domingo, 18 de outubro de 2015

What happens in Vegas... Might not stay in Vegas - 30º capítulo


30. Just shut up and watch me walk

Eles dizem hey sexy
Quando eles me colocam em seus braços
Assim, maximizam seus encantos
Porque eu estou brilhando como uma estrela


(Sugababes - Get sexy)

Luiza

Fato: Eu estava com dor de estômago tamanha era a minha ansiedade. Estava com as meninas, já prontas para a apresentação e no backstage e tudo o que eu conseguia fazer era bancar a barata tonta e ficar andando de um lado para o outro. Respirei fundo, fechei os olhos e tentei me acalmar como podia, mas, quem disse que tinha jeito?

          - Ok... Tudo pronto! - Ouvi o Stephen dizer e pensei comigo: “Ah, mas é agora que eu travo!”. Só que não foi bem o que aconteceu...

O palco havia sido montado de um jeito que havia um telão retrátil e nós estaríamos atrás dele, que era cortado em pontos específicos que serviriam de passagem para nós. Logo, ouvimos o começo do prelúdio e já ouvíamos algumas pessoas animadas. O telão mostrava um vídeo que havíamos feito em Los Angeles e que eu achava meio... Estranho. Havíamos nos inspirado no filme “Cisne negro”, usado aqueles macacões pretos de vinil e cada uma fazia uma coisa diferente. No início, só olhávamos para a câmera e, quando apareceu a Nadine, olhamos para ela e rapidamente, imitamos a jogada de cabelo que ela costumava dar. E a Di, sem poder fazer mais nada, só riu. Mostraram uma cena minha, de quatro e empinando a bunda e lógico que as três me zoaram. A Lola deu um tapa no próprio quadril e, de brincadeira, fiz o mesmo. Houve uma cena em que a Nicola mordia uma corda e imitamos um tigre. Apareceu uma imagem minha quebrando uma parede de vidro (Claro que tinha sido tomado o máximo de precauções para não me machucar) e, quase imediatamente, apareceu a Claire imitando a Natalie Portman e erguendo a cabeça do mesmo jeito, com o mesmo olhar fixado e maníaco. Quando apareceu uma imagem da Nadine, toda sexy, de lado e fazendo carão, além de mexer no cabelo, corri até ela e falei:

          - Arrisco a dizer que teve um alemão que ficou animado agora...

E ela riu. Voltei correndo ao meu posto e o vídeo ia para o final, com as imagens de cada uma um pouco borradas. Começou outra música com a introdução da que íamos cantar e, no momento certo, cantei, duas vezes:

'Cause I've been setting back no chance of rolling
(Porque eu estive sentada, sem chance de cair)
hopin' that nothing ever blows, no, no
(Esperando que nada desse errado, não, não)
Boy, did you ever think that loving
(Garoto, você já pensou que amar poderia ser)
Would be nothing more than walking me home? No, no?
(Nada mais do que me levar até em casa, não, não)
Cause I've been setting back no chance of rolling
(Porque eu estive sentada, sem chance de cair)
Hopin' that nothing ever blows, yeah, yeah
(Esperando que nada desse errado, sim, sim)
Boy, did you ever think that loving would be
(Garoto, você já pensou que amar poderia ser)
Nothing more than walking me home? No, no?
(Nada mais do que me levar até em casa, não, não)

Mesmo que ainda não tivéssemos aparecido, ouvia os gritos de várias pessoas. Quando veio o refrão, o telão ficou preto e fomos iluminadas por holofotes. O lugar quase veio abaixo. Logo, outras imagens começaram, com nós quatro dançando.

A primeira música foi muito bem, obrigada. Ao final dela, já não aguentávamos mais e tiramos os casacos que usávamos sobre as roupas. Por baixo, cada uma usava uma saia, de tutu preta, meia arrastão e um par de botas de cano médio, daquelas que chega na altura do joelho. No entanto, sabíamos que o que ia causar mais impacto seriam os espartilhos. Todos seguiam o mesmo padrão de cor, vermelho e preto, e a diferença era o meu. Tinha uma coisa que parecia um bolero, mas era de um ombro só. Saía e havia uma faixa com fivela perto do outro ombro. Era em estilo militar, com correntes e seis botões de cada lado. Era bonito, ainda mais que era todo brocado... Os das meninas eram tomara-que-caia e o da Claire era frente-única. O único que era “diferente” era o da Nicola, que só um detalhe com, tipo uma renda, só na frente.

