Não sei por onde começar
Estou um pouco perdido (...)
Não sei o que fazer
Estou bem na sua frente
Pedindo para você ficar, você devia ficar Ficar comigo esta noite, sim
(Maroon 5 - Love somebody)
Mais outra semana se passou. Quando a saiu para almoçar com as amigas, um carteiro apareceu lá no estúdio e entregou um envelope preto. Olhei o remetente e descobri que era da gravadora, que ia fazer um baile de máscaras. A festa aconteceria no final de agosto em um hotel luxuoso de Los Angeles. Suspirei e, cerca de uma hora depois, quando ela voltou, se sentou ao meu lado e notou o envelope que eu propositalmente havia deixado ali.
- O que é isso?- Perguntou e dei de ombros, falando:
- Baile de máscaras da gravadora. Se não quiser ir, tudo bem.
- Não... Eu quero. - Disse, me surpreendendo. - A propósito... Tem alguma ideia de onde podemos conseguir as máscaras e as roupas? Estranhei, mas, por um motivo desconhecido, acabei gostando da ideia.
O resto do dia passou voando e, quando dei por mim, já estávamos chegando em casa. Assim que passamos em frente à adega, perguntou:
- A porta fica trancada?
- Quer um vinho? - Devolvi a pergunta e assentiu. Peguei o molho no gancho ao lado e destranquei. Entrou e a segui. Estava olhando as garrafas e descobriu a “passagem secreta”. Me olhou e disse:
- Tem mais garrafa lá embaixo. - Assenti.
Desceu as escadas, sendo que a segui de perto, e a ouvi dizer, antes mesmo que eu a alcançasse:
- Neste exato instante, estou me perguntando como é que você ainda tem fígado...
Ri e, só para provoca-la, respondi:
- Sabia que estou me perguntando exatamente a mesma coisa?
Vi que estava segurando uma garrafa de Pinot noir e, depois de me olhar rapidamente, disse:
- Para te ser bem sincera... Ia se surpreender comigo. Aliás... Para e pensa. Desde que me mudei para cá, quantas vezes me viu beber? - Parei para pensar.
- Duas. No jantar da fusão com a gravadora e na festa. - Assentiu.
- Já não é muito da minha natureza ficar bebendo muito. E eu acredito piamente que já fico de saco cheio por causa do bar...
Ri fraco e notou uma mesa que havia perto da escada. Vendo que ia pegar o saca-rolhas, estiquei a mão e me deu a garrafa.
Em pouco tempo, havíamos tomado quase a metade da garrafa e, como nenhum de nós dois tinha tanta resistência para vinho... Estávamos sentados na escada, um quase de frente para o outro e rindo de várias coisas que falávamos, graças ao álcool. De repente, não pude me controlar:
- Ia aceitar o pedido de namoro do ? - Ficou séria por um instante e disse:
- Ia. Mas por obrigação. Quer dizer, eu estou cozinhando o coitado em banho-maria há quase três anos e ele é um Buda de tanta paciência que tem comigo.
- Engraçado, porque eu vi umas fotos dele no Google e não me lembro de ele ser gordo e careca...
Riu e disse:
- Eu tenho uma revista lá no Brasil que fala que Buda era magro. Agora se tinha cabelo... Aí são outros quinhentos.
Fiz uma careta e perguntou:
- O que foi?
- “São outros quinhentos”?
- É uma expressão brasileira. Quer dizer, basicamente, que é outra história.
Assenti e perguntei:
- Mas você falou que ia aceitar o pedido dele por obrigação... Ou você quer ou não quer namorar o cara. É muito simples! Podia ter dito não quando te pedi em casamento.
- Então... Foi justamente seu pedido de casamento que me “salvou”. - Fez aspas com os dedos. - E é obrigação porque ele é um ótimo amigo.
- Tá, mas não é porque ele é um ótimo amigo que você tem que forçosamente namorar com ele!
