olha bem para mim e vê lá se eu vou conseguir ficar aqui em Londres, do outro lado do oceano, sabendo que você pode precisar de mim? Até parece!
Me olhou de um jeito estranho e perguntei:
- Conseguiu achar a passagem?
Negou.
- Jato particular.
- Posso ir junto?
Depois que colocou uma calça na mala, se endireitou e veio andando até onde eu estava. Sem dizer uma única palavra, se inclinou na minha direção e me beijou. Era diferente, bem mais intenso do que de costume. Quando interrompeu o beijo, mas sem me soltar, perguntei:
- Devo encarar isso como um sim?
Sorriu e roubou um selinho.
- Eu não ia conseguir ficar sem você lá em Los Angeles. - Disse. Ainda bem que ele estava me segurando, senão juro que desabava.
Tão logo terminei de fazer a mala, o mais rápido e eficiente que consegui, descobri que as meninas estavam indo também, assim como o Georg e o Gustav. Avisei ao Stephen sobre o que tinha acontecido e, antes de sair, cada uma ficou encarregada de verificar se estava tudo em ordem: A Di foi ver se as janelas estavam bem fechadas e trancou as portas. A Lola foi desligar todos os aparelhos elétricos. E eu, fui até a vizinha, pedir para que recebesse toda e qualquer encomenda que poderia chegar. Uma vez que a Di trancou a porta do apartamento, tivemos que fazer duas viagens de elevador, sendo que, na primeira, a Lola foi com o Georg e o Gustav e metade das malas. E em seguida, já podiam ir ao aeroporto.
Quase quinze horas depois, chegamos à Los Angeles e, mesmo com o cansaço, o Bill foi direto para o estúdio. Enquanto eu ia para a casa, assim como o resto do povo. Assim que cheguei e a Rosa me viu, sendo ajudada pelos meninos, perguntou:
- E o Bill?
- Foi para o estúdio. - O Tom respondeu.
- Comeram alguma coisa? - Ela perguntou e a resposta foi um bando de dar de ombros.
- Só vim ajudar a Izzy. Vou lá no estúdio, ver se consigo ajudar o Bill com alguma coisa. - O Tom avisou e, logo, ele arranjou mais três companhias.
- Tem certeza de que quer ir? - Ele me perguntou.
- E por que não teria? Tom, não é uma besteira qualquer!
- Eu estava perguntando porque a gente acabou de chegar de quase um dia inteiro de viagem.
- Estou cansada, mas se fiquei de pé até agora... O que eu posso fazer é ir atrás de um café ou até mesmo energético para aguentar um pouco mais.
Não falou nada e destravou as portas do carro. Assim que me sentei no banco do carona, a primeira coisa que eu fiz foi colocar o cinto. Em seguida, mandei uma mensagem para a Claire, querendo saber como estava a situação. O Bill me contara que foi ela quem avisou. Sabia que ela tinha voltado há dois dias e imaginei que o primeiro era para descansar.
Assim que chegamos, o Bill realmente não me esperava ver ali.
- E então? Perdeu muita coisa? - Perguntei, aproveitando que tinha ficado sozinha com ele.
- Por sorte, só umas caixas vazias, alguns CDs com demos que estão salvas no meu computador, além de umas duas cadeiras que estavam estragadas. Graças ao vigia do estacionamento do outro lado da rua, os bombeiros chegaram a tempo.
- Tem alguma coisa em que posso te ajudar?
Passou o braço em torno da minha cintura, me puxando para mais perto e respondeu:
- Tem. Preciso que você fique do meu lado.
- Eu já não estou?
Me olhando, respondeu:
- Eu quis dizer pelo resto da vida.
Respirei fundo e falei:
- Vamos ver.
- Queria tentar entender por que você nunca aceita logo quando te peço para ficar comigo.
- Porque não é tão simples assim quanto você pensa, Bill. Tem muita coisa envolvida.
- Como o quê, por exemplo? O Alex?
Suspirei e avisei:
- Em casa a gente fala sobre isso. Agora não é o lugar e nem a hora para isso.
Não muito tempo depois, um perito apareceu e explicou o que tinha acontecido. Avisou que o estúdio ia precisar passar por uma avaliação e, entre uma coisa e outra, acabou demorando demais. Tanto que, quando ele foi embora, já era quase noite.
Quando estávamos no meio do caminho de volta para a casa, o Bill estava sério até demais. Dava para ver que estava preocupado e, numa tentativa de ajuda-lo a desanuviar um pouco, aproveitei que estava parado no sinal e peguei sua mão. Entrelaçou os dedos nos meus e, percebendo que era a minha mão direita, mexeu um pouco e expôs o meu pulso. Começou a beijar a minha pele e ele percebeu que aquilo estava começando a surtir efeito em mim.
- Pena que a viagem foi longa, senão a gente podia... - Falou, me olhando fixamente. - Enfim.
- Já que você está cansado... - Respondi, conseguindo soltar meu pulso. - assim como eu, o melhor que a gente faz é cada um dormir na própria cama, para garantir que não vai ter mais... Exaustão.
Me olhou e perguntou:
- Dorme comigo, Izzy? Estou sentindo falta do seu corpo.
Não resisti e passei a mão pelo seu cabelo.
- Liebe, daqui a pouco a gente não vai nem aguentar ficar de pé. Se tentarmos alguma coisa, é capaz de não dar certo. Melhor a gente descansar bem antes.
- Quando falei para você dormir... Não era para a gente tentar fazer sexo. Era só... Dormir.
- Só dormir, hein? - Avisei e ele sorriu.
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