A música seguinte era uma cover de “Walk this way”, mas da versão do Run DMC. Por isso, conversei com o Stephen e sugeri de ele colocar algumas das meninas que trabalhavam no bar para cantarem com a gente. E elas estavam vestidas como nós, embora os espartilhos que elas usavam fossem pretos. Quando estava perto do refrão, olhei para o lado e quase tive um treco. Continuei agindo normalmente e tomando o cuidado de acertar toda as partes que eu tinha que cantar.

Teve mais uma música, também cover e fomos correndo trocar de roupa. Aproveitei que a Claire precisou ir ao banheiro para falar com as meninas:

          - Viram que teve uma garota, morena, branquinha e que cantou perto do segundo refrão?

As duas concordaram.

          - O que tem? - A Lola perguntou enquanto fechava a bota.

          - Lydia.

A Nadine simplesmente deixou cair a garrafa de água que estava segurando. Claro que fez aquela bagunça.

          - Aquela... Lydia? - Perguntou, em choque. Concordei. Ouvimos umas batidas na porta e a Claire pôs a cabeça para dentro do “camarim”.

          - Prontas?

Concordamos e respirei fundo.

O resto da apresentação foi até bem tranquilo e, quando estava perto de onze horas, pudemos parar. De novo, trocamos de roupa, mas agora pelos vestidos que tínhamos escolhido para passarmos a virada do ano. Assim que terminamos, a Lola já foi pegando o celular e disse:

          - Foto!

Aproveitando que estávamos de frente para um espelho, tiramos a foto, sendo que cada uma fazia uma careta.

Quando chegamos à área VIP, logo reconheci uma das pessoas que estava ali e, ignorando totalmente o fato de que estava em cima do salto, saí correndo desembestada na sua direção, sendo que as meninas riam. O Alex me ergueu do chão enquanto me abraçava e, claro que não perdeu a oportunidade de me provocar:

          - Rebola daquele jeito de novo que seu marido enlouquece de vez.

Ri e perguntei:

          - Por que não me contou quem mais ia cantar hoje?

          - Porque eu fiquei sabendo hoje.

Estreitei os olhos e ele me empurrou de leve, usando o ombro.

          - Ela está te tratando bem? Alex, senão eu juro que faço que nem o estripador e arranco o útero dela!

A cara de surpresa dele teria me feito rir se eu não estivesse preocupada.

          - Está me tratando bem sim, não se preocupe quanto à isso. E eu agradeceria se você não fizesse como o estripador.

Olhei feio para ele, que disse:

          - E você, hein... Fiquei sabendo que estava até passando mal...

          - Como se não me conhecesse... - Respondi, sorrindo e, logo vi o Bill olhando na nossa direção enquanto tomava um gole da sua bebida. Respirei fundo e o Alex perguntou:

          - Ele está olhando, não é?

Franzi o nariz e sorri fraco.

          - Está é nos fuzilando, isso sim.

Sorriu e disse:

          - Acho que não vou mais arriscar meu pescoço...

Ri e ele logo se afastou na direção do bar. Assim que me sentei ao lado do Bill, perguntei:

          - E então? O que achou?

Nem respondeu. Respirei fundo e falei:

          - Beleza. Acho que vou falar com o Stephen que vou voltar àquele palco e fazer um strip.

Me olhou com a maior cara de poucos amigos, mas não me botou medo.

          - Experimenta. - Me desafiou.

          - Vai pagar para ver?

De repente, começou a sorrir malicioso e bati no seu braço, resmungando:

          - Seu chato!

Riu e disse:

          - Podia ter rebolado um pouco menos...

Respirei fundo e, sem querer, olhei para a entrada daquela área, onde a Lydia acabava de chegar.  O Bill olhou para a mesma direção e fiquei com medo. Percebi que ficou tenso e me perguntou:

          - Você não sabia que ela ia se apresentar hoje, sabia?

Neguei.

          - Eu descobri que ela está trabalhando aqui. - Disse, me olhando.

          - Bom, o bar é do Stephen, não meu. E ele não podia ficar com o desfalque de três meninas. Ele provavelmente não sabia quem é ela.