- Você não entende, . É... Complicado. - Espera aí. Eu ouvi direito? Ela me chamou pelo nome?- Eu gosto do , só que...
- Não é o suficiente.
- Não. Talvez esse seja só um dos fatores que contribui para esse sentimento de obrigação, apesar de tudo. Gosto da companhia dele, é um cara divertido... O tipo de homem que toda mãe sonha em ter como genro.
- Inclusive a sua?
Me olhou e disse:
- Ela já está satisfeita com o que tem.
- Contou para ela?
- Claro que sim! - Respondeu. - Não sou que nem uns e outros cuja mãe nem sonham que já tem uma nora. Exemplar, diga-se de passagem.
- Quem te garante que não contei para minha mãe?
- Se tivesse contado, ela estaria nesse silêncio todo?
- A sua mãe está.
- Converso com ela quase todos os dias. E, ao contrário da sua mãe, a minha não fala inglês.
- Aprendo português.
- Eu te ensino. - Prometeu e avisei:
- Vou cobrar, hein? - Riu.- - Falei com os caras sobre a sua imposição de voltarmos com a banda.
- E aí?
- Você tem três fãs.
Riu e, depois de alguns instantes brincando de contornar a borda da taça com o indicador, falou:
- Por que quis se casar comigo?
- Gostei de você desde o primeiro instante.
- Principalmente porque eu estava pelada numa banheira. - Disse, rindo do próprio comentário e falei, a provocando:
- Não fosse o ter aparecido bem na hora... Arqueou a sobrancelha e falou:
- Quer dizer então que você teria agarrado uma completa desconhecida, sem saber se ela podia ter alguma doença, só por que estava pelada?
- Não. Mesmo se não tivéssemos sido... Interrompidos.
- Eu deveria encarar isso como um elogio?
- Talvez. - Estreitou os olhos e falei: - Apesar de tudo, se eu me casei com você não foi cem por cento por causa da bebida. Quer dizer, ajudou, mas foi a desinibir e só.
- Então... Você casou comigo por que quis, é isso?
Mordeu o lábio inferior, baixando o olhar e assentindo em silêncio.
- Eu também. - Disse, depois de um tempinho, voltando a me olhar. Sorri fraco e ela retribuiu. - E... Acho que vou subir. Já tomei vinho demais e a última coisa de que preciso é uma ressaca daquelas amanhã.
Estava de pé e eu precisava fazer alguma coisa para impedi-la.
- Eu cuido de você se tiver ressaca.
Arqueou a sobrancelha, dando um meio sorriso e perguntou:
- Tentando me embebedar, Sr. ? A olhei, entrando no seu joguinho, e falei:
- E se estiver?
- Então está realmente com as piores intenções imagináveis, estou certa?
- Desde que te vi na banheira.
Veio andando na minha direção e rebolando de leve. Perguntou:
- De... Curiosidade, o que já se imaginou fazendo comigo?
- Que mesmo que te diga? Assentiu, sorrindo e mordendo o lábio inferior.
- Para começar... Aquela conversa com o seu... Amigo me deixou com vontade, apesar de eu não ser muito chegado. - Falei. Bom, não era verdade, mas... Ela não precisava saber, precisava?
- Vontade de...? , não sou adivinha como a Bertha. Bom... Não na maior parte do tempo. - Respondeu e respirei fundo.
- A minha vontade agora é a de te levar lá para cima e depois de tirar toda a sua roupa, fazer amor com você. Me olhou, inexpressiva. Depois de alguns minutos em silêncio, disse:
- Temos uma aposta.
- E daí? Você é casada comigo. Sendo assim, o que te impede de querer?
- Nem te conheço. Não totalmente.
- Está dando para trás? Não acredito nisso... - A desafiei. - Eu esperava mais de você...
- Está falando isso por causa do ?