          - Será?

Dei de ombros. De repente, vi que começaram a montar uma espécie de bufê e, quando consegui encontrar uma das meninas (Nicola, no caso), fiz um sinal, como se perguntasse se ela sabia o que era aquilo. Negou e veio puxando o Charlie pela mão.

Enquanto o Bill e o Charlie conversavam, eu e a Nicola comentávamos sobre a comida. É, duas esfomeadas proibidas de fazer uma boquinha dá nisso.

          - Só falta eles não deixarem a gente comer! - A ruiva protestou.

          - Cadê o Stephen? - Perguntei e ela deu de ombros.

          - Aliás... Não só o Stephen, mas a Claire, a Nadine e o Tom...

          - O Tom e a Nadine estão por aí, juntos. - O Bill avisou. De repente, ele fez sinal e, quando olhamos, o Georg e o Gustav chegavam, cada um com a sua namorada. Eram bem simpáticas e, quando a do Georg viu a Lydia, franziu o nariz.

          - Garota mais... Nojenta.  - Disse. - E como você está conseguindo ficar no mesmo ambiente que ela?

          - Está vendo aquele loiro ali? O protótipo de modelo de cueca da Calvin Klein?- A Lola perguntou. A Hannah, namorada do Georg, concordou. Em seguida, a Nicola apontou para mim e para o Alex e fez um gesto que dava para entender tudo, esfregando um indicador no outro.

          - Lola! - Chamei sua atenção e a Hannah riu.

          - E tô mentindo?

Suspirei e, de repente, vimos a Nadine abrindo caminho até chegar onde estávamos. Claro que segurava o Tom pela mão e olhei para a Lola, me inclinando na direção da ruiva:

          - A cara de felicidade da Nadine...

A Lola riu.

         - Então... Tem quanto tempo que vocês se conhecem? - A Hannah quis saber.

          - Quase quatro anos. - Respondeu. 

          - A Izzy ajudou a bater num cara que estava tentando assaltar à Di e eu. - A Nicola informou. Concordei.

Continuamos conversando, sendo que a Di foi inclusa na conversa pouquíssimo tempo depois. Fiquei de olho na Lydia e, claro que não demorou muito para que ela se aproximasse com o Alex. Aliás, ela ficou o exibindo como se fosse um objeto. O tempo inteiro fazia questão de tocar nele. Percebi que o Bill estava tenso até demais e, aproveitando a oportunidade, falei:

          - Queria ver se consigo alguma coisa para comer... Vem comigo, por favor?

Nem precisou pedir uma segunda vez para que ele se levantasse, avisando ao Tom aonde íamos. Depois que saímos, estávamos andando em silêncio pela rua perto do bar e, de repente, parou.

          - O que foi? - Perguntei, sem entender.

          - Por que me tirou de lá?

Olhei para ele, sem entender.

          - Quis que eu saísse com você por que não estava suportando a Lydia ou porque ela estava agarrando seu querido Alex?

          - Espera aí. Você realmente está tendo uma crise de ciúmes por nada?

          - Nada? Você foi falar primeiro com ele, Luiza!

          - Quer saber o por quê?

Me olhou.

          - Justamente porque ele estava no meu caminho. Senão, teria ido diretamente atrás de você. E nem vem me acusar de qualquer coisa porque eu estou aqui, com você. Ele está lá metido com a Lydia. Aliás... Eu acho que você está com ciúmes é dela. Não de mim.

Recomecei a andar e, de repente, me puxou pelo braço, fazendo com que eu ficasse virada de frente para ele, que sem qualquer aviso, me beijou. Por estar brava com ele, bati no seu peito, tentei empurrá-lo, sem sucesso, claro, e mesmo assim, ele não desistiu. Quando finalmente me soltou, bati no seu braço e perguntou:

          - Por que isso?

          - Porque eu estou puta com você. Anda, vamos voltar para o bar. E ai de você se me acusar injustamente!

Sorrindo, começou a andar ao meu lado.

Quando começou a contagem regressiva para a virada do ano, dei um perdido em todo mundo e saí puxando o Bill pelo braço até um cantinho mais escondido.

          - O que foi? - Perguntou.

          - Fecha os olhos. - Pedi e a contagem regressiva já passara dos dez segundos. Me estiquei ao máximo do que pude e esperei até todo mundo gritar “Um” para me esticar toda e beijar o Bill assim que os fogos começaram a explodir pelo céu londrino. Estava tão envolvida no beijo que nem ouvi quando começaram a gritar vários “Feliz ano novo”, não só pelo bar, mas por todos os lados.

Não demorou muito e ele logo tratou de me colocar, literalmente, contra a parede mais próxima. Quando ficou praticamente impossível de respirar, aproveitou que fizemos uma pausa e disse:

          - Achei que estivesse brava comigo.

          - Estou. Um pouco menos. Mas essa trégua é também porque não quero começar o ano brigada com você.

Sorriu e roubou um selinho demorado.

Quando toda a comemoração terminou, tive que sumir com as meninas e, logo que subimos novamente ao palco, percebi que havia algo de estranho ali. Quer dizer, ainda conseguia ouvir a música do DJ, mas tinha algo a mais...

A Di logo começou:

Go girls g-g-go go go
(Vão garotas, v-v-vão, vão)
We girls gonna take control
(Nós garotas vamos tomar o controle)

Depois, foi a minha vez de cantar:

You boys better know know know
(Vocês, garotos, é melhor que saibam, saibam, saibam)
We girls gonna run this show
(Nós garotas vamos comandar esse show)

A Nadine cantou sua parte de novo e, em seguida, lá fui eu mais uma vez:

We girls gonna take control
(Nós garotas vamos tomar o controle)
No, no
(Não, não)

We girls gonna run this run this
(Nós garotas vamos comandar isso, comandar isso)

Houve a parte instrumental e, como havíamos ensaiado, saímos andando pelo palco. E foi quando eu vi e descobri de onde vinha o som a mais: Tom, Georg e Gustav estavam ali, tocando.

Como a estrutura com a passarela já estava pronta, então, aproveitamos para fazer uma brincadeira. Imitamos as angels da Victoria’s secret, desfilando e, ao chegar no final, cada uma fazia uma coisa. A Nicola, primeiro, fez um charme com a perna um pouco dobrada e, em seguida, soprou um beijo que, tive certeza, era para o Charlie [n/a: Ela faz esse negócio da perna no 1:18]. Já a Nadine também mandou beijo, mas com as duas mãos e ainda deu um pulinho. Em seguida, a Claire, com a maior pose de modelo imaginável, simplesmente desfilou e, ao chegar no final, mexeu no cabelo e pude ver que sorriu do mesmo jeito inocente de sempre. Já eu? Apoiei a mão no quadril, me inclinando um pouco para a frente, mandei o beijo também e, antes de me virar, pisquei.

No refrão, que vinha logo em seguida, ficamos todas lado a lado, cantando e fazendo a pseudo-coreografia que criamos.

A Claire logo começou a cantar:

Down with the rhythm on another beat
(Com o ritmo em outra batida)
Gotta take that back what you said to me
(Tenho que retomar aquilo que você me disse)

E em seguida, foi a vez da Lola:

Never giving in when the sun's so high
(Nunca vou me render quando o sol está tão alto)
Gotta feel that heat when your call's so fine
(Tenho que sentir aquele calor quando seu chamado é tão bom)

... E a Claire voltou a cantar:

Down with the rhythm on another street
(Com o ritmo em outra rua)
Gotta let this go cause I feel so free
(Tenho que deixar isso ir porque me sinto tão livre)

E veio a Lola de novo:

Never givin' in cos I need you here, ah ah
(Nunca vou me render porque preciso de você aqui, ah, ah)

Logo, veio a parte em que a Nadine e eu cantávamos e deu para ver que, quem estava ali no bar, estava gostando da música.

Algumas horas depois, nós quatro, que começamos impecáveis... Estávamos terríveis. Não dava para saber quem estava com os pés em pior estado, a maquiagem já estava começando a derreter (Apesar de termos o cuidado de passar um fixador), os penteados já estavam desfeitos... Sem falar que, lá pelas duas da manhã, a Lola começou a beber. E ela era aquele tipo de pessoa que, quando fica bêbada, fica engraçada.