- Não necessariamente. Mas agora já sei um dos motivos que te mantém tão... Resistente. Sejamos realistas, . - Falei, me levantando e fui até onde estava. Parei a poucos centímetros de distância dela. - O não foi impedimento para você se casar comigo. Aliás... Nem um juiz teria sido, se realmente não quisesse. Você vive falando que queria estar em Londres e não sei mais o quê. Mas a verdade é que não acho que vai querer embora depois que esse prazo acabar. Mesmo por que... Eu não vou deixar. Seu olhar acompanhava o meu e ela não parecia se abalar com a aproximação.- Sem falar que está óbvio que você me quer tanto quanto eu te quero... - Falei, pondo uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha. - Estou tentando me aproximar, mas você sempre me repele.
- E o que você quer? - Perguntou; Parecia que o efeito da bebedeira havia passado. Não só nela, mas em mim também.
- Você. - Respondi.
Antes que pudéssemos sequer pensar em fazer qualquer coisa... Ela caiu no sono assim que se deitou na minha cama.
Na terça-feira, quando cheguei do estúdio (E a , como sempre, tinha saído com as amigas) fui até a sala, ver se tinha alguma coisa que prestasse na TV quando, de repente, tomei um susto porque a Vivi pulou bem ao meu lado e resmunguei, em alemão mesmo:
- Sua danada! Me olhou e aproveitei para pegá-la no colo. Começou a lamber minha mão e cocei atrás das suas orelhas enquanto ia até a cozinha, ver se tinha alguma coisa para comer. Encontrei as sobras de uma pizza e fui até a sala de estar. Pus a gata sobre o sofá e a caixa sobre a mesa. A Vivi logo desceu e apoiou as patinhas dianteiras sobre a madeira, farejando a comida. Peguei um pedaço da massa e ofereci para ela, que sentiu o cheiro e logo se afastou, se lambendo. Depois que liguei a TV em um programa qualquer, comecei a comer a pizza e, quando me virei para o lado, percebi a Vivi numa posição realmente engraçada: Estava sentada com as pernas abertas e lambendo a barriga. As patinhas dianteiras estavam apoiadas no sofá. E o mais bonitinho eram os dedos dos pés, que estavam abertos.
Continuei comendo a pizza e vendo TV, lançando olhares esporádicos para a gata, que acabou pegando no sono. Aproveitando a chance que tive, fui me aproximando e, assim que comecei a passar a mão na sua cabecinha, ela se assustou, mas passados alguns segundos, não se incomodou. Muito pelo contrário...
Nem sei que horas eram quando cochilei. Só sei que acordei com a chegando em casa, irritada e quase bufando.
- O que aconteceu?
- Não mexe comigo que eu não estou boa, . Se eu reagir, vai ser pior, vai por mim.
A segui escada acima e, quando ia fechar a porta do quarto, a impedi.
- Estou disposto a comprar a briga que for.
Suspirou e disse:
- Me deixa quieta. Eu só quero tomar um banho e dormir. É pedir demais, por um acaso?
- Não, não é. Mas se eu posso te ajudar... O que te custa me contar o que houve?
Respirou fundo e disse:
- Discuti com a Nadine, satisfeito? Ela falou algumas coisas que eu não gostei, me descontrolei e, não fosse a intervenção da Nicola, teríamos brigado feio.
- O que ela te disse?
- Ai, ! Não quero falar, é difícil de entender isso?
Suspirei e disse:
- Desculpa se eu estou tentando te ajudar...
Ergueu o olhar.
- Eu que te peço desculpas. Estou brava e você ficar insistindo não ajuda em nada. Muito pelo contrário. Pode ficar tranquilo que, se eu precisar, vou falar com você. Concordei. De repente, me surgiu uma ideia e propus:
- Está com fome? - Negou.- Ah, então acho que vou ter de deixar para abrir o pote de Nutella outro dia.
- Pote de Nutella?
- É. Tive a intuição que você gosta e por isso, antes de vir para a casa, passei no mercado e comprei três.
Sua expressão mudou totalmente.
- Isso é golpe baixo, seu safado.
Ri e consegui leva-la até a cozinha. Enquanto comíamos o creme, perguntei para ela:
- Quer fazer alguma coisa no sábado à noite?
- Tipo...?
- O que quiser. Se quiser ir ao cinema, à uma boate...
- O que aconteceu com você?
- Me casei com você, só isso.
Me olhou, sem entender e disse:
- Seja mais explícito, por favor.
- Me corrige se eu estiver errado, mas... Você não parece ser do tipo que gosta de ficar em casa num sábado à noite.
Ergueu as sobrancelhas.
- O que te faz pensar isso? Por que eu trabalhava num bar?
- É... Mas seja sincera. O que fazia quando estava de folga?
- Dormia cedo.
- Está de brincadeira! - Afirmei e ela sorriu.
- Eu trabalhava a semana inteira em dois empregos distintos. Muitas vezes, não conseguia nem dormir. Saía do bar e ia direto para uma daquelas lojas de conveniências vinte e quatro horas e comprava umas... Três latas de Red Bull sem açúcar para aguentar o tranco. Sem falar que o dia inteiro era movida à cafeína. Estava um trapo nessa época, fato. Mas se não tivesse feito esse sacrifício, provavelmente moraria no mesmo pulgueiro da época que conheci as meninas. Era terrível. Quantas vezes acordei com o barulho dos tapas que a vizinha dava no marido?
- Eles eram...?
- Antes fossem chegados a uns tapas durante a transa. O problema era que os tapas eram acompanhados de xingamentos. E aqueles mais cabeludos. Era engraçado, não nego. E o pior é que um era louco com o outro... Pouco antes de eu me mudar de lá, ele foi transferido para o interior do país e desde então não tive mais notícias. Pena...
- Vai dizer que gostava de ouvir os dois brigando?
- Não. Gosto é dos casos engraçados dos vizinhos. Por exemplo. No segundo apartamento que morei na vida, tinha um prédio em frente, com uma espécie de varanda que dava para a rua. Me lembro que tinha essa família morando lá. Numa das vezes, minha avó viu um dos caras andando pelado, com tudo ao vento. E noutra... Bom, essa foi mais engraçada. Esse mesmo cara brigou com a mulher, disse os piores palavrões, xingou a coitada até dizer chega... E no final, se encostou no portão, chorando, e falando: “Ah... Aquela puta!”.* Sério, eu sempre tenho os vizinhos mais bizarros do mundo.
- Notei... Riu e continuou contando mais alguns casos. Inclusive o da primeira noite no apartamento seguinte, que já teve confusão.
Depois de acabar com toda a Nutella do pote (Que era um daqueles grandes), decidimos ir dormir.
Na manhã seguinte, quando ela saiu para almoçar com as amigas, o apareceu no estúdio, trazendo alguma coisa para eu comer e também me fazer companhia. Quis saber:
- Já liguei para o , contando o que a fez.
- E ele?
- Claro que ficou entusiasmado. Estava pensando em como a gente pode fazer para contar sobre a volta da banda.
- A gente pode simplesmente obrigar a , que é a culpada, a gravar um vídeo dando as boas novas. - Falei, brincando, e ele levou a sério. Quase uma hora depois, ele ainda estava ali e tentava me convencer a levar adiante a ideia de a contar tudo quando a própria apareceu.
- , eu te trouxe... Wow... Oi, . - Disse, notando meu amigo imediatamente.
- Oi, . - Disse, se levantando para cumprimenta-la. - Então... Estávamos discutindo aqui uma coisa e queremos que você fizesse.
- Em primeiro lugar: Que coisa? Segundo: Por que eu? Terceiro: Me dá um bom motivo para aceitar.
- Dar a notícia que vamos voltar porque é culpa sua. E você tem desenvoltura o bastante para isso. - Respondeu e olhei para ele, fazendo uma careta. - Sem falar que, justamente por ser sua culpa... As não vão te odiar tanto assim por ter ser a mulher do .
- Tá. - Respondeu.