O sol já estava quase nascendo quando fomos para a casa. E na tentativa de encontrar um táxi àquela hora da manhã, o Charlie teve um pouco de dificuldade para controlar a Lola, que simplesmente saiu cantando (Ou o certo seria dizer que ela saiu berrando?) pela rua. De longe, podia ouvir a risada da Nadine, que conversava com o Tom, que segurava firme em sua cintura a fim de evitar que ela fizesse como a Lola. De longe, eu era a mais sóbria do bando. Até a Claire estava alta!

Conseguimos um táxi para o Charlie e a Lola, Georg e Gustav simplesmente sumiram com as namoradas. A Claire acabou pegando carona no táxi da Nicola, já que a casa da tia ficava no meio do caminho. Então, só sobramos Nadine, os gêmeos e eu.

Quando estávamos os quatro na estação de metrô, depois de concluir que não íamos ter sorte com os táxis, dei por falta da Nadine e do Tom e, quando me virei, os dois estavam sentados numas cadeirinhas, sendo que ela pegara no sono e estava dormindo com a cabeça sobre o ombro dele.

          - Ei... - O Bill me chamou. Me virei para olhá-lo e perguntou: - Gostou da surpresa?

Estranhei e indicou o Tom com o queixo.

          - Ah, então tinha seu dedo nessa história...

Sorriu.

          - Mas gostei. Tomei um pouco de susto quando vi o Tom, mas foi muito legal.

Ele olhou para o irmão, que ainda velava o sono da Di.

          - Lembrei do dia que você quebrou o pau com os dois... - Comentou. Sorri e brinquei:

          - Tesão recolhido é triste...

Riu fraco e, logo, vimos o trem chegando. O Bill chamou o Tom e, logo, ele fez com que a Di acordasse. Sendo que, assim que ela se sentou no banco, já dormiu de novo.

Assim que chegamos em casa, encontrei um bilhete da Lola, avisando que ia dormir na casa do Charlie e observei o Tom carregando a Di nos braços até o quarto dela.

          - Quer que eu faça o mesmo com você? - Ouvi o Bill me perguntar e tomei um susto.

          - Não, obrigada. Apesar de estar com os pés ferrados, consigo andar até o quarto.

          - Posso... Fazer uma coisa por você, então? - Perguntou e dei de ombros. Fez com que eu me sentasse em uma das poltronas e foi até a cozinha. Quando voltou, trazia uma bacia com água e gelo. Pôs na minha frente e fez com que eu colocasse os pés ali. Acabou ficando ali e cuidando de mim.

Na tarde seguinte, enquanto a Di e o Tom ainda não tinham dado sinal de vida, eu estava sentada à bancada, só observando o Bill, andando pela cozinha, de um lado para o outro enquanto seguia à risca as instruções que eu dava:

          - Agora pega essa lata e usa de medida para a quantidade de leite.

Me olhou, estranhando e respondi:

          - Vai por mim.

Acabou fazendo o que falei. Já havia posto o leite condensado e o ovo no liquidificador. Parou para me olhar e falei:

          - Uma colher de sopa de maizena.

Obedeceu e falei:

          - Pode bater tudo.

Ligou o liquidificador e estava vendo a hora em que ou a Di ou o Tom sairiam do quarto, furiosos. Assim que o Bill desligou o liquidificador, ouvimos um barulho forte e, como pude, saí correndo até o quarto da minha amiga, com ele em meu encalço. Bati na porta e perguntei:

          - Está tudo bem aí?

          - Só um minuto! - Ouvi a Nadine dizer.

De repente me ocorreu uma coisa e o Bill, percebendo, perguntou:

          - O que foi?

          - É uma ideia absurda demais, mas...

          - Que?

          - E se eles quebraram a cama?

Fez cara de sério e, em seguida, negou, fazendo bico, totalmente descrente.

          - Ah, pelo amor de Deus, Kaulitz! Como se fosse totalmente impossível uma cama quebrar graças a um casal que está on the job!

          - Eles estão o quê? - Perguntou, rindo.

          - On the job.

De repente, a Nadine abriu a porta ao mesmo tempo em que a Nicola chegava em casa. Grato lembrete: A Di, a princípio, não usava nada além de uma blusa enorme que imaginei que fosse do Tom. E ele, logo atrás, só com uma calça de moletom. A cara de culpa dos dois era o melhor de tudo...

          - Será que tem algum marceneiro que trabalha hoje? - Ela perguntou e foi impossível me manter séria. 

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