- Tá? Você está aceitando isso? - Perguntei, realmente surpreso. Ela me olhou e concordou.
- Tenho uma condição, porém.
- Depois dessa... - O falou e soube que ele também não esperava que ela fosse aceitar. - Qualquer coisa que pedir. Ela sorriu de lado. Sabia que não ia vir coisa boa daí...
Quando chegamos em casa, eu estava discutindo com ela a respeito de uma besteira qualquer. E como sempre... Ela simplesmente deu aquela resposta.
- É. Aposto que, para o seu querido , o mínimo que você fazia era um strip-tease daqueles, com direito a usar a porta de pole.
Me olhou, querendo rir.
- Nunca fiz strip-tease nem para ele, nem para ninguém. E não usaria a porta. Seria... Grotesco demais.
- O que usaria então?
- Eu sei lá! A única coisa que eu sei é que teria uma crise de riso daquelas.
Não conseguia imaginar a tendo uma crise de riso durante um strip. Quer dizer, eu imaginava que ela fizesse como nos vídeos do site do bar. E o resultado de imaginar uma coisa dessas, claro, foi uma ereção que eu tive que dar um jeito de disfarçar sem que ela percebesse.
- O que foi?
- Estava só... Tentando te imaginar rindo enquanto tira a roupa.
De repente, parou e, fazendo graça, começou a tirar a jaqueta. Me olhou de um jeito extremamente sexy e em seguida, caiu na risada.
- Está vendo? Não consigo não rir. - Respondeu, subindo as escadas. - Odeio meu riso frouxo.
- Eu gosto.
- Só está falando isso porque não é você quem sofre quando tem que ser levado à sério e não consegue.
- E só para você saber... - Falei, antes de entrar no meu quarto. - Você podia ter continuado. Mesmo rindo. A graça do strip, além da óbvia, é justamente a da espontaneidade. Só as profissionais se mantém sérias, relativamente.
Arqueou a sobrancelha e disse:
- Obrigada por me fazer te imaginar colocando dinheiro na calcinha de uma stripper bunduda!
Ri e, só para provoca-la, falei:
- Foi no sutiã.
Abriu a boca e, quando se recuperou, retrucou:
- Depois dessa eu vou dormir que ganho muito mais!
Gargalhei.
- Mas falando sério. - Disse, assim que a vi pegando na maçaneta e abrindo a porta.- Se você me surpreendesse um dia... Não ia me importar. Muito pelo contrário... Só tenho uma exigência.
- E ainda é exigente, o sem-vergonha...
- Não é nada tão impossível assim. Se quiser, eu compro.
- E o que é?
- Cinta-liga. E meia 7/8.
Suspirou e entrou no quarto.
Depois que deitei na minha cama, fiquei pensando nela e no seu sorriso malicioso. Ia conseguir convencê-la a fazer o strip, mesmo que fosse só de brincadeira. Ela que me aguardasse... No domingo, aproveitando que o e o ainda estavam em Los Angeles, a pediu para que eu chamasse eles e o para o almoço. Quando terminei o banho, saí andando só com uma toalha no quadril e, assim que vi a , fui na sua direção. Estava usando biquíni, apesar de, na parte de baixo, vestir um short. Me olhou de um jeito estranho e perguntei:
- E então? Já decidiu o que vai querer que eu te traga do supermercado?
- ...
- Quê? Apontou numa direção com o queixo e, quando olhei, as meninas já estavam ali, sendo que a Nadine segurava o riso enquanto a Nicola fazia cara de paisagem.
- Oi. - Falei, como se não estivesse usando nada além de uma toalha na frente de três mulheres.
- E aí? - A Nadine perguntou e a Nicola só acenou.
- Eu vou... - Falei, apontando por cima do meu ombro e, antes mesmo de começar a subir as escadas, ouvi as risadas delas.
Estava de volta ao meu quarto, terminando de escolher as roupas e assim que tirei a toalha para colocar a boxer, ouvi umas batidas na porta, falei:
- Entra.
A apareceu e, na metade do caminho, parou. E não resisti à tentação. Me virei de frente para ela, que imediatamente, desviou o olhar.
- O que foi? - Perguntei.
- Eu... - Sacudiu a cabeça. - Esqueci o que ia te dizer.
Me aproximei dela lentamente.
- Quer que eu te ajude? - Perguntei. Fechou os olhos e não resisti. Me inclinei na sua direção e comecei a beijar seu rosto enquanto acariciava a outra bochecha. Quando beijei o canto da sua boca, perguntei: - Posso?
Abriu os olhos e me fixou. Suspirou e, no instante seguinte, passou os braços em torno do meu pescoço e me puxou para mais perto, me beijando. Aproveitando que estávamos no closet, a ergui do chão e fiz com que ficasse sentada sobre a ilha que eu também tinha, para guardar coisas como relógios, anéis, correntes...
Pus as mãos por baixo das suas pernas e a puxei para mais perto, fazendo com que nossos corpos ficassem colados. Depois de um tempo, deixei sua boca e passei a beijar seu pescoço, não conseguindo me controlar. De repente, ouvimos um barulho e tivemos que parar. Mas mesmo assim, não foi o suficiente para me fazer parar totalmente; Roubei alguns selinhos, uns mais demorados que outros. Perguntei:
- Só eu que não estou com a mínima vontade de sair daqui?
Riu baixo e disse:
- Mas temos. Tenho um almoço para fazer e não posso deixar as meninas na mão...
- Ah, então as meninas não podem ficar na mão, mas eu posso? Me olhou, fazendo uma expressão confusa. Baixei meu olhar e ela acompanhou. Assim que percebeu minha situação, disse:
- Ficar agarrado comigo não vai te ajudar em nada.
Suspirei, não me movendo um milímetro que fosse para longe dela.
- Me ajuda. Fala uma coisa que possa me ajudar...
Parou para pensar.
- Pensa... Em comida.
Olhei para ela, que riu.
- Oi! Nasci mulher! Nunca me pediram ajuda para esse tipo de coisa.
- Que tipo de comida?
- Japonesa. Pensa em sushis, sashimis... E lembra que usam facas afiadíssimas para cortarem os peixes.
- !
Riu e disse:
- Ai, ! Sei lá o que pode ajudar! Na pior das hipóteses... Vai no banheiro.
Algum tempo depois, quando voltamos e tudo estava pronto, estávamos almoçando (E rindo, já que surgia cada comentário) e as meninas contavam um caso:
-... E aí a gente olha para a Nicola e tá ela lá... - A imitou, tombando a cabeça para trás no encosto da cadeira, abrindo a boca e fingindo que estava dormindo. Roncou e a ruiva, claro, se manifestou:
- Ih, pior foi você naquele dia que a gente foi no Reading Festival, lembra, Nadine?
- O que ela aprontou? - Perguntei. A olhava fixamente para a Nicola.
- Para conseguir aguentar o pique de um festival, tomou energético e café. Imaginem o estado.
A própria ria.
- Aí, a gente chega em casa, mortas de cansaço e ela lá... Ligada no 220, fazendo mil coisas de madrugada, faltando só reformar o apartamento inteiro! Sério, um conselho, : Nunca deixa a misturar café e energético.
Ri e concordei.
- Sabe o que eu lembrei? - A Nadine disse. - Daquele dia, depois do trabalho, que nós estávamos bêbadas e o rádio estava ligado num daqueles programas que só passam músicas “velhas”. Tocou aquela música... - Começou a cantar e as meninas reconheceram.
- Exatamente! - A minha mulher disse. - O Stephen quase nos expulsou do bar às vassouradas.
- E ele filmou tudo. - A ruiva avisou. - E pôs na internet.
- Ah mentira! - A reclamou.
- Sério. Depois mostro para vocês.
Precisava dizer que eu estava muito curioso a respeito desse tal vídeo?
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